Trincão marcou o nosso segundo, autêntica obra de arte, rasgando a defesa do Estoril
Foto: José Sena Goulão / Lusa
Gostei
Da vitória em casa frente ao Estoril. Domínio total do Sporting neste embate em Alvalade que só pecou pelo resultado escasso (2-0) face à exibição muito conseguida. Futebol de ataque, bem ligado, alternando a condução da bola pelos flancos e pelo espaço interior, baralhando as marcações estorilistas.
De Bellérin. Recém-chegado para substituir Porro, já marca. Titular ontem, assumiu-se como dono do flanco direito. Mas foi em incursão no corredor central que fez o golo inaugural da nossa equipa, em estreia absoluta como artilheiro de Leão ao peito - como se fosse um avançado, com toda a calma do mundo. Há dois anos que não marcava: na última vez, ainda actuava no Arsenal. No Barcelona e no Bétis ficou em branco. Em boa hora interrompeu o jejum. Ganhámos com isso.
De Edwards. Grande partida do ex-Tottenham combinando muito bem com Bellerín no corredor direito: parece que jogam juntos há muito tempo. Vários dos nossos lances mais perigosos partiram dos pés dele: cruzamento perfeito para a cabeça de Paulinho (18'), outros centros dignos de nota aos 58' e aos 90'+3. Ele próprio esteve a centímetros de marcar um golaço num remate em arco para o canto superior direito da baliza estorilista (39').
Do golo de Trincão. Após onze jogos em branco, o ex-Braga mostrou enfim um rasgo de génio. Aos 51' pegou na bola junto ao flanco esquerdo, levou-a em progressão, foi rasgando a defesa, tirou quatro do caminho e deixou o guarda-redes pregado - num lance à Messi, com a diferença de ter marcado com o direito, que é o seu pior pé. Mas nem parecia. Só para ver esta obra-prima valia a pena ter ido ao estádio. Podia ter bisado aos 63' e colocou muito bem a bola em Chermiti aos 90'. Após uma primeira parte em que pareceu desaparecido, despertou no segundo tempo - e de que maneira. Melhor em campo.
De St. Juste. Após meses de inactividade forçada devido a uma série de quatro lesões, parece enfim totalmente recuperado. E vai agarrando a titularidade como central à direita. Seguro, confiante, exibiu-se em alto nível. Agora já podemos dizer que é reforço.
De não termos sofrido qualquer golo. Dos 22 desafios já disputados neste campeonato 2022/2023, só mantivemos as nossas redes intactas em oito. Este foi um deles.
Da clara superioridade no nosso estádio. Até agora, onze jogos da Liga em casa com um balanço largamente positivo: nove vitórias. As partidas contra Chaves e FC Porto foram excepções à regra. Oxalá pudéssemos dizer o mesmo dos desafios já disputados longe de Alvalade.
Dos aplausos a Francisco Geraldes. O nosso antigo médio, formado na Academia de Alcochete, continua a ser muito estimado pelos adeptos. Aos 57', quando foi substituído, recebeu uma calorosa e espontânea salva de palmas. Merece este carinho.
Do árbitro Manuel Mota. Facto raríssimo no nosso campeonato: chegou ao fim do jogo sem exibir qualquer cartão. Critério largo, à inglesa, deixando a bola rolar sem interromper a partida ao menor contacto físico nem confundir futebol com festival de apito. É hoje dos poucos a mostrar-se assim em Portugal, valorizando o espectáculo e propiciando mais tempo útil de jogo. Ao contrário de Artur Soares Dias, João Pinheiro e mais uns quantos.
De termos vencido em três estádios nesta ronda. Continuamos em quarto lugar, mas agora mais perto dos postos que dão acesso à próxima Liga dos Campeões. Aproveitámos as derrotas do FC Porto no Dragão frente ao Gil Vicente (1-2) e do Braga em Guimarães (2-1).
