(Frederico Varandas a 4 de Março de 2019 aquando da assinatura de contrato profissional com Diogo Almeida, Alexandre Lami, Rodrigo Rego, Eduardo Quaresma, Nuno Mendes, João Daniel, Gonçalo Batalha, Tiago Ferreira, Daniel Rodrigues, Joelson Fernandes, Tiago Tomás e Nicolai Skoglund.)
Quando Frederico Varandas chegou a presidente do Sporting, naquela sua forma sincopada e desajeitada de comunicar logo veio falar em duas coisas que muita celeuma levantaram junto de alguns sectores do Sporting, o "gap na formação" e os "colchões de Alcochete".
Como director clínico do futebol do Sporting ele conhecia muito bem a qualidade que existia em Alcochete e a degradação das instalações, e pôs o dedo na ferida, manifestando também o seu propósito de dar a volta à situação.
Sobre a degradação das instalações, foram já investidos alguns milhões de euros em Alcochete em novos relvados, melhoramento dos existentes, upgrade dos equipamentos de apoio, mas não é esse o tema do post.
Vamos então ver o melhor que a formação do Sporting tem produzido nos últimos anos, utilizando para isso as idades actuais (V=Vendido, R=Rescindiu, VC=Vendido e Comprado, E=Emprestado):
20: Gonçalo Costa, Tiago Djaló (V), Rafael Camacho (C), Plata (C), Anthony Walker
21: Luís Maximiano, João Silva, Pedro Mendes (E), Rafael Leão (R), Thierry Correia (V), Mitrovski, João Oliveira, Elves Baldé, Daniel Bragança, Miguel Luís(V)
Os assinalados a negrito já tinham saído quando Varandas entrou.
Assim sendo, vemos realmente que nos 22-24 anos actuais (20-22 na altura que Varandas chegou a presidente) muito poucos jogadores se destacam, e apenas dois integram hoje o plantel principal.
Isso deve-se unicamente à sorte, ou existiu de facto nos anos anteriores uma política errada, nos juvenis e juniores, orientada para ganhar títulos e com a equipa B a ser um depósito de encomendas descobertas por Inácio, que tem tanto de pontualmente bom treinador como de péssimo director desportivo, com os Sackos, Dramés e Gazelas e muitas outras nulidades?
Se olharmos para os 25-27 anos actuais, vemos um conjunto de jogadores muito interessantes, que chegaram a titulares das respectivas selecções. Há sete anos, quando Bruno de Carvalho chegou a presidente, tinham 18-20 anos...
Importa também lembrar que foi com Marcel Keizer que a recuperação da situação teve início e alguns destes jovens tiveram a primeira oportunidade de mostrar o que valiam em contexto de primeira equipa. Keizer efectivamente levou para o estágio na Suíça Luís Maximiano, Diogo Sousa, Thierry Correia, Eduardo Quaresma, Abdu Conté, Nuno Mendes, Daniel Bragança, Miguel Luís, Rafael Camacho, Gonzalo Plata, Jovane Cabral, Joelson Fernandes e Matheus Pereira.
Ruben Amorim tem muito boa imprensa. É um facto incontroverso.
Mas hoje gostaria de falar dos seus resultados.
Já aqui disse que a contratação de um treinador sem experiência por 10 milhões é um absurdo. Um luxo a que não nos podemos dar. Continuo a pensar o mesmo.
Para que não me acusem de ser "brunista" por abordar os muitos erros da actual gestão, vou comprar os resultados de Amorim com os do treinador que Varandas disse ser o seu, há pouco mais de um ano, depois de uma analise apuradissima de alternativas.
Vejamos os primeiros resultados de Keizer:
Resumindo: em 7 jogos, Keizer tinha 30 golos marcados e apenas vitórias. Todos nos recordamos de grandes jogos de futebol, com Nani e Bruno Fernandes em grande plano. Bem como outros jogadores entretanto vendidos, como Raphinha ou Bas Dost. A defesa, essa sempre foi um problema para Keizer - e viria a custar-lhe a Supertaça 2019, contra o SLB - e, mais tarde, o lugar.
Pois bem, ontem Amorim completou o seu 7.º jogo ao comando do Sporting. O balanço é de 5 vitórias (todas com clubes da segunda metade da tabela) e dois empates (com duas equipas da parte inferior da primeira metade da tabela) .
Longe de querer criticar Amorim, que apanhou uma equipa destroçada e acabada de ficar sem o seu capitão e melhor jogador, é preciso fazer a ressalva de que a equipa desta segunda metade da época nada tem a ver com a que Keizer herdou (e com a qual ganhou dois troféus).
Para colmatar as muitas debilidades do plantel actual do Sporting, Amorim foi inteligente ao arriscar nos jovens, o que coloca os adeptos do seu lado. E não é preciso ser um génio da bola para ver que Nuno Mendes, Quaresma e outros são mais-valias.
Mas ontem voltou a insistir em Borja, um jogador demasiado trapalhão para uma linha de 3 defesas. Em Battaglia, que hoje é um jogador triste e aborrecido, aparentemente desligado do clube. E parece não saber o que fazer de Sporar (um jogador que, na minha opinião, terá de suar muito para se manter titular quando o limitado Phellype estiver de regresso).
Para Amorim, começa agora o teste a sério, com visitas aos estádios dos dois clubes no topo da tabela em poucas semanas. Que lhe corra bem, é o que todos desejamos.
Para Varandas, o grande teste virá no final da época: reconstruir uma equipa vendida aos poucos desde 2018, e para a qual não tem sido capaz de recrutar jogadores de qualidade; e conseguir manter as expectativas baixas e a ambição ao mínimo, num clube cuja maioria dos adeptos não se conforma com o segundo ou terceiro lugar, e tendo já uma enorme e ruidosa oposição dentro de casa.
