Luiz Phellype é reforço do Santa Clara. O brasileiro de 27 anos, de quem muito desconfiei quando chegou da segunda divisão, em janeiro de 2009, surpreendeu e marcou oito golos na meia época de estreia. Mais, foi chamado a marcar o penalty festivo da final da Taça de Portugal, contra o FCP. Na época seguinte, marcou mais nove golos, antes de desaparecer, lesionado e ignorado. Phellype fez de Bas Dost quando Bas Dost, na sequência de Alcochete, não estava em si. E isso, não é coisa pouca. É pena que não tenha saído campeão.
O brasileiro entrou aos 64' e seis minutos depois marcava o golo decisivo, que nos valeu três pontos. Um golo de belo efeito, à ponta-de-lança, com forte cabeceamento (a fazer recordar Mário Jardel). Foi o melhor momento deste jogo, que praticamente só nos deu este motivo de alegria.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre LUIZ PHELLYPE:
- Pedro Boucherie Mendes: «É outro tipo de avançado, mais de encostar ou de moer defesas só por moer. Mas já marcou e já sacou uma penalidade.» (26 de Agosto)
- Luís Lisboa: «Um cada vez mais desmoralizado Luiz Phellype, uma sombra do que foi com Keizer.» (5 de Dezembro)
- Leonardo Ralha: «Perdido no relvado e fora de sintonia com os colegas, primou quase sempre por uma atitude indolente que reflecte o mau momento de forma física e anímica de quem chegou a parecer uma opção válida para o ataque do Sporting no final da época passada.» (18 de Janeiro)
- Eu: «Esta época correu-lhe pior, apesar de actuar como ponta-de-lança titular desde a saída de Dost. Levava nove golos marcados em todas as competições (média de 0,35 por jogo) quando se viu afastado dos relvados durante o resto da temporada devido a uma grave lesão no joelho, a 27 de Janeiro, durante o Sporting-Marítimo.» (11 de Março)
- JPT: «Nem Sporar nem o rapaz brasileiro de nome estranho são pontas de lança para uma equipa de topo.» (12 de Julho)
- Eduardo Hilário: «Tem qualidade para jogar no Sporting Clube de Portugal, mas não podemos esquecer que jamais poderá ser o titular. Necessita de concorrência para torná-lo mais competitivo e tirar pressão.» (5 de Agosto)
Na véspera de Natal de 2018, a gerência de Frederico Varandas anunciou a aquisição do seu primeiro reforço: o avançado Luiz Phellype, que jogava no Paços de Ferreira e se distinguira como melhor marcador da Segunda Liga.
O brasileiro, hoje com 26 anos, acabou por revelar-se útil logo no primeiro semestre equipado de verde e branco: marcou oito golos em 14 jogos na Liga (836 minutos), aproveitando as oportunidades que lhe foram surgindo quando era chamado a substituir o holandês. À média de 0,57 golos por jogo.
Esta época correu-lhe pior, apesar de actuar como ponta-de-lança titular desde a saída de Dost. Levava nove golos marcados em todas as competições (média de 0,35 por jogo) quando se viu afastado dos relvados durante o resto da temporada devido a uma grave lesão no joelho, a 27 de Janeiro, durante o Sporting-Marítimo.
Em 2019/2020 marcou ao Rio Ave, Portimonense (2), Paços de Ferreira, Santa Clara (2) e Moreirense, nas provas internas, e ao Lask Linz e ao PSV na Liga Europa.
Na relação qualidade/preço, a sua aquisição foi vantajosa: ficou-se pelos 500 mil euros, acrescidos dos empréstimos de Rafael Barbosa e Elves Baldé ao Paços. Valorizou-se seguramente em Alvalade, apesar da lesão, e poderá gerar lucro à SAD leonina quando soar o momento de nova transferência.
A entrada do Sporting em campo contra o Braga, ontem à noite, na Taça da Liga - em casa da equipa adversária e só perante 10 mil pessoas. Concedendo total domínio territorial ao adversário.
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Os 20 minutos que Silas demorou a rectificar os erros posicionais da equipa, com sucessivos passes falhados, quando o Braga dominava por completo o encontro, impedindo a saída do Sporting. Numa dessas perdas de bola, por Battaglia logo aos 8', nasceu o golo inicial da equipa anfitriã.
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O reconhecimento tardio de que o sistema de duplo pivô da primeira parte não funcionava, como se comprovou quando o técnico trocou Idrissa Doumbia por Bolasie logo após o intervalo.
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A inoperância dos homens da frente - ao ponto de ter sido Mathieu a marcar o golo leonino, aos 44', desmarcando-se com rapidez, a solicitação de Bruno Fernandes, numa bola parada. Luiz Phellype, que esteve 69 minutos em campo, voltou a ser uma nulidade.
