Arthur recebeu guia de marcha - ele e outros seis contratados em 2022 e já em 2023
Arthur (agora no plantel do Cruzeiro), Rochinha (emprestado a um clube do Catar), Bellerín (com entrada confirmada no Bétis), Marsà (prestes a sair porque não conta para Amorim), Sotiris (pronto a negociar, pois é carta fora do baralho), Tanlongo (também riscado pelo treinador, com empréstimo quase certo ao Estoril) e Fatawu (com veto do técnico, está no mercado para ser despachado do Sporting).
Sete jogadores.
Vou recordar quando chegaram e quanto custaram. Vale a pena, pois a memória dos adeptos nem sempre é forte.
Abdul Fatawu, internacional ganês de 18 anos, foi contratado ao Dreams FC, emblema do seu país, em Abril de 2022. Ficou ligado ao Sporting por cláusula de 60 milhões de euros. Custou 1,2 milhões de euros. Jogou 143 minutos na equipa A.
José Marsà, 19 anos, foi contratado após cessar contrato com o Barcelona B em Julho de 2022. Fixaram-lhe cláusula de rescisão de 45 milhões de euros. Jogou 549 minutos na equipa A.
Rochinha, 27 anos, foi contratado ao V. Guimarães em Julho de 2022. Por 2 milhões de euros, ficando o clube minhoto com 10% dos direitos económicos do jogador, a quem foi fixada cláusula de rescisão de 45 milhões de euros. Jogou 487 minutos.
Sotiris Alexandropoulos, 20 anos, já internacional pela Grécia, foi contratado ao Panathinaikos em Agosto de 2022. Por 4,5 milhões de euros, ficando ligado ao Sporting por cláusula de 60 milhões de euros. Jogou 314 minutos na equipa A.
Arthur Gomes, 24 anos, foi contratado ao Estoril em Setembro de 2022. Por 2,5 milhões de euros por metade dos direitos desportivos do jogador mais uma parte do passe de Tiago Santos, formado em Alcochete. Tinha uma cláusula de 60 milhões. Jogou 1516 minutos.
Mateo Tanlongo, 19 anos, veio para o Sporting, oriundo da formação do Rosario Central, em Janeiro de 2023. Internacional sub-20 pela Argentina, ficou vinculado por cláusula de 60 milhões de euros. Jogou 158 minutos.
Héctor Bellerín, 27 anos, chegou a Alvalade em Janeiro de 2023. Vindo do Barcelona, após ter cessado contrato com o Arsenal. Custando 1 milhão de euros até ao fim da época. Jogou 523 minutos.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre MARSÀ:
- José Navarro de Andrade: «Tempo e paciência é o que faz falta a Essugo, Sotiris, Mateus Fernandes, Fatawu, Marsà, Israel para crescerem de pintainhos a galos de combate com esporão afiado.» (20 de Dezembro)
- Luís Lisboa: «A exibir todo o seu pedigree “La Masia” e a substituir muito bem Coates.» (1 de Outubro)
- Eu: «Passou com distinção nesta estreia como titular do Sporting. Aos 20 anos, demonstra que o técnico pode confiar nele.» (2 de Outubro)
- Vítor Hugo Vieira: «Depois de ter feito alguns jogos na equipa principal, foi para a 2.ª Divisão de Espanha, onde pegou de estaca no Sp. Gijón. O jogador e o clube já manifestaram interesse em continuar a ligação para além do empréstimo, o que talvez seja o melhor para todos.» (18 de Abril)
Desde sempre tenho sido um sócio/adepto atento e interessado pelos escalões de formação, e estive presente ao longo dos anos em muitos jogos da equipa B em Alcochete e em pequenos e médios estádios do país. Até no Seixal e no estádio municipal (já nem me lembra o nome) onde o Porto B joga naquela promiscuidade local bem conhecida que o isenta de gastar dinheiro em infraestruturas de formação próprias.
