Começo por esclarecer que, após visualização dos vídeos da jogada em questão na final da taça, para mim o Matheus Reis faz jogo perigoso e deveria por isso ter visto o cartão vermelho. Se o que se passou com o Belotti fosse com um jogador do Sporting, o que não diríamos?
Uma vez deixando isto bem claro, podemos especular sobre as consequências que tal expulsão teria tido no resto do jogo. Somos livres de fazer isso, mas é especulação. Não costumo nem vou perder muito tempo com esse tipo de exercício. Direi somente que é provável que a tarefa do Sporting se tornasse mais difícil, mas nada garante que o resultado final não fosse o mesmo. Na altura (e desde o meio da segunda parte) o Benfica só estava a defender o 1-0 e já não podia fazer muito mais substituições. Ou seja: o Benfica pode queixar-se de si mesmo. Mas dos problemas do Benfica eu digo o mesmo que um antigo líder do PS (e sportinguista) um dia disse do segredo de justiça. A vitória do Sporting parece-me justa.
A classificação como jogo perigoso, que eu referi, é do âmbito da justiça desportiva. Para tal classificação é irrelevante a intenção do jogador, algo que extravasa a justiça desportiva. Mas parece que existe mesmo vontade de transformar isto num caso de justiça criminal, com denúncias à Procuradoria Geral da República, como se não tivessem coisas mais importantes para fazer. Seria risível se não fosse triste.
Esteve muito bem o presidente do Sporting ao referir a falta de idoneidade de um dos denunciantes. Talvez a PGR devesse preocupar-se mais com isso. Ou com as ameaças de que o Matheus Reis e a sua família têm sido alvo esta semana. Ou então, se querem mesmo algo relacionado com o comportamento de um jogador de futebol no estádio, com a atitude do jogador Renato Sanches para com adeptos do Sp. Braga na última jornada do campeonato, causando danos físicos e morais. Há registos em vídeo. Foi uma atitude pública. Estão à espera de quê?
Noventa e três ou cinco minutos de jogo de uma final que "estava ganha".
Uma equipa que jogou melhor, que foi mais perigosa durante esse tempo todo, mas que não deixou de nos últimos 15 minutos convocar o médico para dentro de campo, num queimar de tempo raramente visto.
O árbitro e bem, compensou o tempo das substituições e o tempo da treta.
E então aos noventa e três ou noventa e cinco, um jogador encarnado atira-se para cima da bola escondendo-a com o corpo e o árbitro, como lhe competia, marcou falta ao infractor. Já bastava o escambau de sonecas nos quinze minutos antes dos noventa. E ali naquela molhada, querendo jogar rápido, Maxi Araújo tenta afastar o dorminhoco e dá-lhe um chega p'ra lá. Nada comparado ao murro que Pedro Gonçalves sofreu de Di Maria, que já está inscrito no rol dos esquecimentos, mas bom, considere-se uma chapada. O Matheus Reis, na tentativa de sacar a bola que estava refém do adversário, investe com a perna com um vigor algo acima do necessário, pareceu-me. Como a física é tramada, o rapaz não consegue sustentar-se muito tempo com as duas pernas no ar, se não tiver outro apoio de jeito e na descida pisou, recuso-me a aceitar que foi propositado, inadvertidamente a cabeça do jogador do Benfica. Repare-se que foi visível não haver qualquer marca na face do jogador atingido, não foi um pisão, os pitons deixam marca, sobretudo numa zona sensível como aquela.
E o jogo seguiu, sem qualquer reclamação do soneca, dos colegas do soneca, nem do seu treinador. Estava quase no papo, pudera! Tivessem eles ganho o jogo, o roupeiro traria as camisolas comemorativas, os jogadores comemorariam muito justamente o feito, o Lage escondia a cremalheira e o reizinho tinha a reeleição mais ao alcance, se calhar o Di Maria ainda ficava mais um ano, porque não teria calçado nesta final e este lance ficaria num canto da história, com a importância que realmente teve, isto é, nenhuma.
