Se ele gosta muito de estar no Sporting, a esmagadora maioria dos Sportinguistas adora que ele cá esteja.
Existem muitas razões para isso ser assim: os títulos e vitórias conquistadas, a evolução notável de quase todos os jogadores sob o seu comando, a aposta na formação, o desempenho da equipa em jogos que vão ficar na história do clube, a atitude de trabalho e exigência, o espírito de equipa que promove no plantel resumido no "Onde vai um vão todos".
Entre todos os apoiantes de Rúben Amorim não podia deixar de referir o líder da Juve Leo. Mustafá, como todos sabem, está envolvido numa guerra pessoal e sem quartel contra este presidente, mas num momento complicado da temporada veio dizer o seguinte:
«Não cairás sozinho. Aqui ninguém é cego ou ingrato. És um escudo protector de um clube inteiro, um escudo enorme que leva pancada de todos os lados. Tu e a tua equipa técnica não têm quem vos defenda e quem vos ajude, apenas têm quem vos lance às feras para proteger a sua própria pele, dando asas e deixando que agora muita gente critique o teu trabalho, mesmo sabendo o que eles te fizeram e ao que eles te sujeitaram. Mesmo assim, tu disseste "PRESENTE", "vamos à luta" e "os meus jogadores são os melhores do mundo"!
Só um Homem com H grande e um grande treinador o faria! Não vamos esquecer nunca o que fizeste pelo Sporting Clube de Portugal, pelo nosso clube e a forma como meteste o clube debaixo da tua armadura e o defendeste como se fosse o teu clube de sempre!»
Independentemente das motivações para o que escreveu, a verdade é que tocou em dois pontos essenciais. Os Sportinguistas não são cegos nem ingratos e Amorim defende o Sporting como se fosse o seu clube de sempre.
Alguns dirão que é um treinador casmurro e com muito para aprender, que esta época parcialmente fracassada é muito da responsabilidade dele, mas Amorim ainda nem tem 40 anos. Ferguson, Guardiola, Klopp e Mourinho são ainda mais casmurros, todos tiveram momentos altos e baixos nas suas carreiras, mas são alguns dos maiores treinadores europeus de todos os tempos.
O algodão não engana, e neste caso o algodão é o sentimento das bancadas de Alvalade, onde Amorim sempre teve o maior aplauso mesmo em momentos de derrota. Como vai ter mais logo na recepção ao Famalicão.
O Sporting teima em ser original em vários aspectos. E também neste: alberga uma claque que tem como principal desígnio, assumidamente, denegrir e depor o presidente eleito livremente pelos sócios, no escrutínio mais participado de sempre.
Quem ainda tivesse dúvidas, já as desfez ao tomar conhecimento das mais recentes declarações proferidas por um tal Nuno Mendes, mais conhecido por Mustafá. É ele quem hoje encabeça aquele que foi o primeiro grupo organizado de adeptos, fundado em 1976 pelos filhos do então presidente João Rocha. Nessa altura as claques no Sporting apoiavam o clube: não há sequer outro motivo para que devam existir. Agora não: existem para derrubar presidentes.
Mustafá, que tem mais protagonismo mediático do que muitos jogadores do Sporting, veio há dias declarar, num canal youtube, que «os protestos contra a Direcção vão continuar, claro que sim», mesmo em tempo de pandemia e de severas restrições impostas pelas autoridades sanitárias.
«Temos de dar um murro na mesa e acabar com isto uma vez por todas.» Vejam só o nível desta expressão, contida na mesma entrevista, e que - na prática - equipara o que resta da referida claque a um gangue de marginais. O que não admira, pois vários dos seus membros foram condenados pelos crimes cometidos em Alcochete e muitos outros estiveram cá fora, mostrando-se solidários com os invasores da Academia leonina e agressores de jogadores e de membros da equipa técnica.