Tenho por isso alguma autoridade para dizer que passámos um período negro nessa área com Bruno de Carvalho e os seus ajudantes, Virgílio e Inácio, e que com Frederico Varandas e Tomaz Morais conseguimos reverter o processo de degradação existente e lançar as bases para recuperarmos a liderança de que dispunhamos nos anos seguintes ao arranque de Alcochete.
Além do investimento a nível de infra-estruturas, a ideia basilar desta nova política é a centragem no jogador e não nos títulos nos diferentes escalões. Ideia que não é original, também é seguida no Seixal e em diferentes centros de formação internacionais, implicando a rotação dos melhores jogadores por diferentes equipas e grande articulação entre os diferentes treinadores. Dos iniciados à equipa A, temos seis equipas técnicas que devem estar sintonizadas e decidir sobre a situação de cada jogador.
Por outro lado, aos originários dos escalões mais baixos de Alcochete juntam-se (e bem) algumas promessas estrangeiras, também a formar-se, criando-se um espaço de competição interna essencial para o crescimento de todos.
Matheus Nunes e agora Marsà são os melhores exemplos da evolução de jovens promessas recrutadas já na passagem a sénior e desenvolvidas em Alcochete nas equipas de sub23 e B, o primeiro uma grande venda para a Premier League, o segundo poderá tornar-se num novo Porro. Mas Alcantar, Diogo Abreu ou Marco Cruz estão nessa linha de evolução, e vamos ouvir falar deles no futuro próximo.
Dário Essugo é talvez o melhor exemplo de evolução dum jogador de base dentro desse modelo, subindo e descendo de escalão conforme o momento, e cada vez mais capaz quando é chamado à titularidade da equipa A.
Mas nem todos têm a capacidade física e a inteligência emocional do Dário, do Nuno Mendes ou do Gonçalo Inácio, e demoram mais tempo a impor as suas qualidades. Chico Lamba, Nazinho e agora Mateus Fernandes não conseguiram demonstrar a qualidade que têm quando foram chamados à equipa A.
No meio disto, e além das vitórias e derrotas dos sub23 e da B, há duas situações que estranhamente não estão a funcionar:
1. A disparidade de modelos de jogo entre a A (3-4-3) e as equipas da formação (4-3-3) com implicações a nível do perfil do jogador. Um defesa central da defesa a 4 não é um defesa da defesa a 3, um defesa lateral não é um ala, um extremo não é um interior, um médio ofensivo não é um médio centro, etc. Faz algum sentido formar médios ofensivos (criativos levezinhos que só correm para a frente) quando a equipa A precisa de dois "cavalões" no meio? Algum dia o Daniel Bragança ou o Mateus Fernandes vão ter sucesso em 3-4-3? Rúben Amorim não quis mexer porque pensava que podia ele sair algum dia ou de mudar de sistema mais cedo ou mais tarde? Não sei.
2. O empréstimo de jogadores a equipas de nível superior à nossa equipa B, em particular da 1.ª Liga. Muitos jovens do passado, como Miguel Veloso, William, Cédric, Adrien, Rúben Semedo, João Mário ou Esgaio, cresceram através do empréstimo. Agora Catamo, Jovane e Gonçalo Esteves são emprestados para não jogar, os treinadores das equipas respectivas não estão comprometidos com o processo, preferem apostar em jogadores da casa.
Ora para mim a formação é uma sequência de etapas, Escolas - Iniciados - Juvenis - Juniores - Sub23 - B - Empréstimo - A. Uns entram na sequência na etapa inicial, outros mais tarde, uns saltam etapas outros percorrem a sequência, alguns retrocedem para avançar a seguir, muitos perdem-se no caminho, alguns vão chegar à equipa A e garantir o lugar no plantel principal. A evolução de cada um comanda o processo, a exposição a diferentes contextos competitivos, e aqui podíamos colocar também a Youth League, ajudam à evolução.
Porque é esse o principal objectivo da formação. Os títulos nos campeonatos de jovens apenas servem como comprovativo da qualidade da fornada, mas não garantem o objectivo principal.
