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És a nossa Fé!

Balanço (10)

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O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre NETO:

 

Luís Lisboa: «Marcou o primeiro golo ao serviço do Sporting? O "avô" do balneário já merecia e há muito. Hoje deu o corpo ao manifesto, cortando um remate que podia ter dado golo.» (26 de Novembro)

- José Navarro de Andrade: «O Neto que assine contrato por mais 20 anos, com renovação automática.» (8 de Maio)

Eu: «Luís Neto, esta tarde, na comovente homenagem que lhe foi prestada por quase 50 mil adeptos no Estádio José Alvalade. Um pormenor, entre tantos outros, da inesquecível festa verde-e-branca de que ele foi um dos obreiros.» (18 de Maio)

Bicampeão

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Luís Neto, esta tarde, na comovente homenagem que lhe foi prestada por quase 50 mil adeptos no Estádio José Alvalade. Um pormenor, entre tantos outros, da inesquecível festa verde-e-branca de que ele foi um dos obreiros. 

Vai retirar-se após cinco épocas no Sporting e 107 jogos de leão ao peito - quinze dos quais nesta temporada. 

Retira-se em apogeu, como campeão. Um dos nossos 11 bicampeões sob o comando de Rúben Amorim. Convém lembrar os outros, por ordem alfabética: Adán, Coates, Daniel Bragança, Dário, Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Matheus Reis, Nuno Santos, Paulinho e Pedro Gonçalves. 

Ontem, hoje e amanhã: Sporting sempre

- Isto hoje só nos deitamos lá para as 3, 4 da manhã, há aqui muito trabalho.

Dizia-me o meu avô, quando falávamos ao telefone, antes de eu ir lá passar uns dias de férias, talvez para me convencer que os dias no quintal, no seu barracão cheio de ferramentas - incluindo um torno onde eu insistia, ou teimava, em meter os mini-dedos, entalado-os inevitável e previsivelmente naquela parte que se roda para o apertar - seriam bons e atarefados. Não que fosse preciso, eram sempre dias bem passados, entalões à parte.

O meu avô era do Sporting, como o meu pai, tios, primos e amigos da família. A minha referência vem daqui e muito do meu avô, que no dito quintal tinha um divertido e peremptório "Solar dos Leões" num azulejo. E eu queria pertencer ao solar. 

 

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Passando para os dias de hoje, amanhã será a primeira vez que me dirijo a Alvalade (no estádio já-não-tão-novo, claro) para festejar um campeonato. É sabido que em 20/21 o celebrámos em todo o lado menos na nossa casa, devido a confinamentos e dias que nem vale a pena lembrar. Amanhã saio de casa e, mesmo que não o diga, vou o caminho todo a pensar "aqui vou eu, campeã de Portugal, juntar-me a outros campeões, comemorar com os verdadeiros campeões nacionais, na nossa casa". Levo as minhas unhas em verde e branco, entre as quais uma Stromp e uma listada, que estão comigo desde dia 3 de Maio (muita fé no coração, o sportinguista é assim) e já foram ao Marquês, e o colar que fiz, com o mantra que vem desde 2020 "e se corre bem?"

E não será um jogo como os outros, a ordem de trabalhos é extensa. Há um jogo para ganhar, uma taça a receber, jogadores e staff a celebrar, cânticos e aplausos até que a voz e as mãos me doam, despedidas a fazer (pretendo fazer apenas duas, recuso tudo o que não for Neto ou Adán, já referidos pelo míster como fazendo os seus últimos jogos em Alvalade). Merecemos ser felizes e um último jogo em casa vem mesmo a calhar.

Eu não vi todo o Sporting que o meu avô conheceu, ele também já não viu grande parte do meu. Mas amanhã, com a festa que se adivinha, volto a pensar nele: "Isto amanhã só nos deitamos lá para as 3, 4 da manhã." 

Quente & frio

 

Gostei muito da goleada do Sporting, para a Taça de Portugal, no confronto com a simpática equipa amadora do Dumiense, do distrito de Braga. Não foi apenas a nossa maior goleada da época: há dez anos que não marcávamos tantos golos nesta competição - a última vez foi na vitória também em casa frente ao igualmente modesto Alba, por 8-1, em Outubro de 2013. E só há 35 anos conseguimos uma vantagem maior, quando cilindrámos o Alhandra por 11-0. Ontem os golos foram apontados por Neto (8'), Paulinho (28'), Trincão (46'), Coates (53'), Paulinho (58' e 70'), Nuno Santos (75') e Gyökeres (83'). Merecem destaque os de Neto, por estrear-se como artilheiro pelo Sporting, e de Trincão, por ser o primeiro que marca nesta temporada.

 

Gostei da exibição de Nuno Santos, para mim o melhor em campo. Está em metade dos nossos oito golos: três resultam de cantos marcados de forma exemplar por ele, além do que converteu de penálti, também de forma irrepreensível. Nota muito elevada para Paulinho: marcou três, o primeiro com nota artística (de calcanhar), e assistiu no de Trincão (igualmente de calcanhar). Destaque ainda para Gyökeres: entrou só aos 62', mas a tempo de assistir Paulinho no sexto golo, de sofrer o penálti do qual resultou o sétimo e ser ele a apontar o oitavo, em lance que construiu do princípio ao fim. Figuras da partida, tal como o capitão Coates, que ontem se tornou no estrangeiro com mais jogos disputados de Leão ao peito, igualando Polga: são já 342. Com uma diferença assinalável: o central uruguaio marcou até agora 33 golos pelo Sporting enquanto o internacional brasileiro apenas tem quatro no currículo leonino.

 

Gostei pouco que o treinador não tivesse proporcionado mais minutos a dois dos nossos jogadores menos utilizados: Dário e Eduardo Quaresma. O primeiro substituiu Daniel Bragança aos 62' (já vencíamos por 5-0), o segundo esperou pelo minuto 76 para render Coates (havia 7-0). Com pouco tempo, em qualquer dos casos, para se evidenciarem. Apesar de tudo, o jovem médio defensivo esteve muito bem na recuperação e no passe, protagonizando até lances de ruptura perante uma turma adversária já bastante desgastada. Eduardo, actuando como central à direita, não ultrapassou a mediana. Tudo indica que serão ambos emprestados em Janeiro.