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A tremideira no nosso processo defensivo, exemplificada no lance que conduziu à merecida expulsão de Bolasie, aos 61'.
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A defesa com linha de cinco a partir daí, com toda a equipa remetida ao seu meio-campo durante a meia hora final, na esperança de defender o empate (1-1), cedendo toda a iniciativa ao Braga. E sem chegarmos uma só vez nesse período à baliza adversária.
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A permanente atitude de equipa pequena, como se a turma minhota metesse medo a alguém. Mesmo com um jogador a menos, não havia justificação para isso: quem abdica por completo do ataque arrisca-se ainda mais a sofrer golo. Como se viu.
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O tempo de salto errado de Mathieu no golo da vitória do Braga, aos 90', permitindo que Paulinho a metesse lá dentro.
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A nossa equipa de cabeça perdida nos minutos finais, com expulsões de Mathieu e de Eduardo (que estava no banco).
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O péssimo ensaio geral de ontem contra o Braga para o campeonato: esse jogo vai disputar-se a 2 de Fevereiro.
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O adeus do Sporting à Taça da Liga, nesta meia-final em Braga, após dois anos de conquista do troféu. A meio da época, todos os objectivos internos redundaram em fracasso.
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Esta equipa cheia de fragilidades e desequilibrios. Mal construída, mal apetrechada, mal orientada, desmotivada e triste, no segundo pior Inverno de que há memória em Alvalade.
De perder com o Benfica. Segunda derrota em cinco meses frente ao nosso mais velho rival. Depois da goleada na Supertaça, no estádio do Algarve, ontem perdemos por 0-2 em Alvalade. Sete golos sofridos, nenhum marcado. Com dois treinadores. O da primeira derrota, Marcel Keizer, despediu-se praticamente com aquele péssimo resultado. Resta agora ver quanto tempo Silas irá aguentar.
Do onze inicial. Ter Battaglia (enfim recuperado) no banco e preferir Idrissa. Ter Neto já disponível e preferir Ilori. Ter Pedro Mendes enfim inscrito e preferir Luiz Phellype. Incompreensíveis opções do treinador para os titulares deste clássico. Nenhuma resultou.
Das péssimas construções ofensivas. Durante quase toda a primeira parte, a nossa saída com bola viu-se gorada em cerca de dois terços das situações devido à pressão alta exercida pelos jogadores do Benfica, obedecendo às instruções do seu treinador, Bruno Lage. Destaque pela negativa, neste capítulo, para Ilori, Wendel e Idrissa Doumbia.
Das substituições falhadas. Com o resultado em branco, aos 74', Lage apostou na vitória ao trocar Chiquinho por Rafa - arma secreta que saiu do banco e apontou os dois golos encarnados, aos 80' e aos 90'+9. Silas esperou demasiado para mexer na equipa, limitou-se a ser reactivo nas substituições e esteve mal nas trocas - Bolasie por Plata (79'), Idrissa por Pedro Mendes (86') e Camacho por Borja (90'+2).
De Ilori. Definitivamente, este jogador não tem categoria para integrar o plantel do Sporting. Os dois golos que sofremos nascem de erros dele - o primeiro ao propiciar que Rafa se apoderasse da bola numa série de ressaltos em zona proibida, o segundo ao entregá-la com um corte defeituoso. Há sete anos, fez questão de abandonar o Sporting, mostrando extrema ingratidão pelo clube que o formou. Agora somos nós que fazemos questão de que ele saia. Quanto mais cedo melhor.
De Idrissa Doumbia. Andou errante no primeiro tempo, parecendo sempre fora de posição, e demonstrou muita dificuldade em receber a bola e distribuí-la com critério. Impressiona, a sua debilidade no capítulo técnico - sobretudo num jogo desta dimensão, contribuindo para a intranquilidade da equipa. Tentou o golo, aos 63', mas sem pontaria.
De Wendel. Terá sido ontem o campeão dos passes falhados, em zonas cruciais do terreno. Silas mandou-o posicionar-se em linha com Idrissa na posição de médio defensivo - missão que não parece agradar ao brasileiro. Logo aos 2', numa perda de bola, permitiu que Gabriel se infiltrasse na nossa área. Aos 30', ao desinteressar-se de um lance junto à ala esquerda, foi ele a forçar Acuña a fazer falta para cartão amarelo. Revela défice de combatividade, sobretudo nas situações de bola disputada, em que parece fugir do contacto físico.
