Trincão, momentos após marcar o quarto golo, muito cumprimentado pelos companheiros
Foto: Homem de Gouveia / Lusa
Poucos previam que pudesse ser tão fácil. Muito mais do que em Janeiro de 2021, quando nos deslocámos à Choupana e arrancámos lá, a ferros, uma vitória esforçada mas mais do que merecida em inesquecível noite de vendaval. Depois o Nacional baixou de divisão, andou três épocas no escalão secundário. Regressa agora, com o estatuto de campeão da Liga 2 e sete reforços no plantel, o que não parece ter empolgado os seus adeptos: abundavam as clareiras no estádio onde o Sporting fez anteontem a sua primeira deslocação fora de portas neste campeonato.
Havia receios sobre a prestação leonina por parte dos pessimistas do costume. Eram infundados, como se viu. Numa primeira parte que dominámos sem discussão entre os minutos 5 e 35, tendo recuperado a supremacia após quatro minutos vacilantes. E sobretudo ao longo de todo o segundo tempo, em que marcámos quatro golos e podíamos ter concretizado outros tantos. Desfecho: primeira goleada da época, por 6-1. E já o comando da Liga 2024/2025, logo à segunda jornada.
Rúben Amorim, numa adaptação ao seu modelo habitual, deu instruções aos alas para actuarem sobretudo como extremos - Geny à esquerda, Quenda à direita. O que alargava a nossa frente de ataque, à semelhança dum rolo compressor. Com Gyökeres no meio do ataque enquanto Pedro Gonçalves e Trincão preenchiam os espaços, abrindo linhas de passe e desgastando o bloco defensivo adversário.
Neste modelo que anda a ser posto em prática com sucesso, Gonçalo Inácio acorria com frequência a dobrar o companheiro da ala esquerda e Eduardo Quaresma fazia o mesmo no flanco oposto, compensando os adiantamentos. No duelo do meio-campo, com Morten ausente por lesão, Morita e Daniel Bragança deram conta do recado. Com o internacional japonês a desdobrar-se também em movimentos de recuo, reforçando os companheiros da defesa.
Resultou. E de que maneira.
Pedro Gonçalves, numa jogada individual que o confirma como o melhor português da actual equipa leonina, fez uma exibição fulgurante de virtuosismo técnico ao inventar o nosso primeiro golo. Estavam decorridos 16': o transmontano pegou nela, deixou cinco adversários pelo caminho e já em desequilíbrio ainda conseguiu dar-lhe o rumo certo, anichando-a no fundo das redes. Estava aberto o caminho para a vitória.
O Nacional tentou dar luta. E chegou a criar a ilusão de que isso seria possível quando empatou a partida num bom disparo a meia altura, aproveitando uma momentânea falha de cobertura do nosso corredor esquerdo. Mas os profetas da desgraça mal tiveram tempo de gritar «Eu não dizia?!» Pedro Gonçalves, novamente protagonista, criou um desequilíbrio e serviu Trincão: o minhoto estava marcado pelos centrais mas desembaraçou-se deles e fuzilou, em remate cruzado. Repondo a justiça no marcador e fixando o resultado ao intervalo: 2-1.
Depois só deu Sporting. Com Quenda a confirmar o seu talento muito acima da média: temos aqui um menino prodígio. Outro tesouro da Academia de Alcochete. Derrubado em falta quando fazia uma incursão para o centro, já dentro da área, possibilitou o nosso terceiro golo. Penálti concretizado aos 51' por Gyökeres: o craque sueco marcou-o de modo irrepreensível.
Adivinhava-se goleada. E aconteceu mesmo, em vertiginosa sucessão. Trincão finalizou sem problema, aos 57', após oferta de Geny. Daniel Bragança - com braçadeira de capitão - deu espectáculo ao receber de Pedro Gonçalves na meia-direita e serpentear entre a defesa contrária antes de fuzilar com nota artística aos 66'. E Gyökeres bisou também, aos 76', num disparo fortíssimo, isolado com passe vertical de Debast a merecer aplauso. O jovem defesa belga começa a dar nas vistas pelos melhores motivos.
Pela segunda época consecutiva, o Sporting emerge como vencedor nas duas jornadas inaugurais da Liga: é um bom auspício para o que vai seguir-se. Temos 12 golos marcados em três jogos oficiais - melhor marca ofensiva desde a temporada 1990/1991, mesmo sem termos contratado ainda o tal avançado grego que tanto se aguarda.
Rúben Amorim soma e segue: 216 jogos oficiais, 150 triunfos no seu currículo em Alvalade. O melhor do século, um dos melhores da história do nosso clube.
O Nacional, que vinha de 14 jogos sem perder, sofreu a maior derrota de sempre em casa. Talvez muitos dos seus adeptos adivinhassem, daí nem sequer terem optado por comparecer no estádio. Temos pena.
Breve análise dos jogadores:
Vladan - Boas defesas aos 31' e aos 47'. Talvez pudesse ter feito melhor no golo solitário que sofremos.
Eduardo Quaresma - Atento e seguro: o melhor do trio de centrais. Espectacular corte de carrinho aos 30'.
Diomande - Algumas falhas de cobertura: não é Coates quem quer. Faltou-lhe velocidade no lance do golo.
Gonçalo Inácio - Central projectado na ala, influente na construção. Desposicionado no golo da turma madeirense.
Quenda- Excelente técnica, maturidade táctica. Cava o penálti que sentenciou o jogo. Quase marcou aos 24': bola roçou no poste.
Morita - Médio mais recuado, apoiou os centrais. Perdeu a bola aos 49': podia ter dado empate ao Nacional.
Daniel Bragança - Capitão, foi ele a gerir e organizar jogo no corredor central. Marcou um golaço - o nosso quinto.