 

Não gostei da ausência de Gonçalo Inácio, ausente por castigo deste encontro que nos coloca nos oitavos-de-final da Taça. Mas pelo menos isto permitiu-lhe estar pronto para o próximo confronto. Será nesta quinta-feira contra a Atalanta em Bérgamo. Entraremos segurmente com a máxima força, até porque Rúben Amorim decidiu poupar ontem vários jogadores nucleares: Adán (substituído por Israel), Diomande, Morita e Pedro Gonçalves não saíram do banco; Edwards só entrou aos 50'; e St. Juste nem foi convocado, devido a novos problemas físicos. Talvez recupere a tempo do importante desafio da Liga Europa.

 

Não gostei nada de ver menos de 19 mil espectadores em Alvalade, apesar de o desafio ter começado às 18 horas deste domingo, em claro contraste com os jogos do campeonato, sempre relegados para horários mais tardios. Valha a verdade que o facto de se tratar de uma partida contra um adversário do quarto escalão do futebol nacional - último classificado da série A do impropriamente chamado Campeonato de Portugal - não era grande chamariz, mas havia a expectativa de muitos golos, felizmente concretizada. Merece elogio a forte representação dos adeptos do Dumiense: havia cerca de 500, bastante efusivos, no topo norte do nosso estádio.

O dia seguinte

Bom jogo do Sporting hoje num Alvalade bem composto, mais de 18 mil espectadores para um jogo da Taça com uma equipa da 4.ª divisão nacional.

E com muitas famílias e miudagem, avós com filhos e netos, com todos incrivelmente a pagar desde tenra idade, o que deu um colorido completamente diferente a uma bancada central mais "histórica".

Bom jogo desde logo porque o Sporting respeitou público e adversário entrando em campo com um onze rotinado como entraria contra a Atalanta, com o habitual 3-4-3 um pouco assimétrico pela vagabundagem consentida de Nuno Santos, controlando o jogo, rodando a bola pelos corredores e desgastando o adversário que se focalizou na marcação apertada a Hjulmand e Bragança e dava espaço nas alas. Mas por más decisões no último passe ou remate no jogo corrido os golos só acabaram por aparecer na sequência de cantos muito bem marcados por Nuno Santos.

Na segunda parte obviamente que o Dumiense se iria ressentir pelo esforço de marcação realizado e foi só uma questão de acelerar o ritmo "pondo carvão na fornalha" com as entradas de Edwards e Gyökeres para a goleada acontecer. Foram oito, podiam ter sido menos ou mais. Umas entraram, outras não.

Até deu para Essugo e Quaresma terem minutos, e a verdade é que os mereceram, entraram concentrados, a jogar simples e também eles souberam contribuir para a goleada. Um e outro de toscos não têm nada, a capacidade técnica está lá, precisam é que a cabeça ajude o resto. Recordemo-nos que há quatro anos, quando Rúben Amorim chegou ao Sporting, a aposta primeira parecia ser Quaresma e não Inácio. Quanto valem um e outro hoje? E onde está a diferença? Mas ainda vai a tempo o Quaresma, assim ele queira. 

Já agora a mesma coisa mas noutro nível relativamente a Trincão. Um Porsche com rendimento de VW.

 

Melhor em campo? Paulinho: três bons golos e uma assistência para o golo de Trincão. Foram 13M€ mais o Borja? Uma das melhores decisões do presidente no que respeita ao futebol. As bancadas mais uma vez cantaram o seu nome, e com Gyökeres ao lado está nas suas "sete quintas".

Outros merecem referência:

- Coates passou a ser o estrangeiro com mais jogos no Sporting? O melhor central dos últimos 50 anos do Sporting, antes não faço ideia. E hoje com mais um golo "à ponta de lança".

- Neto marcou o primeiro golo ao serviço do Sporting? O "avô" do balneário já merecia e há muito. Hoje deu o corpo ao manifesto, cortando um remate que podia ter dado golo, acudindo prontamente ao lapso dum Bragança ainda combalido por uma situação anterior.

- Com um ou outro desperdício pelo meio, Nuno Santos marcou três cantos para golo e converteu impecavelmente o penálti.  

Arbitragem de categoria, oxalá o rapaz não se perca nas malhas mafiosas que dominam a arbitragem.

E agora? Ir ganhar a Bérgamo, vingando a derrota de Alvalade onde o poste impediu a reviravolta no marcador.

SL

Noite tranquila, dominio total, vitória justa

Sporting, 3 - Santa Clara, 0

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Paulinho festeja com Ugarte logo após marcar o golo, aos 14': e vão cinco no campeonato

Foto: Patrícia de Melo Moreira / AFP

 

Casa bem composta em noite de sábado, dia das mentiras. Presença forte de adeptos dos núcleos em Alvalade. Recebíamos o lanterna vermelha do campeonato - a turma açoriana (quase sem açorianos) do Santa Clara, vermelha também no equipamento e no símbolo decalcado da águia benfiquista. Andam há anos para mudar aquilo, mas nunca mais passam das intenções à prática. Não faz sentido algum aquela réplica fajuta do emblema alheio.

Mas vamos ao que importa. Foi uma primeira parte avassaladora do Sporting: encostámos os forasteiros ao meio-campo defensivo. A linha de quatro deles foi incapaz de suster as nossas cinco unidades em ataque permanente - Nuno Santos e Artur muito dinâmicos a imperar nas alas e o trio composto por Edwards, Trincão e Paulinho a carburar (e a marcar, cada um a dar o seu contributo). 

Pedro Gonçalves actuava com frequência como sexto atacante. Apesar de ter começado novamente um pouco mais atrás, compondo o duo do meio-campo com Ugarte, o que permitiu dar algum descanso a Morita, vindo de voos intercontinentais após ter representado a selecção nipónica. 

 

Raras vezes tem acontecido assim nesta temporada.

Ao quarto-de-hora já vencíamos: golo com assinatura de Paulinho, completando da melhor maneira um livre muito bem cobrado por Pedro Gonçalves. Que silenciou de vez as vozes de certos urubus contra a nossa alegada "incapacidade" de transformar lances de bola parada em golos.