De Luiz Phellype. Voltou a ser uma nulidade, como já tinha acontecido frente ao FC Porto e ao V. Setúbal. Parece esconder-se do jogo: está sempre onde não é necessário e falha nos momentos cruciais. O cúmulo da sua ineficácia aconteceu aos 34', quando estava em claríssimo fora-de-jogo: procurou desviar a trajectória da bola disparada por Acuña, que foi certeira para o fundo das redes, sem conseguir tocá-la, mas interferindo no lance ao ponto de tornar ilegal o golo. Aos 57', viu um cartão amarelo (que bem podia ter sido vermelho) por uma falta absolutamente desnecessária muito longe de uma zona de perigo. Lento, apático, pesado, é sem dúvida um dos protagonistas deste fracassado Sporting 2019/2020 no terreno de jogo.
Do pavor que se apodera da equipa em cada lance de bola parada defensiva. Quase todos os jogadores do Sporting tremem nestas ocasiões, algo absolutamente incompreensível. Apetece perguntar o que fazem nas sessões de treino. E onde estão os especialistas em motivação competitiva e apoio psicológico prometidos pelo presidente da SAD no início da época.
Do árbitro Hugo Miguel. Deixou sem punir dois jogadores encarnados em faltas muito duras sobre Bruno Fernandes: primeiro o inimputável Pizzi, aos 38', que travou à margem das leis de jogo uma arrancada do nosso capitão que prometia terminar em golo; depois Gabriel, que agrediu Bruno com a mão no baixo ventre. A impunidade do costume: em termos disciplinares, o Benfica continua a ser um caso à parte, eternamente protegido pela arbitragem portuguesa. O caso só muda de figura quando joga nas competições da UEFA.
Da insegurança no Estádio José Alvalade. É inadmissível que os agentes policiais proíbam os espectadores que pagam os seus bilhetes de entrarem com bolos e sandes enquanto fazem vista grossa à entrada de material pirotécnico, como ontem sucedeu, levando à interrupção do jogo durante quase seis minutos e à debandada de muita gente que se encontrava nas bancadas, sobretudo com filhos menores, enquanto o relvado ardia e milhares de pessoas eram forçadas a inalar fumos tóxicos.
Da segunda derrota consecutiva em casa. Após termos cedido os três pontos frente ao FCP, aconteceu agora o mesmo contra o SLB. E ainda só estamos na primeira volta. Na segunda, teremos de ir a Braga, a Guimarães, a Vila do Conde, a Famalicão, ao Dragão e à Luz. De momento temos mais derrotas do que Benfica, Porto, V. Guimarães, Famalicão, Gil Vicente, Boavista, Marítimo e V. Setúbal.
Gostei
De Rafael Camacho. Exibição muito positiva do jovem extremo de 19 anos que veio do Liverpool no Verão passado. Desta vez actuou como titular e fez jus à prova de confiança que o técnico nele manifestou. Imperou no corredor direito, sobretudo na primeira parte, destacando-se igualmente em tarefas defensivas. Foi protagonista das duas únicas ocasiões de golo do Sporting: aos 13', levou a melhor no duelo com Ferro e rematou com força, levando a bola a embater no poste; aos 33', cabecou como mandam as regras à boca da baliza, forçando Vlachodimos a uma grande defesa. No segundo tempo, aos 65' e 66', protagonizou excelentes jogadas de ataque do Sporting.
De Acuña. Mesmo condicionado por um cartão amarelo quando ainda faltava mais de uma hora de jogo, não esmoreceu nem deixou de se entregar à luta. Foi sempre um dos elementos mais desequilibradores da nossa equipa e um dos raros que se mantiveram em bom nível do princípio ao fim. Merecem destaque uma recuperação de bola aos 6', um cruzamento perfeito para a cabeça de Camacho aos 33' e o golo que chegou a marcar no minuto seguinte, também num centro a partir da esquerda, invalidado por fora de jogo posicional de Luiz Phellype. Infelizmente, o cartão amarelo que o argentino viu nesta partida deixa-o fora da meia-final com o Braga para a Taça da Liga, já na próxima quarta-feira.
De Mathieu. Persiste em ser uma das escassas referências de qualidade no onze titular leonino. Destacou-se numa sucessão de cortes providenciais - aos 8', 29', 37', 56', 62' e 79'. Mesmo ao cair do pano, já aos 90'+8, tentou o golo com um remate acrobático que saiu ao lado. O internacional francês bem o teria merecido.
De Max. Sem responsabilidade nos golos sofridos, esteve em bom nível ao travar um tiro de Pizzi aos 12' e ao desviar para cima da baliza um cabeceamento de Gabriel, à queima-roupa, na sequência de um canto, aos 21'.
De Bruno Fernandes. Terá sido o seu último jogo de verde e branco em Alvalade? Se foi, merecia seguramente outro cenário. Sem tochas arremessadas para o relvado nem incêndios nas bancadas, sem greve aos aplausos promovida pelas duas claques leoninas durante o primeiro tempo, sem as faltas impunes que foi sofrendo ao longo da partida e sobretudo sem este triste resultado, que em nada se coaduna com o seu valor.