Mustafá - que não foi eleito para coisa nenhuma nem jamais revela se é sócio do clube, com as quotas em dia - insurge-se contra o presidente, porque «está a acabar com o Sporting». E também com o treinador, soltando isto: «Quando o Sporting assinou com o Rúben Amorim foi como se levássemos um murro no estômago. Mas está tudo maluco? O Rúben Amorim? A nossa estrutura? Aquilo é o quê? Onde vamos parar?»
É a minha vez de perguntar, usando as palavras do entrevistado: Está tudo maluco? Onde vamos parar, com uma putativa claque que assume estar na linha da frente do combate ao presidente e ao treinador do próprio clube?
Espero que os filhos de João Rocha e outros fundadores da legítima Juventude Leonina - não desta contrafacção espúria que lhe tomou o nome enquanto lhe renega o espírito - se demarquem de tudo isto, vindo a público declarar que uma claque, quando se declara em guerra permanente aos dirigentes que os sócios escolhem, não serve para nada. Excepto para favorecer os inimigos do Sporting.
O Sporting-FC Porto era um jogo de capital importância para nós. Indiferentes a tal facto, os canalhas abancados na curva sul remeteram-se ao silêncio durante toda a primeira parte, não esboçando um só gesto de apoio à equipa. Fizeram tudo para que o onze comandado por Sérgio Conceição se sentisse a jogar em casa.
Entretiveram-se depois a provocar incêndios e a fazer concursos de arremesso de tochas pirotécnicas para queimar o relvado. Fazendo lembrar um Sporting-Benfica de muito má memória, em Maio de 2018, quando procuraram atingir Rui Patrício também com artefactos incendiários. Estes pupilos do Mustafá parecem escolher os chamados jogos grandes para levarem ainda mais longe as habituais cenas de javardice.
Nos cinco minutos de tempo extra, quando a nossa equipa dava tudo por tudo para conseguir o empate, desataram a berrar «Varandas, vai p'rò caralho!». Indiferentes ao esforço dos briosos profissionais do Sporting, que davam tudo em campo, eles pareciam mais preocupados em incutir ânimo à turma adversária. Espero que Pinto da Costa lhes tenha remetido um bilhetinho de agradecimento.
Já escrevi aqui e reitero: enquanto enfrentar estes canalhas, letais ao Sporting, Frederico Varandas contará com o meu apoio.
«Um e-mail enviado por uma funcionária do Sporting a dois dirigentes da então direcção de Bruno de Carvalho dava o sinal de alerta: "Pelas claques passam milhões e passam muitos criminosos do mundo da noite. Tráfico de droga, prostituição..."
O documento, enviado três dias depois da invasão de elementos da Juventude Leonina à academia leonina, está a ser investigado pelo Ministério Público e faz parte do extenso processo de Alcochete, que se encontra nas mãos da juíza Sílvia Rosa Pires, a que o Expresso teve acesso.
A referência ao tráfico e consumo de cocaína por elementos da principal claque do Sporting está longe de se resumir aos 15 gramas confiscados no sótão da sede da Juve Leo no Estádio José Alvalade, atribuídos ao líder da claque, Nuno "Mustafá" Mendes, e no apartamento de dois dos acusados, em rusgas realizadas pela GNR em Novembro do ano passado.
As trocas de mensagens através do WhatsApp entre arguidos do caso, todos eles ligados à Juventude Leonina, permitiu à GNR perceber os preparativos do ataque realizado contra jogadores e equipa técnica na tarde de 15 de Maio de 2018, mas também como funcionava o circuito de compra e venda de cocaína e haxixe entre os suspeitos.
Na semana que antecedeu a final entre o Sporting e o Desportivo das Aves, no Estádio Nacional, em Maio desse ano, as combinações multiplicaram-se. "Quero quatro gramas para mim. Se quiseres, levo mais para vender. Vou fazer a encomenda hoje, para o Jamor", escreveu um elemento da claque.
Outro adepto lamentava: "Só me sai sangue das narinas. Já bebi três minis e dois traços. Estou com vontade de dar, mas o fornecedor foi dentro."
