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És a nossa Fé!

Rescaldo do jogo de ontem

Gostei

 

Da vitória sem espinhas frente ao Estoril. Fomos à Amoreira, estádio tradicionalmente difícil, vencer por 2-0 a equipa que joga de amarelo, impondo-lhe o primeiro tropeção deste campeonato. Vingando de algum modo a derrota sofrida, pelos mesmos números, numa noite ventosa que nos afastou da disputa pelo comando da Liga 2017/2018.

 

Da fortíssima entrada leonina. À meia hora de jogo, já tínhamos fixado o resultado, com golos de St. Juste (13') e Edwards (21'), além de um cabeceamento de Matheus Reis à trave (11'), na sequência de um canto. Foi óbvia a intenção de marcar cedo: havia instruções nesse sentido de Rúben Amorim aos jogadores. Era o que se pretendia na sequência das duas derrotas antes sofridas, contra o FC Porto no Dragão e contra o Chaves em Alvalade. E assim foi: primeira parte de domínio absoluto do Sporting.

 

Da estreia de St. Juste a titular. O central holandês não podia desejar melhor. Figurou pela primeira vez no onze inicial, ficando Gonçalo Inácio no banco, e bastaram-lhe 13 minutos para se estrear também como artilheiro de verde e branco. Cabeceando livre de marcação, na sequência de um canto. Foi também o nosso primeiro golo em lance de bola parada nesta Liga 2022/2023. É quanto basta para o eleger como melhor em campo.

 

De Pedro Gonçalves. A primeira boa notícia, mal foi conhecido o onze titular, foi perceber que o rei dos marcadores do campeonato 2020/2021 recuperava a posição em que mais rende: lá na frente, integrando o trio do nosso ataque móvel. Produziu efeito: foram dele as assistências para os dois golos - a primeira na conversão de um pontapé de canto, a segunda desmarcando Edwards com notável precisão. Tem mesmo de jogar naquela zona do terreno e não mais atrás.

 

De Edwards. Se o tridente ofensivo desta vez foi eficaz, baralhando por completo as marcações da defesa estorilista, deve-se em larga medida ao desempenho do inglês, que criou desequilíbrios graças à sua boa técnica e ao sentido posicional de que dá mostras. Foi ele a bater o canto que originou a primeira grande oportunidade (bola à barra, por Matheus Reis) e a marcar o segundo, com notável frieza, driblando o guarda-redes. Missão cumprida.

 

De Matheus Reis. Titular como central à esquerda, deixando o corredor entregue a Nuno Santos, foi o elemento da nossa defesa que mais vezes se evidenciou na criação de desequilíbrios em situações de ataque. Revelou confiança, grande pujança física e elevados índices de concentração. Parece ter lugar garantido no onze titular, sem qualquer espécie de dúvida.

 

Da estreia de Sotiris. O jovem reforço grego jogou muito pouco, entrando só aos 89'. Mas revelou atitude, alinhando como interior esquerdo. Veremos se é mesmo candidato à sucessão de Matheus Nunes.

 

Do regresso de Porro. Após um jogo afastado, a cumprir castigo, o ala espanhol voltou em grande forma, vencendo quase todos os duelos individuais no seu corredor. Não tem concorrente sério para aquele lugar, está comprovado. Desta vez só lhe faltou o golo. E não foi por falta de tentativa: remate a rasar a trave aos 36'; livre muito bem marcado, a meia altura, levando a bola quase a raspar o poste esquerdo da baliza estorilista aos 70'.

 

Do apoio do público. Vibrante incentivo, durante todo o jogo, à nossa equipa pelos adeptos leoninos, contribuindo em larga medida para quase encher o estádio, que apresentou excelente relvado. Só faltou haver um árbitro à medida destes condimentos para que houvesse verdadeira festa do futebol. 

 

Que não tivéssemos sofrido golos. Após levarmos cinco nos dois desafios anteriores, desta vez as nossas redes ficaram intocáveis. Levamos agora tantos marcados como sofridos: oito.