Este empréstimo de que se fala do Fatawu deve ser visto nesse prisma. Veio no final da época passada, fez o seu percurso na B e pontualmente na A, na B já se evidenciou, na A já percebeu o que lhe falta para se impor, na A concorre um número excessivo de jogadores mais velhos com características de extremos, faz sentido que seja emprestado a um clube da 1.ª Liga onde ganhe outro andamento. Com as possíveis saídas de Edwards e Rochinha, e até Jovane, na próxima época terá outro espaço. O problema é saber qual o clube e o treinador que o podem acolher e contribuir para a sua evolução.
Boa notícia: após esta oitava jornada subimos ao sétimo lugar - ultrapassando o Estoril, que não fez melhor do que empatar em Chaves.
Isto só se tornou possível porque anteontem cumprimos o nosso papel, derrotando em casa o Gil Vicente. Não pelos 4-1 da época passada, mas também por margem inequívoca: 3-1. Com 2-0 ao intervalo. Golos surgidos cedo, por Morita (estreante como artilheiro leonino) e o suspeito do costume, Pedro Gonçalves.
Rochinha - outra estreia como goleador - fechou a conta pelo nosso lado, aos 82'. Num desafio em que podíamos ter duplicado o número de golos, tanto foi o desperdício junto às redes adversárias. Ainda a enfiámos mais duas vezes (Paulinho, 11'; Trincão, 62'), mas não valeu por haver fora-de-jogo.
Domínio leonino e boa exibição dos nossos jogadores, sobretudo na primeira parte. A equipa recuperou a alegria em campo que parecia andar eclipsada. Apenas Trincão, com excesso de individualismo, pareceu deslocado daquele filme.
St. Juste regressou de lesão, aparentando boa forma.
Morita - o melhor em campo - confirma que é reforço de qualidade.
O jovem catalão José Marsà estreou-se em grande nível como titular na equipa principal - e logo num lugar de enorme responsabilidade, que costuma estar entregue ao agora ausente Coates, um dos lesionados.
Rochinha esteve muito bem ao saltar do banco: promete ser uma das nossas armas secretas ao longo da temporada.
Pena o golo sofrido mesmo ao cair do pano, na última jogada do desafio. Confirmando o Sporting, neste momento, como quinta equipa com pior defesa da Liga 2022/2023. Algo que tem de ser corrigido sem demora.
Com Navarro a facturar pelo conjunto de Barcelos, mostrando a quem pudesse ter dúvidas que é um dos melhores avançados do campeonato português. Confesso que não me importaria nada de vê-lo de verde e branco.
Breve análise dos jogadores:
Adán- Ajudou a consolidar esta importante vitória com duas defesas fundamentais, numa delas (69') em lance que tinha selo de golo.
Gonçalo Inácio- Regressou a central pela direita com exibição irregular. Nem sempre feliz no passe longo, deixou-se ultrapassar duas vezes por Navarro.
Marsà - Fez de Coates, no eixo da defesa, e passou com distinção nesta estreia como titular do Sporting. Aos 20 anos, demonstra que o técnico pode confiar nele.
Matheus Reis- Pendular e eficaz como central adaptado. Precioso, um corte aos 65' que pôs fim a perigosa ofensiva da equipa minhota.
Esgaio- Lateral, substituindo o lesionado Porro. Assistiu Rochinha no nosso terceiro, mas foi ultrapassado por Navarro no lance de golo gilista.
Ugarte - Campeão das recuperações, combinou muito bem com Morita. Andam a formar uma dupla de respeito no futebol leonino. Saiu aos 72', já amarelado.
Morita- A sua melhor exibição de Leão ao peito. Estreou-se a marcar, aos 16', e fez soberba assistência para Pedro Gonçalves no segundo golo.
Nuno Santos- Grande actuação do ala esquerdo, voluntarioso e combativo. Foi dele a assistência para o golo de Morita. Tentou marcar também, mas sem sucesso.
Trincão- Teima em repetir erros que deve corrigir sem demora. Agarra-se demasiado à bola e dá sempre um toque a mais, perdendo tempo de passe. Improdutivo.
Pedro Gonçalves - Voltou a marcar (22'), destacando-se como artilheiro da equipa nesta temporada. Jogou lá na frente, local do terreno onde rende mais.