Mas esta jogada só é importante porque cinco minutos depois, mais coisa menos coisa, o mais melhor bom a seguir ao Félix, o menino de oiro do Seixal, Renato "Rastafari" Sanches (porque o mais melhor defesa do Mundo a arredores, o Silva, se ficou nas covas e não fez a falta táctica que se lhe exigia), comete uma falta imperdoável sobre Gyokeres e oferece não só um penalti que poderia levar o jogo para prolongamento, mas tendo ele sido convertido, deu uma injecção de alento àqueles que estavam até aí na mó de baixo. A partir daí o jogo é outro completamente diferente (é consultar as estatísticas) e não vale trazer aqui a estória do Harder e do Otamendi, que fez o favor de provocar o primeiro amarelo ao miúdo numa jogada "a la Otamendi", pensando que o chavalo se intimidava. Cagou-lhe o cão no carreiro!
No prolongamento e como é da história, quem estava em baixo ganhou um alento suplementar e quem estava já a pensar em festejar caiu animicamente, faz parte.
Como nos diziam sempre que a gente perdia, "quem ganha ganha sempre bem" e a gente comia e calava, que remédio, "desporto é desporto" e esses chavões do costume. Ontem ganhámos nós, eles que fiquem com a vitória moral nos 99 minutos, que a nós fica-nos muito bem a vitória nos últimos 30.
O Matheus? Ao Matheus depois disto, só lhe falta uma comenda (uma Grã-Cruz da Ordem de qualquer coisa) e um lugar de sub-capitão da selecção do Brasil. E jogar até aos quarenta e um anos. Vocês sabem de quem é que eu estou a falar.
Em Agosto há mais.
Adenda: Posteriormente assisti a um vídeo onde alguns elementos da equipa, junto ao autocarro, homenageiam um poster de Matheus Reis, dizendo qualquer coisa como "até pisamos cabeças". Acho gravíssimo que: 1- A situação tivesse acontecido; 2- Acontecendo tivesse sido divulgada.
Exige-se uma tomada de posição do clube sobre este assunto, uma coisa é um momento do jogo onde há uma situação que não deveria ter acontecido, outra é publicar na conta oficial do clube imagens que me parecem atentatórias no mínimo do fair play exigível ao Sporting.
As imagens foram entretanto retiradas, mas não invalida nada do que escrevi atrás.
Brasileiro formado no São Paulo, 30 anos, 4 anos de Sporting, bem casado e pai de filhos, "boa onda", defensor do grupo, duro mas leal na disputa dos lances, é o único estrangeiro 3 vezes campeão pelo Sporting.
A defesa central, a defesa esquerdo, mais atrás ou mais à frente, quando é para ajudar está sempre disponível.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre MATHEUS REIS:
- José Navarro de Andrade: «Desde a pré-época que anda sobre brasas, instável e refilão, cada vez mais inseguro.» (13 de Agosto)
- Luís Lisboa: «Nuno Santos e Matheus Reis não começaram bem a temporada.» (8 de Setembro)
- Edmundo Gonçalves: «Grande destaque para o tanque Viktor, para o pêndulo Huljmand e até para Matheus Reis, mais não seja por ter dado os beiços ao manifesto.» (19 de Dezembro)
- Eu: «Missão cumprida, com a segurança habitual, na noite em que foi distinguido com galardão especial por ter cumprido 150 jogos de leão ao peito. Teve intervenção preciosa no nosso primeiro golo.» (19 de Março)
- Pedro Boucherie Mendes: «Os outros, como Matheus Reis, Israel, Esgaio, Geny, St. Juste. Em muitas fases da época, o Sporting foi uma equipa com 15 ou 16 titulares.» (6 de Maio)
Matheus Reis vai, aparentemente, ser julgado por ter agredido um menor apanha-bolas. Nada contra, pelo contrário. Assim deve ser feito, cabe ao tribunal ajuizar se houve agressão e em que condições foi feita...
Mas quando li a notícia ocorreu-me uma questão que também envolve o Sporting, tal como todos os clubes. Ocorre-me perguntar:
Os apanha-bolas são escolhidos pelos clubes da casa, certo? São dadas indicações específicas sobre como se comportar, certo? A sermos precisos, eles estão a fazer um "trabalho", não é?
Pergunto: Os apanha-bolas são pagos? Se são pagos quer dizer que são contratados e então... não estamos a assistir à exploração laboral de menores, algo que é proibido por lei?
E se não são pagos? Pior ainda. Não será a exploração ainda mais grave porque eles não recebem qualquer recompensa?
Não estaremos a assistir a um crime perante os olhos de todos? A concepção que estamos a dar uma prenda a um menor para ele fazer um trabalho orientado (ou seja, ele não é livre de se comportar como quiser) não estará a mascarar uma irresponsabilidade dos clubes nesta área?
