A ver o Europeu (13)
O Portugal-França de domingo vai ser um jogo muito matreiro. De parte a parte. Para nós teria sido preferível um confronto com os alemães, mais previsíveis e rectilíneos, abrindo inesperadas brechas na defesa que poderiam ser aproveitadas por Ronaldo ou Nani.
Somados a esses lapsos colectivos, a turma germânica revelou também uma soma inacreditável de erros individuais - daqueles que se pagam muito caros em alta competição. E em particular na meia-final dum Europeu.
Já contra a Itália, nos quartos de final, os alemães só haviam seguido em frente por uma unha negra. Com falhas infantis, destacando-se o penálti cometido por um Boateng com aparente vocação para ser polícia sinaleiro. Sem esquecer aquela inacreditável reposição de bola feita por Neuer, que deve ter arrepiado milhões de germânicos. E Müller a marcar um penálti que foi um passe a Buffon. E Schweinsteiner a marcar outro, transformando uma grande penalidade numa grande charutada...
Só passaram porque os italianos conseguiram ser piores.
Ontem repetiram-se os erros individuais. Müller a fazer passes ao guarda-redes, despedindo-se em branco do Europeu depois de ter sido melhor marcador nos mundiais de 2010 e 2014. Boateng reiterando a vocação para o disparate, endossando a bola ao adversário em zona proibida. Neuer com novas fífias. Schweinsteiner procurando imitar o seu colega da defesa no jogo anterior ao saltar igualmente dentro da área com a mão bem levantada, originando um penálti sem a menor necessidade. E demonstrando assim como o cansaço anímico superava o cansaço físico na selecção alemã.
A França, sem brilho mas com mais manha, não assumiu a posse de bola (só teve 35%), espreitando sempre o contra-ataque. Com dois avançados muito perigosos: Griezmann, que anda de pé quente e ontem somou mais dois golos para o seu pecúlio pessoal, e Giroud. Há ainda Payet, mas ontem esteve a zero e foi substituído. Lento, fatigado, previsível.
O facto é que os franceses também têm debilidades defensivas, que ontem aliás foram evidentes. Só esta irreconhecível Alemanha - uma sombra do que foi no Campeonato do Mundo - não soube aproveitá-las. E assim os franceses puderam vingar-se da derrota de há dois anos no Brasil.