Geny - Parece cada vez mais adaptado à ala esquerda. Recupera, domina e assiste no quarto golo leonino.
Trincão - Muito confiante. Estreia-se a marcar nesta nova época, e logo com um bis. Esteve quase a fazer outro golo, aos 74'.
Pedro Gonçalves - Marcou um, deu dois a marcar. Soma 80 golos e 54 assistências em quatro anos no Sporting. Cada vez mais influente, cada vez mais maduro. Melhor em campo.
Gyökeres- Também ele bisou. Primeiro de penálti, depois num fabuloso pontapé de meia distância. Em excelente forma.
Debast - Substituiu Eduardo aos 69'. Destacou-se ao assistir no sexto golo: pontapé vertical de 40 metros.
Dário - Entrou para o lugar de Morita aos 79'. Mostrou-se confortável no corredor central. Primeiros minutos da época.
Matheus Reis - Rendeu Geny aos 79'. Discreto, controlou ala esquerda. Sem sobressaltos.
Edwards - Substituiu Trincão aos 85'. Quase sem tempo para se mostrar: o resultado estava construído.
Fresneda - Entrou aos 85', rendendo Diomande, só para ganhar algum ritmo.
Assuntos importantes, como um jantar com vista privilegiada para a Praia dos Pescadores, aqui na antiga Vila da Ouriceira, obrigaram-me a ver o jogo no telefone. Isto para um já pitosga como eu é sempre desafiador, de modo que tal como o nosso redes Vladan nem vi o míssil que o madeirense anichou nas nossas redes.
Podem não acreditar, mas o Alvarinho até já nem me estava a saber bem, que eu já vi tantas vezes o filme de começar a ganhar e depois chegar ao fim empatado ou derrotado, que já tinha as tripas a roncar.
Mas vá que convocaram o Trincão e ainda antes do intervalo ele resolveu dizer presente, desmentindo quem afirmava a pés juntos que só voltaria em Janeiro. Marchou logo aí uma copázia! É pá, depois se fosse a comemorar cada golo à velocidade desse segundo, provavelmente não acordaria bem, hoje, a modos que a celebração da goleada foi feita mais de gritos que de copitos.
Foram marcados sete golos ontem, num estádio com uma vista única para a baía do Funchal e seis deles foram excelentes, incluso, claro, o golo único do Nacional, num míssil, como disse atrás, que apenas a potência pode desculpar Vladan do jargão "mal batido". Pareceu-me depois quando vi o jogo em tamanho de 50" que poderia ter feito mais alguma coisinha por ele abaixo. O Vital não veio aqui ler o meu conselho.
Bom, a coisa terminou numa goleada das antigas e numa excelente exibição, afinal para se vencer por cinco de diferença tem que se ter jogado qualquer coisita, os golos as mais das vezes não caem do céu aos trambolhões e eu passei da iminente depressão para a enorme euforia. Obrigado, rapazes.
Destaco pela positiva o regresso de Debast, que até esteve muito bem, com um corte excelente e uma assistência de longo alcance para Gyokeres fazer o sexto da tarde.
Faena completada, é preparar o próximo jogo, onde vamos defrontar uma falsa filial nossa que é treinada pelo gajo que mais deve ter raiva de nós e que contra nós joga sempre ao ataque, fechadinho lá atrás.
Para terminar, a comissão das festas em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem decidiu comemorar esta grande vitória com 10 minutos de fogo de artifício no pontão da Praia dos Pescadores. Mai'nada!
Da goleada na Choupana. Segunda jornada da Liga 2024/2025, primeiro jogo do Sporting fora de casa. Contra o Nacional, mais de três anos depois. Não podia ter corrido melhor. Fomos lá vencer por 6-1, sem dar hipóteses ao adversário. Há cinco anos que, nesta condição de equipa visitante, não vencíamos no campeonato com pelo menos seis golos apontados - desde 5 de Maio de 2019, quando derrotámos B-SAD por 8-1.
Do nosso domínio indiscutível. Protagonizámos um festival de jogo ofensivo: a nossa equipa sempre confiante, motivada e com índices físicos dignos de registo contra o anterior campeão da Liga 2, que não perdia há 14 jogos e se reforçou com sete jogadores. Domínio absoluto registado mesmo sem Morten no onze, por lesão, e mesmo sem ter chegado ainda o anunciado reforço para a frente de ataque.
De Pedro Gonçalves. Voltou a estar em foco: melhor em campo, justificadamente. Foi ele a marcar o primeiro golo, aos 16'. Grande golo, em que o trabalho foi todo dele, conduzindo sabiamente a bola, com súbitas alterações de velocidade e uma simulação, deixando cinco adversários pelo caminho. Fez ainda duas assistências. Para o segundo e o quinto. Atravessa um dos melhores períodos da sua carreira: quatro golos marcados em três jogos da temporada oficial. É imperdoável continuar fora das convocatórias da selecção.
De Gyökeres. Um dos obreiros desta goleada leonina. Incansável, sempre de olhos fitos na baliza. Marcou por duas vezes - aos 51', convertendo um penálti, e aos 76', fechando a contagem, numa bomba disparada pelo seu pé-canhão após fantástica arrancada com assistência milimétrica de Debast. Esteve a centímetros do tri, aos 87', quando recuperou a bola e rematou ao ferro. Pode festejar também por este motivo: foi a sua estreia como artilheiro na Madeira. Tem números galácticos, à nossa escala: já marcou 46 golos em 53 partidas de Leão ao peito.
De Quenda. Confirma-se: temos craque. Grande exibição como ala direito, encarregado sobretudo de missões ofensivas mas fechando sempre também o seu corredor em despique vitorioso com o lateral esquerdo adversário. Com pleno domínio técnico e notável maturidade táctica para um jovem de apenas 17 anos. Aos 49' protagonizou um lance dentro da grande área em que foi derrubado com toque ostensivo no pé de apoio. Daqui nasceria o nosso terceiro golo.