Alguém pode me esclarecer os contornos legais desta questão? Ou o dito agredido é menor para um caso e já não é para outro?
Há que chegar à conclusão que Trincão é estúpido, pois só um estúpido insiste em fazer sempre a mesma coisa à espera de um resultado diferente. Ou que ao fim de um ano não tenha aprendido a fazer mais outra coisa além daquela que faz sempre.
Há que suspeitar do estado de espírito de Pote: será que vamos ter de aturar os seus ciúmes toda uma época, como há 2 anos com Sarabia, por não ser a vedeta da equipa?
Há que temer a evolução de Inácio: passa cada vez pior (gorando a sua eventual evolução para trinco), está cada vez mais lento, é cada vez mais analfabeto a ler o jogo.
Há que receitar tranquilizantes a Reis, desde a pré-época que anda sobre brasas, instável e refilão, cada vez mais inseguro.
Tirando Gyökeres da equação vieram ao de cima todos os defeitos do Sporting do ano passado. E se o sueco foi genial, há que fazer a vénia a Morita, que se desdobra a cumprir missões para que não está inteiramente talhado, e Diomande cada vez mais seguro.
PS: comentários em tom insultuoso seja para quem for não entram.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre MATHEUS REIS:
- Edmundo Gonçalves: «Pode agradecer a Iemanjá não ter sido expulso por conduta incorrecta, algo em que incorre frequentemente.» (14 de Novembro)
- Luís Lisboa: «Estava a ser um baluarte na defesa.» (7 de Fevereiro)
- José Navarro de Andrade: «Os defesas que comam bifes, trocar bolas com passes flácidos de mosca morta à bica de serem cortadas, ou esperar que o adversário esteja em cima para ficar aflito e passar de qualquer maneira é estúpido, mas foi o passatempo de Gonçalo Inácio na primeira parte e Matheus Reis na segunda» (5 de Abril)
- Vítor Hugo Vieira: «Este ano [esteve] num patamar abaixo de Nuno Santos e Morita.» (11 de Maio)
- Eu: «Amorim teima em fazer dele central. Voltou a incluí-lo nos três da retaguarda, deixando Gonçalo Inácio no banco. Não resultou: o brasileiro é lateral. Saiu ao intervalo.» (16 de Maio)
Este foi um desafio que os jogadores não quiseram ganhar. Sempre mais uma fintinha, mais um toquezinho, mais um passinho, e ao cabo da primeira parte de 19 ataques resultaram 5 remates - uma miséria. Alguém que ensine uma lei básica da física a Edwards e Pote: os sólidos são intransponíveis, marrar contra os adversários ou rematar contra eles, não resulta. Também haja alguém que explique a Chermiti a lei do fora de jogo. E os defesas que comam bifes, trocar bolas com passes flácidos de mosca morta à bica de serem cortadas, ou esperar que o adversário esteja em cima para ficar aflito e passar de qualquer maneira é estúpido, mas foi o passatempo de Gonçalo Inácio na primeira parte e Matheus Reis na segunda.
Este foi o jogo mais irritante do ano, estava no papo, mas eles não quiseram. Se eu mandasse, os jogadores pagavam de multa ao clube o equivalente ao prémio do jogo que receberiam se tivessem ganho.
Ontem à noite saí de Alvalade irritado, aziado com uma derrota que nos deixa a 8 pontos da liderança, com muitas perguntas e poucas respostas, a escassos dias do encerramento da presente janela de transferências, não sei se ainda vamos a tempo de salvar algo, mas aqui vou partilhar com os leitores o meu estado de espírito:
-Por razões de contabilidade, o SCP não poderia deixar de vender Matheus Nunes por 45+5 milhões de euros, mesmo que a oportunidade tenha surgido em vésperas de clássico. Alguém já contabilizou quanto se irá perder, em caso de não presença na fase de grupos da UCL na próxima época?
-Por que razão não havia um plano B? A saída de Matheus Nunes não deveria implicar uma substituição imediata? Para mais, sabendo que o substituto natural, Daniel Bragança, está desde há várias semanas afastado dos relvados por um longo período.