 

 

Não gostei

 

De Adán. Que se passa com o nosso guarda-redes, peça vital para a conquista do título nacional em 2021? O espanhol parece desconcentrado e pouco confiante. Ontem cometeu dois lapsos que nos poderiam ter dado prejuízo. Ambos ao sair da baliza de forma precipitada - aos 18' e aos 25'. No primeiro lance, a falta de coordenação com St. Juste não foi a melhor, cabendo-lhe a ele a principal responsabilidade pois naquela zona é a vontade do guarda-redes que prevalece e é natural que o holandês ainda não tenha criado automatismos pois só ontem se estreou a titular.

 

Da lesão de Pedro Gonçalves. O nosso criativo foi atingido duas vezes durante a partida, chegando a assustar. Na segunda, já perto do fim do jogo, Amorim decidiu retirá-lo, trocando-o por Fatawu. Ficará agora sob observação. Esperemos que recupere a tempo do nosso primeiro compromisso europeu, contra o Eintracht, na próxima quarta-feira.

 

Dos assobios a Francisco Geraldes. O nosso ex-jogador, que hoje actua no Estoril, foi vaiado por parte da massa adepta leonina ao ser substituído, num desafio em que se destacou como principal organizador do jogo da equipa da casa. É uma estupidez tratar assim os profissionais formados em Alcochete que sempre honraram o símbolo do Sporting. Estupidez maior ainda porque Geraldes é Leão do coração.

 

Do árbitro Manuel Oliveira. Numa partida que estava a ser correcta, sem problemas disciplinares, decidiu ser o "rei do relvado" na segunda parte, apitando a torto e a direito e exibindo um festival de cartões totalmente absurdo: doze no total - sete para futebolistas do Sporting e cinco para os do Estoril. Dos nossos, viram o amarelo Edwards (57'), Adán (66'), Rochinha (78'), Coates (83'), Porro (86'), Ugarte (88') e Fatawu (90'+3). Árbitros como este senhor originam permanentes interrupções, diminuem o tempo útil de jogo e conseguem estragar qualquer espectáculo. Desrespeitando as instruções da Liga, este ano, para "apitar à inglesa", com critério largo e sem perder a noção de que o futebol é um desporto de contacto físico.

Rescaldo do jogo de ontem

Gostei

 

De vencer o Nacional em casa. Triunfámos por 2-0 - a mesma marca do épico desafio da primeira volta, realizado na Choupana, em noite de vendaval. Vitória categórica contra três equipas: o onze adversário (reduzido para dez aos 67'), o árbitro que fez vista grossa a uma grande penalidade cometida sobre Paulinho logo aos 7' e o vídeo-árbitro Luís Ferreira, incapaz de detectar um murro na cara de Daniel Bragança aos 45'+1 e um ostensivo agarrão a Coates aos 80'. 

 

De Jovane. Foi o homem do jogo, repetindo a excelente exibição daquela partida na Choupana, em que também fez o gosto ao pé. Rúben Amorim deu-lhe ordem de entrada para render Palhinha aos 62'. Fazia todo o sentido: mantinha-se o zero-a-zero inicial, a turma madeirense já estava remetida ao seu reduto, não precisávamos de um médio com características defensivas mas de um desequilibrador lá na frente. O jovem luso-caboverdiano cumpriu a missão com brilho: esticou o jogo, verticalizou o passe (notável, lançando Porro aos 65'), sofreu falta para expulsão já tardia de um dos sarrafeiros do Nacional. Fez magnífica assistência para golo, aos 83', picando a bola que sobrevoou a área e foi ter com Feddal, que lhe deu a melhor direcção: vinham mais três pontos a caminho. Cereja em cima do bolo: derrubado à margem da lei, na grande área, Jovane converte o penálti e sela o resultado aos 90'+2. Mostrando a alguns colegas como se faz. Parece fácil, mas é fruto de muito trabalho físico e mental.