Paulinho- Vem buscar bolas atrás, serve os companheiros, abre linhas de passe. Só lhe vai faltando aquilo que mais exigimos de um avançado: marcar golos.
Edwards - Entrou só aos 64', rendendo Trincão, e desta vez não soube fazer a diferença. Mostrou-se algo displicente, rendendo pouco.
Sotiris- Em campo desde o minuto 72', quando substituiu Ugarte. É um médio com clara propensão ofensiva que não vira a cara à luta. Remate defeituoso aos 89'.
St. Juste - Regressou após ausência por lesão, entrando aos 72' (por troca com Marsà). Cumpriu no essencial, parecendo agora em boa forma física.
Rochinha- Último a entrar: substituiu Paulinho aos 78'. Quatro minutos depois, assinou o terceiro golo, com boa execução técnica. Estreou-se a marcar pelo Sporting.
Ontem em Alvalade, contra um Gil Vicente que apresentou uma defesa subida do terreno arriscando no fora de jogo e procurando sempre jogar no campo todo, o Sporting entrou muito bem no jogo e fez uma bela primeira parte.
Para isso foi fundamental a frescura da equipa decorrente da paragem do campeonato. A equipa apresentou-se solta, disponível e intensa nos duelos físicos. A entrada de Paulinho deu organização e tracção à frente, Pedro Gonçalves rende muito mais com ele ao lado. Os dois médios regressados das suas selecções estiveram a excelente nível a destruir e a distribuir jogo com critério. E finalmente um trio defensivo impecável com um Marsà a exibir todo o seu pedigree “La Masia” e a substituir muito bem Coates. Nota negativa apenas para os dois alas, que foram desperdiçando sucessivas oportunidades de centros para golo e para um Trincão em dia para esquecer.
A ganhar por 2-0, e com o Gil sempre a tentar sair em velocidade para reduzir a vantagem, o Sporting foi tendo espaço para contra-ataques perigosos sempre desperdiçados no último passe ou tentativa de remate até que vieram as substituições e entrou Rochinha que, solicitado por Esgaio, fez aquilo que os outros não fizeram.
Com mais meia dúzia de oportunidades perdidas, incluindo os “tiros ao boneco” de Nuno Santos e uma de Sotiris de bradar aos céus, chegámos ao prolongamento e consentimos o golo de honra, aliás merecido, do adversário.
Simplesmente incrível o número de foras de jogo que coleccionaram os dois alas, Nuno Santos e Esgaio, e os cruzamentos desperdiçados pelos mesmos, ou porque o trio atacante não oferecia linhas de passe e se escondia no meio dos defensores contrários, ou quando isso acontecia o passe era invariavelmente falhado por força a mais ou direcção a menos. Que saudades do Nuno Mendes, ai, ai.
E assim ganhámos por 3-1 um jogo cujo resultado poderia ter sido muito mais dilatado. Saímos de Alvalade com uma sensação agridoce, mas depressa o realismo se sobrepôs. Foi uma vitória preciosa no início dum ciclo intenso que vai decidir muita coisa sobre o futuro do Sporting nesta temporada.
Melhor em campo : Hidemasa Morita o legítimo sucessor de Bruno Fernandes e Matheus Nunes.
Algumas notas negativas:
A primeira para o “speaker” do estádio. Não faz sentido nenhum anunciar golos e resultados dependentes dum lance em validação no VAR e ter o estádio a comemorar uma coisa que não existe. No golo anulado a Paulinho, como estava no enfiamento da jogada, logo fiquei com impressão de fora de jogo e mantive-me sossegado a aguardar o desfecho.
A segunda para Rúben Amorim. Já deve mais que conhecer Tiago Martins e alguns “artistas” que tem no plantel para saber que teria de os avisar para se absterem de atitudes de meninos mimados que não tiveram o “doce”. Num jogo sem casos, com o árbitro a deixar jogar e cometendo um outro erro de avaliação daí decorrente, é inadmissível acabarmos com quatro cartões amarelos.