-A saída de I. Slimani do plantel, não vou aqui alimentar polémicas ou teorias conspirativas, estou completamente ao lado do treinador nesta matéria, mas sabendo que se perdeu um dos dois avançados mais importantes do plantel, não teria sido avisado, atempadamente, substitui-lo? Para cúmulo do azar, goste-se ou não de Paulinho, o único avançado lesiona-se, ficando a equipa privada de jogar num dos dois sistemas tácticos que treinou, passando a frente móvel no ataque a ser plano único, sem alternativa.
-A não ser que algo de muito extraordinário aconteça, como por exemplo a chegada de D. Sebastião de Manchester, só poderemos tirar a conclusão que houve má gestão na construção do plantel. E mesmo que tal acontecesse, não apagaria a má-gestão do dossier meio-campo. Por muitas culpas que possam ser atribuídas a Rúben Amorim, que não está isento, a verdade é que o nosso treinador está longe de ter os poderes dos treinadores da Premier League.
-Quanto ao jogo de ontem, para além do factor sorte e azar, que não nos favoreceu na primeira parte, poderíamos ter chegado ao intervalo com o jogo resolvido, foi um daqueles jogos que pedia mesmo uma referência na área. Que falta fez ontem Paulinho. Mas a falta de alternativas levou a jogarmos com vários jogadores móveis na frente de ataque, que desequilibraram, mas não finalizaram. E como alguém sempre diz, quem não marca, arrisca-se a sofrer.
-Não compreendi algumas mexidas na equipa. Para começar, o recuo de Pedro Gonçalves, para a entrada de Rochinha, implicando a saída de Morita. O meio campo perdeu clarividência. Depois a substituição de Luís Neto no início da segunda-parte, que quanto a mim decidiu o jogo, porque intranquilizou a defesa, que até aí chegava e sobrava para as investidas dos flavienses. Refiro-me à entrada de Matheus Reis e passagem de G. Inácio da esquerda para a direita, quando para substituir L. Neto estava no banco, em condições de jogar, tanto assim é que acabou por entrar mais tarde, St. Juste. O futebol também é simples, tirar um central de pé direito e colocar outro com as mesmas características, teria sido preferível.
-Após os golos do D. Chaves, foram dois seguidos, o segundo resulta de erro dos nossos defesas, antes de marcarem o primeiro, já A. Adán havia feito uma enorme defesa, o SCP deixou de existir. Tivéssemos tido um agitador no banco, poderia ter sido Rochinha se não tivesse sido aposta inicial, talvez hoje estivéssemos a criticar algumas opções, a falar da necessária abordagem ao mercado, mas não a lamentarmos a perda de pontos em Alvalade.
A época 2019/2020 ainda está relativamente perto, não foi uma época para esquecer, bem pelo contrário, convém sempre revisitá-la, para que não se repita. Desde logo agora com o mercado a encerrar, precisamos reforços, mas não como então, quando vimos chegar, Fernando, Jesé e Bolasie.
Também não faz sentido algum pedirmos a cabeça do treinador. Já percebemos que também erra, a estrelinha nem sempre o acompanha, mas colocou-nos num patamar que há muito não alcançávamos. Precisamos estabilidade. E que os responsáveis se sentem à mesa, analisem o que está a faltar e corrijam.
P.S. – Os comentários estão moderados, não publicarei comentários insultuosos, sejam para quem forem, nem irei tolerar linguagem inapropriada. Para explanar uma ideia ou criticar, não é necessário ofender seja quem for.
Se ontem tivemos um misto AB, hoje tivemos um A+Marsà. E Marsà logo começou a demonstrar o que tem em comum com o azarado (que voltes bem depressa, Daniel) Daniel Bragança. Muita técnica em pouco físico, o que se é mau no meio-campo é péssimo no eixo central da defesa.
O Sporting entrou mal como entrou em muitos jogos do campeonato nacional, mas foi-se encontrando muito pela presença de Matheus Reis na defesa e pela capacidade de desequilibrio de Pedro Gonçalves no ataque. Depois, são de salientar as movimentações de Tabata nos espaços livres criados pelas movimentações de Paulinho.
E assim conseguimos chegar em vantagem ao meio da segunda parte perante uma boa equipa de Espanha, o Villarreal, com a qual até temos más memórias.
Depois vieram as substituições, o jogo foi decaindo e duma má cobertura dum miúdo de que gosto muito, o Hevertthon Santos, surge o golo do empate.