A boa imprensa talvez amaine a contestação à direcção (ou ao que resta dela, depois das demissões dos últimos meses), mas Varandas dificilmente sobreviverá a um início de época como a de 2019-20, quando Keizer ainda era o eleito.
Em Janeiro de 2020, e com muitas derrotas no caminho, foi assim:
O presidente é o mesmo, os seus colaboradores mais próximos também, o que se passou então:
1. O sucesso toldou-lhes o raciocínio?
Enquanto um ano antes os jogadores tinham ido para férias (?) destroçados com uma derrota humilhante e insultos nas bancadas do Jamor, com o treinador a despedir-se deles quase a chorar à porta do autocarro, alguns a preparar-se para rescindir, outros para fazer o possível para esquecer e ganhar coragem para voltar a Alcochete, desta vez foi champanhe, recepção na Câmara e festa em Alvalade.
Keizer e a sua equipa tinham conquistado a segunda taça da época, e o terceiro lugar da Liga, e tínhamos uma equipa reconstruída e moralizada. Havia que fazer uma escolha entre manter Bruno Fernandes, reforçar cirurgicamente a equipa e lutar pelo título, ou tratar da sua venda rapidamente, sanear financeiramente a SAD, reforçar mais amplamente a equipa, e passarmos a dispor duma equipa equilibrada que permitisse uma época tranquila e, nalguma conjuntura mais favorável, a chegada aos lugares de acesso à Champions.
Pois, nem uma coisa nem outra. Keizer foi sendo mais ou menos marginalizado e ficando sem as peças que julgava importantes para o seu modelo de jogo, os melhores do plantel foram vivendo na incerteza de ficarem ou não dependendo da venda do Bruno Fernandes, e a pré-época foi um desastre disfarçado pelo estágio de alguns jovens sub-18 promissores encaminhados depois para os sub-23.
Com a venda estúpida do Bas Dost e uma derrota humilhante com o Benfica pelo meio, tudo acabou no dia a seguir ao fecho do mercado, quando Keizer é confrontado com a venda de Thierry e Raphinha e a vinda de três emprestados ex-lesionados "pescados" à ultima hora. E o Sporting, a ganhar ao Rio Ave aos 80 minutos, sofre dois golos a cair o pano devido a penáltis cometidos por aquele defesa central que Hugo Viana andou a tentar vender também até ao fecho do mercado. Coates tinha tudo menos tranquilidade para jogar naquele dia. E o Sporting perdeu.
Esse teria sido o momento para Varandas parar, reflectir e agir sem contemplações. Para mim, a solução seria manter Keizer com a ajuda de Bruno Fernandes a tomar conta da situação. Keizer já tinha dado provas de saber ultrapassar situações negativas, e preparar logo a mudança para realizar no momento adequado, que teria de passar por um treinador experiente e prestigiado com apetência para lidar com jovens, tipo Jesualdo Ferreira, e um director de futebol profissional e experiente do mercado, e já agora sem passado de "comissionista" ou de peão de brega dum ou doutro empresário. Promover Hugo Viana para as relações internacionais e substituir Beto por alguma figura mais interventiva no balneário e assertiva na comunicação. Ou seja, dalguma forma replicar para o futebol o modelo que existe nas modalidades com Miguel Albuquerque.
Nada disso fez. Despediu Keizer, promoveu o treinador que estava a dar boa conta do recado nos sub-23, que aproveitou para inventar, mudar o modelo de jogo e coleccionar mais umas tantas derrotas, e depois devolvê-lo à procedência e ir ouvindo recusas até acabar num treinador sem curriculum, sem habilitações, sem experiência, com uma ideia de jogo completamente estranha ao clube e ao plantel, mas com uma grande vontade de deixar a sua marca. Ou seja, a pior escolha possível para o momento que o Sporting atravessava.
E o Sporting lá foi andando, perdendo e ganhando e quase sempre jogando mal com equipas pequenas na sua grande maioria, até ao mês de Janeiro, onde enfrentávamos de seguida três das melhores equipas portuguesas. E foram três derrotas, sem apelo nem agravo (talvez contra o Porto a coisa pudesse ter sido diferente).
No final da terceira derrota tivemos uma demonstração a cores e ao vivo do estado anímico da equipa, com o jogador mais experiente e um dos melhores em campo a agredir uma óptima pessoa e ainda por cima produto de Alcochete. E mais uma vez as declarações infelizes de Beto e Silas, já que de Hugo Viana nunca se ouve uma palavra.
Sendo assim, parece realmente que o sucesso (ainda agora Varandas foi eleito como dirigente do ano pelo Grupo Stromp) lhes toldou o raciocínio e destruiram em seis meses tudo o que tinha custado muito a refazer. Onde e com quem é que já vimos isto?
2. Temos o pior plantel de sempre?
Desde o treinador do Gil Vicente até muitos Sportinguistas, parece que descobriram que o plantel do Sporting não vale nada, se calhar apenas para esconder o facto de gostarem de Silas, é um Sportinguista e um gajo porreiro, mas não tem capacidade para o cargo que ocupa, e não consegue potenciar os valores do plantel. Ou então simplesmente para baterem no Varandas.
O Sporting tem realmente um plantel desequilibrado, com falta de quantidade de qualidade (apenas cinco jogadores diferenciados, Bruno Fernandes, Mathieu, Coates, Acuña e Vietto), um conjunto de jovens sub-21 de grande potencial ainda muito verdes (Max, Camacho, Plata, Doumbia, Wendel, Pedro Mendes, Jovane, Miguel Luís) e depois... alguns "pernas de pau" que comprometem o resultado dos jogos e o trabalho dos outros (Ilori à cabeça, mas há mais, infelizmente). Não tem um trinco em condições que proteja os centrais e permita o avanço menos arriscado dos laterais, não tem um defesa esquerdo em condições que permita adiantar Acuña, não tem um ponta de lança que faça esquecer Bas Dost (vamos ver o que fará Sporar). O que valeria este plantel se contasse (por exemplo) com Alex Teles, Danilo e Soares?