Ao dobrar a meia hora, já a vantagem se havia ampliado. Edwards, num dos vários passes de ruptura que protagonizou durante o desafio, isolou Trincão. O minhoto fez levantar os espectadores dos assentos com um remate bem colocado, pondo o guarda-redes forasteiro fora do alcance da bola

Saímos para o intervalo com 2-0. E maior seria a vantagem se Gonçalo Inácio - cabeceando após canto marcado de modo exemplar por Pedro Gonçalves - não tivesse falhado por centímetros aquele lance aos 33' que fez a bola embater na barra. E se Paulinho, aos 41', não tivesse imitado Bryan Ruiz numa clamorosa incapacidade de marcar a 3 metros da baliza toda à sua mercê.

 

Era amena esta noite no nosso estádio, com temperatura agradável e uns borrifos de chuva a tornarem ainda mais escorregadia a relva. Ao intervalo, Rúben Amorim trocou Gonçalo por Sr. Juste: mera precaução, pois o mais jovem dos nossos centrais queixava-se de uma dor no pé. Alinhámos assim com um trio inédito lá atrás: o holandês mais à direita, Matheus Reis ainda à esquerda e a posição habitual do ausente Coates preenchida por Diomande, que se vem revelando um diamante nada bruto.

A partir do minuto 69, já a vencermos por três golos sem resposta, o treinador mandou entrar Luís Neto - a quem os adeptos tributaram a ovação da noite. Adán, num gesto carregado de simbolismo, entregou a braçadeira de capitão ao veterano central poveiro, afastado dos relvados durante 202 dias.

A partir daí, novo trio inédito na linha defensiva: Neto ao meio, St. Juste ainda à direita, Diomande deslocado para a esquerda. Sem nenhum deles tremer.

 

Houve ainda tempo para recuperar Rochinha, que há quase três meses não calçava, e para conceder minutos adicionais a Tanlongo, o mais provável candidato a sucessor de Ugarte no caso (para nós indesejável) de nos vermos privados do excelente médio defensivo uruguaio no final da época em que poderá transitar para a Premier League. 

O mais belo golo foi o terceiro. Autoria de Edwards, o melhor em campo. Recebeu a bola em passe lateral de Paulinho e disparou sem defesa possível com o seu pior pé, o direito. Merecido troféu para o excelente avançado inglês, também já muito cobiçado por equipas do seu país. Os números não enganam: Marcus Edwards segue com 11 golos convertidos e nove assistências consumadas. É um dos maiores talentos actuais de Leão ao peito.

 

Noite tranquila, pois. Com excelente arbitragem de André Narciso, comprovando que nem todos são incompetentes entre os apitadores portugueses. 

A partir da hora de jogo, Amorim mandou relaxar com bola, guardando forças para os embates que vão seguir-se. O primeiro já depois de amanhã, numa visita a Barcelos. Segue-se um confronto ainda mais complicado com o Casa Pia antes da viagem a Turim para o próximo embate na Liga Europa.

Há que poupar forças e não desperdiçar energia inútil. Foi o que se fez, com folha de serviço limpa. Se tivéssemos jogado sempre assim, estava já reservado para nós um lugar de acesso à próxima Liga dos Campeões.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Pouquíssimo trabalho. Fez a primeira defesa, fácil, só aos 61'. Na única oportunidade de golo do Santa Clara, aos 91', viu a bola embater no poste.

Diomande - Grande recuperação aos 3', belo passe vertical aos 21', cortes oportuníssimos aos 49' e 62'. Começou à direita, transitou para o meio, acabou à esquerda. Sem mácula.

Gonçalo Inácio - Tremeu ocasionalmente, numa perda de bola, mas confirmou como pode ser útil também lá na frente ao cabecear à barra (33') após canto. Substituído ao intervalo.

Matheus Reis - Útil como central à esquerda com ocasionais missões atacantes em complemento perfeito de Nuno Santos. Cortes vistosos aos 25' e 30'. Saiu aos 69'.

Arthur - Surpresa no onze: entrou para ala direito. Cumpriu com nota alta. Cortes impecáveis aos 17' e 50', um centro perfeito aos 75'. Tentou o golo aos 20': saiu por cima.

Ugarte - Combativo, como sempre. Nem a cansativa viagem ao serviço da selecção uruguaia o impediu de actuar. Destacou-se nas recuperações (9' e 27'). Saiu aos 69'.

Pedro Gonçalves - Patrão do meio-campo e protagonista máximo na conversão de livres. Num deu golo (14'), noutro ia dando (33'). Soma já nove assistências. Substituído aos 69'.

Nuno Santos - Dominou a ala esquerda, embora alguns dos melhores centros tenham sido desaproveitados. Em dois deles, Paulinho foi perdulário - primeiro aos 41', depois aos 75'.

Edwards - Impecável. Oferece golo que Paulinho desperdiçou (18'), assiste Trincão no segundo (22'), quase marcou aos 27', marcou mesmo aos 52' - de pé direito. Saiu aos 74'.

Trincão - Anda mais dinâmico e entrosado. Momento alto: o nosso segundo golo (22'). Já tinha sido ele a sacar o livre que gerou o primeiro. Ia bisando de meia-distância (60'). 

Paulinho - Alternou o bom (14', o seu quinto golo na Liga) com o menos bom (golos desperdiçados aos 18', 41', 75'). No terceiro, passou a Edwards - sua terceira assistência.

St. Juste - Fez a segunda parte, como central à direita. Combinando bem com Diomande e Neto, sucessivamente. Boa iniciativa atacante aos 60'. Faz da velocidade um trunfo.

Morita - Substituiu Ugarte aos 69', compondo inédita parceria com Tanlongo. Ainda fatigado da longa viagem intercontinental, não deslumbrou nem comprometeu.

Tanlongo - Entrou aos 69', rendendo Pedro Gonçalves. Vai somando minutos. Para limar arestas (força a mais em certos lances) e aprimorar virtudes (bom no passe).

Neto - Herói da noite, só por regressar 202 dias depois. Com braçadeira de capitão, que Adán lhe entregou. Substituiu Matheus Reis aos 69' e foi ele a liderar a defesa a partir daí.

Rochinha - Último a entrar: aos 74', rendendo Edwards. Quis mostrar serviço, incutindo dinâmica lá na frente. Mas o resultado estava feito, a equipa já só pretendia descomprimir.

