O sorteio não foi meigo para o Sporting. Vamos ter um início de campeonato bem complicado com Rio Ave (C), Nacional (F) e Farense (F) antes de receber o Porto (C).
Temos de contar que Coates saiu já com a pré-época a decorrer. Gyökeres, Hjulmand e Inácio não começarão a época nas melhores condições.
Mas as outras quatro equipas terão os seus problemas também.
A escolha da nova estrutura de capitães está feita e para mim muito bem feita. Hjulmand envergará a braçadeira e terá dois sub-capitães formados em Alcochete, Daniel Bragança e Gonçalo Inácio, a ajudá-lo na tarefa. Qualquer um dignifica o Sporting e encarna os valores do esforço, dedicação e devoção para alcançar a glória, mas Hjulmand foi realmente um achado extraordinário algures em Itália.
Na sequência da época passada, o onze de referência também está definido. Se nenhum deles entretanto sair temos um bom onze:
Kovacevic; St.Juste, Diomande e Inácio; Catamo, Hjulmand, Morita e Nuno Santos; Trincão, Gyökeres e Pedro Gonçalves.
Agora importa ter jogadores que possam substituir qualquer destes numa época de Champions, bem mais exigente do que foi a época passada, acrescentando novas coisas à equipa.
Guarda-redes: Para mim um guarda-redes em final de carreira como Rui Patrício seria muito bem vindo para disputar com Kovacevic a titularidade, como Beto foi com o mesmo Rui Patrício, libertando Israel para jogar com regularidade num empréstimo. Depois se veria qual o o futuro titular. Diogo Pinto tem muita estrada para andar, tal como Callai.
Defesas: Quaresma, Debast e Matheus Reis garantem a rotação necessária no trio. Vamos ver a evolução do belga. Quaresma e Matheus Reis já demonstraram a sua utilidade e os seus pontos fortes e fracos. Pontelo e Muniz deverão ser emprestados. Falta alguém? Para já não, a não ser que algum destes faça falta noutro lado.
Alas direitos: Saindo Esgaio, fica apenas Fresneda, que tem condições físicas para a posição muito superiores a Catamo, muito mais um extremo que um defesa lateral, ainda por cima de pé contrário. Penso que deveria vir mais alguém com valências em falta na equipa, como o jogo aéreo e remate de meia-distância. Ou então pensar mesmo na adaptação de Quaresma ou St. Juste à posição, abrindo espaço para Debast na defesa.
Alas esquerdos: Matheus Reis substitui sem problemas Nuno Santos, em muitos jogos até rende mais do que ele. Falta alguém? Que se passa com o Pedro Bondo da B?
Médios: Bragança e Mateus Fernandes são mais alternativas viáveis a Morita do que a Hjulmand. Falta mais um médio destruidor de jogo tipo Palhinha, que poderá ser ou não Essugo, que poderia ser o Tanlongo se Rúben Amorim não o tivesse reprovado algures, ou que poderá ser um reforço experiente. Não era esse o caso do Koindredi? Pelos vistos não.
Interiores: Edwards é o "abre-latas" que faz sempre falta, Catamo joga perfeitamente na posição, o lado direito está assegurado. No lado esquerdo falta alguém para substituir Pedro Gonçalves. Eu gostaria que não fosse mais um baixinho, mas alguém forte no jogo aéreo e com chegada à área. Depois temos Quenda para dar minutos aqui e ali, mas sem pressões descabidas.
Pontas de lança: Faltam dois avançados trabalhadores e goleadores para alternar com Gyökeres, o homem não é de ferro e os joelhos já começaram a dar de si. Quem pensar que vai andar nas cavalgadas heróicas a época toda engana-se, e tipo "pinheiro" ele não rende.
Resumindo: no meu entender faltam um ala direito, um médio "nº 6", um interior de pé direito, e dois avançados goleadores.
Algum dos miúdos que estão a fazer a pré-época vai explodir esta época? Rodrigo Ribeiro, Nel, Moreira? Esperemos que sim, mas ainda não vi nada nesse sentido.
Enfim, Amorim já demonstrou que nos consegue surpreender pela positiva. Vamos andando e vendo. Os jogos agendados já vão dizer alguma coisa. Estes quatro iniciais da Liga são muito importantes, importa começar de prego a fundo.
Deixo o convite a cada um de vós para dizer o que falta para o Sporting ser novamente campeão e passar à fase final da Champions.
Fixem este nome, para o caso de ainda não o conhecerem: o suíço Ruben Vargas. Tem 25 anos, joga na Liga alemã, pelo Augusburg. É um dos primeiros heróis deste Euro-2024: ninguém fez tanto como ele para derrubar os italianos, campeões europeus em 2021.
No embate de ontem em Berlim, foi dele a assistência para o primeiro golo helvético, aos 37', com irrepreensível finalização do médio-centro Freuler. E foi ele a marcar o segundo, logo após o intervalo, sentenciando a partida. Um dos mais vistosos golos deste torneio: desmarcação perfeita, domínio total da bola, disparo colocadíssimo à malha lateral interna. Sem hipótese para Donnarumma, que alguns consideram o melhor guarda-redes do mundo. Fama que lhe ficou ao defender dois penáltis na final de 2021, para infortúnio da Inglaterra.
De Vargas poderá dizer-se hoje algo semelhante: é um dos melhores do mundo na sua posição preferencial de extremo-esquerdo. Bem gostava de o ter no nosso clube.
Já aos 24' Embolo podia ter aberto a contagem ao isolar-se frente à baliza, mas o guardião impediu-o de fazer o gosto ao pé, cortando-lhe ângulo de remate com uma saída providencial.
Pastosa e sem dinâmica, a Itália sai de cena nos oitavos-de-final, com registo medíocre neste Campeonato da Europa: venceu com muita dificuldade a Albânia (2-1), evitou quase por milagre uma goleada da Espanha (0-1) e só conseguiu empatar com a Croácia (1-1) a 20 segundos do apito final, no minuto 97 do prolongamento. Não merecia mais. Abandona o Europeu com duas derrotas em quatro jogos, cinco golos sofridos e apenas três marcados.
Fez-se história no futebol europeu. Foi a primeira vitória da selecção suíça em jogo a eliminar numa grande competição de futebol desde a II Guerra Mundial. Os helvéticos vão defrontar, nos quartos-de-final, o vencedor do jogo Eslováquia-Inglaterra.
Para nós, sportinguistas, esta pequena vingança: Scamacca, estrela da Atalanta e "carrasco" do Sporting na Liga Europa, regressa a casa sem um golito sequer nos relvados alemães.
Esteve para não prosseguir, o Alemanha-Dinamarca, quando uma tempestade se abateu sobre a cidade de Dortmund ao minuto 34 do jogo, então ainda em branco: chuva torrencial, granizo, trovoada.