De qualquer forma, e à data de hoje, para mim este plantel é o terceiro melhor português, inferior aos dois outros grandes, mas claramente superior aos restantes. Qual é o jogador do Braga que seria titular de caras no Sporting? Nenhum. O que não quer dizer que Palhinha, Esgaio e Wilson Eduardo não seriam bem-vindos, mas se calhar meia dúzia de jogos depois iríamos estar a criticá-los como acontecia quando cá estavam, e já andamos a criticar o Max ou o Pedro Mendes também.
Temos o terceiro maior orçamento, temos o terceiro melhor plantel, temos obrigação de ficar em terceiro lugar da Liga. Mas para isso convinha que tivéssemos o terceiro melhor treinador. Temos???
3. Vamos conseguir safar a temporada?
Vamos iniciar na próxima segunda-feira a segunda volta da Liga, contra o Marítimo que nos roubou dois pontos no Funchal. Iremos defrontar fora de casa os outros sete primeiros classificados da Liga.
Continuamos sem saber se o melhor jogador da Liga sai ou não, e se não sair com que moral vai ficar. O homem não é de ferro.
Temos um treinador que já percebeu que não vai durar muito. Já existem nomes nos jornais para o substituir, e anda cada vez mais desorientado entre as suas ilusões de modelo de jogo "inteligente", e as tácticas estranhas (os três tristes trincos) para safar o resultado.
Depois temos o resto... presidente contestado e insultado, falta imensa de comunicação franca e directa com os sócios, claques a serem mais um adversário com que a equipa tem de lidar no estádio, muitos supostos adeptos apostados em destruir o clube para que das cinzas possa brotar um novo Sporting com muita bifana e pouco croquete à moda do Belenenses, ou então vir um Glazer qualquer tomar conta disto. Até o ex-presidente já percebeu isso.
Era mais ou menos assim a introdução do "Star Wars", o épico de George Lucas que fez as delícias de muitos de nós há uns bons anos.
Pois o nosso treinador Jorge Silas parece estar nalguma galáxia bem distante do planeta Sporting, na véspera de enfrentar o... Real Madrid... não... o Juventus... também não... o Arsenal... nem isso... ah... o Rosenborg:
«Neste momento, a nível de jogo, estamos numa fase melhor. É verdade que não ganhámos o último jogo, mas a nível de jogo fomos muito melhor do que tínhamos sido até ao momento. Agora falta chegar à zona de finalização. Mas o conhecimento que temos deles, aliado ao nosso trabalho, acho que estamos mais fortes agora. A nível defensivo, não concedemos quase oportunidades ao Tondela. Mas temos de melhorar em vários aspectos, principalmente nas bolas paradas, que é um ponto forte do Rosenborg. É uma questão de concentração.»
Então é melhor que se concentrem. Digo eu. Que tenho que me concentrar também para despachar o que tenho para fazer e chegar a horas a casa para ver o jogo. A contar, claro, com a vitória que abre a porta à fase seguinte.
PS1: Será que se trata dum caso de amnésia contextual, e na cabeça dele ainda está no Belenenses SAD apenas com uma camisola verde em vez de azul?
PS2: Marcel Keizer, por favor, esquece tudo o que de mal disse de ti, mereces mesmo uma estátua (ou duas) algures em Alvalade.
Era nisso em que pensava ao intervalo do jogo de ontem, a primeira parte mais horrível que me lembro de ter visto em Alvalade nos últimos anos perante uma equipa de terceira linha europeia, desde a falta de intensidade competitiva à confusão táctica apresentada e à incapacidade de atacar e defender com o mínimo de qualidade.
Veio a segunda parte. Silas conseguiu mexer no jogo com critério, a equipa foi melhorando pouco a pouco, o virtuosismo de Bruno Fernandes finalmente veio ao de cima e decidiu o encontro a nosso favor. Valeu o espírito colectivo e a capacidade de luta demonstrada por uma equipa traumatizada por sucessivas alterações na liderança, farta de alterações na forma de jogar, farta de mudanças tácticas, farta de ousadias e riscos, carente dum modelo simples e duma equipa-tipo assumida que permita consistência e mecanização.
Que Silas entenda que ser treinador do Sporting e do Belenenses são coisas bem diferentes, que desligue o complicómetro e o experimentalismo, para aprender tem os cursos que lhe falta tirar, e ponha a equipa a jogar simples e à volta das características do seu capitão.
E agora que a pausa ajude a curar as feridas e a encontrar uma equipa competente e motivada para lutar pelos objectivos da temporada. Com ou sem claques, cá estaremos para a apoiar.
PS1: O despedimento de Keizer, como o de Peseiro, foram mesmo decisões mal pensadas, precipitadas e inoportunas. Os sinais negativos estavam lá para analisar atempadamente o problema e ir à procura dum novo treinador com as características adequadas. Depois sim, despedia-se na segunda-feira e vinha o novo à terça-feira sem interinos no meio a fazer pela vida para tentar assegurar o lugar. Exactamente o mesmo com a venda de Bas Dost. Se ele disse em Maio que queria sair, onde estava o novo ponta de lança quando o resolveram vender? E agora Acuña ou Mathieu cruzam da esquerda para quem?
PS2: Keizer não apostava na formação, não apostava na formação, não apostava na formação... E Silas vai apostar na formação?
PS3: Tudo muda no futebol do Sporting, menos Hugo Viana, Beto e Gonçalo Álvaro... E o Paulinho. Se a coisa com Silas der para o torto, o responsável vai ser o Paulinho?
Este início de temporada do Sporting, no que ao futebol profissional diz respeito, tem sido pouco menos que catastrófico. O que não deixa de ser surpreendente, porque a passada temporada que começou em condições horríveis acabou por ser bem conseguida, com o 3.º lugar da Liga e duas Taças conquistadas em finais contra o Porto.