Rescaldo do jogo de anteontem

 

Gostei

 

Da boa atmosfera em Alvalade. Os 31.603 que nos deslocámos ao nosso estádio, na noite de sábado, não demos o tempo por mal empregue. Ambiente ameno, apesar de algum chuvisco que caiu durante o jogo, famílias nas bancadas, muitas adeptas leoninas, alegria generalizada do princípio ao fim. O que se explica devido ao golo ter acontecido cedo, ainda no quarto de hora inicial, e por o desfecho estar decidido ao intervalo (quando havia 2-0), ao contrário do que aconteceu em diversas outras ocasiões.

 

Do nosso domínio total. Vencemos o Santa Clara por 3-0. Com golos de Paulinho (14'), Trincão (22') e Edwards (52'). Vitória tranquila, inequívoca, categórica num embate em que atacámos com cinco unidades em simultâneo - por vezes com seis, quando Pedro Gonçalves também aparecia lá na frente. As alas funcionaram sempre como nossos corredores ofensivos. A turma visitante fez o primeiro remate aos 61'. E só teve uma oportunidade de golo aos 90+1'. Nem parecia a mesma equipa que vencemos com extrema dificuldade (1-2) na partida da primeira volta.

 

Da primeira parte. Dois golos marcados, pelo menos mais dois podiam ter sido concretizados (aos 33', por Gonçalo; e aos 41', por Paulinho). Os 45 minutos iniciais desenrolaram-se quase sempre no meio-campo defensivo do clube açoriano que usa o mesmo emblema do Benfica - e que mais parece uma "escola de samba", condenada a descer de divisão.

 

De Edwards. Melhor em campo: joga cada vez mais para o colectivo, com disciplina táctica, movimenta-se muito bem não apenas quando transporta a bola mas também quando está sem ela. Saldo positivo: um golo (o terceiro, marcado com o pé direito) e uma assistência (para o segundo). Ainda ofereceu outro, de bandeja, que Paulinho desperdiçou (18'). Esteve quase a marcar, aos 27'.

 

De Pedro Gonçalves. Jogou no meio-campo, onde funcionou como verdadeiro patrão leonino. Está com os níveis de concentração e de confiança muito elevados desde aquele golaço no estádio Emirates, contra o Arsenal - isto reflecte-se bem no desempenho colectivo da equipa. Exímio a marcar livres - de um deles nasceu o nosso primeiro golo: foi a sua nona assistência desta temporada. De outro, aos 33', ia surgindo outro - quando Gonçalo Inácio atirou à barra. 

 

De Diomande. Voltou a ser titular, como central à direita (Matheus Reis à esquerda e Gonçalo ao meio), no onze inicial. Exibiu classe em Alvalade: é o reforço de que necessitávamos para aquela posição. Espectacular recuperação logo aos 3', dando nas vistas. Seguro, sereno, concentrado: parece jogar há anos no Sporting, não apenas há poucas semanas. E polivalente também: actuou como central ao meio a partir dos 46' e como central à esquerda a partir dos 69'.

 

De Arthur. Com Bellerín ainda lesionado e Esgaio ausente por castigo, Rúben Amorim confiou-lhe a posição de ala direito titular. O brasileiro que veio do Estoril cumpriu com distinção, não apenas no plano defensivo (grande corte dentro da área aos 17'), mas sobretudo no ofensivo, com cruzamentos tensos e bem medidos. Confirma-se: é mesmo reforço, seja qual for a posição em que actua.

 

Do regresso de Luís Neto. Apesar dos três golos, foi este o instante alto da noite: quando uma calorosa ovação sublinhou o regresso do veterano Neto, aos 34 anos, após longa ausência por lesão. Aconteceu aos 69', quando substituiu Matheus Reis - e, simbolicamente, a braçadeira de capitão passou de Adán para ele, que não jogava desde 3 de Setembro. Outro momento festivo.

 

De ver Afonso Moreira no banco. O jovem extremo (18 anos) não calçou, mas é assim que se começa. Outro elemento da formação que promete ser aposta do treinador. 

 

Do árbitro André Narciso. Actuação impecável: não estragou, não propiciou momentos mortos, não passou o tempo a interromper o jogo, não alinhou com o teatro ocasional de certos jogadores. Se fossem todos como ele, o futebol português estava muito mais valorizado.

 

De Rúben Amorim. Cumpriu o jogo 120.º do campeonato nacional de futebol. Com 84 vitórias no currículo. Números extremamente positivos, que são um excelente cartão de visita. Talvez o melhor treinador do Sporting neste século.

 

De mantermos as aspirações à Champions. Com 24 pontos ainda em disputa (estamos com 53, mas com um jogo em atraso), registámos a quinta vitória seguida no campeonato e estamos há nove jogos sem perder. Atravessamos o melhor momento da época, o que ajuda muito. Precisamos de aceder à próxima Liga dos Campeões, o que nos trará enormes vantagens desportivas e financeiras.

 

 

Não gostei

 

Da ausência de Coates. Mas compreendeu-se: o nosso capitão assistiu ao jogo da tribuna. Deu para descansar após a recentíssima participação em dois jogos pela selecção do Uruguai, sendo titular absoluto e até marcando um golo (contra a Coreia do Sul). Descanso merecido, já a pensar nas partidas contra o Gil Vicente (depois de amanhã) e o Casa Pia (no domingo). Três desafios em nove dias antes do jogo em Turim contra a Juventus.

 

Do desperdício de Paulinho. Finalizou bem, concluindo com golo o impecável livre directo marcado por Pedro Gonçalves aos 14'. E é ele quem faz o passe lateral para Edwards sentenciar a partida, aos 52'. Mas falhou um golo de baliza aberta, à Bryan Ruiz (aos 41'), e desperdiçou duas outras grandes oportunidades. Apenas cinco golos à 25.ª jornada: continua a ser muito pouco para um ponta-de-lança.

 

Do Santa Clara. O que dizer de uma equipa que beneficia do primeiro canto só aos 50', faz o primeiro remate à baliza aos 61' e deixa concluir o tempo regulamentar sem uma única ocasião de golo? Que não merece integrar o primeiro escalão do futebol português. Faria bem em mudar o símbolo, antes de mais nada.

