Não faz qualquer sentido anular um golo limpo por supostos "20 milímetros" de linha virtual. Que podem ser numa direcção ou noutra, consoante o fragmento de micro-segundo do fotograma em análise.
É óbvio que uma diferença residual como esta pode ser manipulada, sobretudo nas últimas jornadas do campeonato, quando está em causa o acesso directo aos milhões da Champions. Como já se viu no jogo em Moreira de Cónegos.
O Sporting Clube de Portugal entra assim, contra vontade, para o Livro Guinness: nunca antes, num campeonato europeu, um golo tinha sido anulado por "diferença" tão milimétrica. Quatro vezes menos do que o tamanho de um vulgar caracol de jardim, cujo comprimento chega aos 8 centímetros.
Enquanto não puserem cobro a isto, continuará a prevalecer a mentira do futebol. E não penso isto só agora: já no ano passado considerei vergonhosa a anulação de um golo do FC Porto contra o Rio Ave por suposta "deslocação" de 3 centímetros.
Uma palhaçada que ninguém pode levar a sério.
Apetece dizer aos nossos árbitros para irem apanhar caracóis. E levem fita métrica.
Passados 30 anos, os batoteiros comemoram um golo ilegal. Faz todo o sentido, na lógica deles. E, desta forma, revelam muito do que são: o lema deles é ganhar a qualquer preço. Mesmo que seja a espezinhar os outros. E a transformar a verdade desportiva numa farsa.
Aos 20 minutos já o Desportivo das Aves, último classificado, vencia no Estádio da Luz o campeão em título e primeiro classificado da Liga Bordel Portuguesa. Weigl estava a fazer uma exibição cinzentona e o Benfica meteu em campo os seus verdadeiros reforços: Carlos Xistra e o VAR.
Xistra expulsa, e bem, André Almeida mas o VAR manda-o erradamente recuar na decisão.
Momentos depois, Xistra inventa esta grande penalidade a favor do Benfica. Grande penalidade que, por "motivos técnicos", o VAR não teve como validar ou contestar. A inexistente penalidade é assinalada por uma não-falta sobre Vinicius que devia ter sido expulso minutos antes por agredir o guarda-redes do Aves, algo que nem o Xistra nem o VAR viram.
Estava feito o empate. E, para piorar tudo, o golo que sela a reviravolta é por André Almeida, que havia sido expulso.
É este o campeonato português. O campeonato da mentira que nos enfiam pelos olhos semanalmente enquanto nos embalam com cânticos sobre constipações.
É neste futebol e neste país que vivemos. Triste, muito triste.
«Uma anedota medieval ilustra a dificuldade que pode haver em mentir aos outros sem o fazer a si próprio. É a história do que aconteceu uma noite numa cidade: uma sentinela estava postada na guarida noite e dia para prevenir as pessoas da aproximação do inimigo. A sentinela era um homem dado às brincadeiras de mau gosto e naquela noite tocou o alarme apenas para causar algum medo às pessoas cidade. Teve um sucesso espantoso: toda a gente se lançou para as muralhas e a nossa sentinela acabou por fazer o mesmo. Por outras palavras, quanto mais um mentiroso tem êxito, mais verosímil é que seja vítima das suas próprias invenções. De resto, o brincalhão preso na sua própria mentira, que embarca no mesmo navio que as suas vítimas, parecerá infinitamente mais digno de confiança que o mentiroso de sangue frio que permite saborear a sua farsa do exterior.»
In: ARENDT, Hannah - Verdade e política. Lisboa : Relógio d'Água, 1995. p. 46
Nestes dias, com a infeliz realidade do clube, convém ter presente este pensamento para evitar qualquer tipo de intoxicação:
«Ainda que as verdades politicamente mais importantes sejam verdades de facto, o conflito entre a verdade e a política foi descoberto e articulado pela primeira vez relativamente à verdade racional. O contrário de uma afirmação racionalmente verdadeira é, ou o erro e a ignorância, nas ciências, ou a ilusão e a opinião, em filosofia. A falsidade deliberada, a vulgar mentira, desempenha apenas o seu papel no domínio dos enunciados de facto, e parece significativo, ou melhor, bizarro que o longo debate que incide sobre o antagonismo da verdade e da política, de Platão a Hobbes, aparentemente ninguém tenha acreditado que a mentira organizada, tal como hoje a conhecemos, pudesse ser uma arma apropriada contra verdade.»