Não gostei
Da ausência de Ugarte. O uruguaio ficou fora desta partida devido a uma falta totalmente escusada que lhe valeu um amarelo - o nono neste campeonato. Mas a posição 6 foi bem entregue a Morita, que desempenhou a tarefa sem problema e ainda arriscou várias incursões para zonas mais adiantadas do terreno.
De ver Pedro Gonçalves fora do trio ofensivo. Após bisar em Chaves, jogando onde melhor exibe a sua veia como finalizador exímio, o maior marcador da Liga 2020/2021 voltou a ser remetido ao meio-campo. Ali parece escondido do jogo, mas está apenas a cumprir a missão táctica que o treinador lhe confia. Gostava de o ver de novo lá na frente nos próximos desafios.
Do tangencial 1-0 ao intervalo. Sabia a pouco após várias oportunidades que ficaram por concretizar. Pelo menos quatro.
De Paulinho. Outro jogo em branco. Desta vez teve uma boa oportunidade, quando Edwards lhe pôs a bola na cabeça em posição frontal: o remate saiu forte, mas de modo a permitir uma boa defesa do guarda-redes. Ficou-se por aí. Mas só cedeu lugar a Chermiti aos 67'. Nos 89 desafios que já cumpriu de verde-e-branco nestes dois anos, marcou 28 golos atá agora. Número escasso para um avançado-centro.
Das enormes clareiras nas bancadas. Apenas 22.300 espectadores viram ao vivo este Sporting-Estoril, iniciado às 19 horas de ontem, segunda-feira. Muito poucos: há cada vez mais gente a perder o hábito de ir ao estádio. Foi a mais fraca assistência para o campeonato nesta época.
Do triunfo em casa frente ao V. Guimarães. Vitória concludente contra a equipa minhota, que vinha de sete jogos sem perder (seis para a Liga, um para a Taça) e estava à nossa frente no campeonato. Resultado: 3-0, com 2-0 ao intervalo. Domínio total do onze leonino, sem que Adán necessitasse de fazer uma só defesa. Teremos mesmo dado um pontapé na crise após três jogos seguidos sem vencer?
De Morita. Regressou à equipa após breve afastamento por lesão. E veio em boa forma. Foi um dos mais acutilantes no primeiro tempo. Marcou o segundo golo, rematando com o pé esquerdo. Já aos 20' propiciara a defesa da noite a Bruno Varela com um tiro fortíssimo que levava selo de golo. Amarelado aos 15', saiu ao intervalo por precaução. Exibição muito positiva do internacional japonês, já convocado para o Mundial - onde defrontará Alemanha, Espanha e Costa Rica.
De Porro. Sempre um dos mais inconformados. Joga no limite, procurando acelerar o jogo. Foi dono e senhor no flanco direito. Bom desempenho, coroado com o pontapé que levou à marcação do primeiro golo, aos 34', que Edwards desviou para a baliza. Grandes cruzamentos aos 18', 51' e 55'. Um dos obreiros desta vitória.
De Edwards. Melhor em campo. Entrou aos 33, substituindo um inócuo Nazinho, e logo no minuto seguinte o Sporting abriu o marcador, com a bola cabeceada por Porro a tabelar nele e a entrar. Aos 40', assistiu Morita no segundo. E aos 55' voltou a marcar, coroando uma jogada individual de insistência contra a muralha vitoriana. Assim fixou o resultado, com um potente remate em arco que ainda embateu num defesa, traindo Bruno Varela. O inglês, ex-jogador do Vitória, não festejou. Mas nota-se que é cada vez mais influente de Leão ao peito. Oxalá permaneça na equipa após o mercado de Inverno.
De Matheus Reis. Desempenho irrepreensível do brasileiro, que entrou como central à esquerda mas actuou principalmente como lateral ou até médio-ala, ajudando a esticar e alargar o jogo leonino. Foi ele, de longe, o defesa mais incursor no meio-campo adversário com diversos passes de ruptura (20', 29', 31') e assistência no primeiro golo.
De St. Juste. Continua sem fazer um jogo completo de verde e branco. Mas voltou a demonstrar talento ao substituir Coates, iam decorridos 64'. Atento nas coberturas, veloz na recuperação do espaço, capaz de romper linhas com passes bem medidos. Merece mais tempo de jogo. A equipa beneficiará com isso.