Tivesse o "derby" apenas 79 minutos e teria saído de Alvalade com a sensação de dever cumprido, seja a disfarçar as gritantes e abissais insuficiências dos colegas de titularidade ou a retirar do relvado as tochas com que as claques deram prova de vida nada inteligente no início da segunda parte – até então tinham ficado em silêncio, permitindo apurar o quanto as bancadas amorfas, passivas e afónicas estavam dispostas a ouvir os cânticos da claque benfiquista a ecoar em Alvalade. Ainda o jogo não tinha completado dois minutos e já o guarda-redes leonino estava a fazer uma mancha que impediu uma desvantagem precoce, aplicando-se da mesma forma para travar remates rasteiros e aéreos (apesar de os avançados benfiquistas tirarem escasso proveito da enorme superioridade no jogo de cabeça na grande área). Nada pôde fazer nos lances dos dois golos tardios que colocam o Sporting a 19 pontos do Benfica quando ainda falta disputar uma segunda volta em que será preciso visitar os estádios das melhores equipas da Liga. E muito provavelmente sem o contributo do maior dos quatro ases que ainda sobravam no baralho.
Ristovski (3,0)
Tem a grande qualidade de ainda pertencer ao Sporting que contava para o Totobola e nunca se esquece disso, enfrentando cada adversário pelo que vale e não pelo que as orquestrações de Jorge Mendes irão fazer com que supostamente vá valer. Ainda que pouco integrado na manobra ofensiva, o macedónio contribuiu para que alguma fraca gente, orientada por um fraco treinador, escolhido por ainda mais fraco presidente, ficasse perto de perturbar a narrativa da Liga NOS aprovada em comité.
Tiago Ilori (1,5)
Quando evitou o golo madrugador do Benfica, cortando com o rosto o remate dirigido para a baliza momentaneamente desprovida de guarda-redes, terá inquietado aqueles que lhe asseguraram a titularidade ao garantirem que Coates levaria um amarelo em Setúbal “by all means necessary”. Reforçou essa impressão com uma sucessão de cortes importantes que evitaram desventuras à equipa, embora o desacerto nos passes longos e nos lances de ataque fosse um indicador das suas reais (in)capacidades. E o central contratado pela mesma gerência que vendeu Domingos Duarte a desbarato acabou por não desiludir os fãs nos dois golos do Benfica, sobretudo no segundo, que nasce da sua abordagem suicida em dois momentos da jogada.
Mathieu (3,0)
O remate acrobático que executou no final do jogo saiu por cima da baliza do Benfica, e que já pouca diferença faria mesmo que tivesse entrado, serviu para recordar que o francês tem mais futebol no dedo mindinho do pé esquerdo do que alguns colegas de plantel teriam caso nascessem dez vezes. Concentrado nas bolas aéreas, generoso nas compensações e capaz de iniciar jogadas de ataque com um critério que falta a quase todos os jogadores leoninos, lamenta-se que se esteja a aproximar o final da carreira de um grande futebolista. E ainda mais que o seu maior objectivo nesta triste segunda volta que se inicia, passando à frente do eventual “tri” na Taça da Liga que fará as delícias dos irredutíveis da actual gerência do Sporting, seja assegurar a (difícil) qualificação do Sporting para a próxima edição da Liga Europa.
Acuña (3,0)
Nem o cartão amarelo que viu relativamente cedo, num lance em que foi traído por um inconseguimento de Wendel, limitou o argentino que faz da raça e da classe armas capazes de pôr adversários em sentido. Até marcou um golo notável, aproveitando o já conhecido e recorrente défice de ângulo morto de Vlachodimos, mas Luiz Phellype encarregou-se de o fazer anular devido ao seu posicionamento. Estando na iminência de ser promovido a estrela da equipa, ainda que nunca se saiba se algum génio da lâmpada o “basdostará” por uma dúzia de milhões de euros (ou até por uns feijões mágicos), dedicou-se a dar esperança num resultado melhor do que a encomenda. Mas voltou a não ser dia para isso.
Idrissa Doumbia (1,5)
A angústia do jovem médio ao ver-se rodeado por papoilas pressionantes é a imagem de marca do triste "derby" em que o Benfica passou a ter vantagem sobre o Sporting em jogos disputados em Alvalade. Incapaz de estar à altura do momento, perdeu a posse uma, duas, milhentas vezes, sendo certo que a sorte e os colegas impediram que os seus constantes erros tivessem as consequências catastróficas que poderiam ter. Centenas de quilómetros mais a Norte, João Palhinha esteve na vitória do Sporting de Braga na visita ao Estádio do Dragão, mas o mais certo é que nunca mais vista uma camisola que, a manter-se este rumo, será mais talhada para quem não consegue fazer melhor do que o pobre Idrissa, só retirado de campo quando o empate já estava desfeito e o buraco 19 mesmo ali à frente. Antes tivera o seu melhor momento, num remate colocado, à entrada da grande área, que Vlachodimos desviou para canto.