Antes do jogo contra o Atlético de Madrid na capital espanhola, em Abril desse ano, um outro arguido dava directrizes: "Confirma as encomendas, Mano, quando puderes, 58 euros, 35 capeta, NIB 002..."
Juntamente com a frase foi enviada uma fotografia com um saco de cocaína e um ficheiro de áudio onde se ouve alguém a snifar algo. "Capeta" é um nome de código, muito repetido durante as conversas, sempre que alguém se refere à cocaína. Mas também há quem refira a mesma droga como "falupa".
O envio de números de identificação bancária via WhatsApp era recorrente entre os diversos grupos que contactavam entre si por telemóvel.
"Mandas-me o NIB para te transferir o dinheiro ou preferes que te dê em mão em Madrid?", pergunta outro membro da claque. (...)
A leitura das centenas de mensagens revela que o consumo e tráfico de cocaína parece uma banalidade entre estes adeptos. Um deles, que se encontrava numa festa de aniversário da afilhada, mostrou surpresa por nenhum dos 50 jovens convidados de 18 anos "dar na falupa".
No final da conversa, um sugere: "Temos de passar para o cavalo [heroína]", logo corroborado por outro: "Temos de passar de nível." (...)
Um dos apensos do processo [de Alcochete] é dedicado a elencar o número de crimes de que o grupo de arguidos foi já acusado ou condenado. Quase metade dos acusados tem historial com a polícia, os outros são primários e podem, por isso, ser beneficiados pela juíza, que irá ter em conta a idade precoce de alguns deles. Os crimes de que já foram indiciados são sobretudo de ameaça agravada, furto qualificado e tráfico de droga.»
Como é que alguém declara ter por rendimento apenas dois mil euros por ano e necessitar de apoio judiciário enquanto vive na Aroeira, faz deslocações aéreas a Londres e conduz um BMW?
Como é que alguém com 40 anos lidera a "Juventude" Leonina?
Não vou aqui fazer qualquer avaliação de cariz jurídico sobre o que aconteceu este domingo. Os elementos que temos ao nosso dispor não são suficientes para esclarecer quem nos lê e que tem dúvidas sobre a legitimidade/legalidade das detenções nas condições que se verificavam no dia de ontem.
No entanto, existe opinião para além da legalidade e do Direito. E, sobre Bruno de Carvalho e Mustafá, sobre a Juventude Leonina e os dramáticos acontecimentos de Alcochete, não há sportinguista que não tenha já formado a sua. Apesar disso é evidente que eu - à semelhança da generalidade dos sócios do Sporting - não tenho a certeza de nada. O que temos é um processo judicial de onde, de quando em vez saem informações de deveriam estar em segredo de justiça, e actos processuais que são do conhecimento público. Não obstante, tenho, em relação a esta questão, uma convicção, por um lado, e uma esperança, por outro. A esperança é que o ex-presidente do Sporting não seja, de forma nenhuma, responsável pelo que aconteceu. A convicção é de que é. É claro que toda a minha convicção se alicerça em elementos profundamente subjectivos. No seu comportamento errante, nas suas afirmações absurdas, na expressão pública da sua personalidade. Posso estar errado e assim o espero. Mas não por Bruno de Carvalho que deixei de respeitar há muito tempo, antes pelo meu Sporting que se perpetuará nas memórias pessoal e colectiva muito para além de figuras individuais!
A derrocada de Bruno de Carvalho provocou um abalo enorme entre os sportinguistas. É bom recordar que o antigo presidente ganhou duas eleições e na segunda vez com um resultado esmagador. O seu estilo (controverso, agressivo, maniqueísta) granjeou-lhe seguidores fiéis que o colocam/colocaram acima do próprio clube. Criou uma ilusão: de que ele era o messias que nos ia guiar à glória. Há demasiada gente que perdeu o seu salvador, que se sente órfã, desprotegida, abandonada. Foi isso que colocou tantos sportinguistas uns contra os outros e que nos está, pouco a pouco a derrotar!