De Rúben Amorim. No dia em que cumpriu 100 jogos como treinador na Liga - e 125 jogos ao serviço do Sporting - viu a estrelinha voltar a brilhar quando o árbitro Manuel Mota decidiu expulsar o vitoriano Afonso Freitas, com segundo amarelo, logo aos 27'. Jogar contra dez a partir daí foi decisivo para dar inspiração e confiança à nossa equipa. O treinador recebeu mensagens de incentivo no estádio, por escrito e verbalmente, e desta vez as suas apostas foram bem-sucedidas. Quando urgia rectificar, não hesitou em fazê-lo (troca de Nazinho por Edwards, saída de Morita para evitar um segundo amarelo, substituição de Coates já com o jogo em 3-0 para poupar o capitão ao acréscimo de fadiga muscular). Esta noite terá bons motivos para dormir tranquilo.
De não termos sofrido golos. Há quase dois meses que não sucedia. Desde a goleada (4-0) ao Portimonense em casa, em 10 de Setembro. Vínhamos de dez jogos para todas as provas sempre com as nossas redes devassadas.
De subirmos na classificação. Éramos sextos no início desta partida, ultrapássamos o V. Guimarães, que estava à nossa frente. E para já também o Casa Pia, que amanhã enfrenta o Braga. Tendência ascendente, agora com 22 pontos: é disto que precisamos.
Não gostei
De ver o estádio com pouco mais de metade da lotação. Desta vez só compareceram 27.324 espectadores nas bancadas de Alvalade. Consequência directa do mau momento que tem atravessado a nossa equipa, já afastada da Taça de Portugal e da Liga dos Campeões, e com fraquíssimo desempenho neste primeiro terço do campeonato 2022/2023.
De Sotiris. O treinador voltou a mostrar-lhe confiança, fazendo-o entrar aos 64', para poupar Ugarte a maior desgaste. Mas o médio grego ainda está longe de justificar a presença na equipa principal. Falta-lhe concentração, discernimento e disciplina táctica. Aos 85' precipitou-se e entregou a bola ao adversário. Noutro contexto, de maior responsabilidade e frente a uma equipa mais perigosa, poderia ter causado dano.
De Rochinha. Fez toda a segunda parte, substituindo Morita, mas foi muito inferior ao japonês. Inofensivo nas incursões atacantes, improdutivo na manobra colectiva, incapaz de se revelar um verdadeiro reforço.
De não termos marcado mais um golo. Foi só quanto faltou para que esta expressiva vitória se transformasse em goleada.
1) Diz a estatística que o Sporting cometeu 15 faltas e o Rio Ave 6. De facto os números dizem que o árbitro apitou 15 vezes contra o Sporting e 6 contra o RA. Convido-vos a reverem o jogo na box e é possível que concordem que o miserável Mota soprava no apito cada vez que um avícola se espojava no chão a espernear de dores excruciantes depois de perder a bola, ao passo que, por exemplo, uma falta evidente sobre Trincão à entrada ou já dentro da área passou em claro, além de outras trancadas desferidas com impunidade. O cartão amarelo a Ugarte foi outra indignidade que ele já trazia preparada, além dos olhares coruscantes lançadas a Pote e a Matheus Nunes, danadinho para os admoestar. Este Mota é um finório e perpetrou uma arbitragem subtil, mas não menos acintosa. Não se deixem enganar.
2) Os primeiros 20' do jogo do Sporting foram penosos. Circulação de bola exaustiva no meio-campo e nenhum remate à baliza. Na verdade, aqueles minutos puseram o autocarro do RV e o atrelado estacionados à frente dele, a abanarem para cá e para lá, feitos parvos a correrem atrás da bola, até se desengoçarem. As contas fazem-se no fim e aquilo que parece um problema afinal pode ser uma solução. O futebol vê-se com paciência.