Wendel (2,0)
Ter maior familiaridade com a bola de futebol do que o colega de duplo "pivot" permitiu que evitasse cometer tantos “turnovers” quanto Idrissa, mas nem por isso os efeitos práticos da sua melhor técnica foram muito visíveis na construção de jogadas. Tarda a afirmar-se num meio-campo em que se arrisca a ser o elemento mais virtuoso.
Bruno Fernandes (3,0)
Talvez tenha feito o último jogo pelo Sporting, sendo improvável que o Manchester United lhe permita tentar juntar mais uma Taça da Liga ao palmarés pessoal, e uma derrota em casa contra um rival directo estará longe de ser a forma como sonharia despedir-se. Verdade seja dita que, embora pouco rematador, esteve ligado aos melhores momentos do Sporting. Logo no início, com uma assistência de longa distância que deixou Rafael Camacho frente a frente com o guarda-redes do Benfica, e numa arrancada em que o seu amigo Pizzi pôde fazer-lhe uma entrada assassina sem ver amarelo e sem evitar o passe para Bolasie, o qual rematou fraco e à figura. Massacrado pelos adversários, ao ponto de Gabriel ser amarelado por atingir o capitão leonino numas coordenadas que podem pôr em causa que a sua filha venha a ter irmãos, Bruno Fernandes voltou a demonstrar uma classe que não se encontra todos os dias, todos os anos ou todas as décadas. Se com ele na equipa já o Sporting estava à beira do abismo, a sua saída pode ser o passo em frente.
Rafael Camacho (3,0)
O excesso de pontaria que demonstrou ao rematar ao poste, engrossando as sobrenaturais estatísticas do Sporting nesta temporada, após aproveitar o passe longo de Bruno Fernandes e os pés de barro de um central com nome de Ferro, impediu que o Sporting fizesse o improvável. Também não teve sorte num cabeceamento que Vlachodimos conseguiu rechaçar, mas a verdade é que foi o único elemento do ataque à altura do emblema que trazia ao peito, conseguindo participar na construção de jogadas e tendo pés dotados o suficiente para driblar os adversários que foi encontrando pela frente. Espera-se que ganhe confiança e músculo, pois a partir daqui tudo se tornará ainda mais complicado.
Bolasie (2,0)
Ninguém lhe pode negar vontade e coragem, embora a sua “famosa” finta raras vezes engane alguém e o domínio de bola explique o ponto em que se encontra a sua carreira à entrada dos 30 anos. Tivesse tanto jeito para acertar com a bola na baliza quanto tem para produzir vídeos motivacionais e o Sporting estaria numa posição muito menos desesperada.
Luiz Phellype (1,0)
Teve concorrência de monta na luta pelo posto de pior em campo, mas sobressaiu pela forma como fez anular o golo de Acuña e teve de contar com a complacência de Hugo Miguel e de Jorge Sousa para que o seu amarelo nao assumisse outras cores. Perdido no relvado e fora de sintonia com os colegas, primou quase sempre por uma atitude indolente que reflecte o mau momento de forma física e anímica de quem chegou a parecer uma opção válida para o ataque do Sporting no final da época passada. A este não foi preciso que Ruben Dias desse um “abraço” na grande área...
Gonzalo Plata (1,0)
Desperdiçou os minutos que lhe deram, sendo incapaz de fazer melhor do que, mal ou bem, Bolasie ia tentando fazer.
Pedro Mendes (1,0)
Talvez seja de o testar em melhores circunstâncias, não?
Borja (1,5)
Entrou já depois dos 90 minutos para que Acuña pudesse subir no terreno. Cumpriu, como cumprira em Setúbal, e voltará a poder cumprir no próximo jogo, pois Acuña fica de fora devido ao cartão amarelo que viu em Alvalade.
Silas (1,5)
A insistência em Idrissa Doumbia perante a evidente inadequação do jovem para a tarefa que lhe era pedida, deixando Battaglia sentado no banco, é o melhor retrato da intervenção do treinador em mais um "derby" do nosso descontentamento. Ainda que o resultado tenha estado quase a ser positivo, ainda que algumas das melhores oportunidades tenham pertencido aos leões, a verdade é que o Sporting atravessou largos períodos de marasmo e de domínio benfiquista, demonstrou uma incapacidade de construção aterradora e tornou evidente que o pior ainda estará a caminho. Por muito que seja um profissional digno de respeito, Silas só não é o elemento menos capacitado para as funções que desempenha no Sporting porque o plantel profissional está cravejado de calamidades e a tribuna presidencial ainda é pior.