De Daniel Bragança. Com Morten ausente, coube-lhe ser o capitão e gerir a manobra ofensiva do Sporting. Sobretudo na primeira parte quase toda a acção atacante passou por ele, organizando, distribuindo com critério, promovendo variações de flanco. Cereja em cima do bolo: o espectacular golo que marcou. Foi o nosso quinto, aos 66': num espaço curto, conseguiu mudar duas vezes de pé e fazer uma decisiva finta de corpo sem se atemorizar com os três defesas que tinha pela frente, rematando com colocação e força. Golaço que premiou o seu excelente desempenho.
De Trincão. Inicialmente muito vigiado ao actuar nas costas de Gyökeres, foi-se libertando da marcação cerrada até exibir toda a qualidade do seu futebol. Estreou-se como artilheiro neste campeonato, e logo a bisar: o segundo golo, aos 40', num remate cruzado sem hipóteses para o guarda-redes, e o quarto, aos 57', encaminhando-a para as redes em posição frontal, saíram do seu pé canhoto. Com preciosas ajudas de Pedro Gonçalves e Geny, em qualquer dos casos. É assim que queremos vê-lo, de pé quente e com boa pontaria no remate.
De ver quatro da nossa formação no onze inicial. Para alguns adeptos, isto nada conta. Não é o meu caso. Gostei que Rúben Amorim apostasse em Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio, Bragança e Quenda. E ainda entrou Dário, aos 79', quando o resultado já estava construído.
Da arbitragem. Boa actuação de Luís Godinho, adoptando o chamado critério largo que há muito devia vigorar no primeiro escalão do futebol português. Uma espécie de inverso de Fábio Veríssimo, que continua a protagonizar autênticos festivais de apito sem perceber que só árbitros sem nível procedem assim.
De ver o Sporting marcar há 44 jogos seguidos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde a Liga 2022/2023. Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.
De termos disputado 23 partidas consecutivas sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota aconteceu na distante jornada 13 do campeonato anterior, disputada em Guimarães, a 9 de Dezembro.
Não gostei
Do golo sofrido. Único falhanço defensivo do Sporting, com Gonçalo fora de posição a dobrar Geny e Diomande também muito adiantado, incapaz de interceptar o passe de ruptura para Thomas, aos 36'. O remate saiu a meia altura e sem força excessiva: ficou a sensação de que Vladan podia ter feito melhor. Já sofreu seis golos em três jogos oficiais na temporada, há motivos para questionarmos o seu desempenho entre os postes.
Da ausência de Morten. O internacional dinamarquês ficou fora da convocatória devido a uma lesão que não é grave. Medida de precaução compreensível: vêm aí desafios muito mais complicados do que este. De qualquer modo, mal se sentiu a sua ausência: Daniel Bragança, chamado a substituí-lo, deu boa conta do recado.
Do 2-1 registado ao intervalo. Sabia a pouco.
Do cartão amarelo exibido a Gonçalo Inácio a segundos do fim. Absolutamente desnecessário. Mesmo a ganhar 6-1, é fundamental que os jogadores percebam isto: toda a desconcentração deve ser evitada, do princípio ao fim.
Antes de falar sobre o jogo de há pouco, uma confissão. Tinha pensado aproveitar para ir à Madeira, tinha até acolhimento de familiares, se tivesse ido teria como de costume deixado o carro no parking do Prior Velho, e gostaria de ter ido à "taberna da poncha" na Serra de Água. Mas as "férias" da Galiza deixaram-me com vontade de ficar por casa antes das novas "férias" no Algarve onde conto estar na sexta-feira para não perder o próximo jogo no Estádio do Algarve.
Assim não fiquei com o carro irremediavelmente queimado, nem sem vontade para passear na Madeira com o incêndio. Restou-me apenas o prazer de ver no sofá, pela Sport TV, o Sporting esmagar o Nacional naquele espectacular, pela geografia do local, estádio da Choupana.
Sobre o jogo, o início parecia confirmar os meus piores receios. Foram três bolas que sairam bem perto do poste direito da baliza guardada por Kovacevic, como entrou mais tarde um remate que teria de ser defendido por um guarda-redes do Sporting.
Depois o futebol do Sporting assentou- Começou a circular a bola com critério, cansando o adversário e causando desequilíbrios que causaram mossa na defesa adversária.
De qualquer maneira, toda a primeira parte ficou marcada pela falta de pressão e incapacidade de ganhar os lances no eixo central. Os principais culpados foram os dois médios, Morita e Bragança, mas todo o trio avançado foi também muito responsável, até porque o balanceamento ofensivo do Nacional começava nos centrais.
O 2-1 a favor do Sporting ao intervalo de alguma forma era lisonjeiro. Os golos resultaram de lances de inspiração individual, cada canto contra era um susto, o melhor da equipa nessa altura eram mesmo os dois alas, sempre a saber como e quando arriscar, muito poucas vezes perdendo a bola.
Na 2.ª parte o desgaste físico do Nacional ditou leis, a começar pelo ex-Porto Bruno Costa, e quando cometeu um penálti mais que evidente sobre um Quenda que está cada vez mais um belíssimo jogador, e Gyokeres marcou, o jogo terminou. E logo saíram três jogadores completamente de rastos.
Depois, o Sporting passou a defrontar um Nacional em regime de "galinha sem pescoço" e as oportunidades foram surgindo umas atrás das outras. Acabou em 6-1 apenas porque o sueco, apesar do míssil com que marcou, não estava nos seus dias. Com ele ao nível da época passada seriam 9 ou 10.