3) É sina dos sportinguistas viverem rodeados de lampiões e tripeiros no dia-a-dia. Ir a Alvalade deveria ser, por isso, entrar numa zona livre dessa peste. Mas os cretinos da JuveLeo lá estão para trazer à baila cânticos sobre a vida matrimonial dos lampiões e sobre as práticas sexuais do tripeiros. Porra, que até em Alvalade o nome dessa gente acaba por aparecer. E o pior é que apesar das vaias incomodadas da maioria do estádio, eles insistem, insistem... Quando é que a máfia das claques é erradicada?
Das alterações promovidas pelo treinador. Uma forçada, duas por opção técnica. Paulinho, lesionado, cedeu lugar a Edwards no onze titular. Neto foi central à direita, com St. Juste no banco, permitindo a Gonçalo Inácio alinhar à esquerda, sua posição natural. Ugarte foi o médio defensivo inicial, ficando Morita no banco. Três mudanças face ao onze titular que começou na jornada anterior, contra o Braga. Todas resultaram.
Da vitória clara contra o Rio Ave. Dir-se-ia que era o adversário ideal para esta nossa estreia nos jogos em casa da Liga 2022/2023. Não teria de ser assim: nos três jogos anteriores, para duas competições, a equipa de Vila do Conde agora regressada à principal divisão do futebol português tinha-nos imposto empates em Alvalade. Desta vez o enguiço quebrou-se. Com triunfo leonino por 3-0.
De Pedro Gonçalves. Errante na nossa frente de ataque, começando por integrar o tridente ofensivo pela esquerda, como mais gosta, voltou a ser crucial para nos render os três pontos. Com dois golos: o primeiro à ponta-de-lança clássico, encostando em posição frontal para desfazer o nulo que se mantinha aos 36'; o segundo após tabelinha de luxo com Trincão fixando o resultado aos 75' num toque de classe à mercê de poucos. E ainda mandou uma bola à barra, quatro minutos depois. O homem do jogo.
Do golão de Matheus Nunes. A partir dos 20 minutos, dada a dificuldade do Sporting em romper linhas perante a compacta muralha defensiva vilacondense, terá havido instruções expressas do treinador para recorrer aos remates de meia-distância. E assim aconteceu, pondo à prova a resistência adversária e a pontaria dos nossos jogadores. Nenhum tão brilhante como Matheus Nunes, que marcou o segundo - primeiro da sua conta pessoal nesta Liga - num espectacular tiro, absolutamente indefensável, que fez levantar o estádio aos 67'. Candidato desde já a um dos melhores golos do ano.
De Edwards. Começou na frente do ataque, como falso ponta-de-lança, mas cedo descaiu para as alas, em movimentos de ruptura, criando desequilíbrios. Em duas dessas situações assistiu para golo. Foi ele a desenhar o primeiro, em brilhante manobra da direita para o centro perto da linha final, limitando-se Pedro Gonçalves a encostar para as redes; foi ele a assistir Matheus, no flanco oposto, para o segundo. Só lhe faltou marcar também para ser o melhor em campo. Sério candidato a manter-se no onze titular.
De Trincão. Começa a ver-se aquele que foi o reforço mais sonante deste Sporting da nova temporada. De início algo inconsistente, preso às marcações. Mas foi-se soltando, evidenciando boa técnica individual, neste seu segundo jogo oficial de verde e branco. Aos 26', num pontapé cheio de colocação, desferiu um tiro à trave. E assistiu Pedro Gonçalves no terceiro, em combinação perfeita com o colega. Como se jogassem juntos há vários anos. Mereceu os aplausos escutados aos 80', quando foi substituído.
De Ugarte. Regressado de lesão que o impediu de integrar o lote inicial de jogadores na partida contra o Braga, recuperou o lugar no onze. E cumpriu a missão de que Rúben Amorim o investiu: fazer de Palhinha, como primeiro dos nossos defensores, embora uns metros mais à frente pois o Rio Ave fechou-se muito no seu reduto. Foi ele o primeiro a tentar romper a muralha adversária num pontapé de meia-distância, aos 21'. Aos 40', noutro remate, fez a bola rasar a trave. Campeão das recuperações: destacou-se neste domínio. Já amarelado, deu lugar a Morita aos 65'. Missão cumprida.