A terceira para a ocupação do estádio, abaixo do que seria desejável. Um jogo a começar numa sexta-feira às 19h em Alvalade, com o trânsito em Lisboa naturalmente em estado caótico, não facilita nada e muitos sócios com gamebox não se deram ao trabalho de ir. Eu só consegui chegar um minuto ou dois depois do jogo começar e depois duma odisseia automobilística pelos arredores de Lisboa para fugir aos engarrafamentos normais do dia e da hora em questão.
Depois dos desaires contra o Chaves e o Boavista, com muita (demasiada) gente lesionada, vai ser um jogo muito complicado mais logo em Alvalade.
Se por um lado Paulinho está de volta, e muita falta tem feito, Marsà estará provavelmente no lugar de Coates entre Inácio e Matheus Reis, deixando que Esgaio e Nuno Santos estejam nos seus lugares habituais.
Vai ser a prova de fogo para um jovem central formado no Barcelona que ultimamente tem jogado como central do lado direito na equipa B, e que tem demonstrado uma grande evolução duma época para a outra. Embora com algum deficit de envergadura física, compensa isso com uma técnica apurada de recepção, passe e sair a jogar com desenvoltura. Vamos ver um jogador de que se percebe a origem.
Mais à frente, se Pote mais uma vez jogar nas costas do trio atacante, importa como é que Paulinho se integra neste contexto. Gostava de o ver em movimentos de troca de posição com Pote, atraindo os defesas e deixando o espaço para Trincão e Edwards aproveitarem.
Enfim, um jogo difícil, um jogo que importa ganhar. Todos temos de lá estar para ajudar a equipa a conseguir isso mesmo.
Os exigentes da treta sempre prontos para enterrar podem aproveitar o dia doutra forma.
Sarabia aplaudido no estádio e saudado pelo treinador aos 63': saída em grande
Gostei
Da desforra. Serviu-nos de pouco, de quase nada. Mas soube muito bem, em nossa casa, derrotar (por 4-0) a única equipa que nos impôs um desaire fora de Alvalade na Liga 2021/2022, mesmo ao cair do pano da primeira volta: o Santa Clara, de Ponta Delgada, agora mergulhado numa convulsão interna que afastará o quarto treinador da temporada e boa parte dos jogadores. Desejo-lhes boa sorte, apesar de tudo.
Da goleada. Não bastava vencer: era preciso convencer. E foi isso que fizemos em campo. Após um período algo titubeante, em que andámos a mastigar jogo e sofremos pelo menos um calafrio, impusemos o nosso domínio e os golos foram saindo de rajada. Marcados por Tabata (41'), Porro (51'), Sarabia (56') e Edwards (78'). Muito bons, todos. O último, com um disparo do inglês a meia distância sem tomar balanço, é uma obra de arte.
De Sarabia. Voltou a fazer a diferença. Sempre a espalhar classe em campo. Entregando-se ao jogo ao serviço de um emblema que envergou por empréstimo mas que serviu com inegável profissionalismo durante toda a temporada. Jogou mesmo, não fingiu que jogava. Inclusive neste seu último desafio de verde-e-branco. Marcou o nosso terceiro da noite de sábado, elevando para 21 o número de vezes que a pôs lá dentro com a camisola do Sporting. Foi brindado com duas ovações: ao minuto 17, o número que ostentou na camisola, e ao minuto 63, quando deu lugar a Rodrigo, visivelmente comovido com a justa homenagem.
De Porro. O melhor em campo. Marcou (o segundo) e deu a marcar (o terceiro). Com uma energia imensa, parecia estar a iniciar agora a temporada. No último lance do desafio, ainda tentou bisar. Espectacular passe longo aos 28'. Centro perfeito aos 82' para Rodrigo: bastaria ao benjamim da equipa contornar o guarda-redes, mas acabou por rematar fraco, à figura, talvez em homenagem implícita ao ausente Paulinho. Novo cruzamento impecável aos 90'. O jovem internacional espanhol, agora já sob contrato do Sporting, promete ser uma das grandes figuras da próxima época.