Os resultados que conseguimos em campo não fazem mais que reflectir a confusão que foi a preparação da época, a abordagem ao mercado, a definição do plantel, a falta de preparador físico e a (degradada) relação com o treinador. Chegamos a Eindhoven com um treinador novo, com um modelo de jogo novo, com um plantel com várias mudanças em relação ao que tinha sido apresentado aos sócios, com jogadores que foram inscritos para a Liga e não para a Europa, outros que foram inscritos na Europa mas não na Liga, com jogadores descompensados fisicamente, e lá ficam Bruno Fernandes e mais dez a fazer o que podem no relvado com o resultado esperado, a derrota.
Há um ano Peseiro, apesar de tudo, deixou uma equipa arrumada e estruturada, Tiago Fernandes com um ou dois ajustamentos conseguiu resultados imediatos e Keizer teve um início fulgurante. Agora Keizer deixa uma equipa esfrangalhada, com titulares vendidos, reforços emprestados, jogadores lesionados.
Leonel Pontes está a fazer pela vida. Um novo modelo de jogo com o meio-campo em losango (regresso aos tempos de Paulo Bento), Doumbia claramente a trinco, dois médios interiores de transição e um pivot ofensivo. Saída a jogar a três baixando o trinco e lateralizando os centrais, laterais projectados, um avançado mais fixo, outro mais movel. O problema é que, Bruno Fernandes à parte, os outros dez estão muito aquém das necessidades do sistema.
Na baliza Renan não é tão mau assim mas não é Rui Patrício e não está a passar um bom período, consentindo golos defensáveis e largando bolas para a frente.
Na lateral direita, Rosier parece sólido a defender mas inconsequente a atacar, mesmo assim bem melhor que Ristovski ou Thierry Correia.
Na esquerda, Borja foi um Ilori no Bessa (o que não é elogio nenhum), e lá temos Acuña a defesa esquerdo, sempre um problema em termos disciplinares.
Dum lado e doutro, os laterais têm muito pouco apoio do médio daquele lado. Veja-se o segundo golo do PSV.
No centro, Neto é um jogador esforçado e regular, bom suplente de Mathieu e Coates. Mathieu tem problemas crónicos e tem de ser muito bem gerido e Coates é um jogador pesado que demora a ficar em condições, não fez uma pré-época em condições nem tem descanso com as solicitações da sua selecção. Mas em boas condições físicas e com protecção dum trinco e dos laterais, Mathieu e Coates fazem a melhor dupla da Liga. Em más condições físicas e com os laterais em parte incerta...
Passamos para o trinco, a que Keizer era alérgico. Doumbia está a crescer de jogo para jogo, mas continua com muitas limitações, e não tem alternativa no plantel. Battaglia é muito mais um médio de transição.
Quanto aos dois médios de transição do losango, Miguel Luís regrediu imenso num ano com Keizer, Battaglia vem de lesão e não está inscrito na Liga Europa, Wendel fica melhor na posição do que como segundo médio-centro, Eduardo talvez funcione, vamos ver na segunda-feira. Bruno Fernandes poderá sempre ocupar essa posição onde joga na selecção, mas faz falta mais à frente.
Como pivot temos Vietto e Bruno Fernandes. Jogando os dois, Bruno sobe para avançado móvel. Se Vietto for aquele que vimos em Portimão, estamos bem servidos.
Ficam dois avançados. Com Bruno a avançado móvel, sobra uma posição. Para Bolasie ou Luiz Phellype. Ou para Pedro Mendes, saltava à vista de todos menos de Keizer que estava ali um novo Slimani, quando ele resolveu apostar num molengão e inconsequente Pedro Marques.
E que fazer com Jovane, Plata, Camacho, Fernando e Jesé? No losango não há extremos... Entram quando a coisa estiver preta?
Claramente Leonel Pontes tem uma grande Tarefa para realizar e o Prazo será aquele que os resultados permitirem...
Com todos os seus defeitos Marcel Keizer conseguiu chegar ao Sporting, encontrar uma equipa debilitada, muito mais fraca que os rivais e levá-la ao 3º lugar da Liga, à conquista da Taça de Portugal e também da Taça da Liga. Marcel Keizer foi uma aposta pessoal do presidente e facilmente se percebe que iria insistir nele até ao limite do possível.
A época começou muito mal, com uma derrota copiosa na Supertaça, mas três jornadas depois parecia que o pior tinha passado e estávamos na calha para um resto de temporada à semelhança da anterior.
Mas em pouco mais de 10 minutos, e por acção dum artista de circo irianiano e duma noite infeliz do nosso sub-capitão, tudo caiu por terra e a liderança da Liga transformou-se numa derrota humilhante em casa, e logo na véspera do fecho do período de transferências. E esse fecho traduziu-se na saída de dois dos titulares da véspera, e na entrada de três emprestados de potencial duvidoso, mas que se encaixavam nas necessidade apontadas por Keizer.
Depois disto tudo despedir Keizer foi por um lado incontornável dadas as prestações da equipa e a derrota, mas por outro significou um fracasso colossal do presidente/estrutura na sua aposta para treinador, obrigando-os agora a colocar um técnico que estava a fazer um óptimo trabalho nos sub-23 a lidar com um plantel desequilibrado e fragilizado, se calhar bem distante das suas ideias de jogo, e sem espaço para recorrer aos seus jovens. Não custa muito prever que Leonel Pontes vá ter uma vida breve como treinador principal do Sporting.
Pelo que, mais dia menos dia, veremos chegar um novo treinador. Quando se ouve falar em Pedro Caixinha ou Claude Puel, fica-se logo com um receio enorme de que venha por aí um novo Marcel Keizer, um treinador de segunda ou terceira linha europeia com umas coisas boas outras nem por isso, sem capacidade para transformar e potenciar a equipa e galvanizar os sócios. E duvido muito que valha a pena pensar em Leonardo Jardim, cidadão do belo principado do Mónaco e a facturar 4K euros líquidos por ano.