ARENDT, Hannah - Verdade e política. Lisboa : Relógio d'Água, 1995. p. 16
21.05: «Nos estatutos é claro que para haver uma Comissão de Fiscalização [isso] só pode acontecer quando se demite a totalidade dos membros [do Conselho Fiscal e Disciplinar]. Estou a citar os estatutos.»
21.05: «Temos uma Mesa [da Assembleia Geral] que se demitiu e um presidente que se demitiu por duas, três vezes.»
21.08: «Os estatutos que estão em vigor são os que dizem "a totalidade dos membros" [do CFD].»
21.09: «Jaime Marta Soares demitiu-se. E ao nível da lei basta fazer o que ele fez - vir a público nas televisões todas e dizer que estava demitido.»
21.10: «A Comissão de Fiscalização [empossada pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral] está ilegal.»
21.10: «Não parece que um acto corrente seja tirar de sócio os membros legitimamente eleitos pelos associados, que ainda há três meses atrás tiveram 90%.»
21.11: «Esta Comissão de Gestão não existe.»
21.12: «Tudo quanto Jaime Marta Soares fez está ferido de ilegalidades.»
21.13: «Uma providência cautelar, uma das características que ela tem, é o facto de não precisar de ter certeza e de apenas poder ir pela probabilidade. Isto é a lei, isto está escrito.»
21.13: «A única providência cautelar que pedia para que a Comissão de Transição da Mesa da Assembleia Geral (CTMAG), que foi por nós designada, fosse considerada inválida, foi indeferida.»
21.15: «Nenhuma providência cautelar até agora disse que Jaime Marta Soares era o presidente da Mesa da Assembleia Geral. Ponto.»
21.17: «Não há nenhuma providência cautelar que diga que Jaime Marta Soares é o presidente da Mesa em funcionamento. Não há nenhuma providência cautelar que diga que a CTMAG é ilegal. Não há nenhuma providência cautelar que diga que a Comissão de Fiscalização que Jaime Marta Soares criou é legal. Nem nenhuma providência cautelar que diga que a Comissão de Fiscalização por nós criada é legal. Assim como não há nenhuma providência cautelar que diga que a minha CTMAG é legal ou a minha Comissão de Fiscalização é ilegal.»
21.20: «Todas as providências cautelares, como são pedidas sem audição, vão pela probabilidade. Um juiz não tem que ver televisão, não tem que saber se a pessoa se demitiu ou não se demitiu, quais são os estatutos, qual é a jurisprudência...»
21.21: «Probabilisticamente, o que vieram [o Tribunal da Comarca de Lisboa] dizer é: "Em princípio, a assembleia geral do dia 23 é aquela que nos parece ser a legal. Probabilisticamente".»
21.22: «Esta Comissão de Fiscalização, a primeira coisa que fez, foi logo retirar de sócios os únicos [do Conselho Directivo] que estavam lá legitimamente eleitos e a conduzir os destinos do Sporting.»
21.24: «Nós fomos afastados de sócios.»
21.25: «Nós fomos suspensos [de sócios], não expulsos.»
21.29: «Eu estou impedido [de intervir na assembleia geral do dia 23], por esta Mesa que eu considero ilegal, porque estou suspenso de sócio.»
21.30: «Infelizmente vai ser feita uma assembleia geral de destituição, que é um julgamento em praça pública, sem que as pessoas se possam defender.»
A lista não é exaustiva. Trechos da entrevista dada há pouco pelo presidente suspenso do Conselho Directivo do Sporting à SIC e à SIC Notícias.