O clima lá se recompôs na medida do possível, sem estragos irreparáveis no relvado. Ao intervalo, mantinha-se o empate a zero. Com Kasper Schmeichel, fluente em português, a destacar-se entre os dinamarqueses para adiar o golo.
Só resistiu até ao 53'. E mesmo então apenas foi batido de penálti, a punir mão na bola de Andersen, que cinco minutos antes marcara na baliza germânica (mas sem valer, pois estava deslocado).
Havertez (Arsenal, 25 anos) converteu o castigo máximo.
A Dinamarca tentou reagir, mais com a emoção do que com a razão, mas Neuer não facilitou a vida à turma adversária, aliás como todo o bloco defensivo germânico, com destaque para o central Rüdiger, rei e senhor no jogo aéreo. E foi a Alemanha a marcar, aos 68', fixando o resultado, desta vez em lance de bola corrida com apenas três toques antes de Musiala (21 anos, Bayern de Munique) a enfiar nas redes. Eficácia máxima: foi o terceiro golo do jovem atacante neste certame.
Os germânicos irão defrontar nos quartos-de-final o vencedor do jogo Espanha-Geórgia.
Enfim, o nosso Morten está de malas feitas. Já nem participou nesta partida, excluído por acumulação de amarelos. Fez falta à sua selecção, tendo marcado um golo no Euro-2024.
Mas faz ainda mais falta ao Sporting: o lugar dele é em Lisboa.
O que é bom para as selecções onde actuam os nossos jogadores em fases finais de grandes competições desportivas não é necessariamente bom para o Sporting. Porque pode colocar esses jogadores mais perto da porta de saída.
Pensei nisto ao ver ontem a enorme exibição da Dinamarca frente à Inglaterra que teve como figura dominante um campeão leonino: Morten Hjulmand, que se vai tornando indispensável na selecção do seu país, tal como já acontece no onze que Rúben Amorim comanda. Ponto culminante: o golaço que marcou num remate rasteiro, colocadíssimo. Pickford foi incapaz de travar a bola, que rolava a 114 km/h.
Nesse minuto 34 da partida disputada em Frankfurt, nesse disparo a 30 metros de distância, a cotação do médio dinamarquês aumentou de imediato. A cobiça dos tubarões do futebol europeu acentuou-se, sem dúvida de qualquer espécie. Torna-se agora mais difícil reter Morten em Alvalade, mesmo protegido por cláusula de 80 milhões de euros. E não apenas pelo golo, mas por toda a exibição, impondo-se em três fases essenciais do jogo: recuperação, construção e distribuição.
Um craque.
Morten: golaço no embate contra a Inglaterra
O empate foi lisonjeiro para os ingleses, que marcaram primeiro, por Harry Kane (18') após bom trabalho de Kyle Walker no corredor direito. Com três centrais, a Dinamarca anulou quase toda a restante manobra ofensiva adversária. Bellingham mal tocou na bola. Saka, Foden e Kane saíram em simultâneo aos 69', quando Gareth Southgate decidiu remodelar todo o ataque. Mas só viu uma hipótese de desfazer o empate, por Watkins (Aston Villa, 28 anos), impedido entre os postes por alguém que bem conhecemos desde que era miúdo: Kasper Schmeichel. Filho de peixe sabe nadar.
A melhor oportunidade para chegar ao triunfo foi até dos dinamarqueses, aos 85'. Pelo médio Højbjerg (Tottenham, 28 anos). Não escandalizaria ninguém.
A Inglaterra continua sem convencer após um triunfo escasso, sem brilho, na jornada inaugural frente à Sérvia. Mas isso é problema deles. O nosso chama-se Morten Hjulmand: veremos se ainda é possível vê-lo entre nós na temporada 2023/2024. Não vai ser fácil.
Querem um candidato evidente à vitória neste Euro-24? A selecção da casa, que já carimbou o passaporte para os oitavos-de-final.
A suspeita confirmou-se anteontem, no encontro entre germânicos e húngaros em Estugarda. Após a goleada na ronda inaugural, a equipa alemã não abrandou o ritmo. Com um golo em cada parte: por Musiala (bisando no Euro-2024), aos 22', aproveitando da melhor maneira um momento de descalabro colectivo da defesa magiar; e por Gundogan, aos 67'. Sério candidato a homem do jogo, pois tinha sido dele a assistência no primeiro.
Concorrente a este posto, só Neuer: aos 38 anos, desde 2011 no Bayern de Munique, campeão mundial em 2014. Aos 26' protagonizou monumental defesa, num livre directo, demonstrando manter os reflexos intactos, sem sequelas da grave lesão que sofreu em 2023, enquanto esquiava. Não custa concluir que talvez continue a ser o melhor guarda-redes do planeta futebol. Ainda no activo, já nos deixa saudades.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre MORTEN:
- Pedro Boucherie Mendes: «Ainda se está a adaptar ao nosso futebol, creio que não será o patrão que todas as equipas grandes portuguesas necessitam.» (1 de Outubro)
- Luís Lisboa: «Do trinco lento e faltoso que chegou para este médio-centro dominador do jogo de hoje muito Hjulmand evoluiu sob as ordens de Amorim.» (19 de Fevereiro)
- Eu: «Crucial no domínio do meio-campo, tanto na recuperação como no passe de ruptura. Foi ele a iniciar o segundo e o terceiro golos, roubando a bola. Foi ainda ele a marcar o terceiro golo.» (12 de Março)
- Francisco Chaveiro Reis: «Na sua cabeça parece estar fazer o melhor Euro possível com os vencedores de 1992, ter umas pequenas férias e voltar a liderar o meio-campo do campeão português. O mercado passa-lhe ao lado.» (17 de Junho)
Morten Hjulmand estreou-se ontem pelo seu país numa grande competição. Teve azar ao ver a bola bater-lhe antes de entrar na sua baliza, mas fez um bom jogo, como tem feito desde que se estreou pela Dinamarca, já como jogador do Sporting. Na sua cabeça parece estar fazer o melhor Euro possível com os vencedores de 1992, ter umas pequenas férias e voltar a liderar o meio-campo do campeão português. O mercado passa-lhe ao lado. Afinal, como se sabe, já está numa grande equipa. É o próprio que destaca o óbvio.
Ontem foi dia de entrada em cena, neste Europeu, de três jogadores que estão ou já estiveram ligados ao Sporting.
Como se comportaram?