O Sporting não precisa de jogadores emprestados para reciclar. O Sporting precisa dum treinador experiente, carismático, inovador, potenciador da formação e sem olhar a idades ou estatutos no momento de escolher. Precisa dum novo Malcolm Allison (ou Bobby Robson ou Boloni) no banco, precisa dum novo Manuel Fernandes (ou Oceano) como adjunto, precisa dum novo Roger Spry na preparação física, para dar exemplos que todos percebam.
Por muito agradecidos que estejamos a quem nos deu duas taças, o Sporting não pode dar-se ao luxo de vir a ter um novo Marcel Keizer, acompanhado por um conterrâneo boa pessoa mais um jovem adjunto que andava pelas arábias e um preparador físico que ainda há pouco era fisioterapeuta.
Com tudo isto, Leonel Pontes só pode mesmo ter todo o nosso apoio. Incondicional.
A venda de três titulares indiscutíveis choca qualquer sportinguista, mas verdade é que os milhões de euros ‘fresquinhos’ que entram nos cofres, além dos outros milhões feitos com jogadores que não riscavam nada na equipa, salvam a época em termos financeiros. Este encaixe financeiro permite cumprir as obrigações com a banca e dar algum fôlego à tesouraria que se encontrava quase a zeros.
É verdade que o timing não foi o melhor, no entanto, Varandas e a sua equipa aproveitaram a janela sem cometer nenhuma loucura. Os três jogadores que acabam de chegar podem vir a ser uma mais-valia na equipa e o dinheiro gasto não é nenhuma barbaridade se compararmos com as compras feitas por anteriores direcções. A última chama-se Diaby que nunca convenceu e custou uma fortuna.
Depois convém não esquecer que o cérebro da equipa continua. Varandas foi coerente e não vendeu Bruno Fernandes por meia dúzia de milhões. Resta saber se tem capacidade para lhe renovar o contrato e a cláusula de rescisão para 200 milhões.
Na prática, a folha salarial mensal dá sinais de emagrecimento acentuado e enquanto isso realizou milhões como nunca foi feito em épocas anteriores (receitas de quase 90 milhões). Agora decidiu mudar também a equipa técnica - antes que a contestação aumentasse descontroladamente - que mostrava sinais de desnorte. A derrota em Alvalade foi a gota de água.
Obrigado a Keizer pelos dois títulos em seis meses. Até simpatizava com o holandês, mas a realidade é que o futebol apresentado esta época, mesmo com os titulares da época passada, nunca convenceu ninguém.
Espero que Leonel Pontes, ou outro, consiga colocar a equipa a jogar bom futebol porque acredito que o Sporting tem equipa para dar luta, embora a estrutura à sua volta seja tenrinha. Assim, as lesões se mantenham afastadas de Alvalade e o espírito de grupo supere os casos insólitos que teimam invadir o relvado, como aconteceu no último domingo.
Gerir um clube é decidir. Para já Varandas tem optado, e bem, pela consolidação financeira, pois este é o coração para nos podermos reerguer. Ninguém acredita que, depois do caos de há um ano, consigamos ser já campeões. Os milagres acontecem, mas a verdade é que nem com Jesus isso aconteceu. Mas quanto tempo mais teremos de esperar para ser campeões?
"A situação de Peseiro no Sporting sempre foi precária. Mais do que precária: a sua saída era inevitável, fosse durante a época ou no final. Todo o sportinguista detesta o Peseiro (eu incluído): aquele ano de 2005 nunca será esquecido. Portanto, o Peseiro sempre foi um treinador de gestão, como Sousa Cintra foi um presidente de gestão.
Eu sei que o pessoal gosta mesmo é de malhar. Por isso, o Peseiro já foi brindado com as mocadas da ordem, mesmo agora na despedida. Ora, por uma vez, parece-me que Peseiro é merecedor de um agradecimento, como Sousa Cintra o foi também: naquele ambiente lunático do final da época passada, depois do que aconteceu, com meia equipa e meia direcção em debandada, em que nenhum jogador ou teinador decentes queriam vir para o Sporting, veio Peseiro. Claro que isso foi um sinal de desespero do Sporting, mas a verdade é que veio, para um sítio onde mais ninguém queria vir.
Portanto, nalgum momento Peseiro tinha de ir. O que já não percebo é o timing da saída: depois de uma derrota a jogar com a equipa Z para uma taça sem interesse (ganhámos uma vez: acho que basta para picar o ponto), depois de duas exibições convincentes, uma contra o Boavista e outra contra o Arsenal (alguém legitimamente estava à espera de ganhar ao Arsenal com esta equipa, mesmo em Alvalade?), a um ponto do Benfica, com possibilidade de o ultrapassar este fim-de-semana, a dois dos líderes do campeonato. Porquê agora? Sobretudo quando se percebe que não foi pensada nenhuma alternativa. Lá voltámos ao nosso fétiche, que é arranjar treinadores com nome holandês que ninguém sabe o que valem (e em geral não valem um caracol; a propósito, alguém me explica esta fixação: é porque os nomes soam bem? Vercauteren, por exemplo, soa tão bem). Ora, se é para arranjar um qualquer Peseiro holandês, não se percebe para que foi isto tudo.
Esperemos que Frederico Varandas não tenha cometido aqui o seu primeiro erro grave."
Seguramente descontente com os "reforços" entretanto desembarcados em Alvalade, Marcel Keizer - o primeiro treinador da era Varandas - sai pelo seu pé. Revelando alguma dignidade e um módico de lucidez: não esperou pelos lenços brancos.
Conta-quilómetros novamente a zero no Sporting, que persiste em ser notícia por maus motivos. Começa a ser lema e sina.
Venha o próximo. Os motores ainda estão a aquecer e a viagem promete ser longa.