Ainda mal o jogo começara e já tinha desviado para canto um remate perigoso de Jackson Martínez, voltando a distinguir-se com uma defesa de recurso que, infelizmente, inspirou Rafael Camacho a cometer grande penalidade. Adivinhou o lado para onde o avançado colombiano iria marcar, mas nada pôde fazer, tal como no autogolo de Mathieu, não obstante a tentativa de golpear os seus rins. Tudo parecia apontado para mais uma das recorrentes humilhações que polvilham a temporada do Sporting, mas o jovem guarda-redes entendeu que não seria esse o dia. Uma excelente defesa no início da segunda parte, quando o 3-1 parecia inevitável, deu impulso para a improvável recuperação que abriu portas à terceira “final four” da Taça da Liga. Segurança e maturidade são os nomes do meio de quem promete tornar-se uma lenda.
Ristovski (3,0)
Chegou atrasado no lance do 2-0, claro está, mas nem por isso deixou de mostrar que é muito superior ao outro lateral-direito do plantel. Ainda que aquilo que sucedeu após ter saído do relvado, sacrificado para a aposta total no ataque, mostre que poderá encontrar forte concorrência de onde já não se adivinhava.
Coates (3,5)
Foi como se fosse um Maradona tão desengonçado como bafejado pelos deuses do futebol que irrompeu pelo meio-campo do Portimonense, ainda com o resultado em 2-1, ludibriou vários adversários e serviu Vietto, capaz de falhar o que era mais fácil. O compromisso do subcapitão não rendeu golo nesse momento, ainda que se possa tecnicamente atribuir-lhe uma assistência diferida pela forma como descobriu Rafael Camacho na direita no lance que selou o empate. Também teve erros e perdas de bola escusadas, mas voltou a encher o relvado com a sua exibição.
Mathieu (3,0)
Desta vez coube-lhe preencher a quota de autogolos que fazem parte das habituais desgraças que recaem sobre o Sporting, o que bastaria para fazer cair um francês mais dado a rendições. Em vez disso, sendo Mathieu quem é, dedicou-se a fazer cortes que valem pontos, um dos quais ainda roubou literalmente o golo da cabeça de um adversário.
Acuña (3,0)
A primeira, a segunda e a terceira regra do seu clube coincidem: ninguém lhe tira a bola dos pés. Utilizou esse poder de forma mais decisiva a defender do que a atacar, mas também contribuiu na ala esquerda para fazer com que a inferioridade numérica se reduzisse a um detalhe estatístico ao longo da segunda parte.
Idrissa Doumbia (3,0)
É possível que a presença de Battaglia no banco de suplentes sirva de incentivo para melhorar a sua presença no relvado. Desta vez revelou-se mais interventivo do que é habitual na construção de jogadas, acabando por ser alvo de faltas duras ao driblar adversários. Sacrificado na hora do tudo por tudo, voltou a deixar boa imagem.
Wendel (3,0)
Tão discreto quanto influente, o jovem brasileiro continua a dar mostras de grande amadurecimento táctico. Excelente posicionamento, qualidade na circulação de bola e muito esforço ajudaram a levar a equipa para a frente até receber merecido descanso para a entrada de Battaglia.
Bruno Fernandes (4,0)
Começou por deixar Bolasie na cara do golo, sem que o franco-congolês lograsse ludibriar o guarda-redes do Portimonense, mas quando o resultado já ia em 2-0 e o Sporting parecia dispensado do compromisso em Braga no final de Janeiro, traçou o 2-1 executado por Vietto como se tivesse um compasso na chuteira. E como se fosse fácil seria para outros liderou a resistência leonina no segundo tempo, correndo mais do que permitia a força humana, somando uma nova assistência, daquelas que só ele poderia fazer tão bem e depressa, para a reviravolta no resultado. O abraço que deu e recebeu a Gonzalo Plata, a quem corrigira movimentos minutos antes, como um líder e como um mestre, ilustra a insubstituível importância que tem na equipa. Pena é que o rumo ao “tri” ocorra na menos festejada de todas as competições.
Rafael Camacho (3,5)
Tendo em conta que começou por fazer o tipo de pénalti que seria assinalado mesmo que vestisse de papoila saltitante no Estádio da Luz, arrastando a equipa para o desastre iminente, dificilmente poderia ter corrido melhor o jogo ao resgatado ao Liverpool. Mas é curioso que o melhor de Rafael Camacho tenha ocorrido quando passou a lateral-direito com jurisdição alargada à ala inteira, justamente aquela posição em que Klopp, que mais ou menos à mesma hora disputava o Mundial de Clubes contra o Flamengo de Jorge Jesus, tanto o quis experimentar. Certo é que o lance do 2-2, com movimentos momentaneamente perpétuos dentro da grande área do Portimonense a antecederem o remate em arco, foi a demonstração mais perfeita do que deve sair dos pés de um camisola 7 que o Sporting viu em muitos e muitos anos.