Do nosso domínio absoluto. Desta vez não nos limitámos a exibir "posse de bola": soubemos mesmo o que fazer com ela. Criando oportunidades em série que podiam até ter duplicado o número de golos. Enquanto o Rio Ave não dispôs sequer de uma situação concreta para marcar.
De termos mantido as redes imaculadas. Nem uma ameaça séria à nossa baliza: folha limpa após os três sofridos em Braga. Assim é que é.
Dos seis golos em dois jogos. Começamos bem neste domínio, revelando capacidade ofensiva superior à da época passada. Há que manter este registo, mesmo sem ponta-de-lança titular. Numa equipa que adoptou como lema «onde vai um, vão todos» a palavra de ordem passa a ser «se um marca, os outros marcam também».
Da arbitragem de Manuel Mota. Com critério largo, sem interromper a partida por tudo e por nada no excelente relvado de Alvalade nem procurar ser ele o protagonista com recurso ao apito, permiitiu que os lances fluíssem. Foi ajudado pelos jogadores, há que reconhecer. O espectáculo saiu valorizado: poucas paragens, 62' de tempo útil de jogo - média muito superior ao habitual. Só assim nos aproximaremos dos melhores parâmetros do futebol europeu.
Da sentida homenagem inicial a Chalana. Exemplar desportivismo num estádio com 31.760 espectadores quando se honrou a memória do craque do Benfica - e da selecção nacional - há dias falecido.
Do aplauso do estádio a Esgaio. O lateral nazareno entrou aos 80', rendendo Porro. Ocasião apropriada para uma das notas desta noite amena em Alvalade: ovação vibrante ao jogador, que teve um deslize em Braga e foi injuriado pela matilha do costume nas redes ditas sociais. Estas palmas a um brioso jogador da nossa formação funcionaram também como expressiva vaia à tal matilha, letal ao Sporting.
Não gostei
Do resultado ao intervalo. Aquele 1-0 sabia a pouco. E não dava garantias suficientes de que a vitória tangencial pudesse ser mantida num lance fortuito do Rio Ave capaz de encaminhar a bola para a nossa baliza. Merecíamos mais face às oportunidades criadas.
Dos 20 minutos iniciais. Demasiada troca inconsequente da bola, para o lado e para trás, enquanto os de Vila do Conde cortavam com eficácia as nossas linhas de passe. Era preciso romper aquele cerco. O primeiro a lançar o aviso foi Ugarte, de meia distância. Edwards seguiu-lhe o exemplo três minutos depois, aos 24'. Estava dado o mote para o que viria a ser uma vitória que até pareceu demasiado fácil.
De St. Juste. Segundo jogo oficial, novamente relegado para o banco sem integrar o onze inicial. Desta vez, com Gonçalo bem encaixado como central à esquerda, Neto teve prioridade à direita. O holandês entrou só aos 72', claramente para ganhar minutos que possam compensar o facto de quase não ter feito pré-temporada por lesão. Está ainda longe da melhor forma, indiciando que também não será titular na próxima ronda, no Dragão.
O "colinho" de que beneficiou o Benfica no Funchal, tal como aconteceu no Braga-Farense
Vai por aí uma celeuma enorme, alimentada pelos comentadores mais hipócritas e tendenciosos, a propósito do primeiro golo do Sporting no confronto com o Moreirense, devido a um prévio ressalto da bola, que bateu na coxa de Pedro Gonçalves e lhe roçou no cotovelo antes de o jogador a ter encostado para a baliza. Houve até pelo menos um canal de televisão que, segundo me garantem amigos que o frequentam, dedicou grande parte de um serão "informativo" a debater tão magna questão.