Concluindo, os titulares da época passada, muitos solicitados pelas respectivas selecções, ainda estáo a aquecer os motores. Os miúdos vão sendo testados nas posições que Amorim entende as melhores para eles, eu até posso discordar, mas ele é que sabe, foi ele que transformou um vulgar médio no melhor marcador do campeonato.
Mais um óptimo treino para chegar a Braga e ganhar.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre MATHEUS REIS:
- Pedro Oliveira: «Nasceu em São João, estado de São Paulo, contribuiu para que o último jogo fosse uma procissão dos Paços mas com os de Ferreira a carregarem a cruz, duas cruzes. Domingo foi dia de São Matheus e de Reis. Matheus Reis.» (9 de Novembro)
- Luís Lisboa: «Foi um canivete suiço extremamente eficiente e esteve no lance capital, a expulsão do jogador adversário.» (30 de Dezembro)
- Eu: «O melhor em campo. Voltou a evidenciar-se como um dos grandes valores deste Sporting 2021/2022. Sobretudo no seu envolvimento em lances ofensivos bem desenhados, com ponto alto na assistência para o golo.» (27 de Fevereiro)
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no FC Porto-Sporting, da meia-final da Taça de Portugal, pelos três diários desportivos:
Adán: 17
Matheus Reis: 16
Coates: 16
Neto: 14
Ugarte: 14
Matheus Nunes: 12
Gonçalo Inácio: 12
Esgaio: 11
Sarabia: 11
Pedro Gonçalves: 11
Porro: 11
Paulinho: 10
Edwards: 8
Palhinha: 1
Nuno Santos: 1
A Bola e o Record elegeram Matheus Reis como melhor Leão em campo. O Jogo optou porAdán.
Estes primeiros jogos depois das pausas das selecções são sempre complicados, a adrenalina dum grupo focado migra para parte incerta, cada um vive a pausa da sua forma. E ontem o onze feito de titulares que Rúben Amorim colocou em jogo parece que pouco tinha jogado junto, cada um a fazer o seu número que nada tinha a ver com o do colega ao lado, um futebol lento e previsível frente a um adversário "copy cat" do modelo do Sporting treinado por um ex-colega e admirador de Amorim, e foi assim que se chegou ao intervalo em vantagem através dum penálti a que já irei. Fora isso foi o desperdício de Pedro Gonçalves na única vez em que tudo foi bem feito e que fez jus ao título de campeão nacional.
Veio o segundo tempo e tudo ficou ainda pior, às tantas parecia que o Sporting equipava de amarelo. Até que entraram duas das aquisições deste ano, aquelas de que alguns dizem do pior, ou porque são do Mendes, ou porque os passes são partilhados, ou porque os valores são altos de mais, ou pelas comissões, ou daquilo que se lembrarem para justificarem andarem a cuspir na sopa que comem, agora que a relva está óptima e recomenda-se.
E com um Ugarte que regressou do Uruguai em modo turbo (assim vale a pena ter jogadores convocados para as selecções) e um Edwards em modo esgravulha o jogo mudou por completo e partir daí as oportunidades sucederam-se, foi mais um golo, podiam ter sido três ou quatro, que o diga Sarabia. Marcou o Nuno Santos, depois dum passe magistral do Ugarte.
Com adeptos (alguns, como é óbvio) que assobiam a equipa com ela a ganhar, depois do rival ter perdido, realmente só se pode esperar o pior. Felizmente não aconteceu. Depois admiram-se de andarem a perder títulos anos a fio com quem não assobia os seus jogadores mesmo depois das maiores cabazadas. E muito menos a ganhar em casa.
Melhor em campo? Daqueles que iniciaram o jogo, depois do óbvio Sarabia, o Matheus... não o Nunes, que anda a jogar mais para a bancada e menos para a equipa, o outro, o Reis. Dos outros, o Ugarte claro. Parecia-me o novo Aldo Duscher mas agora digo que é mesmo o Manuel Ugarte. Que se calhar chegará mais longe que o outro.
Sobre o penálti? Recordam-se daquele que marcaram ao Matheus Reis contra o Braga e que o Hugo Miguel demorou 5 minutos a convencer-se frente ao ecrã que aquilo era penálti ? Este foi igual. O triste árbitro lá se convenceu que tinha visto mal, e tão afectado ficou que a partir daí foi um festival de asneiras. A diferença é que com ou sem ele ganhávamos a este Paços de Ferreira, e com o outro perdemos em casa com o Braga. Se foi de propósito para apagar da memória as palhaçadas que acontecem nos jogos do Porto, só apetece dizer uma coisa feia... Este VAR era de onde?