P. S. - Leonel Pontes deve ser o quarto treinador da era Varandas, iniciada há menos de um ano. Após Peseiro, Fernandes e Keizer.
As limitações de Keizer já foram expostas à saciedade. Sobretudo na "organização defensiva" (peço desculpa pelo jargão) que desde o primeiro jogo da pré-época deu sinais alarmantes que só se têm vindo a agravar. Os porquês disto, que sendo evidentes para quem está na bancada sê-lo-ão certamente ainda mais para quem lida com eles, só podem ser esclarecidos por quem está "lá dentro", coisa que nunca acontecerá.
Posto isto convém realçar que, desde que me lembro, nunca vi um treinador chegar a este ponto da época, já com o campeonato a decorrer a todo o vapor, e ver o ponta-de-lança de referência e toda a ala direita da equipa irem-se embora, sentir a falta gritante de um n.º 6 de raiz e ter que dar as boas vindas a uma carrada de extremos. Ou seja, ver todo o (fraco) trabalho de entrosamento deitado fora, ver a demorada adaptação de Vietto a uma nova posição tornada inútil e ter que desenhar e treinar toda uma nova articulação entre os jogadores.
(Fernando Santos ainda hoje se queixa de lhe terem subtraído o Simão por volta desta altura, dando este acidente como causa da sofrível época que padeceu.)
Do descalabro que se anuncia - adorava estar enganado - convém desde já dizer que Keizer terá não mais do que uma quota parte de responsabilidade.
PS - Só espero daqui a dois anos não estarmos a lamentar a venda de Thierry Correia por uns 40M€ que podiam ser nossos se ele tivesse crescido (tem todas as condições para isso) no Sporting.
Pela enésima vez, Marcel Keizer chegou-se ao microfone, na conferência de imprensa, para debitar um daqueles chavões a que já nos habituou em inglês macarrónico e mastigado: «Jogámos mal.»
Com tantos jornalistas presentes nestas desoladoras sessões públicas, espanta-me como é que ainda nenhum fez ao técnico oriundo do país das tulipas a pergunta que há muito se impõe: «Afinal o que fazem vocês durante os treinos?»
Vender Raphinha na véspera do fecho do mercado, mantendo Diaby no plantel, é a meu ver um erro inqualificável. Falando em erros, alguém sabe se Marcel Keizer ainda é treinador do Sporting?
Num jogo em que o adversário pouco ou nada lhe deu para fazer que não passasse pela marca dos 11 metros – com a excepção da boa defesa que abriu a segunda parte –, o guarda-redes brasileiro pouco mais tem a ser apontado para lá de uma enorme quantidade de bolas despejadas para zonas do campo sem rapaziada vestida de verde e branco. Mas a alguém que já valeu taças ao Sporting em desempates por grandes penalidades exigir-se-ia (meio a sério meio a brincar) que defendesse pelo menos um dos três que foram assinalados.
Thierry Correia (2,0)
O cruzamento que permitiu o segundo golo leonino foi o melhor cartão de apresentação num final de tarde sombrio em Alvalade. Tendo ganho bastantes duelos, o lateral-direito pecou acima tudo pela atitude não interveniente com que contemplou a desmarcação que levou Coates a cometer o primeiro dos três pénaltis. Seria preciso mais para assegurar que Rosier poderá prosseguir a sua recuperação em suaves prestações semanais antes de assumir a titularidade justificada pelos milhões de uma contratação que talvez tenha custado mais do que rendeu a transferência de Bas Dost.
Coates (0,0)
Os dois autogolos que Roberto Deus Severo marcou a favor do Benfica há 20 anos, quando ainda Beto, foram superados enquanto pior pesadelo de um central leonino, pois os três pénaltis assinalados ao uruguaio – dois dos quais cometidos sem ser preciso recorrer a ângulos mágicos para confirmar a enérgica convicção do árbitro João Pinheiro – selaram a derrota, a perda da liderança (agora entregue “a solo” ao recém-promovido Famalicão) e o reacendimento da crise latente em Alvalade. Claramente em má forma, com dificuldades em chegar à bola antes dos adversários, um dos melhores defesas centrais que até hoje representaram o clube fez uma exibição para esquecer, “coroada” com o segundo amarelo que o deixa de fora do próximo jogo. Mas convém não esquecer, além do valor intrínseco de Coates, as responsabilidades que os colegas, bem como o senhor holandês que é pago para os orientar, tiveram nos lances desgraçados que fizeram a história do jogo.
Mathieu (2,0)
Pouco ajudou o seu infeliz colega de eixo defensivo, tendo muita culpa no lance da terceira grande penalidade, pois já não teve pernas para recuar após uma tentativa mal sucedida de lançar um contra-ataque. Teme-se que o problema se agrave quando o Sporting começar a jogar duas vezes por semana.
Acuña (2,5)
O cruzamento rasteiro que resultou no golo de Bruno Fernandes, com quem o argentino tinha combinado no início da jogada, destacou-se numa actuação em que Acuña deu demasiado espaço aos adversários e fez alguns centros indignos de quem tem os seus pés. Tudo compensou com ímpeto, borrando a pintura quando já estava a jogar como extremo, após a saída de Vietto e entrada de Borja para lateral-esquerdo: tendo a baliza do Rio Ave à mercê, cabeceou ao poste aquilo que poderia ter sido o 3-2. Depois foi o que se sabe.
Idrissa Doumbia (2,0)
A bola saiu-lhe sempre oval nos pés, tamanha foi a dificuldade para lidar com a posse do esférico, e o posicionamento também não foi brilhante, o que ajudou a que o Rio Ave fosse tomando conta das ocorrências.
Wendel (2,0)
Tremendamente fatigado e posicionalmente difuso, o jovem brasileiro viu-se dominado pelos adversários, o que se tornou mais gritante na segunda parte, sem que disso se compadecesse Marcel Keizer, que o manteve em campo. Ainda introduziu a bola na baliza do Rio Ave na primeira parte, mas encontrava-se fora de jogo quando recebeu a bola desviada num defesa após remate de Vietto.