Vietto (3,5)
Depois da elevação que conseguiu para cabecear o cruzamento de Bruno Fernandes seria de esperar que conseguisse bisar após ver-se servido por Coates em posição frontal para a baliza. Assim não foi, prolongando o sufoco de uma equipa que se dava ao luxo de desperdiçar golos feitos estando a correr atrás do prejuízo e com menos um em campo. Certo é que o argentino se redimiu da falta de pontaria nessa (a bem dizer, não só nessa) ocasião e ainda fez a assistência para o 2-4 que confirmou o bilhete dourado para Braga, carimbado com a vitória do Gil Vicente sobre o Rio Ave.
Bolasie (2,5)
Vítima da expulsão mais ridícula de um futebolista do Sporting desde que Ristovski viu o vermelho directo por ter sido agredido, há que valorizar a contenção demonstrada pelo franco-congolês perante a sabujice do árbitro João “I Want to Believe” e a vergonhosa pantominice do “agredido” do Portimonense. Escolhido para ponta de lança móvel devido aos problemas gástricos de Luiz Phellype e ao nascimento de mais um filho de Jesé Rodríguez – capaz de competir com o ex-colega de equipa Cristiano Ronaldo no que toca à prole –, Bolasie estava preparado para lutar até ao limite das suas limitadas capacidades, ainda que tenha permitido a defesa ao ver-se isolado frente ao guarda-redes. Talvez pudesse redimir-se do falhanço não fosse a tal expulsão que o motivou a descarregar no Twitter.
Luiz Phellype (3,5)
Poupado para os últimos vinte minutos de jogo devido aos efeitos de uma gastroenterite, o brasileiro ainda lançou o contra-ataque que permitiu a reviravolta e fez um grande golo, tranquilizando a equipa em tudo o que estava ao seu alcance. Desferiu um remate na passada, sem dar hipóteses ao guarda-redes, quase como se fosse o goleador de nível mundial que nada permite garantir que virá a ser.
Gonzalo Plata (3,5)
O jovem extremo equatoriano entrou sem instruções para ficar colado à linha, tornando-se um apoio para o ponta de lança. Nem sequer acertou à primeira, o que motivou uma palestra instantânea do treinador-em-campo, mas no lance do 2-3 não só contribuiu para que o Portimonense perdesse a posse de bola (numa acção quase decerto faltosa, há que reconhecer...) como finalizou de forma simples e perfeita o contra-ataque. Começava a parecer esquecido no plantel, mas terá feito com que se lembrem dele.
Battaglia (2,5)
Entrou para recompor o meio-campo defensivo e cumpriu com a missão. É bom vê-lo a reconquistar o seu espaço na equipa.
Silas (4,0)
Capaz do bom e do muito mau, o treinador leonino não menosprezou as escassas hipóteses de qualificação. Tudo jogava a favor da vitória do Rio Ave no grupo, mas a incapacidade dos vilacondenses e a desgraça que o azar, o destino e o Pinheiro iam fazendo no Algarve encaminhavam o Portimonense para a “final four”. Aquilo que mudou na segunda parte, com os jogadores a serem realistas ao ponto de exigirem o impossível, teve muito de raça da rapaziada de leão ao peito mas também houve dedo do treinador. Ultrapassado o primeiro embate da equipa que tinha vantagem no marcador e na contagem de cabeças, Silas começou a alterar as circunstâncias com substituições arriscadas e apropriadas a quem nada tinha a perder. Espera-se que retenha a boa experiência de Rafael Camacho a lateral e de Gonzalo Plata como segundo avançado. E que goze bem as férias de Natal, ciente de que Janeiro é o tipo de pesadelo em potência que só muito trabalho e engenho poderão transformar na matéria de que os sonhos são feitos.
Perante um adversário que foi dominado desde o início do jogo bastou-lhe estar atento e disponívelpara resolver as escassas ocorrências que iam aparecendo. E ainda teve a sorte de o árbitro Manuel Mota ter tanto amor às vitrinas dos talhos que anulou um golo ao Santa Clara, num livre directo cobrado com mestria, devido a uma irregularidade existente mas que poderia ter passado despercebida.
Ristovski (4,0)
Exibição portentosa do macedónio, disposto a fazer esquecer uma temporada em que lhe bastava respirar para ver o cartão vermelho. Não só controlou as investidas açorianas pela sua ala como esticou o motor de arranque do ataque leonino, com consequências que só não foram ainda melhores devido ao desacerto dos avançados. A assistência para o segundo golo de Luiz Phellype é só um dos muitos motivos que aconselham descanso ao milionário reforço francês que compete consigo pela titularidade.