De qualquer maneira, quem do jogo se limite a ver os golos, tem material de primeira com que se regalar. Todos de nota máxima, mas o primeiro do Pedro Gonçalves é (mais uma) obra-prima do (globalmente) melhor futebolista do Sporting desde que cá chegou. Só mesmo Martínez pode explicar como é que um jogador assim não é titular da selecção de Portugal.
Entraram já na recta final Debast e Fresneda para a defesa, Matheus Reis para a ala esquerda, Essugo para médio e Edwards para o ataque. Rúben Amorim explicou que Mateus Fernandes está de saída do Sporting, soube-se depois por 15+3M€ para o Southampton. Cá por mim, sem entrar em considerações sobre o valor futebolístico de cada um, acho que este plantel do Sporting precisa bem mais do Essugo do que do Mateus, e não se pode dar ao luxo de ter no banco, como quarta opção, um jogador que para outro clube vale 18M€.
Sobre a arbitragem nada a dizer. Deixou jogar dentro dum critério uniforme, desta vez o culpado pelo cartão amarelo foi mesmo Inácio, que já tem idade para não embarcar em cenas daquelas.
Melhor em campo? Pedro Gonçalves pelo primeiro golo e as duas assistências, mas Quenda está a tornar-se um jogador fabuloso. Sempre em movimento, defende com eficácia, ataca com critério, raramente falha um passe, remata com intenção. Estou mesmo impressionado. Incrível a transformação desde a época passada que Amorim conseguiu E dura os 90 minutos a correr acima e abaixo. Como é que vai sair do onze titular? Assim não vai, de certeza, mas a época é longa e são precisos quase sempre quatro alas por jogo.
Preocupação maior? Kovacevic... Aquele golo do Nacional... Israel vai voltar à titularidade? De resto Diomande pareceu-me pouco confiante, se vai com tudo é golo, se não vai é golo também, querem que faça o quê exactamente?
E agora? Corrida aos bilhetes para o estádio do Algarve. Pelo menos para os "croquetes de camarote" como eu que pagam quotas, gameboxes, gasóleo e hotéis e não aqueles "puros" tasqueiros que se enjoam com as camisolas e vêem os jogos aos saltos na "TV Inácio" mais próxima.
O Sporting visita amanhã o estádio do Nacional da Madeira, lá no monte sobranceiro ao Funchal, onde não costuma ter vida fácil, quer pelas condições atmosféricas quer pela capacidade de luta da equipa da casa.
Estive lá duas vezes, uma delas no 1-1 de 24/01/2009 em que o Néné agora no AVS marca um golão aos 8 minutos, teria sido uma contratação de maravilha para o Sporting não fora o Rui Alves ser mais um a estar no bolso do Pinto da Costa, nem me recordo se com ele alguém do Nacional chegou ao Sporting. Mas antes disso, já não me recordo a data, em que subi num Micra alugado de provecta idade em 1.ª velocidade os 2 ou 3 kms do íngreme Caminho do Terço até ao estádio, nessa altura ainda só de uma bancada.
Desta vez não irei lá estar, estou "em estágio" para o Farense.
E já aconteceu o que eu temia. Hjulmand lesionado. Agora é que vamos ver a qualidade do plantel, de acordo com as opções de Rúben Amorim. Essugo, Bragança ou Mateus Fernandes? Se agora não joga o Essugo quando é que vai jogar? Nunca.
Mas tudo indica que seja Bragança a alinhar e com isso o meio-campo num jogo fora de casa fica a cargo de dois baixinhos. Daquilo que me recordo, mesmo não conhecendo a actual equipa do Nacional nem o estado do relvado da Choupana, digo que a coisa pode não correr nada bem. Claro que existem compensações e variantes, mas um onze com Morita, Bragança, Catamo, Quenda, Trincão e Pedro Gonçalves é talento a mais e músculo e altura a menos ...
Enfim, não agoiremos.
Sendo assim, acredito que o onze seja o seguinte:
Kovacevic; Quaresma, Diomande e Inácio; Quenda, Morita, Bragança e Catamo; Trincão, Gyökeres e Pedro Gonçalves.
A fórmula é entrar com tudo, marcar cedo e gerir o resultado depois.
Segunda jornada do campeonato: vamos fazer o primeiro jogo desta Liga 2024/2025 fora de Alvalade. Deslocação à Madeira, onde defrontaremos o recém-promovido Nacional.
O último jogo que lá fizemos foi a 8 de Janeiro de 2021. Jogo épico, como lembrei aqui ao enaltecer o «espírito da Choupana». Em noite de tempestade, vencemos por 2-0: golos de Nuno Santos (43') e Jovane (87'). Símbolo magnífico de resistência e persistência na época em que pusemos fim ao nosso maior jejum de sempre do título máximo do futebol português. Aquele desafio confirmou-nos com estofo de equipa campeã.
O Nacional-Sporting será depois de amanhã, sábado, a partir das 18 horas (gosto deste horário). Quais são os vossos prognósticos?
8 de Janeiro de 2021, Nacional-Sporting (0-2): um jogo inesquecível
Lembro-me sempre do épico desafio contra o Nacional na Choupana, disputado em 8 de Janeiro de 2021, como símbolo máximo da entrega ao jogo, de capacidade de luta e do espírito de equipa no Sporting. Fomos lá vencer 2-0. Com seis portugueses no onze titular.
«Triunfo da vontade, da atitude competitiva, do espírito colectivo, da garra leonina. Quem vence um jogo destes arrisca-se mesmo a ganhar o campeonato», escrevi no És a Nossa Fénesse mesmo dia.
Tinha razão, como os factos comprovaram. Tais atributos contribuíram em larga medida para nos tornarmos campeões, com Rúben Amorim ao leme, quatro meses depois.
Esta inesquecível conquista, que pôs fim ao nosso maior jejum de sempre, teve um marco essencial naquele confronto na Madeira, debaixo de chuva copiosa, de uma ventania inclemente e até de granizo. Com o relvado transformado num lameiro. Mas sem ninguém baixar os braços.