Muitas dúvidas, algumas perguntas e poucas respostas

Ontem à noite saí de Alvalade irritado, aziado com uma derrota que nos deixa a 8 pontos da liderança, com muitas perguntas e poucas respostas, a escassos dias do encerramento da presente janela de transferências, não sei se ainda vamos a tempo de salvar algo, mas aqui vou partilhar com os leitores o meu estado de espírito:

-Por razões de contabilidade, o SCP não poderia deixar de vender Matheus Nunes por 45+5 milhões de euros, mesmo que a oportunidade tenha surgido em vésperas de clássico. Alguém já contabilizou quanto se irá perder, em caso de não presença na fase de grupos da UCL na próxima época?

-Por que razão não havia um plano B? A saída de Matheus Nunes não deveria implicar uma substituição imediata? Para mais, sabendo que o substituto natural, Daniel Bragança, está desde há várias semanas afastado dos relvados por um longo período.

-A saída de I. Slimani do plantel, não vou aqui alimentar polémicas ou teorias conspirativas, estou completamente ao lado do treinador nesta matéria, mas sabendo que se perdeu um dos dois avançados mais importantes do plantel, não teria sido avisado, atempadamente, substitui-lo? Para cúmulo do azar, goste-se ou não de Paulinho, o único avançado lesiona-se, ficando a equipa privada de jogar num dos dois sistemas tácticos que treinou, passando a frente móvel no ataque a ser plano único, sem alternativa.

-A não ser que algo de muito extraordinário aconteça, como por exemplo a chegada de D. Sebastião de Manchester, só poderemos tirar a conclusão que houve má gestão na construção do plantel. E mesmo que tal acontecesse, não apagaria a má-gestão do dossier meio-campo. Por muitas culpas que possam ser atribuídas a Rúben Amorim, que não está isento, a verdade é que o nosso treinador está longe de ter os poderes dos treinadores da Premier League.

-Quanto ao jogo de ontem, para além do factor sorte e azar, que não nos favoreceu na primeira parte, poderíamos ter chegado ao intervalo com o jogo resolvido, foi um daqueles jogos que pedia mesmo uma referência na área. Que falta fez ontem Paulinho. Mas a falta de alternativas levou a jogarmos com vários jogadores móveis na frente de ataque, que desequilibraram, mas não finalizaram. E como alguém sempre diz, quem não marca, arrisca-se a sofrer.

-Não compreendi algumas mexidas na equipa. Para começar, o recuo de Pedro Gonçalves, para a entrada de Rochinha, implicando a saída de Morita. O meio campo perdeu clarividência. Depois a substituição de Luís Neto no início da segunda-parte, que quanto a mim decidiu o jogo, porque intranquilizou a defesa, que até aí chegava e sobrava para as investidas dos flavienses. Refiro-me à entrada de Matheus Reis e passagem de G. Inácio da esquerda para a direita, quando para substituir L. Neto estava no banco, em condições de jogar, tanto assim é que acabou por entrar mais tarde, St. Juste. O futebol também é simples, tirar um central de pé direito e colocar outro com as mesmas características, teria sido preferível.

-Após os golos do D. Chaves, foram dois seguidos, o segundo resulta de erro dos nossos defesas, antes de marcarem o primeiro, já A. Adán havia feito uma enorme defesa, o SCP deixou de existir. Tivéssemos tido um agitador no banco, poderia ter sido Rochinha se não tivesse sido aposta inicial, talvez hoje estivéssemos a criticar algumas opções, a falar da necessária abordagem ao mercado, mas não a lamentarmos a perda de pontos em Alvalade.

A época 2019/2020 ainda está relativamente perto, não foi uma época para esquecer, bem pelo contrário, convém sempre revisitá-la, para que não se repita. Desde logo agora com o mercado a encerrar, precisamos reforços, mas não como então, quando vimos chegar, Fernando, Jesé e Bolasie.

Também não faz sentido algum pedirmos a cabeça do treinador. Já percebemos que também erra, a estrelinha nem sempre o acompanha, mas colocou-nos num patamar que há muito não alcançávamos. Precisamos estabilidade. E que os responsáveis se sentem à mesa, analisem o que está a faltar e corrijam.

 

P.S. – Os comentários estão moderados, não publicarei comentários insultuosos, sejam para quem forem, nem irei tolerar linguagem inapropriada. Para explanar uma ideia ou criticar, não é necessário ofender seja quem for.

Balanço (6)

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O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre NETO:

 

- Paulo Guilherme Figueiredo: «Porque não aproveitar jogos como o de ontem para lançar jovens com potencial das camadas jovens como Goulart, em vez de "queimar" Neto e Esgaio?» (16 de Setembro)

Luís Lisboa: «A entrada de Neto com o adiantamento de Esgaio realmente fortaleceu o lado direito.» (3 de Outubro)

- Edmundo Gonçalves: «Um anticiclone deu cabo dos neurónios ao Neto.» (7 de Janeiro)

Pedro Boucherie Mendes: «Temos muito poucos jogadores no plantel com longevidade. Só Coates (desde 2015), Jovane (2017) e Neto (desde 2019) sobram dos tempos duros de Keizer e Silas (Matheus Nunes também, de certa forma).» (18 de Janeiro)

Eu: «O meu destaque nesta partida vai para o veterano Luís Neto, numa das suas melhores exibições de verde e branco: cortes providenciais ao 8', 38', 54', 63', 64' e 69'. Nunca se atemorizou por ver Sterling como adversário directo. Exemplar.» (10 de Março)

Pódio: Neto, Gonçalo Inácio, Edwards

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Manchester City-Sporting, para a Liga dos Campeões, pelos três diários desportivos:

 

Neto: 18

Gonçalo Inácio: 18

Edwards: 17

Adán: 17

Ugarte: 17

Coates: 16

Porro: 15

Matheus Reis: 15

Slimani: 14

Tabata: 14

Sarabia: 13

Esgaio: 12

Nuno Santos: 12

Paulinho: 12

Feddal: 1

Rodrigo Ribeiro: 1

 

A Bola e o Record elegeram Neto como melhor Leão em campo. O Jogo optou por Gonçalo Inácio.