E termino com mais uma tirada genial do Amorim:
“Eu acho que é um excelente elogio , pelo menos é o maior elogio que nos podem dar à equipa técnica , que conseguimos que o Sporting fosse beneficiado pela arbitragem e eu acho que isso realmente é um grande milagre que esta equipa técnica conseguiu.”
É isso mesmo Amorim, deixa a modéstia de lado, conseguiste um verdadeiro milagre. E quando do outro lado estiver o Porto então eu vou mesmo a pé a tua casa agradecer.
De perder dois pontos no Funchal. Voltámos a tropeçar frente ao Marítimo, a equipa que nos afastou da Taça de Portugal na época passada. No desafio da primeira mão, em Alvalade, conseguimos vencer com muita sorte, graças a um penálti convertido aos 98' por Porro. Desta vez o mesmo jogador enviou um petardo à barra com a bola a fazer ricochete num poste sem transpor a linha de golo, aos 75'. A estrelinha ficou em Lisboa: empatámos 1-1 - resultado que já estava construído ao intervalo. Mais dois pontos perdidos, após as recentes derrotas contra Santa Clara e Braga, além do empate no Dragão.
De Matheus Nunes. Fez-lhe mal ouvir aquele rasgado elogio de Pep Guardiola. Pelo segundo jogo consecutivo, teve uma exibição apagadíssima. Agarrou-se em excesso à bola, abusando do individualismo. Falhou numerosos passes. Foi incapaz de criar um verdadeiro lance de perigo. Perde automatismos quando actua sem Palhinha, seu habitual parceiro no meio-campo.
De Nuno Santos. O golo do Marítimo, logo aos 5', nasce de um mau alívio dele em zona frontal à nossa baliza. Parece ter acusado em demasia este erro individual: nunca mais se reencontrou na partida. Tentou alguns ataques pelo seu flanco, mas foram sempre inócuos.
Do nosso início. O que começa mal tarde ou nunca se endireita. Assim aconteceu ao Sporting nesta partida no estádio dos Barreiros. Exibimos um fio de jogo previsível, sonolento, burocrático e desinspirado, concedendo demasiada iniciativa ao adversário. Erro que se pagou caro.
Do sistema táctico de Amorim. Confrontado com várias ausências de titulares, o treinador leonino dispôs desta vez os jogadores num 3-5-2 inédito em início de partidas nestes dois anos em que orienta o Sporting. Talvez também para potenciar Paulinho e Slimani em simultâneo lá na frente enquanto entregava a Daniel Bragança a missão de ser o médio mais criativo. Faltam rotinas neste processo, como se foi tornando evidente à medida que o jogo se desenrolava.
Da condição física da equipa. Neste seu 40.º jogo oficial da temporada, o onze titular acusou claro desgaste. As pernas já vão pesando em vários jogadores, muito ao contrário do que aconteceu em 2020/2021.
Da nossa lentidão em campo. O conceito de "ataque rápido" parece ter rumado a parte incerta no futebol leonino.
Das ausências. Quatro das nossas peças nucleares ficaram de fora: Sarabia, Palhinha (por castigos), Feddal e Pedro Gonçalves (por lesões). Não é de somenos, longe disso. Basta referir que dois deles incluem-se entre os nossos três melhores marcadores actuais.
Do banco de suplentes. Amorim só fez duas trocas: Nuno Santos por Edwards (76') e Daniel Bragança por Vinagre (80'). Meter mais quem? Além dos que entraram e de dois guarda-redes, tinha apenas Neto, Esgaio e Dário.
De Edwards e Vinagre. Nada adiantaram: continuam ambos à procura de exibições convincentes no Sporting.
Gostei
De voltar a ver Slimani como titular. Seis anos depois, o craque argelino voltou a integrar o onze inicial. Está fortemente motivado, o que se reflecte na sua atitude em campo, pressionando a saída em construção da equipa adversária. Esforço recompensado aos 38', quando marcou o nosso golo - à ponta-de-lança, muito bem servido por Matheus Reis. Ei-lo a facturar na terceira vez que veste de verde e branco desde o seu regresso, após uma assistência no jogo anterior, em que foi suplente utilizado. E aguentou os 90 minutos. Exibição muito positiva.
