A naturalização-relâmpago de Pichardo foi a consequência da necessidade neo-estalinista de o Benfica apagar Nelson Évora da fotografia após a saída desse clube. Leia-se, neste caso, da lista de recordistas nacionais.
Era pouco provável que o Sporting pusesse fim à hegemonia do rival no atletismo masculino com a contratação de Évora, tal como muito dificilmente o Benfica conseguiria suplantar o Sporting no atletismo feminino. E a contratação de Pichardo enquanto atleta estrangeiro (ultrapassadas as dificuldades com a federação cubana) permitiria que o triplo continuasse a dar a totalidade de pontos aos encarnados nas competições de clubes.
Claro que Pichardo tem todo o mérito pelo excelente trabalho que faz, potenciando ao máximo as capacidades inatas, e ainda bem que venceu a sua prova, parece apostado em bater o recorde mundial e até parece sentir genuína ligação ao país que o acolheu. Dito isto, uma medalha que é consequência directa da vontade de uma organização poderosa erradicar um “dissidente” revelou-se muito mais construtiva do que o método da picareta na cabeça.
Tenho uma doença incurável. Sou Sportinguista até à bactéria mais pequena do meu corpo.
Deste modo os jogos do Sporting são quase sempre muito sentidos, muito vividos, demasiado sofridos.
Não tenho qualquer contrato com operadoras de desporto e também não gosto de usar a pirataria. Portanto quando não estou em Alvalade prefiro escutar os relatos na rádio (tradição que já vem de longa data).
Aproveitei para fazer algumas tarefas domésticas enquanto escutava na RR o relato do jogo. E foi aí que escutei o golo do Moreirense.
Os repórteres de campo só encontraram coisas más na equipa do Sporting. Era o Ristovski ou o Petrovic. Depois o Jeferson e até o Nani.
Mudei de posto e passei a escutar Antena 1. De boa memória, pois o Sporting marcou a seguir. Nesta estação os repórteres e o comentador de serviço (conhecido Portista) variavam entre algumas críticas e alguns elogios.
Chegou o intervalo e tive de me dedicar a outras actividades, que não me permitiam escutar o relato da segunda parte.
Só que o telemóvel tem uma aplicação que me vai dando a evolução do resultado. E à meia hora ouvi o sinal de golo. Fui ver de quem era e Bas Dost havia feito o que mais sabe.
Cerrei o punho e fiquei com os olhos no equipamento. Faltou-me a coragem para escutar o resto do relato.
Noventa minutos e a indicação de um amarelo para um jogador do Moreirense. Logo de seguida novo alarme. Temi o pior. Mas Bas Dost não me deixou ficar mal e meteu um chapéu no saco minhoto.
- Boa – disse eu para os meus botões enquanto voltava a cerrar os punhos.
Logo a seguir nova sinalética. O jogo havia terminado, no preciso instante que Nelson Évora se sagrava campeão europeu de Triplo Salto.
Atleta do Sporting, um campeão português. Obrigado pela medalha. A qual, diz ele diante de 3º lugar num Mundial de atletismo, "sabe a pouco", tamanha a extraordinária dimensão da sua carreira. Já veterano, tendo recuperado de graves lesões, o Nelson Évora é também um exemplo. Até para nos desfutebolizamos, nós, os de todos os clubes.
... Eis aqui 30 segundos da homenagem que Alvalade prestou ontem ao campeão europeu de Pista Coberta, Nélson Évora e à vice-campeã, Patrícia Mamona, ambos na especialidade de Triplo Salto.
O, agora, atleta do Sporting, Nelson Évora, é campeão europeu de triplo salto em pista coberta.
O agora é todo um programa jornalístico.
Por exemplo, Nelson Semedo, também passará a ser referido como ex-futebolista do Sintrense (com 17 anos já Nelsinho era titular da primeira equipa de Sintra) agora no Benfica?
Parabéns a Nelson Évora pela brilhante conquista da medalha de ouro no triplo salto, nos europeus de pista coberta.
Estou é um pouco "estranho" com o facto de um atleta poder concorrer pelo seu clube a uma prova de selecções, ou onde os atletas concorrem em representação dos seus países.
É que para alguma comunicação social Nelson Évora concorreu como atleta do Benfica, ao contrário de Patrícia Mamona, atleta do Sporting e na mesma disciplina, já que de um se refere o clube ("o atleta do Benfica conseguiu a medalha de ouro...") e a Patrícia é "a atleta portuguesa..." Tão mesquinhos, previdentes, facciosos, tendenciosos, asquerosos, ranhosos que eles são. Todos!
Ainda assim, reitero os parabéns a Nelson Évora. Que repita! Portugal e os portugueses que amam o desporto agradecem. Com foto e tudo:
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