Quente & frio

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Edwards: boa exibição em Manchester 

 

Gostei muito da vibrante atmosfera nas bancadas do estádio do Manchester City, onde alguns milhares de adeptos leoninos nunca deixaram de puxar pela nossa equipa. Um exemplo do que deve ser uma verdadeira claque - neste caso alargada praticamente a todos os portugueses ali presentes. Que motivaram e galvanizaram a nossa equipa neste que foi o nosso melhor resultado de sempre na Liga dos Campeões. Empatámos lá, sem golos, frente a um dos emblemas milionários do futebol contemporâneo que actuou com um naipe de craques: Ederson, Stones, Laporte, Fernandinho, Sterling, Bernardo, Foden, Gundogan e Gabriel Jesus. Nada a ver com o desafio da primeira mão, em que fomos goleados pelo campeão inglês.

 

Gostei do nosso jogo colectivo, sempre compacto e bem organizado, com Rúben Amorim a distribuir bem cada jogador no terreno, encurtando distâncias e anulando linhas de passe aos adversários. Com dois capítulos diferentes: a primeira parte desenrolou-se quase apenas no nosso meio-campo defensivo enquanto na segunda fomos arriscando acções ofensivas, em contra-ataques que até podiam ter ditado a vitória leonina. No nosso lance mais perigoso, Paulinho falhou o golo, permitindo a defesa do "ressuscitado" Scott Carson, substituto de Ederson. Edwards, que substituiu Sarabia aos 58', foi um dos elementos em maior destaque: fez grande cruzamento a sobrevoar a área para Matheus Reis (73'), picou a bola no tal lance que Paulinho desperdiçou (76'), serviu Slimani (82') e lançou bem Nuno Santos (90'). Imprimiu velocidade ao jogo, desequilibrou, protagonizou aqueles três passes de rotura. Gonçalo, Coates, Ugarte e Porro foram obreiros incansáveis. Adán negou um golo a Sterling com uma defesa monumental (38'). Mas o meu destaque nesta partida vai para o veterano Luís Neto, numa das suas melhores exibições de verde e branco: cortes providenciais ao 8', 38', 54', 63', 64' e 69'. Nunca se atemorizou por ver Sterling como adversário directo. Exemplar.

 

Gostei pouco da primeira parte, em que resistimos às investidas do City mas fomos quase sempre incapazes de transpor a linha do meio-campo, com todos os jogadores atrás da bola. A fase inicial do plano estava cumprida: faltava a outra, que falhara por completo em Alvalade, quando não fizemos um remate à baliza dos ingleses. Desta vez isso não aconteceu. As primeiras investidas, muito tímidas, resultaram em quase-passes para Ederson aos 57' (por Tabata) e aos 60' (por Edwards). Mas a partir daí as oportunidades sucederam-se. Podíamos ter marcado por Matheus Reis (73'), Porro (74') e Esgaio (90'+1), além do tal lance de Paulinho, que envolveu também Porro e Edwards. O 5-4-1 apresentado em campo por Amorim desta vez funcionou, para satisfação de todos nós. Ficou comprovado que Slimani e Paulinho podem actuar juntos, ao contrário do que alguns diziam. E ainda vimos o treinador lançar em estreia absoluta na equipa principal - e logo num cenário destes - o jovem avançado Rodrigo Ribeiro, ainda júnior, que promete fazer furor já na próxima época leonina. Entrou aos 89', para render Slimani: jamais esquecerá.

 

Não gostei que tivéssemos sido eliminados da Liga dos Campeões. Mas foi o nosso melhor desempenho nesta prova, em que afastámos Besiktas e Borussia Dortmund, além do empate agora alcançado em Manchester. É assim, por etapas, que uma equipa cresce e ganha prestígio também nos palcos internacionais. Bónus adicional: o 0-0 de ontem valeu meio milhão de euros aos cofres leoninos e reforçou a pontuação das equipas portuguesas na UEFA pouco depois de o FC Porto ter sido derrotado em casa pelo Lyon, nono classificado da Liga francesa.

 

Não gostei nada do resultado da primeira mão, que logo nos impediu de disputar o acesso aos quartos-de-final: por mais que fizéssemos, seria impossível superar uma diferença tão desnivelada frente ao líder do campeonato inglês. Até porque voámos para Manchester sem elementos nucleares: Matheus Nunes (castigado), Palhinha, Daniel Bragança e Pedro Gonçalves (lesionados). Também não gostei nada de ver o City introduzir a bola na nossa baliza, aos 47': felizmente o golo foi invalidado, por fora-de-jogo milimétrico do marcador, Gabriel Jesus. E o empate a zero prevaleceu até ao fim, confirmando a pista que eu tinha aqui lançado ontem: fomos mesmo capazes de fazer um brilharete em Manchester.

Balanço (6)

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O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre NETO:

 

José Cruz: «Viu o clássico cartão amarelo que o condiciona para o resto do jogo.» (2 de Outubro)

João Goulão: «Os passes de Neto na queima fazem-nos franzir o sobrolho.» (29 de Outubro)

Eu: «Precipitando-se, colocou em jogo um adversário e acabou por introduzir a bola na própria baliza.» (29 de Novembro)

Francisco Vasconcelos: «Está longe de ser consensual.» (13 de Janeiro)

José Navarro de Andrade: «É uma das peças fundamentais desta equipa, porque é um líder, um pêndulo de bom senso e determinação, uma figura de referência para os mais novos, um jogador experimentado e com mundo, um exemplo de maturidade.» (23 de Janeiro)

Luís Lisboa: «Coates, o seu fiel escudeiro Neto e Sporar com as virtudes e defeitos de cada um, fecham um plantel competitivo, onde impera um grande espírito de equipa e um enorme respeito pelos valores do nosso Sporting.» (29 de Janeiro)

Pedro Boucherie Mendes: «Adán, Coates, Feddal, Neto, Palhinha são os bravos do pelotão.» (2 de Fevereiro)

Edmundo Gonçalves: «O patinho feio Coates e o mal-amado Neto fazem hoje parte da defesa menos batida do campeonato, de uma equipa que se apresenta com um goal average de +27, coisa que nem nos sonhos mais húmidos qualquer sportinguista imaginaria quando a época arrancou.» (6 de Fevereiro)

CAL: «Adán, Feddal, Antunes, João Pereira, Luís Neto e até Coates estão à procura de dar o salto para onde, excepto (alguns) para os quadros formativos do Sporting?» (3 de Abril)

Neto!