MORTEN. Foi titular pela Dinamarca na posição a que nos tem habituado no Sporting, como médio-centro, embora com maior propensão ofensiva - fruto do trabalho desenvolvido em Alvalade, onde é campeão. Esteve sempre muito em jogo contra a Eslovénia, acusando aqui e ali algum excesso de rispidez, o que lhe valeu o amarelo aos 49' (os árbitros têm poupado cartões neste Europeu). Teve um momento de manifesto azar quando a bola disparada pelo lateral esquerdo Janza tabelou nele e foi anichar-se nas redes: golão aos 77', antecedido de um petardo de Sesko (21 anos, Leipzig) que fez tremer os ferros da baliza. Substituído aos 89'. O jogo terminou 1-1: o tento dinamarquês foi marcado aos 17' pelo veterano Eriksen (32 anos, Manchester United) que emocionou o mundo ao cair em campo, no Euro-21, devido a uma paragem cardíaca. Recuperou, felizmente, e está em forma - como se viu pelo seu golo de requintada execução técnica, 1100 dias depois daquele susto que nos pregou.
SPORAR. Agora com 30 anos, titular no Panathinaikos, o antigo ponta-de-lança do Sporting foi o avançado mais posicional do onze esloveno neste embate com a Dinamarca em Estugarda, evidenciando as características que lhe conhecemos: anda perto do golo, mas concretiza pouco. Teve três ocasiões sem aproveitar nenhuma: aos 9' pecou por má recepção; aos 74' falhou emenda; aos 81', isolado, rematou à malha lateral. Nada de novo, portanto. Corresponde àquilo que recordamos dele quando passou no Sporting, onde quase não chegou a trabalhar com Rúben Amorim. Esteve época e meia, só marcou 11 golos em 38 jogos.
GUDELJ. Titular na equipa da Sérvia que ontem à noite enfrentou a Inglaterra em Gelsenkirchen. Médio de contenção durinho, daqueles que podem deixar passar a bola mas não deixam passar o homem, foi amarelado aos 39' e já não regressou após o intervalo. Fazendo lembrar a pouca saudosa época de 2018/2019, em que alinhou por empréstimo no Sporting antes de transitar para o Sevilha, onde permanece, aos 31 anos. Mais em força do que em jeito, deu luta aos ingleses, que só marcaram uma vez, pelo astro-rei Bellingham, aos 13'. Sem imaginação ou arte para mais. Kane ainda cabeceou com força, mas a bola embateu na barra (77', com desvio in extremis do guardião Rajkovic). A vitória por 1-0 soube-lhes certamente a pouco.
São estes jogos que definem os campeões, a poucas jornadas do fim, fora de casa contra uma boa equipa sem nada a perder e moralizada pelo empate no Dragão. O Sporting soube jogar, soube sofrer e soube ganhar ao Famalicão. Estamos com uma vantagem de sete pontos a cinco jornadas do fim sobre o Benfica, que ainda tem a Liga Europa para se desgastar. Temos tudo para sermos campeões. Mas falta o resto, e o resto ainda vai dar muito trabalho a conseguir.
Foram cerca de 35 minutos de excelência do Sporting na 1.ª parte: controlo total sobre o adversário, boa chegada à área contrária, grande golo de Pedro Gonçalves e muito azar naquele remate de Bragança. Depois uns 10 minutos confusos com dois amarelos forçados, aqueles contactos da mão na cara que serão aquilo que o árbitro quiser de acordo com o teatro que os atingidos montarem, e que fizeram perder o ritmo de jogo inicial.
O que Fábio Veríssimo não viu foi o pisão sobre Pedro Gonçalves que daria penálti e aqui entra o discurso de ontem do CA sobre o penálti revertido no Estoril sobre o Francisco Conceição. Não sendo claríssimo o erro, siga. E eu até concordo com essa doutrina, quem deve apitar é o árbitro e não o VAR. O que não invalida o erro do árbitro neste lance como erraria a seguir em diversos lances de meio-campo a favor dum e doutro.
Diomande estava fragilizado pelo amarelo, entrou Quaresma que estabilizou o lado direito e depois foi ir gerindo o jogo e o cansaço. Morita, Esgaio, Paulinho e Fresneda entraram bem, Fresneda teve até uma intervenção de alta qualidade na área defensiva cortando um lance bem perigoso. E contando os minutos que faltavam até final.
No final do encontro, nem Israel tinha feito uma defesa digna desse nome, nem Gyökeres um remate ou uma assistência. Passaram um pouco ao lado do jogo, muito pelo demérito / mérito do adversário.
Melhor em campo? Hjulmand, "el patrón" do meio-campo, depois Coates e Bragança.
Arbitragem? Fraquinha, sem conseguir distinguir faltas intencionais de toques casuais teatralizados.
E agora? Faltam cinco jornadas, três em Alvalade. Segue-se o V. Guimarães para vingar a vitória da 1.ª volta.
Desfrutemos da vitória, porque o sofrimento foi mesmo imenso. Esforço, dedicação, devoção e glória, isso tudo é o Sporting. E hoje houve tudo isso em Famalicão.
Gostei muito da nossa qualificação para a final da Taça de Portugal, anteontem. Primeiro porque já não acontecia há cinco anos - desde que conquistámos este título, na altura com a nossa equipa sob o comando de Marcel Keizer. Depois porque foi alcançada em casa do nosso mais velho rival, num estádio da Luz com quase 60 mil espectadores - incluindo cerca de 3500 adeptos leoninos. E por ter sido merecida: no conjunto das duas mãos, o Sporting foi superior. Domínio total na primeira parte em Alvalade, com a segunda parte equilibrada, enquanto o Benfica esteve por cima nos 45 minutos iniciais do desafio da segunda mão, com o período complementar disputado taco-a-taco - numa das mais emocionantes partidas de futebol português da temporada em curso, bem arbitrada por João Pinheiro. Como costumo dizer, a sorte sorriu-nos com todo o mérito.
Gostei de que em momento algum, nestes dois desafios da meia-final da Taça, nunca o Benfica tivesse estado em vantagem. Pelo contrário, foi sempre correndo atrás do prejuízo. Aconteceu no final de Fevereiro, em Alvalade, quando conseguiu reduzir com um golo solitário no momento em que já perdia 2-0. Voltou a acontecer agora: fomos nós a inaugurar o marcador desfazendo o empate a zero que se mantinha ao intervalo - primeiro com um golaço de Morten que gelou a Luz, aos 47', depois por Paulinho, dando o melhor caminho à bola na sequência de um cruzamento perfeito de Geny, aos 55'. Os encarnados ainda empataram, mas já não foram capazes de inverter o resultado, que se fixou em 2-2. Nós seguimos para a final do Jamor, a 26 de Maio. Eles ficam pelo caminho.
Gostei pouco de termos desaproveitado três oportunidades para vencer no estádio dos vizinhos. Andámos lá perto. Aos 7' Gyökeres tocou para Morten, já na pequena área, com o dinamarquês a elevar ligeiramente a bola, que rasou a barra: se marcasse neste lance, bisando na partida, teria sido um prémio ainda mais justo para o desempenho do excelente médio leonino, que elejo como melhor em campo. Aos 63', o internacional sueco, num dos seus raides espectaculares, galgou dezenas de metros sem oposição antes de disparar, fazendo a bola embatar com estrondo no poste: esteve prestes a marcar um dos mais belos golos do ano. Aos 84', também servido por Gyökeres, Paulinho rematou mais em jeito do que em força, bem enquadrado com a baliza, mas Trubin salvou in extremis com a ponta das luvas.