O postigo (não confundir com o Postiga, bom rapaz) assume-se como "espião" no blogue Mentira Desportiva. O tal que lhe permitiria sacar mais guito ao salteador de camiões. Em notas contadas, driblando a Autoridade Tributária, no cumprimento das mais estritas normas do cânone mafioso. O comendador Capone não faria melhor.
O bago lampiânico desta vez não terá pingado, o que levou ao fecho prematuro da torneira: a Mentira emudeceu ao fim de três postalinhos. A bem dizer, mal passou dos preliminares. A cartilha do "espião" amesendado rende seguramente muito mais. Até porque a falta de vergonha continua em alta na bolsa dos valores invertidos.
Mas recomendo cautela ao agente Zero-Zero-Zero, com ordem para rematar: quem anda à chuva molha-se. Não me admirava que numa manhã fria esse bacano acorde com uma cabeça de cavalo no lugar da jarrinha de papoilas. Paga em espécie, para não deixar rasto fiscal.
Os inimigos do vídeo-árbitro devem ter-se congratulado: esta tecnologia esteve ausente do Manchester United-Real Madrid de ontem, em disputa da Supertaça Europeia. Vitória tangencial do Real, por 2-1, com um golo (o primeiro) marcado por Casemiro em nítido fora de jogo não assinalado pela equipa de arbitragem.
Mas, pensem eles o que pensarem, não podia haver maior cartaz de propaganda do vídeo-árbitro perante esta nova demonstração de falsidade desportiva traduzida em título para os merengues, ontem sem Cristiano Ronaldo a titular. O melhor jogador do mundo só saltou do banco aos 81 minutos, com o resultado já feito.
Espantosamente, no canal público que transmitiu em directo a partida houve quem celebrasse a mentira, varrendo o rigor dos factos para debaixo do tapete. Foi o caso do comentador Bruno Prata, que num primeiro momento admitiu ter visto o jogador brasileiro "claramente adiantado" para depois conceder que "a diferença [face ao último defesa do Manchester] é muito pequena". Acabando por sentenciar: "Neste tipo de casos não podemos ser muito severos."
É assim que os comentadores de turno encaram a verdade desportiva: algo muito relativo. Por isso são quase todos contra a introdução do vídeo-árbitro. Um deles, com visível desdém, dizia há dias nem saber se esta tecnologia já está a ser aplicada em mais algum país da Europa além de Portugal. Ignorando que na Holanda, por exemplo, não só vigora mas foi vital para restabelecer a verdade desportiva na Supertaça disputada entre o Feyernoord e o Vitesse. Ignorando que já foi introduzida no Brasil e na Alemanha, por exemplo.
Ao contrário desses comentadores, não consigo compreender um futebol que convive tão bem com o erro grosseiro, que coabita de forma tão descontraída com a mentira, que pactua sem abalos de consciência com a fraude. Alguém se aproveita disto, seguramente. Mas não o desporto, que nada tem a ver com isto.
«Este último quarto de campeonato foi um autêntico assalto à arbitragem, favorecimento ao Benfica e prejuízos graves para outros clubes. Isto tem sido verificado no campo, tem sido verificado nos túneis.»
Impõem-se alterações regulamentares urgentes no futebol português.
Para que esta tenha sido a última época em que televisões de clubes que disputam a Liga NOS deixem de o fazer em regime de exclusividade, que fomenta a manipulação e a mentira.
Não faz o menor sentido haver um clube desportivo em Portugal autorizado pela Liga a transmitir e difundir em exclusivo as imagens dos jogos que realiza em casa. Isto possibilita que este clube seleccione as imagens que muito bem entenda para servirem de base à discussão dos lances mais polémicos.
Este escândalo, inaceitával a vários títulos, vai repetir-se já este sábado, com a exibição televisiva do decisivo jogo Benfica-FC Porto no canal do clube encarnado, sem recurso a outros meios de transmissão.
Deve ser posto fim a esta situação de excepção, que concede ao Benfica um estatuto privilegiado de que mais nenhum outro clube nacional usufrui. Em nome da transparência competitiva e pelo combate sem tréguas à mentira no futebol português. Espero que este seja um dos temas a abordar na entrevista que Bruno de Carvalho vai conceder esta noite à TVI.