Desculpem que volte aqui, mas ouvi Neto na conferência de imprensa e confirmei o que já pensava dele. Neto é uma das peças fundamentais desta equipa, porque é um líder, um pêndulo de bom senso e determinação, uma figura de referência para os mais novos, um jogador experimentado e com mundo, um exemplo de maturidade. Qualquer treinador sonha ter um Neto na cabine, mas Rúben Amorim e o Sporting é que o têm.

Sem reservas

Era só para realçar um pormenor a partir das palavras de Neto, claramente um dos líderes mentais desta equipa: no Sporting não há suplentes. Quem entra melhora, não remenda nem substitui. Quem entra introduz ao momento mais acutilância entretanto perdida pelo esforço de quem sai. Quem entra acrescenta ao jogo aquilo que o seu estilo e personalidade têm para dar, não adapta o jogo às suas características. Por exemplo, quando o magnífico Bragança entra em campo não é para ganhar rodagem ou outra qualquer inutilidade, é para intervir a sério na dinâmica durante o tempo que lhe foi concedido.

O Sporting não joga com 11, joga com 16. 

Ou seja, Rúben Amorim não é competente por causa da táctica e lá dessas bolas de bingo do 3-5-2 ou 4-7-3 que a malta gosta de recitar; ele é distinto por causa do treino. E, mais uma vez, o treino e nada mais é a alma do futebol, o resto são peaners para entreter pedreiros.

Balanço (6)

LuisNetoSeferovic-1068x712.jpg

 

O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre NETO:

 

Leonardo Ralha: «Distinguiu-se pela voz de comando, por alguns cortes incisivos e bem arriscados e até pela forma como suplicou em vão a Rui Costa que não expulsasse Acuña.» (6 de Dezembro)

Luís Lisboa: «Quanto aos carregadores de piano, os que lutam até ao fim e raramente comprometem, apenas posso vislumbrar cinco: Renan, Neto, Battaglia, Sporar e Luiz Phellype.» (22 de Março)

Eu: «É um jogador posicional, dotado de grande disciplina táctica e que aprendeu a fazer da experiência uma virtude embora ainda falhe por vezes o tempo ideal de corte. Falta-lhe o arrojo técnico de Mathieu, capaz de iniciar lances ofensivos com passes de ruptura e excelente visão de jogo, mas é daqueles profissionais que costumam transmitir confiança a qualquer equipa técnica. E revela espírito combativo.» (11 de Abril)

- JPT: «Não sei se Neto será suficiente como titular (veio com "planta" de tal).» (12 de Julho)

Eduardo Hilário: «É um jogador com palmarés internacional e experiência, algo que faz falta ao actual Sporting. Esta época sofreu com algumas lesões, mas entendo que tem qualidade suficiente para permanecer no plantel.» (5 de Agosto)

Armas e viscondes assinalados: Em equipa que mexe não se ganha

Moreirense 0 - Sporting 0

Liga NOS - 30.ª Jornada

7 de Julho de 2020

 

Luís Maximiano (3,0)

A principal intervenção do jovem guarda-redes consistiu em resolver um atraso mal calculado de Gonzalo Plata que o apanhou em contramão. Houve momentos de maior perigo, devido à inquietante superioridade aérea do Moreirense na grande área do Sporting, mas nesses lances Maximiano pouco ou nada poderia fazer e coube à sorte que ninguém dirigisse a bola para o fundo das redes, limitando-se numa ocasião a acertar nas redes laterais.

Neto (3,0)

Resgatado do esquecimento a que foi votado enquanto suplente de Coates, aproveitou a necessidade imperiosa de fazer descansar um fatigado adolescente para voltar a jogar. Sem a desenvoltura na saída com bola demonstrada por Eduardo Quaresma, há que reconhecer que o veterano internacional português esteve bastante acertado no passe longo, nada catastrófico na construção de jogo e razoavelmente eficiente nas tarefas defensivas.

Coates (3,0)

Mais uns excelentes cortes e desarmes para a exposição permanente do Museu Sebástian Coates de Cortes e Desarmes, com posicionamento irrepreensível e serenidade quase irritante. Referência número 1 para os cruzamentos e bolas paradas, venceu nas alturas mas não nas trajetórias de cabeceamento, não conseguindo melhor contributo para o ataque leonino do que ser pública e notoriamente agarrado pela camisola na pequena área da equipa da casa em tempos de desconto. O videoárbitro Jorge Sousa chamou a atenção para o facto e o apitador Tiago Martins encarregou-se de ignorar a falta para grande penalidade que poderia valer os três pontos que manteriam o sonho do segundo lugar durante uns dias mais.

Borja (2,5)

Além do pânico que irradia quando tem a bola sob a custódia das chuteiras, pouco de errado fez durante os longos minutos que permaneceu no relvado. Não foi pelo colombiano que ficaram mais dois pontos esquecidos no Minho.

Ristovski (2,5)

Menos incisivo e eficaz no apoio ao ataque do que nos últimos jogos, o macedónio também esteve longe de ser a muralha capaz de conter um Moreirense que esteve melhor do que o Sporting em partes significativas do encontro. Quando foi substituído nem ele pareceu capaz de apresentar recurso da decisão para uma instância superior.

Matheus Nunes (2,0)

Faltou-lhe um terceiro remate em zona frontal para conseguir levar a bola a sair do estádio em vez de ficar nas últimas filas da bancada vazia. E na manobra do meio-campo também ficou longe de ser brilhante, reforçando a impressão de que as notícias acerca da futura venda que pagará a cláusula de rescisão de Ruben Amorim talvez sejam manifestamente exageradas.

Battaglia (2,0)

Mais um jogo excessivamente faltoso e desinspirado, demonstrando que o elenco do miolo do terreno é um calcanhar de Amorim no sistema táctico em implementação.

Acuña (3,0)

Regressou ao onze titular sem a disponibilidade física do adolescente que o substituiu nos últimos jogos, mas com a qualidade técnica e combatividade que lhe foram cozidas à pele. Não deixa de ser curioso que nos últimos minutos tenha sido mais útil à equipa enquanto terceiro central descaído para a esquerda. Ainda estamos a tempo, antes de o argentino ser vendido a preço de amigo, na sequência da notícia sobre o “apertão” que deu a Jovane Cabral, de experimentar o que valerá enquanto ponta de lança.