Não gostei de alguns desempenhos de jogadores nossos, sobretudo na primeira parte. Na linha defensiva, só Coates não tremeu - ao contrário de Gonçalo Inácio e Diomande, que iam somando decisões erradas, com passes transviados, e de Nuno Santos, que transformou o nosso corredor esquerdo numa passadeira para Di María e lá na frente perdeu sucessivos duelos com Bah. Na ala direita, Esgaio sentiu-se inferiorizado no confronto com Neres, mostrando-se incapaz de estender o nosso jogo para explorar a profundidade. Rúben Amorim, descontente com o que via, fez aquilo que se impunha: três trocas simultâneas ao intervalo. St Juste rendeu Diomande, Geny substituiu Esgaio e Matheus Reis entrou para o lugar de Nuno Santos. Com subida imediata do nosso rendimento colectivo - de tal maneira que segundos após o recomeço, na primeira incursão de Geny no seu corredor, o moçambicano já disparava à baliza e ao minuto 55, naquela assistência para Paulinho, mostrou a Esgaio como se faz no plano ofensivo.
Não gostei nada de ver como alguns jogadores encarnados se deitavam para o chão, uma vez e outra, simulando terem sido atingidos à margem das regras. Nesta ronha antidesportiva o campeão é Di María: felizmente o árbitro não se deixou impressionar por esta medíocre rábula. Quase tão censurável como os engenhos pirotécnicos e os potes de fumo lançados sobre a nossa baliza pela "não claque" benfiquista, que continua a fazer o que quer com total impunidade. Sem esquecer a agressão que teve como alvo Nuno Santos, brindado com um carregador de telemóvel por um energúmeno do SLB quando ia marcar um canto: esteve a centímetros de ser atingido com gravidade, podendo ficar seriamente ferido ou até incapacitado. Inacreditável como coisas destas continuam a acontecer sem uma palavra de censura do clube anfitrião nem as pesadas multas que se impõem. Para que o futebol deixe de ser uma selva.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Benfica-Sporting, da meia-final da Taça de Portugal, pelos três diários desportivos:
Morten: 19
Israel: 19
Gyökeres: 18
Coates: 16
Trincão: 16
St. Juste: 15
Geny: 15
Daniel Bragança: 15
Paulinho: 15
Matheus Reis: 14
Morita: 12
Diomande: 12
Esgaio: 12
Gonçalo Inácio: 12
Nuno Santos: 12
Edwards: 10
O Jogo e A Bola elegeram Gyökeres como melhor em campo. O Record optou porMorten.
Não foi o melhor Sporting que se apresentou em Bérgamo, e para levar de vencida esta muito complicada Atalanta pelo modelo de jogo ancorado na potência física dos seus jogadores, mas no final de contas o jogo (e a eliminatória) foi perdido em erros nas duas áreas.
Sem Coates faltou competência à linha defensiva do Sporting, a Atalanta marcou dois e falhou outros tantos, sempre superior nas bolas aéreas e com um Scamacca intratável. Esgaio mais uma vez falhou na cobertura ao segundo poste, Diomande falhou vezes de mais na posição de comando, valeu Israel entre os postes, sempre seguro.
Na linha ofensiva Trincão e Edwards estiveram sempre muito mal na conclusão dos lances. Paulinho e Catamo vieram ajudar ao desperdício. Nos minutos finais foram quatro as oportunidades claras de golo consecutivas a favor do Sporting.
Grande golo de Pedro Gonçalves, enorme jogo de Hjulmand, o melhor homem do Sporting em campo. St. Juste, Inácio, Matheus Reis e Gyökeres em grande nível também. Bragança e Quaresma entraram bem em campo.
Concluindo, duas equipas de valor muito semelhante até no Transfermarkt, duas equipas muito desgastadas pelo ciclo intenso de jogos em relvados complicados, passou aquela que falhou menos nas duas áreas de rigor.
Arbitragem? Impecável, como de costume na Europa para vergonha dos Pinheiros de trazer por casa.
E agora? Recuperar Pedro Gonçalves, porque a lesão dele foi o que de pior aconteceu em Bérgamo. Jogámos bem, podiamos até ter ido a prolongamento e talvez ganhar nos penáltis, passar para a eliminatória seguinte, apanhar um Liverpool ou um Bayer Leverkusen... a que custo interno?
Domingo há mais frente ao Boavista. Menos de 72h após o final da partida de hoje, ainda com uma viagem para fazer entretanto.
Geny festeja o golo acabado de marcar - o segundo do Sporting, acalmando e alegrando adeptos
Foto: Manuel Fernando Araújo / Lusa
Os profetas da desgraça, que nunca faltam no Sporting, já tinham avisado: este iria ser um jogo muito complicado, dificilmente sairíamos incólumes de Arouca.
Havia razões para isso: a equipa local havia vencido seis dos sete desafios anteriores, incluindo a recepção ao FC Porto, concluída com categórico triunfo por 3-2. Não por acaso, encontra-se em sétimo lugar no campeonato.
Confirmou-se: o jogo foi mesmo difícil. Mas sobretudo pelas péssimas condições do terreno: parecia muito mais um pântano do que um relvado de futebol. É inacreditável como a Liga permite que espectáculos desportivos de âmbito profissional decorram em cenários destes. Estamos no Inverno, sim. Tem chovido bastante, ninguém duvida. Nada disto torna mais tolerável que um desafio do campeonato português ocorra em condições semelhantes, pouco propícias a "notas artísticas", muito propícias a lesões.
Por caprichos do calendário, esta partida foi ensanduichada entre dois os dois jogos do nosso embate com a Atalanta, dos oitavos da Liga Europa. São momentos da temporada em que os jogadores actuam com precauções redobradas, por vezes entram desconcentrados - já a pensar no desafio seguinte ou ainda deslumbrados ou entristecidos com o desafio anterior. Há que trabalhar com eles, portanto, também no plano psicológico.
Pois a prova foi superada - e até com distinção, por muito que isso custe àquela minúscula falange, cada vez mais diminuta, dos putativos sportinguistas que torcem pelo insucesso da equipa movidos apenas pelo ódio visceral a Frederico Varandas e Rúben Amorim.
A esmagadora maioria dos adeptos não nega apoio nem aplauso aos jogadores, chova ou faça sol. Foi o que aconteceu neste domingo (também eleitoral) em Arouca, onde não faltaram vozes de incentivo ao onze leonino do princípio ao fim do encontro. Conscientes, como estamos todos, de que aquele obstáculo tinha mesmo de ser superado. Para consolidarmos a liderança isolada do campeonato e reduzirmos a distância que nos separa do título mais ambicionado do futebol português.