Que fique claro: o Sporting não pode ser um clube manso e de mansos! Não podemos ser um clube sem paixão, neutro, unidimensional. Mas o Sporting tem/pode ser uma potência sem que a sua grandeza se manifeste através de discursos de ódio. Se vacilarmos entre estas duas opções, estamos condenados!
Não pelo mau tempo, que eu tenho uma bela gabardina.
Apesar da chuva intensa, andei a resolver pequenos bric-a-brac durante a manhã cá por casa e à tarde estava combinado um magusto com família e amigos, de modo que me seria completamente impossível ir a Alvalade.
Como disse, de manhã bricolage, à tarde umas castanhas e mais para a noite umas perdizes estufadas, um belo tinto (daquele que alguns colegas do blogue conhecem) e Sportv, que a NOS generosamente me quis oferecer gratuitamente por um mês (devem pensar que me esqueço de desligar o serviço no dia 10 de Dezembro, p.f.).
Isto tudo para vos dizer que a primeira informação que tive sobre o terramoto (mais um, talvez O terramoto) que hoje se abateu sobre o clube, me foi dada pelo papagaio de serviço nas imagens iniciais do jogo, quando elas mostraram o espaço da claque Juve Leo vazio.
Se me restavam poucas dúvidas de que o chefe do gangue iria, cedo ou tarde, estar a braços com a justiça e isso decorra da sua actividade bastante conhecida de tráfico e outras malfeitorias em espaço propriedade e cedido gratuitamente pelo Sporting Clube de Portugal, já a detenção do ex-presidente Bruno de Carvalho, confesso, apesar de achar estranho (agora) que não tivesse ficado detido quando foi prestar declarações voluntariamente, que foi um murro no estômago, mesmo com a presumida inocência, legalmente garantida. Apesar de ter deixado de apoiar BdC há meses, sempre tive a convicção de que nada teve a ver com o assalto a Alcochete, queria acreditar nisso, não admito que um presidente do Sporting tenha atitudes deste tipo, ou de outro qualquer que ponham em causa a existência do clube, por isso estou muito expectante sobre como tudo isto vai acabar. Chamem-me o que quiserem, mas eu não quero acreditar que um presidente fez o que o acusam de fazer, por isso desejo sinceramente que as suspeitas sejam infundadas. Se querem que vos diga, nem tanto pela pessoa, mas sobretudo pelo clube, que é quem mais sairia prejudicado.
Ah! Ganhámos e estamos em segundo. Ele há lá mais simples demonstração de que o Mundo continua a girar e de que a vida continua e de que não há imprescindíveis?...
Deixei o postal "Mustafismo" no dia 15 de Maio. Eu nem tinha fontes de informação privilegiadas nem sou mais inteligente do que o sportinguista do lado. Há seis meses, no dia do assalto terrorista, isto que hoje a PGR executa era evidente, pelo menos sob o ponto de vista moral. Convém lembrar as enormes perdas, económicas e de prestígio (reputacionais, diz-se agora), que o clube teve devido a este mustafismo. Que não teria tido se meia dúzia de indivíduos desqualificados, que passado uns meses ainda tentaram ir a eleições, já sem o mustafa sénior na lista, não se tivessem recusado a aceitar o evidente, que o descalabro moral e associativo tinha acontecido, e se tenham alapado aos lugares de direcção, com suas recompensas sociais e económicas. E, também, por haver um enorme mole de auto-excluídos sociais, marginais ou proto-marginais, que do clube fazem o único trampolim de afirmação. O brunismo morreu, e hoje foi cremado. Mas esta marginalidade popular mantém-se, e será preciso extirpá-la, enfrentando os monstros pérfidos que são as claques. Pérfidos e inúteis. Inúteis para o clube e produtores de inutilidade social - a que propósito é que uma instituição de utilidade pública acoita organizações que promovem que adultos dediquem o seu tempo livre "a ir à bola"?
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