Bruno Fernandes (3,0)
Melhor do Sporting em campo, mais uma vez, merecia melhor cenário para a homenagem pelos 50 golos marcados ao serviço do Sporting do que adeptos descontentes a abandonarem as bancadas, um coro de assobios à equipa e as claques a ensaiarem o apelo à queda de Frederico Varandas. Fez tudo por manter o Sporting na liderança, fuzilando as redes no lance do 1-1, a que deu início, esteve perto de garantir a reviravolta com um toque em esforço que Kiesczek defendeu, e combinou com os colegas com a classe de sempre. Mas também ele não foi alheio à tremenda quebra física na segunda parte, sucedendo-se longos minutos de adormecimento até ao que, também mais uma vez, poderá ou não ter sido o último jogo ao serviço do clube.
Raphinha (2,0)
A exibição de gala em Portimão não teve continuidade, pois tendeu a complicar o que poderia ser mais fácil e também não teve engenho e arte para levar a bom porto as suas iniciativas no ataque. De igual modo, pôde ser empurrado na grande área adversária, após um passe de ruptura de Bruno Fernandes, sem que João Pinheiro e o videoárbitro resolvessem dar conta da ocorrência. Mesmo assim esteve quase a contar com uma assistência para golo, mas Acuña desperdiçou o cruzamento que se destinava a Luiz Phellype.
Vietto (2,5)
Os dribles não lhe saíram tão bem quanto na última jornada, mas foi a eficácia de remate o busílis: além de um remate cruzado, bem encaixado por Kiesczek, faltou-lhe pontaria para fuzilar as redes num lance parecido com o do golo de Bruno Fernandes (ainda que, reconheça-se, meia-dúzia de metros mais longe da linha de golo). Contribuiu para o 2-1 com uma abordagem desastrada ao cruzamento de Thierry e depois viu-se sacrificado, sem que daí adviesse especial vantagem à equipa.
Luiz Phellype (3,0)
Teve uma oportunidade flagrante de golo e aproveitou-a, colocando o Sporting a vencer com um tiro à queima-roupa. Nada mau para quem tem as suas funções em campo, ainda que se tenha deixado antecipar noutro cruzamento promissor, dessa feita vindo da esquerda. Nada havendo de estruturalmente errado no jovem brasileiro, não menos verdade será que causa arrepios a ideia de que seja a única opção do Sporting para a posição 9 a dois dias do fecho do mercado.
Borja (1,5)
Entrou para refrescar a defesa e ficou ligado à reviravolta que deu os três pontos ao Rio Ave. No lance da terceira grande penalidade é ele quem coloca o avançado adversário em jogo, “obrigando” Coates a arriscar um corte que já seria difícil caso estivesse nos seus dias.
Gonzalo Plata (-)
Teve direito a estrear-se na Liga NOS (algo que o mais dispendioso Rafael Camacho ainda não teve...) quando o jogo se encaminhava para um fim cada vez mais triste. Só teve tempo para fazer duas ou três faltas e controlar mal a bola na última jogada de relativo perigo urdida pelos leões.
Marcel Keizer (1,0)
Perdeu a liderança do campeonato com estrondo, em contraste com o silêncio dos sepulcros com que assistiu à hecatombe física e anímica da sua equipa na segunda parte.A hesitação do holandês no que toca a mexidas (mais uma vez nem sequer esgotou as substituições), mesmo vendo que quase todos os jogadores não podiam com uma gata pelo rabo, é uma demonstração clássica daquilo que separa o actual treinador do Sporting de alguém que possa ser campeão nacional. À falta de melhores soluções, incluindo a convocação de Pedro Mendes, o ponta de lança dos sub-23, até aquele seu antigo talismã chamado Diaby poderia ter dado algum jeito em campo. Keizer vollta a ter o lugar em perigo, por culpa própria.
Da derrota em casa frente ao Rio Ave. À quarta jornada, cinco pontos perdidos: dois contra o Marítimo no Funchal e agora mais três, perante a equipa vilacondense, muito bem organizada e treinada por Carlos Carvalhal. Uma derrota por 2-3 que acontece quando seguíamos em primeiro na Liga (já fomos ultrapassdos pelo Famalicão e até pelo Boavista) e quando vencíamos por 2-1 a sete minutos do fim do tempo regulamentar. Um verdadeiro balde de água gelada testemunhado ao vivo pelos 37.942 adeptos que nos deslocámos a Alvalade. Pormenor a reter: não perdíamos em casa com o Rio Ave desde a temporada 2012/2013, de péssima e ultrajante memória.
De Coates. Noite de pesadelo para o central uruguaio: jamais esquecerá este desafio, que não deveria ter jogado. É ele quem está na origem dos três golos do Rio Ave - todos marcados de grandes penalidades, assinaladas aos 4', 83' e 86'; todos originados em faltas ou supostas faltas cometidas por ele próprio. Expulso aos 89', saiu de campo com a noção de ter provocado o naufrágio da equipa. É verdade, em boa parte. Mas a culpa principal nem sequer é dele.
Do nosso processo defensivo. Em cinco jogos, 11 golos sofridos. Motivo mais do que suficiente para que se acendam todas as luzes de alarme em Alvalade. Na linha do que já sucedera na pré-temporada. Sem que se tivessem registado melhorias de então para cá.
De Wendel. Pela segunda partida consecutiva, voltou a revelar-se um dos piores em campo - imitando a paupérrima exibição de Portimão. Recuado no terreno, cobrindo a ala esquerda do nosso meio-campo defensivo, desposicionou-se a todo o momento, contribuindo para franquear o caminho aos velozes adversários, que devido à falta de oposição do brasileiro (e também de Idrissa, seu parceiro na dupla de pivôs defensivos) colocavam com toda a facilidade a bola nas costas dos nossos defesas. Wendel não tem talento nem vocação para médio defensivo, como é evidente. Um erro de casting tão clamoroso que custa a entender por que motivo Keizer insiste nele para essa função e também porque não o deixou no balneário ao intervalo.