«Eu hoje... enfim... entregaram-me isto... não sei... mas eu penso que isto é desta... eu penso que é desta... isto é deste dia, pelo menos... e é desta imagem... e por isso é que eu dizia que o Arouca tem razão para se queixar. E eu tenho aqui... e é indiscutível, é indiscutível. Uma cuspidela do presidente Bruno de Carvalho ao presidente do Arouca... Eu vou mostrar... tal como... tal como me chegaram. É claríssimo. Não deixa margem para dúvidas que há uma cuspidela do presidente do Sporting ao presidente do Arouca*. Eu... vou mostrá-la à câmara, a câmara provavelmente não vai conseguir ver bem, mas vemos o presidente do Arouca a receber essa cuspidela... Vê-se que o presidente do Sporting está a cuspir e vê-se que o presidente do Arouca está mesmo à sua frente.»
R. GOMES DA SILVA
SIC N, 14 de Novembro, 22.23
«Já vi imagens aumentadas [em] que se presume que alguma coisa que sai da boca do Bruno de Carvalho e atinge o presidente do Arouca... Pode ser a águia Vitória... eu vi esta imagem aumentada... dá a ideia... aquilo que dá ideia noutras imagens que andam a circular, que eu vi... dá ideia que o presidente do Sporting cospe no presidente do Arouca*... sai uma coisa qualquer... não sei se é um lenço de papel ou outra coisa qualquer...»
PEDRO GUERRA
TVI 24, 14 de Novembro, 22.33
«Vemos uma coisa que eu considero muito grave: vê-se claramente que o presidente do Sporting cospe na cara de Carlos Pinho*. Eu pergunto: qualquer cidadão, homem ou mulher, jovem ou... de idade, que lhe cuspam na cara, qual é que é a primeira reacção? Bom... se for mais católico... se calhar... é capaz... não sei se dá a outra face ou se pede para cuspirem outra vez... Qual é a reacção humana imediatamente? É de reacção, como é evidente. Como é que um ser humano reage quando alguém lhe faz aquilo que lhe foi feito? Ao minuto 1 ponto 10 da câmara 7 vê-se a cuspidela do presidente do Sporting... e depois na câmara 6 vê-se o presidente Carlos Pinho a limpar a cara, como é também humano e legítimo.»
* As frases assinaladas a encarnado e com asterisco, como é óbvio, terão de ser comprovadas em tribunal.
O delírio dos benfiquistas com os não tão recentes episódios dos arruaceiros de Arouca, filho e pai, é de família já se percebeu, reforça a tese mais que provada do verdadeiro exército, uns avençados outros aspirantes a isso, que domina grande parte das redacções dos diversos OCS. Agarram-se a uma mentira para atingir mais uma vez o presidente do Sporting. O medo é tal que tudo serve para tentar afastar Bruno de Carvalho do futebol português. Já perceberam que tal não acontecerá e por isso, por serem na sua maioria asnos, insistem na forma de o combater. Vale tudo. Mentiras, utilização de assuntos da sua vida privada, factos nunca provados mas repetidos ad nauseaum para tentar achincalhar, denegrir e destruir BdC. São os mesmos hipócritas que quando andávamos pelos sétimos lugares da vida pediam, alguns até ganiam, um Sporting forte, um Sporting que honrasse a sua história. Os mesmos que quando o Sporting voltou a lutar, com armas desiguais é certo, pelos títulos das provas onde participa, olharam para baixo e sem estarem preparados viram que lhes tremiam as pernas raquíticas. A forma de combate, a este nosso Sporting renascido, foi a única que gente reles e deseducada sabe: Inventar factos, propagar mentiras, utilizar a vida pessoal dos outros. Sempre com a desculpa esfarrapada de um suposto interesse público. São covardes e como um bom covarde pensa, esperam sempre estar protegidos por um poder que julgam que só a eles lhes pertence.
Que não ia ser fácil já o sabíamos, mas que gente séria, que há nos nossos adversários, acompanhe estes escroques foi e é uma surpresa.
Sempre a aprender.
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