De Nuno Santos. Outro jogador que parece estar a iniciar a temporada, tão boa é a sua condição física - das pernas aos pulmões. Grande centro de trivela (45'+1), outro óptimo cruzamento (76'), assistência para o segundo golo. É daqueles que nunca baixam os braços e vão sempre à luta, pressionando continuamente o adversário: o Sporting precisa de jogadores como ele.
De Tabata. Voltou a marcar, desbloqueando um jogo que parecia condenado a ir para o intervalo com o empate a zero. Golo precioso, de execução perfeita, com um remate acrobático sem deixar a bola tocar no chão. Colocando o ex-internacional olímpico brasileiro no patamar dos jogadores desde já candidatos à titularidade na época 2022/2023.
De Gonçalo Inácio. Actuou quase todo o tempo na posição certa: como central, do lado esquerdo, onde pode dar o melhor uso ao seu pé mais dotado. E assim fez, com um fabuloso passe vertical de 65 metros para Pedro Gonçalves assistir Tabata no golo que desbloqueou a partida. Cortes impecáveis aos 7' e aos 13'. Passou a jogar no eixo quando Coates cedeu lugar a Marsà.
Das estreias ao cair do pano. Houve três: João Virgínia, pela primeira vez no lugar de Adán numa partida do campeonato; André Paulo, que o substituiu na baliza aos 79' só para não ficar fora do retrato de grupo; e José Marsà, que tem actuado na equipa B e rendeu Coates como central, também aos 79', numa prova de confiança que o treinador lhe manifesta. Veremos, no caso do jovem defesa catalão, se é para ter continuidade na época que vai seguir-se.
Das palmas a Morita. O japonês do Santa Clara pode jogar de verde-e-branco na próxima época. Ao ser substituído, aos 73', recebeu calorosos aplausos dos adeptos leoninos. Será bom indício?
Da nossa segunda parte. Com três golos e alguns momentos espectaculares. Energia positiva à solta no relvado, boa vibração nas bancadas. Futebol-festa: fechou-se com chave de ouro.
De mais uma vitória. Foram, no total, 27 em 34 desafios na Liga que agora terminou. Igualando a nossa melhor soma de triunfos de sempre num campeonato nacional de futebol, registada em 2015/2016. E conseguindo mais um do que na época passada. No conjunto das competições, vencemos 39 dos 53 jogos.
De outro jogo sem sofrer golos. Registo que merece destaque: as nossas redes permaneceram intocadas em 18 destes 34 desafios. Notável. E fomos a equipa menos batida em casa, com apenas oito golos encaixados. Nenhuma outra conseguiu melhor.
Do quarto jogo seguido a marcar pelo menos três golos. Depois do 0-3 no Boavista-Sporting, do 4-1 no Sporting-Gil Vicente e do 2-3 no Portimonense-Sporting. Catorze nas últimas quatro partidas da Liga 2021/2022. Foi pena esta veia goleadora ter estado ausente noutros períodos: fez-nos falta.
De chegarmos ao fim com 85 pontos. Igualamos a nossa segunda melhor pontuação de sempre num campeonato - precisamente aquela que nos permitiu ser campeões há um ano. Melhor, só na Liga 2015/2016, quando chegámos aos 86, mas também na segunda posição. De qualquer modo, jamais havíamos conseguido somar 170 em duas épocas consecutivas - sinal inequívoco de que o trabalho que se vai fazendo em Alvalade é consistente e não fruto do acaso.
Não gostei
De termos esperado mais de 40 minutos pelo primeiro golo. Mas valeu a pena. E abriu caminho para os três que se seguiram, todos no segundo tempo.
De Pedro Gonçalves. Assistiu no terceiro golo, é certo, e teve intervenção no primeiro. Mas desperdiçou três ocasiões de marcar: aos 45'+1, aos 72' e aos 76'. Na segunda, em que lhe bastaria encostar, concluiu com um remate disparatado para a bancada. Termina a época pior do que começou: com má relação com a baliza, ao contrário do que havia sucedido em 2020/2021, quando se sagrou melhor rematador do campeonato.
