Muitos choram o despedimento de Santos, um cidadão exemplar, bom católico (ele é que trouxe essa faceta da vida privada a público), cumpridor das obrigações fiscais.
Santos se fosse boa pessoa e bom treinador não teria deixado o despedimento anunciado arrastar-se por mais de um ano.
Há ocasiões na nossa vida pessoal e profissional que temos de ser nós a dar o primeiro passo, quando sentimos que não estamos à altura, assumimos as nossas responsabilidades, despedimo-nos, vamos à nossa vida.
Havia a narrativa, despede-se Santos e contrata-se quem?
Santos é insubstituível, ninguém aponta um substituto, dizia-se.
Há quem o tenha feito, já passou mais de um ano.
Pelos vistos treinadores alemães a treinarem equipas portuguesas conseguem bons resultados, repito, há mais de um ano que o escrevi.
Agora vamos contratar à pressa um Mourinho qualquer, o original não venceu nada de novo.
Explico melhor, não foi campeão europeu com a União de Leiria, com o Tottenham ou com o Chelsea (nem com o Benfica ou o Real Madrid mas isso seria outra história) foi campeão europeu com o Porto (do apito dourado) e com o Inter de Milão (a meias com Olegário Benquerença) o Porto já tinha sido campeão europeu com Artur Jorge e o Inter já o tinha sido por duas vezes com um ex-treinador do Belenenses, um argentino (embora os argentinos não percebam nada de futebol) chamado Herrera.
O último título significativo de Mourinho foi em 2009/2010 (a meias com um vulcão islandês e com a arbitragem de Benquerença) doze anos depois será um treinador melhor?
Apesar de ter sido duas vezes campeão europeu, Mourinho fugiu sempre de disputar o troféu internacional com as equipas dos outros continentes.
Como seleccionador português Mourinho teria coragem de disputar um Mundial ou faria aquilo a que já nos habituou, vencer um Europeu, repetindo a conquista de Fernando Santos, fugindo a seguir?
Mourinho e Zidane estiveram três épocas como treinadores do Real Madrid.
Zidane venceu três Ligas dos Campeões, Mourinho zero.
A questão é que quem não aparece, esquece.
O presidente do PSG olha para os resultados da equipa de Mourinho com o Bodo Glint, para a retumbante vitória na Liga Conferência (rói-te de inveja, Zidane) e na hora de optar não tem dúvidas, basta olhar para as conquistas de um e de outro no Real Madrid, basta olhar para os fantásticos resultados nesta época, um maravilhoso 6° lugar (quase tão bom como o título do Verona) no campeonato italiano e um incrível título europeu (já falei do Bodo Glint?).
Na hora de optar, não tem dúvidas, dizia, Campos, Mendes e Nasser Al-Khelaifi optarão por Mourinho, claro.
Mesmo que o PSG não vença a Liga dos Campeões em 2022/2023, poderá vencer a afamada Liga Conferência em 2023/2024.
Ia escrever sobre Fernando Fernandes, campeão e treinador de campeões, uma pessoa que tive o gosto de conhecer, com quem tive a alacridade de privar, boa pessoa, duma simplicidade cativante que nos mostra que para ser campeão na vida não é necessário ser campeão na arrogância.
Entretanto surgiu esta "notícia" sem contraditório; «Bruno Fernandes não presta para quase nada, só para marcar penáltis» (isto pronuncia-se como? sempre disse: pénalti!; é pénalti, filho da *uta, táscomprado ou quê?, será que que tenho de começar a injuriar os árbitros à "Cascais"; pe-nál-ti, rico, seu possidónio, não tá-se mêmo a ver qe foi pe-nál-ti? de todo! c'o rror!, possidóooonio!").
"O Bruno (...) provou ser um grande marcador de penáltis" / "O Gedson é um miúdo fantástico com muita qualidade".
(as frases do parágrafo acima são de José Mourinho sobre Bruno Fernandes e Gedson Fernandes, p.31, Record de 2020.07.29)
Não vou fazer juízos de valor, supostamente, foi uma pessoa com carteira de jornalista que recolheu esta informação e a publicou; eu que não sou jornalista teria perguntado ao "melhor treinador do mundo":
- Acredita que Gedson Fernandes é melhor jogador de futebol que Bruno Fernandes? Acredita que foi mais determinante a presença de Gedson no Tottenham que a presença de Bruno Fernandes no United?
(só perguntava isto porque o Tottenham de Mourinho e Gedson foi eliminado da "champions" por uma equipa austríaca e o Manchester United de Bruno Fernandes classificou-se para a "champions" sem espinhas).
... como ganhei no Benfica de João Vale e Azevedo e na União de Leiria de João Bartolomeu; eu (José Mourinho) acredito que ganhei, que importa que os factos desmintam a realidade?
Ganhei títulos.
Títulos de jornal, talvez; mind games (como dizem no estrangeiro).
Menos títulos de jornal, mais títulos no campo, seria (penso) a ambição do Dr. Varandas do Tottenham quando contratou Mourinho.
Entre Gedson e Bruno tudo indica que Mourinho terá escolhido o Fernandes errado.
Às vezes vejo o futebol como uma tourada, um touro dum lado, um toureiro do outro; um touro vermelho (red bull) que avança, um toureiro que investe e dá a estocada mortífera ou então foge espavorido pela arena fora e sai da praça, entram os bandarilheiros (os treinadores interinos) e aguentam a situação.
Hoje é (penso eu) um dia de tudo ou nada. Mourinho vence e é um herói.
Mourinho perde e é um herói, também, demite-se sem custos monetários para o Tottenham e indemniza a equipa londrina de todos os custos que teve com ele.
Acredito que José Mourinho no final do jogo tomará a atitude certa, digna.