 

De Coates. Cometeu um lapso defensivo aos 46', perdendo a bola em zona proibida. Mas em tudo o resto voltou a ser o líder de que a equipa tanto necessita nos mais diversos momentos do jogo. Foi ele a servir os colegas com diversos passes à distância bem calibrados (aos 42' e aos 43', por exemplo). Um desses passes, já no tempo extra, funcionou como autêntica assistência para golo: a bola é recolhida lá na frente por Jovane, derrubado em falta - de que decorreu o penálti e o nosso segundo. Nova missão de sacrificio e demonstração da versatilidade táctica do gigante uruguaio, que voltou a actuar como ponta-de-lança entre os minutos 80 e 87.

 

De Feddal. Como aqui escrevi no rescaldo da jornada anterior, funciona como complemento perfeito de Coates: o excelente rendimento de um não consegue ser explicado sem o sólido desempenho do outro. É uma das mais perfeitas parcerias defensivas alguma vez existentes no futebol leonino. Ao central marroquino só vinha faltando algum faro de golo nos lances ofensivos de bola parada, imitando o uruguaio. Também nisso evoluiu: é ele a abrir o marcador, de cabeça, aos 83'. Começa a tornar-se num segundo gigante, a justificar aplauso prolongado.

 

De Pedro Gonçalves. Desta vez não marcou. Mas jogou imenso, a merecer nota muito elevada. Parecia andar em todas as partes do terreno, abrindo linhas de passe, evitando marcações, sem nunca virar a cara a um confronto individual. Volta a estar em excelente forma. Ofereceu três golos a Paulinho: aos 70', aos 79' e aos 90'. E ele próprio esteve quase a marcar, num disparo aos 21', isolado perante o guarda-redes António Filipe, que lhe impediu o golo com bons reflexos.

 

De Luís Maximiano. Suplente de luxo para o nosso guardião titular, desta vez ausente por acumulação de amarelos(!), algo que só acontece ao Sporting com este sistema de arbitragem. Max estreou-se entre os postes nesta Liga 2020/2021 e correspondeu muito bem ao repto. Não porque tivesse muito trabalho, mas porque manteve sempre a concentração e demonstrou reflexos em momentos de apuro, como quando saiu sem hesitar, aos 46', neutralizando um lance perigoso. Ninguém diria que o seu anterior jogo para o campeonato havia sido a 25 de Julho de 2020.

 

Das oportunidades de golo. Doze, no total. Este foi o desafio em que dispusemos de mais claras oportunidades de fuzilar as redes adversárias. Objectivo que ficou por concretizar devido à boa exibição do guarda-redes adversário e a uma certa imperícia ou falta de sorte dos rematadores - com destaque para Paulinho. Além das grandes penalidades que ficaram por assinalar.

 

De outro jogo a marcar tarde. Sofre-se mais, mas assim o desfecho é duplamente saboroso. Esta foi a 12.ª partida em que conseguimos golos e pontos após o minuto 80. Confirmação inequívoca de que o Sporting está muito longe de ser uma equipa "com défice de estofo emocional", contrariando o bitaiteiro Joaquim Rita numa das suas "pérolas" mais desajustadas da realidade.

 

Do apoio vibrante dos adeptos. Largas centenas de sportinguistas acorreram ao encontro da equipa, saudando-a no trajecto entre Alcochete e Alvalade. E muitos, mesmo ainda impedidos de ver o jogo ao vivo apesar do fim do estado de emergência, foram incentivando os jogadores na garagem do estádio enquanto a partida decorria. Adoptando o lema que Amorim lançou: «Para onde vai um, vão todos.»

 

De estarmos invictos há 30 jogos consecutivos. Novo recorde batido. Desta vez ultrapassando a marca de 29 desafios do Sporting sem derrotas estabelecida em duas épocas diferentes por Fernando Vaz, no período 1969-1970. Igualamos agora um máximo de 30 partidas invictas do Benfica que remonta à década de 70 (com Jimmy Hagan e John Mortimore ao comando da equipa) e em data mais recente pelo FC Porto (treinado por André Villas-Boas e Vítor Pereira). Recorde que pode ser superado já na quarta-feira, em Vila do Conde.