Admirável exemplo de dedicação e esforço dos profissionais leoninos. Que actuaram ali como verdadeira equipa, honrando a melhor tradição do clube.
Esta cultura de exigência deve ser permanente, não pode estar sujeita a flutuações de humor nem a caprichos do calendário. Tem de ser assumida na íntegra por todo o nosso colectivo em campo. Nunca desistir de um lance, nunca virar a cara à luta. Como aconteceu na Choupana.
Em suma, o oposto do que o Sporting fez durante quase todo o segundo tempo no jogo de domingo em Braga.
Recordo quem actuou nesse desafio inesquecível: Adán; Neto, Coates, Feddal; Porro, Palhinha, João Mário (Matheus Nunes), Nuno Mendes; Pedro Gonçalves, Nuno Santos (Jovane) e Sporar (Tiago Tomás). Golos de Nuno Santos (43') e Jovane (87').
Uma vez mais, muitos vaticínios certeiros. Mas só dois ocuparam - a par - o primeiro posto do pódio: os nossos leitores Carlos Correia e João Gil. Por terem mencionado Jovane como marcador de um dos golos do Sporting ao Nacional.
Menções honrosas a quem previu o 2-0 final, mesmo sem ter adivinhado quem apontaria qualquer dos golos: AHR, António, Fernando, Leão de Lordemão, Leão 79, Luís Ferreira, Luís Lisboa, Manuel Parreira, Pedro Batista, Tiago Oliveira, Vítor Sousa e Verde Protector.
Ganhámos mais que merecidamente a primeira das cinco finais e temos no meio da semana a oportunidade de chegarmos ao título, caso vençamos em Vila do Conde e o Benfica ganhe na Luz. Nesse caso serão 9 pontos de vantagem com três jogos para jogar, e não haverá Godinho nenhum que nos tire o caneco.
Mais uma vez ontem não foi um jogo fácil, o Sporting nunca tem um jogo fácil, os nossos ex-jogadores não fazem penáltis estúpidos, e os árbitros não inventam penáltis a nosso favor. É tudo ao contrário, e ontem foram três por assinalar que nos poderiam ter poupado a muito sofrimento.
O Nacional entrou em Alvalade para jogar no limite da legalidade: marcações em cima, faltas constantes para quebrar o ritmo do Sporting. Com outro árbitro teria chegado ao intervalo com meia equipa amarelada e muita dificuldade de continuar a jogar daquela forma. Com aquele que foi a Alvalade, eles sentiram as costas quentes e foi preciso uma falta táctica mais que evidente para pôr na rua um jogador que só à sua conta já ia na dúzia.
Quanto ao Sporting, digamos que procurou jogar no meio das faltas, metendo velocidade no jogo, explorando o flanco esquerdo com Nuno Mendes e Nuno Santos a combinarem muito bem, com Paulinho e Pedro Gonçalves também em boas combinações, mas sempre a falhar na concretização.
Paulinho começa a ser um caso de estudo. Ontem teve meia dúzia de oportunidades de golo flagrantes, e muitas delas construídas pelas suas desmarcações oportunas, e depois todas falhou. Numa delas parece que fecha os olhos e acaba por rematar por instinto à figura do guarda-redes.
Comparando com Bas Dost e Slimani, melhor em tudo menos no essencial. E o essencial para um ponta de lança é marcar golos. Não marcando...
Mas como diz o Ronaldo, os golos são como o Ketchup. Oxalá seja assim, no caso de Paulinho.
Jovane é um caso à parte. Ontem esteve brilhante e resolveu o jogo. Provocou a expulsão, assistiu no primeiro de forma magistral, provocou e converteu o penálti. Contra o Famalicão teve tudo para resolver o jogo num lance fácil e falhou. Jovane é um avançado "vagabundo" do qual podemos esperar tudo. Tem uma técnica alicerçada no físico de culturista, não tem a disciplina táctica doutros para jogar de início, mas é um "abre-latas" imprescindível para um Sporting com ambições.
Tem de ser valorizado por isso mesmo.
Se toda a equipa esteve bem, Max provou que está ao nível de Adán, os três "velhos" da defesa estiveram muito bem, aqueles que vieram do banco estiveram magníficos, o que demonstra mais uma vez que Rúben Amorim tem o grupo de trabalho na mão.
Todos eles, de Max a Antunes, se sentem valorizados e importantes neste percurso brilhante do Sporting. A forma como conseguiu recuperar Plata e Jovane do rescaldo das ilusões do mercado de Inverno é admirável.
E foi assim. Mais uma vitória, mais um jogo sem conhecer a derrota, muito sofrimento de jogadores e adeptos, muita alegria no final. Estamos cada vez mais perto, José...
De vencer o Nacional em casa.Triunfámos por 2-0 - a mesma marca do épico desafio da primeira volta, realizado na Choupana, em noite de vendaval. Vitória categórica contra três equipas: o onze adversário (reduzido para dez aos 67'), o árbitro que fez vista grossa a uma grande penalidade cometida sobre Paulinho logo aos 7' e o vídeo-árbitro Luís Ferreira, incapaz de detectar um murro na cara de Daniel Bragança aos 45'+1 e um ostensivo agarrão a Coates aos 80'.