Com Pedro Gonçalves de regresso ao onze e Gonçalo Inácio já de novo sentado no banco, começámos cedo a construir esta vitória. Aconteceu num lance exemplar de futebol colectivo - prova inequívoca da robustez anímica da equipa. Três protagonistas desenharam linhas de geometria perfeita no maltratado tapete do Arouca: Trincão domou a bola para a deixar bem colocada em Matheus Reis, este lançou-a com precisão para Gyökeres e o craque sueco encarregou-se do resto, como só ele sabe.
Primeiro golo, estavam decorridos 19 minutos.
O Sporting concedeu iniciativa à turma anfitriã sem se desligar do objectivo em mente nem abdicar do controlo territorial, cortando linhas de passe ao adversário. Com a dupla Morten-Morita sempre em alta rotação e o corredor esquerdo blindado. Apenas o direito foi registando sobressaltos - pela incapacidade de Geny, muito adiantado, fechar lá na frente e pelo insólito nervosismo de Eduardo Quaresma, anteontem em dia não. De tal maneira que o treinador decidiu substituí-lo ao intervalo, trocando-o por Gonçalo. Fez bem.
O jogo foi decorrendo nesta toada, não isenta de incerteza: a qualquer momento um dos três talentosos espanhóis do Arouca podia metê-la lá dentro num lance fortuito, ameaçando bloquear um triunfo que se esboçava mas estava ainda longe de garantido. Isso só aconteceu já no período suplementar, quando Geny a meteu lá dentro num golpe de génio, bem ao seu jeito: inflectiu da linha para o corredor central, deixou dois adversários para trás e disparou uma bomba sem defesa possível.
Houve explosão de entusiasmo entre os sportinguistas naquele minuto 91. E maior ainda foi o júbilo aos 90'+6, quando Morten ampliou a vantagem no último suspiro do encontro. Golo oferecido com mérito por Gyökeres ao médio, melhor em campo. Afinal fora o dinamarquês a iniciar a jogada com espectacular recuperação de bola lá mais atrás. Como já fizera no início da construção do segundo golo.
Foi muito saboroso, este triunfo debaixo de chuva no lamaçal de Arouca. E precioso na rota que trilhamos rumo ao título. Jogo a jogo, seguindo um dos mandamentos de mister Amorim. Ele sabe muito bem que esta é uma das fórmulas para motivar e blindar um balneário.
Ninguém mais do que ele mereceu estes três pontos no seu 200.º desafio de leão ao peito. Só podemos desejar que venham muitos mais.
Breve análise dos jogadores:
Israel - Quarto jogo seguido a titular. Vai consolidando a presença entre os postes, com alternativa viável ao lesionado Adán. Duas intervenções importantes, com segurança. Manteve as redes intactas.
Eduardo Quaresma - Muito intranquilo, foi acumulando erros como lateral direito, tentando compensar o adiantamento de Geny. Perdeu a bola, perdeu duelos, sofreu um túnel. Acabou por não regressar do intervalo.
Coates - O péssimo estado do terreno era pouco recomendável ao capitão, que tem um joelho "em obras". Cumpriu a missão, como referência do nosso jogo aéreo. Mas saiu aos 67', com queixas físicas.
Diomande- O melhor da defesa leonina: recuperou a excelente forma anterior à participação no campeonato africano. Fez três posições (esquerda, direita, meio) sempre em alto nivel, Secou Mújica, goleador do Arouca.
Geny - Tinha ordens para actuar como extremo, sem descer na ala. O entrosamento com Quaresma não funcionou. Muito melhor no segundo tempo. Aos 90'+1 marcou o golo da tranquilidade. Espectacular.
Morten - Melhor em campo. Crucial no domínio do meio-campo, tanto na recuperação como no passe de ruptura. Foi ele a iniciar o segundo e o terceiro golos, roubando a bola. Foi ainda ele a marcar o terceiro golo.
Morita - Violinista e carregador de piano em simultâneo: concilia as melhores características dum médio. Objectivo, sem complicar, vai unindo as pontas soltas. Forma parceria perfeita com Morten.
Matheus Reis - Grande partida do ala esquerdo: superou os duelos, ninguém passou por ele. Momento culminante desta bela exibição: a assistência para o golo inicial, desbloqueando a partida.
Trincão - Atravessa bom momento, como se comprovou na sua pré-assistência no lance do primeiro golo: combinação perfeita com Matheus. Mas aquele lamaçal era pouco propício ao seu futebol artístico.
Pedro Gonçalves - Regressou de lesão pouco inspirado. O péssimo estado do terreno em nada o ajudou a exibir o seu habitual talento futebolístico, nomeadamente na criação de lances de ruptura.
Gyökeres- Já faltam adjectivos para o elogiar. Desta vez bastaram 19 minutos para a meter lá dentro. Aos 90'+6 ofereceu o terceiro a Morten. Galovic tentou travá-lo, mas muito a custo: o sueco é imparável.
Gonçalo Inácio - Fez toda a segunda parte, vindo de lesão. Como central à esquerda, sua posição natural. Deu ao bloco defensivo a consistência que lhe faltou com o intranquilo Quaresma em campo.
St. Juste - Substituiu Coates aos 67', remetido também à sua posição natural: central à direita. Cumpriu com zelo, fazendo uso da velocidade, sua principal arma. Até ver, desta vez vai resistindo.
Paulinho - Entrou para o lugar de Trincão no minuto 67. Mais entroncado do que o colega, como as circunstâncias exigiam. Destacou-se numa entrega perfeita para Geny: era o inicio do segundo golo.
Daniel Bragança - Saltou do banco para render Morita aos 67'. Manteve, no essencial, a nossa superioridade no meio-campo. Notável, a sua regularidade exibicional.
Nuno Santos - Entrou aos 90', substituindo Pedro Gonçalves. Ainda a tempo de ver marcar dois golos do Sporting, embora sem participar em nenhum.
Da inequívoca e clara vitória do Sporting em Arouca. No mesmo estádio onde o FC Porto há menos de um mês foi derrotado também para o campeonato, fomos ganhar 3-0. Num jogo que dominámos sempre, demonstrámos maturidade e muito entrosamento colectivo, apesar das condições atmosféricas adversas e do péssimo estado do terreno. Outro obstáculo contornado, outro objectivo cumprido.
De Morten. O melhor em campo. Excelente partida do internacional dinamarquês, que parece estar em todo o lado: apoia lá atrás, constrói no miolo, nunca perde os olhos da meta máxima, que é a baliza. E parece estar em excelente forma física, apesar do intenso calendário de desafios do Sporting, que anda a fazer dois jogos por semana. Essencial na recuperação que deu origem ao nosso segundo golo, repetiu a proeza no terceiro - iniciando e concluindo o lance da melhor maneira. Golo mais do que merecido, mesmo no fim da partida, aos 90'+6.