 

Do nosso palmarés defensivo. Apenas 15 golos sofridos nas 30 partidas já disputadas. Só um golo nas nossas redes a cada dois jogos. Dezoito partidas sem sofrer um só golo. Isto ajuda a explicar por que motivo lideramos isolados o campeonato há 24 rondas consecutivas - outro máximo absoluto neste Sporting orientado por Rúben Amorim. Nunca nos tinha acontecido com treinador algum.

 

Dos 76 pontos somados até agora. Falta-nos disputar quatro "finais". Mas estamos apenas a uma vitória de conseguir um lugar de acesso automático à Liga dos Campeões. E faltam-nos duas, acrescidas de um empate, para garantirmos o título. Só dependemos de nós, sabendo que os nossos rivais se defrontarão entre si na quinta-feira: em caso de empate ou derrota na Luz, o FC Porto ficará ainda mais longe. Por agora permanece a seis pontos, enquanto o Benfica segue com menos dez. O Braga, que no início tantos apontavam como "equipa sensação" deste campeonato, caiu a pique: está 18 pontos abaixo do Sporting.

 

 

Não gostei

 
 

Do árbitro Manuel Oliveira. Sendo o futebol português o que é, e estando a classificação como está, enviam-nos um apitador do Porto - e notório adepto portista - para arbitrar esta partida. Tinha tudo para dar mal. E deu mesmo. Oliveira autorizou o arraial de sarrafada posto em prática pelos pupilos de Manuel Machado em Alvalade. O Nacional fez 30 faltas (assinaladas, fora as restantes) neste jogo mas ao intervalo, já com 25 cometidas, só tinha um jogador amarelado - tanto como o Sporting, pois Paulinho vira o cartão aos 31', por mero protesto, farto de ser carregado sem qualquer advertência aos robocops da Madeira. O mesmo Paulinho que aos 7' foi alvo de falta grosseira na grande área do Nacional sem qualquer consequência contra o prevaricador, um tal Júlio César, que só à oitava falta viu enfim o amarelo. O apitador - acolitado pelo VAR Luís Ferreira - fez igualmente que não viu mais duas faltas que justificavam penálti, por agressão e derrube de Daniel e Coates à margem da lei. Uma vergonha. 

 

De Manuel Machado. Se o paradigma do treinador da "velha guarda" é este, longa vida aos jovens treinadores. Técnicos como o "professor Machado", que dão ordem aos jogadores para travar por qualquer meio - lícito ou ilícito - as equipas adversárias, recorrendo em exclusivo ao jogo faltoso, estão a mais no futebol português. Este Nacional que na primeira meia hora de jogo já tinha feito 17 faltas bem merece a descida de divisão - com bilhete só de ida. E Machado que vá com ele.

 

Do festival de golos falhados. Excessiva ineficácia ofensiva de alguns jogadores leoninos - com destaque para Paulinho, que continua em jejum de golos. Desta vez até marcou, aos 35', mas não valeu pois Pedro Gonçalves, autor da assistência, arrancara em fora de jogo. Aos 11' mergulhou bem de cabeça para defesa muito apertada de António Filipe. Aos 45'+1, acertou no poste. Aos 70' e aos 90', voltou a estar quase, sem conseguir. Falhanços também de Nuno Santos (62') e Porro (65'), entre outros. 

 

Do 0-0 ao intervalo. O nulo que se mantinha ao fim dos primeiros 45 minutos trazia um travo de injustiça, em nada reflectindo o que se passara em campo. Felizmente foi rectificado na etapa complementar. Tarde de mais, para alguns adeptos impacientes, que gostam de ver tudo resolvido logo de início. Muito a tempo para outros - entre os quais me incluo.

 

De Daniel Bragança. Exibição modesta do nosso médio de construção, lançado por Amorim como titular em substituição de João Mário, que não saiu do banco. Mas o jovem formado em Alcochete não acelerou jogo, não criou desequilíbrios e desperdiçou o seu talento com passes lateralizados em vez dos lances de ruptura que o desafio exigia. Falta-lhe alguma robustez física para impor os seus inegáveis dotes técnicos.

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