De Matheus Reis. O melhor em campo. Voltou a evidenciar-se como um dos grandes valores deste Sporting 2021/2022. Sobretudo no seu envolvimento em lances ofensivos bem desenhados, com ponto alto na assistência para o golo. Aos 85' voltou a fazer um cruzamento perfeito, solicitando Coates, quando o capitão já actuava lá na frente, como ponta-de-lança improvisado.
De Porro. Deu-nos os três pontos contra o Marítimo na primeira volta e bem tentou repetir a proeza na partida de ontem. Aquele seu tiro que bateu duas vezes nos ferros merecia melhor desfecho. Tal como o lance aos 49' em que isolou Paulinho na cara do golo, infelizmente desperdiçado.
De ver a nossa equipa bater-se contra doze. Fomos ao Dragão arrancar o empate mais difícil e suado deste campeonato. Não por causa do poder de fogo do adversário - que perdeu ontem os primeiros dois pontos em casa - ou da sua superioridade técnica ou táctica, mas porque ficámos reduzidos a dez durante mais de 45 minutos, quase toda a segunda parte acrescida de 12 (!) minutos de tempo complementar. E enfrentámos doze: não apenas o onze portista, que se manteve incólume até ao apito final, como seria de esperar sobretudo em casa, mas também o inefável João Pinheiro, um dos mais incapazes e incompetentes árbitros portugueses.
De começar o clássico com eficácia máxima. Duas ocasiões de golo, ambas concretizadas antes do minuto 35. Em ataque rápido, muito bem organizado, com a bola de pé para pé, perante o descalabro da defensiva portista, que nos concedeu imenso espaço. Nós aproveitámos da melhor maneira. Balanço final: quatro remates, dois golos. Difícil conseguir melhor.
Dos nossos dois golos. Jogadas magistrais, que merecem ser revistas. O primeiro, aos 8', começa a ser construído com um magnífico passe longo de Esgaio lá atrás, junto à linha direita, cruzando para Matheus Reis no flanco oposto. O nosso ala esquerdo progride com ela e faz um cruzamento perfeito para a cabeça de Paulinho, que muito bem colocado, à ponta-de-lança, dispara de cabeça para o fundo das redes, inutilizando o esforço de Diogo Costa para a deter. O segundo, aos 34', merece ser inscrito em compêndios e revela como é competente o treino de Rúben Amorim nas sessões de trabalho em Alcochete: 42 segundos de puro futebol, com a bola a transitar de baliza a baliza sempre ao primeiro toque, com toda a equipa envolvida (14 toques no total). O desfecho foi assim: Matheus Nunes coloca-a em Matheus Reis (novamente ele), que a leva a sobrevoar a área portista para Sarabia, atento ao segundo poste, cruzar recuado e ali surgir Nuno Santos a encostar sem contemplações. Tudo bem feito.
Do resultado ao intervalo. Vencíamos por 2-1 em casa do adversário. E convencíamos nesta partida em que nos colocámos em vantagem logo aos 8'. Quando os jogadores se dirigiam para o balneário tinham reduzido em três pontos a diferença face à equipa anfitriã, líder do campeonato.
De Adán. Uma vez mais, imprescindível. Se saímos com um ponto do Dragão, neste desafio de dez contra doze, em boa parte se deve ao nosso guarda-redes. Sem responsabilidade nos golos sofridos aos 38' e 78', fez uma defesa magistral a uma cabeçada de Grujic num dos últimos lances da partida, aos 90'+10, impedindo a vitória portista que seria totalmente injusta.
De Matheus Reis. Elejo-o como melhor em campo. Não apenas por ter intervenção directa - e fundamental - na construção dos nossos golos, e por ter sido competentíssimo nas duas posições em que actuou (foi lateral e central). Mas sobretudo pela garra e pelo brio revelados num dos estádios mais difíceis do País, sem se deixar condicionar pelos 45 mil espectadores que puxavam pela equipa da casa, nem pelas provocações do banco adversário, nem sequer pelo tendencioso desempenho do senhor de apito que inclinou o campo. Quando foi preciso cerrar fileiras e defender em desequilíbrio de forças, ele valeu por dois.