Onde andam agora os tais comentadores e os tais canais depois de o vídeo-árbitro Vasco Santos ter induzido em erro o árbitro António Nobre no Braga-Farense ao mandar anular um golo limpo da equipa algarvia por alegada deslocação de Ryan Gauld que nenhuma imagem comprova? Se esse golo tivesse sido validado, como inicialmente foi, os braguistas ficariam com um empate em vez da vitória tangencial por 1-0 conseguida nesse jogo.
Onde andam agora os tais comentadores e os tais canais depois de o árbitro Manuel Mota (nosso velho conhecido...) ter assinalado como livre favorável ao Benfica um pisão de Gabriel a Jean do qual resultou o golo solitário dos encarnados frente ao Marítimo? Golo que permitiu ao SLB sair da Madeira com três pontos, vencendo por um fraudulento 2-1, e habilitou o treinador encarnado a exibir o seu baixo nível, insultando o treinador do Marítimo, o Elvas-Clube Alentejano de Desportos - que já lhe deu resposta apropriada - e uma repórter da Sport TV.
Não bastava o campo estar inclinado durante os jogos. Cada vez mais se vai inclinando também depois dos jogos, quando entram em cena os comentadores televisivos do "critério duplo", capazes a todo o momento de apregoar mentiras por verdades.
Manuel Mota é um dos ábitros agora mais em foco na cascata de revelações sobre os correios electrónicos trocados entre o ex-árbitro Adão Mendes - ponta-de-lança encarnado nas estruturas do apito - e responsáveis do Benfica, a partir da temporada 2013/14.
Convém lembrar aqui, a propósito, uma das mais vergonhosas arbitragens de Mota - protegido de Adão Mendes e muito elogiado pelo capo dos cartilheiros, Carlos Janela - nessa mesma temporada. Numa demonstração prática do velho aforismo: não há coincidências.
Análise à prestação de Manuel Mota, árbitro do Famalicão-Sporting, na imprensa de 14 de Outubro:
Record: «Perdou um cartão vermelho a Jorge Miguel (agressão a Alan Ruiz), não marcou um penálti por mão de Medeiros e não soube gerir o jogo disciplinarmente. Ainda pior do que o jogo...»
Marco Ferreira, Record: «Penálti por assinalar aos 65': Medeiros domina a bola com o braço na área após centro de Bruno César. Vemelho por assinalar aos 44': Conduta violenta de Jorge Miguel, que atinge a coxa de Alan Ruiz com a sola da bota já depois de o árbitro interromper o encontro.»
A Bola: «Exibição fraca do árbitro, a coincidir com a qualidade do jogo. Perdoou um penálti ao Famalicão por mão de Medeiros na área e também foi brando no capítulo disciplinar.»
Jorge Pessoa e Silva, A Bola: «Não foi nada bonito, Jorge Miguel. Cravou os pitons na coxa de Alan Ruiz por maldade, depois de o ter abalroado, tal como a Elias (44'); puxou o braço atrás para atingir Gelson na cara, com o cotovelo (67'). Duas agressões que o árbitro não viu. Foi feio, muito feio!»
Depois da nota negativa a Duarte Gomes, o senhor de apito a quem o Sporting deve a prematura eliminação da Taça de Portugal pela sua vergonhosa actuação no estádio da Luz, a história repete-se agora com Manuel Mota: segundo noticia o Record, o cavalheiro de Braga que anulou um golo limpo à nossa equipa foi avaliado também com nota negativa pelo observador da arbitragem que assistiu ao Sporting-Nacional. De nada lhe serviu ter como testemunha abonatória míster Manuel Machado, único indivíduo capaz de descortinar uma falta inexistente a 70 metros do respectivo bigode.
Contra estes incompetentes, que arrastam o futebol português pela lama, é que eu gostaria de ver enérgicas tomadas de posição da APAF.
"Vamos à biomecânica. Nós temos uma coisa chamada centro de gravidade, mais ou menos situado a meio do corpo. Quando um jogador empurra nas costas o seu adversário, este, se cair, cai para a frente. Reparem como cai o Miguel [defesa do Nacional]: de costas. Ora um jogador que é empurrado não pode cair de costas como ele caiu. (...) Aceito que haja ali um momento de contacto, mas tenho muitas dúvidas de que esse contacto seja suficiente para desequilibrar. Não houve falta. Devia ter sido validado o golo."