De Jovane. Foi o homem do jogo, repetindo a excelente exibição daquela partida na Choupana, em que também fez o gosto ao pé. Rúben Amorim deu-lhe ordem de entrada para render Palhinha aos 62'. Fazia todo o sentido: mantinha-se o zero-a-zero inicial, a turma madeirense já estava remetida ao seu reduto, não precisávamos de um médio com características defensivas mas de um desequilibrador lá na frente. O jovem luso-caboverdiano cumpriu a missão com brilho: esticou o jogo, verticalizou o passe (notável, lançando Porro aos 65'), sofreu falta para expulsão já tardia de um dos sarrafeiros do Nacional. Fez magnífica assistência para golo, aos 83', picando a bola que sobrevoou a área e foi ter com Feddal, que lhe deu a melhor direcção: vinham mais três pontos a caminho. Cereja em cima do bolo: derrubado à margem da lei, na grande área, Jovane converte o penálti e sela o resultado aos 90'+2. Mostrando a alguns colegas como se faz. Parece fácil, mas é fruto de muito trabalho físico e mental.
De Coates. Cometeu um lapso defensivo aos 46', perdendo a bola em zona proibida. Mas em tudo o resto voltou a ser o líder de que a equipa tanto necessita nos mais diversos momentos do jogo. Foi ele a servir os colegas com diversos passes à distância bem calibrados (aos 42' e aos 43', por exemplo). Um desses passes, já no tempo extra, funcionou como autêntica assistência para golo: a bola é recolhida lá na frente por Jovane, derrubado em falta - de que decorreu o penálti e o nosso segundo. Nova missão de sacrificio e demonstração da versatilidade táctica do gigante uruguaio, que voltou a actuar como ponta-de-lança entre os minutos 80 e 87.
De Feddal. Como aqui escrevi no rescaldo da jornada anterior, funciona como complemento perfeito de Coates: o excelente rendimento de um não consegue ser explicado sem o sólido desempenho do outro. É uma das mais perfeitas parcerias defensivas alguma vez existentes no futebol leonino. Ao central marroquino só vinha faltando algum faro de golo nos lances ofensivos de bola parada, imitando o uruguaio. Também nisso evoluiu: é ele a abrir o marcador, de cabeça, aos 83'. Começa a tornar-se num segundo gigante, a justificar aplauso prolongado.
De Pedro Gonçalves. Desta vez não marcou. Mas jogou imenso, a merecer nota muito elevada. Parecia andar em todas as partes do terreno, abrindo linhas de passe, evitando marcações, sem nunca virar a cara a um confronto individual. Volta a estar em excelente forma. Ofereceu três golos a Paulinho: aos 70', aos 79' e aos 90'. E ele próprio esteve quase a marcar, num disparo aos 21', isolado perante o guarda-redes António Filipe, que lhe impediu o golo com bons reflexos.
De Luís Maximiano. Suplente de luxo para o nosso guardião titular, desta vez ausente por acumulação de amarelos(!), algo que só acontece ao Sporting com este sistema de arbitragem. Max estreou-se entre os postes nesta Liga 2020/2021 e correspondeu muito bem ao repto. Não porque tivesse muito trabalho, mas porque manteve sempre a concentração e demonstrou reflexos em momentos de apuro, como quando saiu sem hesitar, aos 46', neutralizando um lance perigoso. Ninguém diria que o seu anterior jogo para o campeonato havia sido a 25 de Julho de 2020.
Das oportunidades de golo. Doze, no total. Este foi o desafio em que dispusemos de mais claras oportunidades de fuzilar as redes adversárias. Objectivo que ficou por concretizar devido à boa exibição do guarda-redes adversário e a uma certa imperícia ou falta de sorte dos rematadores - com destaque para Paulinho. Além das grandes penalidades que ficaram por assinalar.
De outro jogo a marcar tarde. Sofre-se mais, mas assim o desfecho é duplamente saboroso. Esta foi a 12.ª partida em que conseguimos golos e pontos após o minuto 80. Confirmação inequívoca de que o Sporting está muito longe de ser uma equipa "com défice de estofo emocional", contrariando o bitaiteiro Joaquim Rita numa das suas "pérolas" mais desajustadas da realidade.
Do apoio vibrante dos adeptos. Largas centenas de sportinguistas acorreram ao encontro da equipa, saudando-a no trajecto entre Alcochete e Alvalade. E muitos, mesmo ainda impedidos de ver o jogo ao vivo apesar do fim do estado de emergência, foram incentivando os jogadores na garagem do estádio enquanto a partida decorria. Adoptando o lema que Amorim lançou: «Para onde vai um, vão todos.»
De estarmos invictos há 30 jogos consecutivos. Novo recorde batido. Desta vez ultrapassando a marca de 29 desafios do Sporting sem derrotas estabelecida em duas épocas diferentes por Fernando Vaz, no período 1969-1970. Igualamos agora um máximo de 30 partidas invictas do Benfica que remonta à década de 70 (com Jimmy Hagan e John Mortimore ao comando da equipa) e em data mais recente pelo FC Porto (treinado por André Villas-Boas e Vítor Pereira). Recorde que pode ser superado já na quarta-feira, em Vila do Conde.
Do nosso palmarés defensivo. Apenas 15 golos sofridos nas 30 partidas já disputadas. Só um golo nas nossas redes a cada dois jogos. Dezoito partidas sem sofrer um só golo. Isto ajuda a explicar por que motivo lideramos isolados o campeonato há 24 rondas consecutivas - outro máximo absoluto neste Sporting orientado por Rúben Amorim. Nunca nos tinha acontecido com treinador algum.
Dos 76 pontos somados até agora. Falta-nos disputar quatro "finais". Mas estamos apenas a uma vitória de conseguir um lugar de acesso automático à Liga dos Campeões. E faltam-nos duas, acrescidas de um empate, para garantirmos o título. Só dependemos de nós, sabendo que os nossos rivais se defrontarão entre si na quinta-feira: em caso de empate ou derrota na Luz, o FC Porto ficará ainda mais longe. Por agora permanece a seis pontos, enquanto o Benfica segue com menos dez. O Braga, que no início tantos apontavam como "equipa sensação" deste campeonato, caiu a pique: está 18 pontos abaixo do Sporting.