Da escandalosa perdida de Acuña. O internacional argentino, que começou a lateral e avançou para ala aos 79', quando Vietto deu lugar a Borja, até teve intervenção preciosa no nosso primeiro golo, ao fazer um notável sprint que lhe permitiu evitar que a bola saísse pela linha final e cruzar para a grande área, possibilitando o pontapé de meia distância disparado por Bruno Fernandes. Mas aos 88', com a baliza à sua mercê, não conseguiu melhor do que cabecear ao poste direito da baliza do Rio Ave. Se a bola entrasse, ficaríamos a ganhar 3-2 e o desfecho do jogo teria sido bem diferente.
Do árbitro João Pinheiro. Este apitador, que já não devia ter lugar nos relvados portugueses, inventou o segundo penálti, validando o mergulho do avançado iraniano Taremi, sem sequer se dar ao incómodo de visualizar as imagens do lance, que estavam à sua disposição. Em vez de lhe exibir o amarelo por simulação, apontou para a marca dos 11 metros. Ninguém duvida: nenhum árbitro português se atreveria a marcar três penáltis ao Benfica na Luz ou ao FC Porto no Dragão. Mais vergonhoso ainda foi verificar que esta decisão manifestamente errada, no segundo lance, passou sem uma correcção do vídeo-árbitro. Tal como ficou impune um claro derrube de Raphinha, empurrado pelas costas na grande area, aos 25', por um adversário que usou as duas mãos para o efeito. Pinheiro teve clara influência no resultado, sonegando dois pontos ao Sporting. Espantosamente, o ainda treinador da nossa equipa deixou passar isto em claro, por manifesta falta de coragem, na conferência de imprensa. Valeu-nos o corajoso protesto de Bruno Fernandes, em declarações à Sport TV, logo após o desafio.
De Marcel Keizer. Só uma conclusão é possível: este treinador não serve para o Sporting. Inapto no aproveitamento dos jogadores (preferiu Diaby a Vietto nas primeiras partidas), recorrendo a um discurso sem a menor capacidade de motivar ninguém, revelando deficiente interpretação de jogo em que tivemos menos posse de bola, lento a reagir, incapaz de assumir riscos, o holandês levou um banho táctico de Carlos Carvalhal. Repetindo-se o que já sucedera frente a Bruno Lage na Supertaça, Nuno Manta Santos no Funchal e até com Sá Pinto em Alvalade, durante a segunda parte do Sporting-Braga, que só por manifesta infelicidade da equipa braguista não terminou empatado. Keizer parece encarar o Sporting como uma equipa pequena. Ontem, a ganhar por 2-1, pôs a aquecer dois defesas, Neto e Borja. Mexeu tarde e a más horas, e com as opções erradas: aos 79', mandou sair o eficiente Vietto, trocando-o pelo lateral colombiano; aos 90'+2, já com o Sporting a perder 2-3 e com apenas dez dos nossos em campo, faz entrar enfim Plata, em estreia absoluta: substituição inútil, queimando desnecessariamente o jovem jogador equatoriano numa espécie de lance desesperado. Outro pormenor incompreensível: pelo segundo jogo consecutivo, Keizer optou por não esgotar as substituições. Ninguém tenha dúvidas: o principal responsável por esta derrota é ele.
Gostei
De ter estado a ganhar durante mais de meia hora. Entre o nosso segundo golo, apontado por Luiz Phellype aos 53', e a conversão da segunda grande penalidade pelo Rio Ave, aos 86'. Parecia que iríamos conservar o primeiro lugar na Liga. Infelizmente, não foi assim.
De Vietto. Embora mais marcado do que no confronto anterior, em Portimão, voltou a revelar apontamentos de grande qualidade na leitura do jogo, na capacidade de passe, na qualidade dos dribles e até no apoio a situações defensivas. Parece render mais quando joga em apoio directo ao ponta-de-lança, embora nesta partida tenha actuado preferencialmente nas movimentações entre a ala esquerda e o corredor central.
De Bruno Fernandes. Culminando uma semana em que o seu nome continuou a dominar todas as notícias, numa espécie de leilão permanente em torno da sua suposta transferência do Sporting, admira como toda esta intranquilidade não afecta o essencial do seu rendimento. Voltou a ser o melhor dos nossos jogadores em campo - atributo bem reflectido no nosso primeiro golo, aos 20', que começa a ser desenhado nos pés dele e é concluído também por ele, com um remate forte e bem colocado, a passe de Acuña, enquanto Luiz Phellype se movimentava bem sem bola, arrastando metade da defesa adversária. Foi o 50.º golo oficial de Bruno Fernandes com a camisola do Sporting. Desejamos que marque muitos mais.
Saí com a sensação de que poderia ter sido eu se estivesse no lugar de Coates. Levar de frente com tudo, assim à bruta, porque quem estava à minha frente devia ter tapado alguma coisa e não tapou nada é coisa que mói o discernimento do mais maduro.
No fim do jogo tive também pena de Wendel, o principal culpado em campo do descontrole que acabou por toma conta da equipa. Pena porque na verdade foi como pedir a um canhoto que passe a escrever com a mão direita sem lhe dar tempo para se adaptar. Pena ainda de Doumbia porque já deve ter percebido que assim não consegue aprender, evoluir, melhorar.
Foi preciso uma arbitragem sinistra e malévola para descarnar a absoluta inépcia de Keizer em todos, mas todos mesmo, aspectos do jogo. Desde Vercauteren que não se sentava tamanho idiota no banco do Sporting.
PS - Por falar em idiota, quem teve a ideia idiota de atrasar a entrada de "O mundo sabe que..." de modo termos de cantá-lo com o jogo já em andamento?
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