Jorge Gabriel, Trio d' Ataque, RTP informação:
"Um toque nas costas de um defesa do Nacional provocou-lhe flic-flacs à retaguarda. O jogador, depois de sentir a mão, deixa-se cair e depois atira-se de forma aparatosa para o relvado, o que é absolutamente caricato."
Eládio Paramés, Contragolpe, TVI 24:
"Não é falta. O golo devia ter sido validado. O contacto é uma coisa tão ligeira, tão normal, tão corrente hoje num jogo de futebol que estranho a marcação daquela falta. Aliás o comportamento da equipa de arbitragem durante o jogo pareceu-me bastante negativo. Foi uma má arbitragem."
Manuel Fernandes, Play-Off, SIC Notícias:
"Aquele golo limpinho e bonito que resulta de um bom cabeceamento de Slimani não podia ser anulado em parte nenhuma do mundo. Se ele está a arbitrar à inglesa, em Inglaterra ninguém anula um golo daqueles em nenhum momento."
Pedro Sousa, Contragolpe, TVI 24:
"O Manuel Mota, em 14 jornadas, tem cinco nomeações. Mas o mais interessante é que este árbitro não-internacional, de segunda linha, apita quatro vezes os grandes em cinco nomeações: o Benfica na Amoreira, o Benfica em Vila do Conde, o Porto em Belém - com um erro grave no Belenenses-FC Porto - e este agora. Não deixa de ser curioso. Não percebo estes critérios de nomeações do Vítor Pereira."
Rui Sinel de Cordes, Contragolpe, TVI 24:
"É claro que o golo devia ter sido validado."
Miguel Guedes, Trio d' Ataque, RTP informação:
"Do meu ponto de vista, não há falta do Slimani sobre o Miguel."
Rui Pedro Brás, Contragolpe, TVI 24:
"Estamos todos de acordo: Slimani não fez falta. O golo devia ter sido validado."
Manuel Fernandes, Play-Off, SIC Notícias:
"Aquela entrada violentíssima sobre o Jefferson é cartão vermelho directo em qualquer parte do mundo."
"Manuel Mota anulou um golo que pareceu regular de Slimani, aos 65 minutos."
António Tadeia, Record
"A falta assinalada a Slimani não se justifica."
Jorge Coroado, O Jogo
"Os sportinguistas entenderão - e com aceitáveis razões - que Slimani marcou um golo limpo, que teria dado os três pontos essenciais à manutenção do primeiro lugar isolado. Não foi esse o entendimento de Manuel Mota, um árbitro de qualidade insuficiente."
Vítor Serpa, A Bola
"Antes do golo anulado a Sllimani, Montero empurrou Marçal e o juiz ignorou. Depois, apesar do argelino tocar em Miguel Rodrigues, não dá ideia de o ter feito de forma irregular."
Luís Avelãs, Record
"Montero usa os braços, mas não derruba Marçal nem o tira da jogada, e Slimani, ao saltar, não empurra o seu adversário; apenas tem um ligeiro contacto com Miguel Rodrigues, mas não o tira da jogada nem o desequilibra."
Pedro Henriques, O Jogo
"O golo de Slimani foi anulado, para irritação da plateia. Polémica, claro. Não houve falta de Slimani."
Miguel Cardoso Pereira, A Bola
"No primeiro tempo [Manuel Mota] deixou passar em claro lances perigosos sem apitar."
António Tadeia, Record
"No lance mais vistoso, [Manuel Mota] decidiu erradamente."
Jorge Coroado, O Jogo
"Slimani dá passo atrás e cabeceia para o golo, nas costas de Miguel Rodrigues. Slimani não faz falta."