De Ugarte. Amorim apostou nele como médio de contenção em vez de Palhinha, desta vez fora do onze titular. Aposta ganha: o jovem internacional uruguaio bateu-se como um verdadeiro Leão no relvado portista. Vencendo vários duelos, recuperando a bola, nunca dando um lance por perdido. Já com Palhinha em jogo, a partir do minuto 55, formou com ele uma parede eficaz contra o ímpeto ofensivo do adversário que beneficiava de vantagem numérica. Saiu só aos 90'+2, exausto, dando lugar a Tabata. Dever cumprido.
De Matheus Nunes. Trabalho mais discreto do luso-brasileiro, mas não menos eficaz na elaboração da teia leonina no corredor central, sobrepondo-se com frequência aos adversários directos naquela zona do terreno. Fundamental no início da construção do segundo golo, obra-prima de organização colectiva.
De termos disputado o 27.º jogo seguido sempre a marcar. A última partida em que ficámos em branco foi o Borussia-Sporting, para a Liga dos Campeões, em 28 de Setembro.
De termos anulado a vantagem do FCP. Após este 2-2, o desempate será a nosso favor em caso de igualdade pontual no fim da Liga 2021/2022. No jogo da primeira mão, a turma azul e branca foi empatar 1-1 a Alvalade.
Não gostei
Do árbitro. João Pinheiro inaugurou novo método de apitar os jogos: primeiro exibe o cartão amarelo sem qualquer justificação, depois pede desculpa aos amarelados talvez para aliviar a má consciência. Teve influência directa não apenas no desfecho da partida como no caos disciplinar subsequente, num espectáculo lamentável que todo o País presenciou pelas imagens televisivas. Aos 27' mostrou amarelo a Coates na disputa de uma bola com Taremi em que o agredido foi o nosso capitão leonino, vítima de um pisão do iraniano, que escapou sem castigo. Sabendo que errara (e após pedir desculpa, sem retirar o cartão), Pinheiro volta a exibir o cartão ao uruguaio, expulsando-o aos 49'. Manifesta injustiça, delito de lesa-futebol. Viria também a amarelar Palhinha por falta inexistente, aos 71'. Se houvesse um mecanismo justo e sério de avaliação dos árbitros, este não voltava a apitar desafios da Liga principal até ao fim da época.
De termos jogado só com dez durante mais de metade do clássico. Devido à injustíssima expulsão de Coates, Amorim teve de organizar a equipa num 5-3-1 de emergência, fazendo sair Sarabia e reforçando o meio-campo defensivo com a inclusão de Palhinha. Aos 66', Neto substituiu Nuno Santos, regressando Matheus Reis à lateral esquerda. Do mal, o menos: deu para minimizar os estragos.
Do empate. Os portistas só por duas vezes conseguiram furar a nossa muralha defensiva. Infelizmente para nós, foi quanto bastou para perdermos dois pontos no Dragão. E mantermos assim a distância de seis face à turma anfitriã. Estamos agora dependentes de duas derrotas - ou de três empates - do FCP para conquistarmos o bicampeonato. Não é impossível, mas tornou-se mais difícil. E não podemos voltar a ter percalços, como aconteceu com as derrotas sofridas contra Santa Clara e Braga.
De não termos contado com Porro e Pedro Gonçalves. Ficaram preservados para o próximo embate do campeonato, a recepção ao Estoril. Males que vieram por bem. E há que reconhecer: Esgaio e Nuno Santos foram substitutos à altura, dando boa conta do recado.
De vermos mais de meia equipa excluída do próximo desafio. Coates, Tabata e Palhinha por expulsões (os médios já no sururu que se seguiu ao jogo), Esgaio por ter visto o quinto amarelo e provavelmente Nuno Santos e Matheus Reis por alegado "comportamento antidesportivo" (um disse um palavrão e outro fez um gesto obsceno, coisas jamais vistas em estádios de futebol). Pelo menos estes. Falta saber como estarão os restantes jogadores no capítulo físico.
Do péssimo final do jogo. Simplesmente vergonhoso. E totalmente inaceitável, até com agressões de elementos da estrutura portista a jogadores do Sporting. O "dragão" no seu pior: merecia ser interditado se houvesse coragem para enfrentar esta gente ao nível da justiça desportiva portuguesa. Mas não há, como bem disse Frederico Varandas nas desassombradas palavras que proferiu depois do jogo, sujeitando-se ele próprio a ser agredido por aquela turba sempre impune.
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