De Daniel Bragança. Fez toda a partida no posto habitualmente reservado a Matheus Nunes, mas nunca foi o acelerador do jogo ou o municiador do ataque que a equipa exigia. Falta-lhe compleição física e poder de choque para actuar naquela zona do terreno, ao lado de Palhinha. Renderá melhor se avançar uns metros no relvado, mas aí a concorrência aumenta. Conclusão óbvia: se Matheus continuar no plantel, não irá tirar-lhe o lugar.
Dos falhanços. Houve alguns, felizmente sem consequências de pior. O mais arrepiante foi uma entrega de bola de Coates a Ricardinho, aos 30', que deixou um colega do Santa Clara isolado perante João Virgínia. Felizmente para nós, o jogador vestido de encarnado rematou mal, fazendo a bola rasar o poste.
Que Feddal não pudesse despedir-se a jogar. Um problema físico impediu o central marroquino de dizer adeus ao público nesta partida final da temporada. Cessa contrato no Sporting, irá ter novo destino clubístico. Não nos esqueceremos dele: foi um dos obreiros do título de campeão após 19 anos de jejum. Cumpriu 34 jogos na época passada (com dois golos) e 26 nesta. Tudo de bom para ele nas etapas pessoais e profissionais que irão seguir-se.
De ver a casa a "meio gás". Apenas 28.942 espectadores em Alvalade numa noite amena de sábado: sabe a pouco. É verdade que o título já estava entregue ao FC Porto desde a jornada anterior, mas esta equipa vice-campeã nacional que conquistou dois troféus na temporada (Supertaça e Taça da Liga), teve o mais destacado desempenho leonino de sempre na Liga dos Campeões e uma exibição colectiva ao nível do campeonato 2020/2021, até com melhor saldo entre golos marcados e sofridos, merecia mais adeptos a aplaudi-la neste desafio final.
Como dizia O' Neill: "há mar e mar, há ir e voltar", tudo indica que o catalão vai desempenhar esse papel, de ir e voltar pelo corredor esquerdo, no jogo com os homens do mar, do mar da Póvoa de Varzim.
Estou ansioso por voltar a ver futebol a sério e por assistir à estreia de Marsà na equipa principal do Sporting Clube de Portugal.
Acabei de ver, com muito gosto, a vitória do Sporting B contra o Cova da Piedade (0-2), em partida disputada na Malveira. Excelente exibição dos nossos jogadores, que dominaram por completo o desafio, mesmo tendo actuado com um a menos durante metade da segunda parte devido à expulsão de Edu Pinheiro.
Destaco a estreia a marcar de Gonçalo Esteves - o ala direito que veio do FC Porto: grande golo aos 69', executado com o seu pé menos bom, que é o esquerdo. Golo de notável execução técnica, coroando uma bela jogada protagonizada por Dário Essugo junto à linha direita. Dário - o melhor em campo - teve momentos fulgurantes, comprovando a sua valia no plano físico e técnico. É, sem dúvida, um dos mais promissores da nossa formação.
Realço ainda Geny Catamo, autor do primeiro golo leonino, logo aos 9'. Que também começou a ser construído por Dário, com total eficácia. Intensidade, capacidade de desequilíbrio, dinâmica ofensiva: características deste médio que pode vir a ser muito útil no meio-campo da equipa principal.
Este foi um jogo igualmente marcado pela estreia do catalão José Marsà, central esquerdino que chegou no Verão, oriundo do Barcelona. Teve bons apontamentos, mas ainda insuficientes para extrairmos conclusões.
Tiago Rodrigues (outra estreia), autor da assistência para o primeiro golo e o capitão João Goulart, timoneiro da defesa, também justificam referências positivas numa partida em que o guarda-redes, André Paulo, protagonizou a primeira intervenção digna desse nome quando já estavam decorridos 60'.
Este onze da equipa B incluiu quatro jogadores sub-20: Marsà (19 anos), Gonçalo Esteves (17), Dário (16) e Vando Félix (19). Sinal inequívoco de que a aposta no futuro continua a ser um lema deste Sporting campeão.
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