A arbitragem de Manuel Mota e seus hábeis auxiliares - pelos erros cometidos, pela dualidade de critérios, pelo que deixou fazer de anti-jogo e de jogadas violentas, pela profusão de cartões amarelos a jogadores nossos, o golo invalidado - enche-me de receio. Penso que a corporação dos árbitros, e o poder repartido que os nossos dois rivais detêm na comissão de arbitragem, nos fez um aviso claro: «não pensem que vai ser fácil, contem connosco!». Os truques permitidos e as vantagens dados ao adversário transformaram, apenas, o tradicional em produto sofisticado. A malha grosseira em renda de bilros. O 'de sempre' reapareceu. É um aviso sério. «Estamos aqui», disseram eles. Vigilantes, como habitualmente. Manuel Mota merecia o prémio de «homem do jogo». Sei que valho pouco, mas votei nele.
De ver o estádio quase cheio. Éramos mais de 38 mil nas bancadas de Alvalade - a segunda maior assistência até agora no campeonato. A puxar pela equipa do princípio ao fim neste jogo contra o Nacional.
De Adrien. Ganhou todos os lances disputados no meio-campo. De uma eficácia impressionante na recuperação de bolas e de uma precisão milimétrica a distribuí-las. Conquistou já, por mérito próprio, direito ao passaporte para o Mundial do Brasil. É impensável que Paulo Bento não aposte nele.
De William Carvalho. Os adjectivos banalizam-se ao analisar cada prestação deste grande jogador. Dá gosto vê-lo jogar: nunca desiste de um lance. Parece que a bola se lhe cola aos pés. Trava como nenhum outro as ofensivas adversárias e revela classe indiscutível na construção do ataque leonino, tanto no passe curto como no passe longo.
Da exibição de Cédric. Incansável, soube desequilibrar sempre na sua ala. E fez uma assistência primorosa para o golo de Slimani, anulado pelo árbitro por razões que a razão desconhece.
De ver Slimani jogar 45 minutos. Fez bem Leonardo Jardim em dar mais tempo de jogo ao internacional argelino, embora de algum modo forçado pela lesão de André Martins. Oito minutos depois de entrar em campo, o avançado fez o remate mais perigoso do Sporting até àquele momento. E 20 minutos após a entrada marcou um golo que o árbitro decidiu anular, roubando dois pontos à nossa equipa. As imagens televisivas confirmam: não houve falta alguma.
Da primeira parte de Carrillo. Fintou, centrou, serviu os colegas, apoiou a defesa - com apontamentos brilhantes na ala esquerda. Fez uma segunda parte muito mais discreta, dando lugar a Wilson Eduardo aos 67', à beira da exaustão.
Que o Sporting tenha mantido a liderança do campeonato, embora agora igualado em pontos com FCP e SLB. Este será um Natal mais saboroso para todos nós.
Não gostei
Do árbitro. Manuel Mota, que veio de Braga, anulou vários ataques do Sporting por fora-de-jogo inexistente, sobretudo na primeira meia hora. Fez vista grossa a diversas acções violentas dos madeirenses contra os nossos jogadores, deixando impune uma agressão a Jefferson e duas faltas sobre Carrillo à margem das leis do jogo. E aos 65' invalidou um golo limpo de Slimani por alegada falta que só ele e o técnico do Nacional viram. Assim se estraga um bom espectáculo e se desvirtua (ainda mais) a verdade desportiva.
Do antijogo do Nacional. Os jogadores treinados por Manuel Machado demoraram uma eternidade a repor a bola em jogo, começando pelo guarda-redes nos pontapés de baliza e continuando em todos quantos fizeram lançamentos pela linha lateral. Sem que nenhum tenha sido alguma vez advertido pelo árbitro.
Do empate. O terceiro do Sporting em casa neste campeonato. Com o árbitro a impedir a nossa vitória, tal como já havia sucedido com o Rio Ave, revelando-se nesta matéria um digno continuador de Carlos Xistra.
Da exibição apagada de Capel. O andaluz costuma fazer a diferença, pela positiva. Mas desta vez não conseguiu libertar-se das teias que lhe foram lançadas pela defesa madeirense.
Da lesão de André Martins. Só espero que não seja grave.
Foto minha, esta noite, durante o jogo
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