Não gostei
Do árbitro Manuel Oliveira. Sendo o futebol português o que é, e estando a classificação como está, enviam-nos um apitador do Porto - e notório adepto portista - para arbitrar esta partida. Tinha tudo para dar mal. E deu mesmo. Oliveira autorizou o arraial de sarrafada posto em prática pelos pupilos de Manuel Machado em Alvalade. O Nacional fez 30 faltas (assinaladas, fora as restantes) neste jogo mas ao intervalo, já com 25 cometidas, só tinha um jogador amarelado - tanto como o Sporting, pois Paulinho vira o cartão aos 31', por mero protesto, farto de ser carregado sem qualquer advertência aos robocops da Madeira. O mesmo Paulinho que aos 7' foi alvo de falta grosseira na grande área do Nacional sem qualquer consequência contra o prevaricador, um tal Júlio César, que só à oitava falta viu enfim o amarelo. O apitador - acolitado pelo VAR Luís Ferreira - fez igualmente que não viu mais duas faltas que justificavam penálti, por agressão e derrube de Daniel e Coates à margem da lei. Uma vergonha.
De Manuel Machado. Se o paradigma do treinador da "velha guarda" é este, longa vida aos jovens treinadores. Técnicos como o "professor Machado", que dão ordem aos jogadores para travar por qualquer meio - lícito ou ilícito - as equipas adversárias, recorrendo em exclusivo ao jogo faltoso, estão a mais no futebol português. Este Nacional que na primeira meia hora de jogo já tinha feito 17 faltas bem merece a descida de divisão - com bilhete só de ida. E Machado que vá com ele.
Do festival de golos falhados. Excessiva ineficácia ofensiva de alguns jogadores leoninos - com destaque para Paulinho, que continua em jejum de golos. Desta vez até marcou, aos 35', mas não valeu pois Pedro Gonçalves, autor da assistência, arrancara em fora de jogo. Aos 11' mergulhou bem de cabeça para defesa muito apertada de António Filipe. Aos 45'+1, acertou no poste. Aos 70' e aos 90', voltou a estar quase, sem conseguir. Falhanços também de Nuno Santos (62') e Porro (65'), entre outros.
Do 0-0 ao intervalo. O nulo que se mantinha ao fim dos primeiros 45 minutos trazia um travo de injustiça, em nada reflectindo o que se passara em campo. Felizmente foi rectificado na etapa complementar. Tarde de mais, para alguns adeptos impacientes, que gostam de ver tudo resolvido logo de início. Muito a tempo para outros - entre os quais me incluo.
De Daniel Bragança. Exibição modesta do nosso médio de construção, lançado por Amorim como titular em substituição de João Mário, que não saiu do banco. Mas o jovem formado em Alcochete não acelerou jogo, não criou desequilíbrios e desperdiçou o seu talento com passes lateralizados em vez dos lances de ruptura que o desafio exigia. Falta-lhe alguma robustez física para impor os seus inegáveis dotes técnicos.
Há imenso tempo que não ouvíamos o cretino do vintém expressar-se no seu tom tão característico de professor Pardal, de beiçola afiada.
Hoje, depois de assistir de cadeirinha a 30 faltas dos seus jogadores, a três penaltis surripiados ao Sporting e ao perdão de dois vermelhos a jogadores seus, a alimária vem-se (salvo seja) com esta: "Uns são filhos de um Deus grande, outros de um Deus menor", queixando-se da arbitragem.
Outra final, à medida que prossegue a contagem decrescente para o fim do campeonato: desta vez vamos receber o Nacional, mais logo, a partir das 20.30. O mesmo adversário que enfrentámos num jogo épico, realizado a 8 de Janeiro na Choupana, após 24 horas de adiamento devido ao temporal.
Nessa partida, num terreno totalmente enlameado, saímos vitoriosos. Por 2-0, com golos de Nuno Santos e Jovane. Proeza inesquecível.
E agora? Como será? Façam favor de me indicar os vossos prognósticos para este Sporting-Nacional.
Ultrapassado que foi o Braga, e com 6 pontos que na prática são 5 de vantagem relativamente ao Porto, segue-se a sequência final de cinco verdadeiras finais: Nacional (C), Rio Ave (F), Boavista (C), Benfica (F) e Marítimo (C). Na primeira volta foram 4V e 1E. Se isso acontecer de novo, conquistaremos o título.
Se com o segundo golo do Belenenses a candidatura do Sporting ao título parecia quase a afundar-se, os minutos finais desse jogo e o jogo de Braga mostraram um leão de dentes cerrados a lutar contra tudo e contra todos e a querer mesmo ser feliz. A reacção à desgraça começou na cabeça de cada jogador e transformou a equipa numa máquina de guerra. E as segundas linhas de enorme talento - Jovane, Matheus Nunes e Plata - disseram presente.
Segue-se então o Nacional que luta pela permanência, agora dirigido pela velha raposa Manuel Machado. Espera-se um autocarro bem estacionado que vai dar muito trabalho a desmontar.
Quanto ao plantel disponível, não vamos poder contar com muita gente. Adán, Inácio, TT e Tabata estarão fora.
Imagino então que Amorim convoque os seguintes elementos:
Guarda-redes: Max e ? (Não conheço bem as limitações decorrentes da fase final da equipa B)
Defesas Centrais: Neto, Quaresma, Feddal, Matheus Reis e Coates.
Alas: Porro, Nuno Mendes e João Pereira.
Médios Centro: Palhinha, João Mário, Bragança e Matheus Nunes.
Interiores: Pedro Gonçalves, Jovane, Nuno Santos, Plata e Joelson (?).
Ponta de lança: Paulinho.
Em Braga entrou em campo o onze que eu e muita gente recomendávamos e a verdade é que não entrou nada bem. Depois a expulsão tudo se alterou. Pese embora a má fase de João Mário, acho que continua a garantir comando do jogo e capacidade defensiva no meio do campo, mas concerteza teremos Matheus Nunes e Bragança na segunda parte se precisarmos de acelerar para a vitória.