Jovane Cabral (3,0)

Pode muito bem padecer de excesso de individualismo, como tende a acontecer aos futebolistas que fazem muitos golos, assistências e são eleitos jogadores do mês, mas o regresso do extremo que aprecia flectir para o centro foi uma lufada de ar fresco no futebol do Sporting. Derrubado na grande área do Moreirense logo ao início, provavelmente quando o videoárbitro ainda degustava uma francesinha, procurou levar a equipa consigo, mas não raras vezes pareceu ressentir-se das ausências de Nuno Mendes e de Wendel. Quando um e outro saíram do banco de suplentes melhorou de rendimento, ainda que sem repetir a precisão nos livres directos, e mesmo depois do segundo pénalti sonegado ao Sporting ficou muito perto de desfazer a empate a zero no remate em arco que encerrou o jogo.

Gonzalo Plata (2,5)

A mesma velocidade que lhe permitiu marcar ao Gil Vicente em Alvalade forçou Halliche a derrubá-lo e a ver o cartão vermelho após perder a bola em zona proibida. Mago das fintas ainda com défice de pragmatismo, o jovem equatoriano acabaria por terminar o jogo como uma espécie de lateral-direito, funções nas quais não se distinguiu por aí além.

Sporar (2,5)

Ficou em posição em remate uma vez ao longo do jogo, disparando de ângulo complicado para defesa do guarda-redes caseiro. Sendo admissível que o sistema não privilegie quem ocupa a sua posição, é impossível não exigir mais a quem trabalha para a equipa e demais chavões.

Wendel (2,5)

Entrou tarde e não conseguiu impor completamente o seu jogo, mas a maior presença do Sporting no meio-campo contrário teve a ver, em partes iguais, com a superioridade numérica depois da expulsão de Halliche e com a influência do jovem-mas-já-não-tão-jovem brasileiro.

Nuno Mendes (3,0)

Foi um regalo ver entrar o recém-chegado à maioridade que joga como se pertencesse ao plantel principal há uns quantos anos, que centra como mais nenhum dos colegas – o que faria o Bas Dost pré-invasão com aqueles cruzamentos... – e que combina inteligência táctica e disponibilidade física. Com tantas lacunas no plantel é de pensar se Acuña não poderá ser aproveitado noutra posição.

Joelson Fernandes (2,0)

Alguns fogachos de quem poderá ter muito futuro e deverá ser gerido com cuidado, entrando sobretudo em jogos em que os três pontos já estejam no cofre.

Ruben Amorim (2,0)

Saberá melhor do que os observadores externos o motivo profundo para mexer tanto na equipa titular, retirando quem jogou mal e quem jogou bem, mas dificilmente poderá questionar que o resultado não foi brilhante. O regresso de Jovane Cabral até poderia ter garantido tranquilidade desde cedo, em vez do crescente domínio da equipa da casa, motivado pela superioridade numérica no meio-campo e desinspiração dos poucos que por lá andavam. Sem a inteligência do suplente Wendel ou dos lesionados Francisco Geraldes e Vietto, dependeu demasiado do individualismo dos extremos e nem ver-se com mais um em campo melhorou por aí além o desempenho da equipa. Nota final para o facto de só ter realizado 60% das substituições permitidas, o que diz bastante acerca da confiança que deposita num plantel construído de forma desastrosa e que foi perdendo pelo caminho alguns dos melhores (Bruno Fernandes, Raphinha e até o período azul de Bas Dost) e ainda está a criar alternativas. Certo é que, com ajuda do árbitro Tiago Martins e da saída de Bruno Lage do Benfica, o sonho do acesso à Champions esfumou-se e o Sporting de Braga ficou mais parte de recuperar o lugar no pódio que já foi seu.

Os jogadores de Varandas (6)

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NETO

Não é sportinguista desde pequenino, longe disso, mas soube cativar os adeptos com afirmações de indiscutível profissionalismo em defesa do grupo de trabalho e do emblema que defende em campo desde o Verão passado. Ao assinar pelos Leões por três épocas, em Março de 2019, confessou-se «grato e feliz por representar o Sporting». Não foram meras declarações de circunstância: percebiam-se que eram sentidas. 

Luís Neto veio do Zenit, onde cumpriu as obrigações contratuais até ao fim, e foi apresentado em Alvalade como primeiro reforço da temporada 2019/2020, ainda com Marcel Keizer ao comando técnico da equipa. Feitas as contas, representou um investimento de 800 mil euros - preço mais que módico por um defesa central com lugar na selecção nacional: Fernando Santos convocou-o várias vezes para os desafios da equipa das quinas. Neto tem 19 internacionalizações do primeiro escalão no seu currículo - a mais recente ocorreu em Outubro de 2018, num confronto na Escócia em que vencemos a selecção anfitriã (1-3).

A sua estreia de verde e branco foi pouco auspiciosa: integrou o onze titular no desafio da Supertaça, que terminou com goleada do SLB. Mas aos poucos este central de 31 anos foi-se impondo como terceiro central mais utilizado, aproveitando castigos ou lesões de Coates ou Mathieu, e configura-se como substituto natural do francês caso este decida pendurar as chuteiras no Verão.

É um jogador posicional, dotado de grande disciplina táctica e que aprendeu a fazer da experiência uma virtude embora ainda falhe por vezes o tempo ideal de corte. Falta-lhe o arrojo técnico de Mathieu, capaz de iniciar lances ofensivos com passes de ruptura e excelente visão de jogo, mas é daqueles profissionais que costumam transmitir confiança a qualquer equipa técnica. E revela espírito combativo: em Dezembro contraiu até uma lesão em campo, na recepção ao Moreirense, sofrendo fractura na grelha costal com pneumotórax associado num choque dentro da grande área leonina, o que o levou a ser evacuado aos 27', entre aplausos dos adeptos. Permaneceu mais de um mês fora dos relvados. Agora, inactivo por outros motivos, já confessa ter muita vontade de jogar. «Começo a pensar que quero esticar a carreira um par de anos», revelou esta semana em entrevista à Sporting TV.

Aposta-se muito nele como titular absoluto do Sporting na nova época que há-de vir. A aposta é bem capaz de se revelar segura.

 

Nota: 6

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