De Gyökeres. Parece ter lugar cativo nestas notas positivas. Mas é mais do que justificado. Voltou a ser determinante neste novo triunfo leonino, abrindo o marcador com um golo surgido cedo, logo aos 19', dando a melhor sequência a um cruzamento de Matheus Reis muito bem calibrado. E ainda ofereceu dois a Pedro Gonçalves, que o nosso n.º 8, vindo de lesão, desperdiçou. Os números são espantosos: o craque sueco já leva 19 golos marcados na Liga e 33 no conjunto da temporada.
De Israel. Neste seu quarto jogo consecutivo como guardião titular, cumpriu da melhor maneira. Mantendo a baliza inviolável com duas grandes defesas. Destaque para uma oportuna saída da área a pontapé, aos 31', controlando muito bem a profundidade, como as circunstâncias exigiam. Vai-se afirmando como dono das nossas redes.
De Geny. Após uma primeira parte de relativo apagamento, em que perdeu vários confrontos individuais, cresceu no segundo tempo e foi o protagonista da melhor jogada desta tarde chuvosa em Arouca. Desfazendo todas as incertezas que persistiam ao marcar o segundo golo, aos 90'+1. Foi um golaço, obra-prima bem ao seu jeito de evoluir da ala direita para o centro, afinar a pontaria e disparar com o pé esquerdo. Com tal potência que a bola embateu na barra e entrou, indefensável. Provocando uma explosão de alegria nas bancadas, onde não faltaram apoiantes do Sporting a incentivar a equipa do princípio ao fim. Brilhante.
Do regresso de Gonçalo Inácio. Recuperado da lesão, voltou em forma. Fez toda a segunda parte e cumpriu bem o seu papel, não apenas na missão defensiva (grande corte aos 56') mas também no apoio à construção de lances ofensivos. Eis um "reforço" inquestionável.
De Rúben Amorim. Outra vitória no seu currículo. Conquistada com suor, esforço, muito talento, muito trabalho. O treinador merece destaque: este Arouca-Sporting foi o seu jogo n.º 200 à frente do Sporting. Que venham mais, muitos mais.
De Nuno Almeida. Justifica elogio porque adoptou um critério largo, como mandam os bons padrões do melhor futebol europeu, indiferente às sucessivas quedas de jogadores que pretendiam ver o jogo interrompido a todo o momento. Repito o que tantas vezes já escrevi: faltam mais arbitragens como esta nos estádios portugueses.
De ver o Sporting marcar há 33 jornadas consecutivas. Sempre a fazer golos, consecutivamente, desde o campeonato anterior. Sem eles não há vitórias. E sem vitórias não se conquistam títulos e troféus.
De mantermos a liderança isolada da Liga 2023/2024. Agora com 62 pontos, reforçamos a liderança isolada. Mesmo mantendo um jogo em atraso - que, caso seja vencido, deixará o principal rival quatro pontos abaixo de nós. Prossegue a contagem decrescente para a conquista do troféu máximo do futebol português, aspiração suprema de (quase) todos nós.
Não gostei
Do relvado transformado em lamaçal. Péssimo terreno, fustigado pela chuva incessante dos últimos dias. Impossibilitou o futebol artístico, apoiado, a que o Sporting habituou os adeptos. Mas nem isso diminuiu a eficácia da nossa equipa.
Da escassa vantagem ao intervalo. Vencíamos apenas por 1-0. Sabia a pouco. E só viria a ampliar-se já no tempo extra do segundo tempo, quando marcámos dois golos em cinco minutos. Assim desfizeram-se as dúvidas e tudo acabou em beleza.
De Eduardo Quaresma. Tem feito boas exibições pelo Sporting, dignas de aplauso. Não foi o caso desta, antes pelo contrário. Abusou de lances "criativos", desguarneceu o seu flanco, perdeu algumas vezes a bola, foi alvo de um túnel aos 39' que podia ter dado golo do Arouca. Saiu ao intervalo e compreende-se porquê: não estava nos seus dias.
Da saída imprevista de Coates. O capitão estava bem no seu posto, comandando a defesa com o brio habitual, quando saiu, cedendo lugar a St. Juste. Aos 67'. Pareceu acusar excesso de desgaste físico, talvez queixas musculares, aliás compreensíveis. Oxalá recupere para o jogo contra a Atalanta, da Liga Europa, a disputar na próxima quinta-feira.
Exibição muito competente do Sporting em Arouca, num relvado muito castigado pelas fortes chuvadas que ocorreram na zona.
Em Arouca, onde o Porto ainda há pouco tinha perdido, o resultado final de 3-0 acaba por reflectir a diferença de oportunidades de golo entre as duas equipas.
No entanto o excesso de jogos e as pequenas lesões continuam a fazer mossa nos jogadores. Meia equipa esteve muito aquém do que pode e sabe. Quaresma, Trincão e Pedro Goncalves os piores. Mesmo Gyökeres, que marcou um, falhou mais dois ou três.
Na primeira parte, o lado direito naquele 3-4-3 assimétrico com Catamo mais avançado do que Matheus Reis na ala oposta, esteve completamente desastrado, ineficaz a atacar e permitindo ataques perigosos do Arouca. Num deles valeu Israel. O lado esquerdo esteve bem melhor: duma arrancada de Matheus Reis, seguida dum bom centro, veio o golo do sueco.
Na segunda parte a troca de Quaresma por Inácio mudando Diomande estabilizou a defesa. Defendendo melhor, o Sporting também atacou mais e melhor, as oportunidades foram sucedendo e sendo desaproveitadas até ao belo remate do Catamo sentenciar a partida.
Entretanto foi tempo de gerir: St. Juste, Bragança e Paulinho tiveram minutos, pena apenas que Coates se tenha ressentido de alguma coisa.
Melhor em campo? Hjulmand, depois Israel e não so pela grande defesa que fez.
E agora? Ir ganhar a Bérgamo, mas sem correr o risco de dar cabo da equipa para a recepção ao Boavista.
No segundo jogo do ciclo infernal o Sporting venceu o Benfica por 2-1, para a Taça de Portugal, e o Atalanta perdeu por 0-4 com o Inter em Milão depois do empate com o Milan no fim de semana passado. Domingo temos o Sporting-Farense e o Porto-Benfica e o Atalanta-Bologna, depois o Sporting-Atalanta, enfim é muito cedo para cantarmos de galo e andarmos aos olés nas bancadas. Desta vez as claques muito mal a criarem um ambiente de bazófia que deu no que deu, um golo contra, outro logo a seguir, felizmente invalidado.