Pelo que a minha equipa é a seguinte:
Max; Neto, Coates e Feddal; Porro, Palhinha, João Mário e Nuno Mendes; Pedro Gonçalves, Paulinho e Nuno Santos.
Concluindo,
Amanhã o Sporting entra em campo para ultrapassar o Nacional e manter a vantagem pontual na liderança da Liga.
Considerando o sistema táctico de Rúben Amorim, qual seria o vosso onze?
Não me lembro de tantos prognósticos certos numa jornada antes desta: houve nada menos de 13 autores e leitores do És a NossaFé a antecipar o desfecho do Nacional-Sporting (vitória leonina por 2-0 na Choupana, em noite diluviana, com golos de Nuno Santos e Jovane).
Aqui ficam registados todos os nomes, por ordem alfabética: Carlos Estanislau Alves, Edmundo Gonçalves, Fernando, Gaspar, Jô, José da Xã, José Vieira, Leão do Algarve, Luís Barros, LAF,Pedro Batista, Ricardo Roque e Verde Protector.
Aplicado o critério de desempate, nove ficaram de fora. O triunfo nesta ronda cabe, portanto, a um quarteto composto por Fernando, LAF, Pedro Batista e Ricardo Roque: todos mencionaram Nuno Santos como marcador de um dos golos. Venceram com inegável mérito - e a indispensável sorte.
Foi mesmo um leão indomável que ontem na Choupana enfrentou a fúria da natureza, que claramente beneficiava quem não tinha nada a perder e tudo a ganhar, e quem, de lugares distantes, fazia os possíveis para aproveitar a oportunidade para o derrubar.
Foi uma viagem de avião atribulada para um local em alerta vermelho, uma falsa partida, um relvado impróprio para jogar, que propiciava lances que poderiam acabar com a época de algum menos fortunado, muita coisa junta que poderia levar a pontos perdidos e a rombos significativos no plantel. Segundo a tal directora da Liga, o jogo tinha mesmo de se fazer, o avião tinha mesmo de aterrar, se não houvesse avião que fossem a nado, se morressem todos que fosse a equipa B. A estupidez não tem limites.
O leão enfrentou tudo isso com um misto de raça e competência que tornou o desafio de sentido único, as oportunidades foram surgindo e o resultado só pecou por escasso porque Pedro Gonçalves não teve com ele a sorte doutros dias. Do outro lado, nem uma oportunidade séria durante os 90 minutos.
Uma equipa tremendamente corajosa e solidária, todos a saber o papel que deviam desempenhar, condição física de topo, lances de laboratório do qual o primeiro golo é exemplo, uma cópia perfeita do primeiro golo contra o Braga, um sistema táctico que facilitou o resto, e acima de tudo um grande comandante no banco que soube perceber bem as insuficiências da equipa no Jamor, introduzir as mudanças necessárias no modelo de jogo, e chamar todo o plantel às suas responsabilidades. Não tem o 4.º nível de treinador? Por enquanto não, mas pelo menos temos nós um general de cinco estrelas.
Ultrapassado o Nacional, e com os resultados dos rivais, nada está ganho, nada está garantido, os 4 pontos de vantagem não querem dizer nada. Receberemos o Rio Ave enquanto no Porto-Benfica alguém irá perder pontos, vamos conseguir chegar ao período reservado à Taça da Liga no topo da classificação. E depois se verá.
Uma palavra para Frederico Varandas, que ontem por lá andou no meio de toda aquela confusão, e que no meio duma época tenebrosa a todos os níveis teve a inteligência, a humildade ou o sentido de sobrevivência, ou tudo isso junto, para arrepiar caminho, perceber os erros cometidos e juntar a um grupo de elite que vinha a ser preparado com jovens de Alcochete o comandante certo para os liderar, apontar o caminho à estrutura no que respeita a reforços e conduzir a equipa para uma época que está a honrar sobremaneira o lema e a história do Sporting Clube de Portugal.
Eu não sei quanto numa equipa ganhadora é qualidade técnica e quanto é "o resto". O que sei é que sem o "resto" nunca se ganha. Temos qualidade técnica sem dúvida, grandes jogadores e temos margem clara de melhoria.
Mas o resto, caramba...
Agora sobre o resto:
1) Sporar e Tiago Tomás numa das mais belas competitividade que vi e que me parece absolutamente saudável. Como acontece com os outros. Ainda há ajustes a fazer mas temos banco...
2) Ainda bem que o equipamento era branco porque deixou claro que os nossos jogadores comeram a relva e ainda se foram ao matope.
3) A comemoração do golo de Jovane é um hino à união de um equipa e ao "onde vai um vão todos".
4) A entreajuda dos jogadores ao longo de todo o jogo é outro hino ao que se pode chamar "equipa".
5) A frescura fisica é incrível. É caso para perguntar: o que aconteceu nos outros anos?
6) A união treinador/balneário esta óptima. Vê-se e quase se respira...
7) O palco é dos artistas. A estrutura trabalha nos bastidores, aparece menos e está mais assertiva.
8) A comunicação começa a dar um ar da sua graça.
9) E finalmente, sem carneirismos como alguns detractores logo tentaram, parece-me bem que onde vai um vão todos (ou a esmagadora maioria) também um pouco fora das quatro linhas.
Não sei se este ano "é que é", mas que este caminho me está a dar um gozo danado, ai isso está!
Tempo diluviano, terreno preparado por trator, momentos de treino de comandos... E eu gostei tanto do jogo! Firme determinação, ótima condição física e alegria! Muita alegria neste caminho que se faz caminhando.
Alegres saudações leoninas!
{ Blogue fundado em 2012. }
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