Uma primeira parte de domínio completo pelo Sporting, vulgarizando o Benfica, e onde o golo do Pedro Gonçalves de cabeça soube mesmo a pouco, muito por culpa da dupla Catamo-Edwards que falhava na definição tudo o que de muito bom criava.
Uma segunda parte onde o Sporting continuou no mesmo registo. Marcou o segundo golo e não teve a lucidez ou a capacidade de comando para congelar o jogo, antes deixou-o partir, desgastando-se sem necessidade, desperdiçando à frente e concedendo enfim oportunidades atrás.
O Benfica pode não jogar um piço, mas tem jogadores de grande classe a quem não se pode dar abébias. Como o Di Maria. E foi ele que do nada tirou um centro de excelência que deu golo, e pouco depois uma incursão seguida de remate que deu outro, felizmente anulado. Porque se não tivesse sido, o Sporting ia passar mal. A quebra física da equipa, a começar pela dupla do meio-campo, era evidente.
Com Catamo a arrastar-se em campo entrou Esgaio, cheio de força mas a acumular disparates indignos dum jogador com o seu curriculum.
Depois veio uma tripla substituição que me pôs os cabelos em pé. Realmente é preciso tê-los no sítio para a fazer aquilo contra o Benfica ou então sou eu que ainda estou traumatizado pelos últimos minutos na Luz, mas a verdade é que os jogadores que entraram ajudaram o Sporting a crescer no campo, e aquele remate do Nuno Santos merecia ter sido golo validado.
Melhor em campo? Hjulmand, evolução incrível do dinamarquês com Rúben Amorim.
Arbitragem? No essencial esteve muito bem. E o VAR ainda melhor. Deixou jogar, desvalorizou cargas, foi moderado nos cartões. Se não fosse o fora de jogo o penálti marcado a Edwards deveria ser revertido, a simulação foi por demais evidente na TV.
E agora? Domingo em Alvalade para marcar cedo e passear o resto do tempo. Quem não gostar, paciência, reveja alguma goleada anterior na Sporting TV.
E que o Porto ganhe no Dragão. Não joga um piço mas o Benfica também não, o treinador é um carroceiro agora armado em calimero, isso é verdade, mas Herr Schmidt já interiorizou o espírito lampião, sempre os maiores do mundo e arredores ganhando ou perdendo, quando perdem são os árbitros que não conseguem entender tal grandeza. E ganhando pelo menos os Super-Dragões não lhe assaltam a casa e o enchem de pancada como fizeram ao zelador do Villas-Boas. Não lhe quero tamanho mal assim.
A única vez que fui ao estádio do Moreirense, nos arredores de Guimarães, nem o Sporting fez grande exibição, nem conseguiu os 3 pontos. Foi na maldita época do assalto a Alcochete. O Sporting de Jorge Jesus tinha começado em grande a época, eliminado o Steaua de Bucareste e conseguido o acesso à Champions, vinha de seis vitórias na Liga incluindo um 5-0 em Guimarães, uma vitória fora na Champions contra o Olympiakos, e na semana seguinte seguiam-se o Barcelona e o Porto em casa. Que terminariam com 0-1 e 0-0.
O Sporting esteve muito mal nesse jogo, com Alan Ruiz nas costas do Bas Dost e Gelson Martins desterrado na ponta direita. O Moreirense marca antes do intervalo, Alan Ruiz fica na cabina, Bruno Fernandes pouco mais tempo ficou no relvado e foi preciso um autogolo para sairmos de lá com o empate. Do que me recordo, as oportunidades no jogo todo foram menos que nos primeiros 15 minutos do jogo de hoje.
Foi mesmo em Moreira de Cónegos que começou a desgraça daquela época.
Mas neste jogo de hoje nada disso aconteceu. O Sporting fez talvez a melhor 1.ª parte da temporada, um verdadeiro rolo compressor feito de posicionamento, compromisso na pressão alta, capacidade de passe e de "pequenas sociedades" em zonas do campo, com dois ou três jogadores que combinavam muito bem em pequenos espaços. Lição muito bem estudada, realização perfeita. O 2-0 sabia a pouco. Adán viu o jogo.
Na 2.ª parte forçosamente o ritmo teria de baixar. A equipa passou a esperar mais pelo adversário para recuperar a bola e saltar no contra-ataque e o apitador Veríssimo começou a entrar em jogo marcando faltas em situações que os jogadores do Moreirense se atiravam para o chão a berrar como se tivessem partido uma perna ou algo pior. Mesmo assim, nem livres nem cantos conseguiram criaram algum perigo, exceptuando aquela cabeçada num canto no último minuto dos descontos.
Entretanto Gyökeres foi dando muito trabalho à defesa do Moreirense e o Sporting foi desperdiçando várias oportunidades para chegar ao terceiro golo, em particular uma bola no poste de Pedro Gonçalves e outra de Trincão que o guarda-redes defendeu nem sabe como. Além de dois remates frontais para o parque de estacionamento, um do sueco e outro do dinamarquês.
A excelência do desempenho do Sporting até levou a que Rúben Amorim retardasse as substituições. Nem esgotou as cinco permitidas.
Pior em campo só pode ter sido o Adán, que não fez uma defesa digna desse nome. Apanhou bolas mais ou menos mortas. Brincando, claro.
Melhor mesmo, quanto a mim, foi Hjulmand. Ele e Morita fizeram um trabalho notável no meio-campo, não falhando passes, encontrando sempre colegas desmarcados, caindo em cima dos jogadores do adversário sem faltas desnecessárias. Do trinco lento e faltoso que chegou para este médio-centro dominador do jogo de hoje muito Hjulmand evoluiu sob as ordens de Amorim. Mas todos estiveram muitissimo bem.
Arbitragem? Critério que foi variando conforme os minutos de jogo, uma armadilha a que a equipa soube escapar.
E agora? Rodar a equipa para quinta-feira cumprir a obrigação de passar sem riscos desnecessários, e focar na deslocação a Vila do Conde com todos disponíveis.
Bom jogo de futebol ontem em Leiria, onde o Sporting encontrou pela frente uma equipa bem organizada e com um atacante possante difícil de parar.
Com Pedro Gonçalves mais uma vez como vagabundo ofensivo, o Sporting praticamente atacava com uma linha de 6, ficando Hjulmand sozinho a tomar conta do meio-campo, e que bem o fez. E como evoluiu este dinamarquês vindo duma equipa italiana do meio da tabela, agora sob as ordens de Rúben Amorim. Um patrão no meio-campo.
Sempre jogando duma forma colectiva, tentando entrar na área adversária por tabelinhas ou slalons intencionais, com Edwards e Catamo a fazer dupla difícil de travar, o Sporting foi acumulando oportunidades, que por falta de sorte ou boa actuação do guarda-redes adversário não foram concretizadas. O primeiro golo surgiu duma grande cabeçada do Gyökeres "à Cristiano Ronaldo", dos melhores que marcou esta época.
Na 2.ª parte o U. Leiria entrou a correr e o Sporting demorou a voltar ao controlo da 1.ª parte. Finalmente veio o terceiro golo e o jogo praticamente terminou. Tempo para Morita reaquecer o motor e Neto fazer uma falta útil.
Melhor em campo? Hjulmand, depois Gyköeres como quase sempre.
Menções honrosas para Eduardo Quaresma e Franco Israel, boas exibições. Quaresma nem parece o mesmo: sereno, marca em cima, não falha um passe.
Arbitragem? Arrogante, a disparar cartões, a falhar no momento crítico, a bola na mão do jogador adversário, uma arbitragem ao nível do VAR do Sporting-FC Porto que perdoou dois golos à equipa portista. Nuno Santos safou-se do vermelho, havia contas a ajustar decorrentes do Sporting-Marítimo da época passada.
E agora? Braga no próximo domingo em Alvalade. Para mim, em termos de importância dos jogos da Liga, o segundo mais importante. Temos mesmo de ganhar.
Foi claramente uma vitória magnífica do Sporting no Bessa, dias depois de defrontar na Polónia o campeão local num batatal lá do sítio com menos um quase todo o jogo, num dos estádios de piores recordações para os Sportinguistas (só mesmo o do Benfica e o do FC Porto o superam), perante uma boa equipa da Liga que tinha derrotado o Benfica nesse estádio, com um relvado também muito castigado pelas chuvas, se não era um batatal não faltava assim tanto.
Uma vitória apenas explicada pelo momento duma equipa do Sporting a crescer de jogo para jogo, com um Catamo a ala direito de pé esquerdo, aposta com que poucos ou nenhuns a( começar por mim) concordariam, mas a dar laivos do Porro na saída de bola a partir de zonas recuadas, com um Hjulmand a ser 90 e tal minutos o patrão do meio-campo, e com o Messi do Sporting a demonstrar mais uma vez (e só quem não vai ao estádio é que não percebe o que ele corre em campo) que é o "Pote de Ouro" da equipa. Claro que depois disso o trio defensivo esteve impecável, com Coates primeiro e St. Juste depois, e todos os outros estiveram em bom plano.
Apenas explicada porque do outro lado esteve um Boavista que fez um grande jogo, sempre procurando circular a bola depressa e com critério, e dessa forma cair em cima da nossa defesa. Tem um ponta de lança muito interessante e que por alguns centímetros não pôde festejar um grande golo. Felizmente a estrelinha da sorte esteve do lado do Sporting.
Pontos negativos apenas vi alguma falta de articulação entre o tridente ofensivo Edwards-Gyökeres-Pedro Gonçalves, que entre eles podiam ter resolvido o jogo bem cedo, e a forma como o Nuno Santos "oxigenado" entrou em campo e lá continuou. Talvez voltar à cor natural seja a melhor opção. O prémio já lá vai, a selecção também, e há muito para ganhar no Sporting.
Quem dizia que para ganhar no Bessa era preciso atitude, comer a relva, etc, etc, pois ganhámos sabendo fazer exactamente o contrário: temporizar na defesa e acelerar no ataque, evitar entrar à queima e fazer faltas. Ou seja, soubemos ser competentes e não entrar no tipo de jogo que apenas iria favorecer o adversário, ainda mais com um árbitro manhoso e na pré-reforma, que vê o que quer e apita o que lhe apetece.
Melhor em campo? Hjulmand, o patrão do meio-campo, fundamental para a vitória.
E agora? Ganhar ao Farense, quinta-feira em Alvalade. E depois ao Arouca, e depois aos polacos, e depois ao Benfica, e depois...
PS: Vi o jogo no topo norte no meio das duas claque não legalizadas e demais Sportinguistas, umas filas atrás dos encapuzados das tochas que se empoleiraram nos painéis à vista de todos, macacos brancos e capuz verde e branco, e dos polícias spotters e responsáveis do corpo de intervenção ali ao lado. Alguém dali veio falar com o "capo" da Juveleo de serviço ao intervalo, e a segunda parte decorreu sem problemas. Mas afinal existe alguma lei e a polícia tem de intervir na defesa da lei (mas existe lei sobre a pirotecnia ???) e captura dos infractores ou é tudo para inglês ver e a polícia ignorar? Francamente, não entendo. Ou se calhar sim... quantos polícias foram mobilizados para o Bessa e pagos para o efeito? Para quê estragar o negócio?
Creio que o jogo é marcado pela excelente disponibilidade física dos 10 do Farense. Aguentaram os quase cem minutos com uma energia tal que até parecia que podiam começar outro jogo logo a seguir. Parabéns! Quem me dera ter aquele potência quando corro na passadeira...
O Sporting continua a jogar de forma enervante (para o adepto). Devagarito a sair, alas a tentar acelerar, muita movimentação na área, pouca eficiência. O primeiro golo é um brinde do defesa do Farense, o segundo inventado por Pote e o terceiro sacado por Edwards.
Tenro como um pastel, Huljamand não é Palhinha, ainda se está a adaptar ao nosso futebol, creio que não será o patrão que todas as equipas grandes portugueses necessitam. Educado e correto, Morita sozinho, também não chega. Bragança é de um tempo de outro futebol.
Sobre o refilanço dos rivais. Quem com ferros coiso, com ferros coiso. O ambiente geral do futebol português, em que qualquer falta (repito, qualquer falta) é refilável para sacar amarelo ao adversário e qualquer lance (repito, qualquer lance) na grande área é refilável para sacar penalti, dão nisto. A competitividade está transformada num ódio que as bancadas fazem crescer para os jogadores e vice-versa. Pela televisão, quantas vezes não vimos os bravos e inesgotáveis jogadores do Farense com cara de quem disputa uma guerra?
Certos rivais, que gostam e adubam estes contextos, não gostam que de ser só eles a beneficiar do ambiente de guerrilha, de um futebol que mais parece estar a ser jogado no pátio de uma cadeia como nos filmes.
De uma vez por todas, creio que devemos uma palavra aos árbitros e aos VAR. Ninguém consegue ser competente quando os 22 em campo se esforçam no sentido de enganar os árbitros e subjugar os adversários com todo o tipo de estratagemas, simulando quedas e agressões em qualquer lance de contacto.
«Gostava de deixar uma curiosidade sobre o Hjulmand. Se não estou enganado, o dinamarquês terá feito até agora três remates pelo Sporting: um foi golo anulado, outro foi ao poste e o terceiro deu golo. Como traço comum, todos foram fora da área, todos foram com força, todos foram colocados, e todos foram rasteiros, ou quase, que são os que os guarda-redes mais dificuldade têm em defender. Espectacular.»