Coates (3,0)
Mesmo o cartão amarelo que recebeu foi um mal menor tendo em conta que impediu um contra-ataque perigoso (apesar de o destino do jogo estar mais do que selado). E não deixa de ser bonito que haja um jogo em que não é chamado a fazer de “stand-in” do saudoso Bas Dost na hora do desespero.
Mathieu (3,0)
Pois que cometeu o erro que resultou num amarelo para Coates e no livre directo que Manuel Mota impediu de ser o tento de honra dos açorianos. Mas ninguém (tirando Bruno Fernandes) ali seria capaz de fazer a abertura para Ristovski que resultou no 0-2. Mantenham-lhe o emprego, que para nós é um sossego.
Acuña (3,5)
Tinha pela frente o irrequieto Ukra, que é o mais próximo que o futebol nacional tem de um Joker, o que fazia adivinhar faíscas. Em vez disso, o argentino conteve-se, conteve-lhe os movimentos e integrou-se com bons resultados nas manobras ofensivas que resultaram em goleada.
Idrissa Doumbia (3,0)
Sempre esforçado e quase sempre insuficiente para o que se exige a um titular do Sporting, pouco ou nada comprometeu e evitou o amarelo que o deixaria de fora da recepção ao FC Porto, a abrir o próximo ano. Mas há que destacar a melhoria verificada quando Battaglia regressou aos relvados.
Wendel (3,0)
Já dizia um francês mais velho do que Mathieu que o importante é competir. Talvez assim seja, e o internacional pela selecção olímpica do Brasil muito o fez, sem ficar directamente ligado ao resultado. E a forma que ajudou o meio-campo a mexer tornou-se ainda mais flagrante quando teve direito a descanso e foi substituído pelo compatriota Eduardo Henrique.
Bruno Fernandes (3,5)
Afortunados são os sportinguistas nos jogos em que tudo corre bem mesmo sem que o capitão se destaque dos demais. Mais um golo de pénalti, com o guarda-redes a revelar-se conformado com o destino ao ponto de não se lançar para nenhum lado, e mais uma assistência, num canto desviado pela nuca de Bolasie, elevaram as suas estatísticas para uma centena de participações directas em golos do Sporting. E ainda melhor poderia ter sido o rescaldo da viagem se os colegas aproveitassem melhor os cruzamentos teleguiados e tivesse concluído melhor uma bela combinação com Vietto.
Vietto (3,5)
Só faltou mesmo o golo ao argentino, que não deu o seu melhor ao ver-se colocado frente à baliza pelo insuspeito Jesé Rodríguez. O mesmo não se pode dizer da forma como fez uma assistência para desbloquear o marcador à prova de falhanço de Luiz Phellype e das excelentes combinações com Bruno Fernandes.
Bolasie (3,5)
Que jogão teria feito o franco-congolês não fosse o crime de lesa-futebol que protagonizou na primeira parte, cabeceando de frente para à baliza de uma forma que noutras modalidades daria direito à perda de pontos por falha técnica. Redimiu-se à terceira tentativa, por muito que o desvio de cabeça para o fundo das redes no lance do 0-3 aparente ter sido inadvertido. E, sem medo de partir para cima dos adversários em drible – não obstante a reduzida taxa de sucesso em tais iniciativas –, ajudou a fechar o marcador com uma arrancada em que só o conseguiram travar com uma falta dentro da grande área. De longe o melhor dos três reforços de fecho de mercado, merece respeito por um empenho que por vezes compensa as limitações de quem dificilmente melhorará nesta fase da carreira.
Luiz Phellype (3,5)
Bisou na partida, confirmando o bom momento que atravessa, mas ficou a dever a si mesmo outros tantos golos. A abordagem aos lances está quase sempre longe dos padrões de um avançado titular – excepção feita ao lance do 0-2 –, o que não invalida que o brasileiro mantenha uma das melhores relações custo-benefício do plantel leonino.
Battaglia (3,0)
Vê-lo entrar em campo foi uma dupla alegria para os adeptos, que não só ficaram felizes com a superação do ciclo de lesões graves que afectaram o argentino como puderam constatar o quanto melhora o meio-campo com a sua qualidade técnica e inteligência táctica.
Jesé Rodríguez (2,5)
Quis o destino que o seu melhor momento, desenvencilhando-se de uma série de adversários à entrada da grande área do Santa Clara, não tivesse o melhor seguimento por parte de Vietto. Lançado no jogo com o resultado feito, o espanhol em nada comprometeu.
Eduardo (1,5)
Os minutos que jogou, felizmente poucos, confirmaram o estatuto de maior incógnita do plantel leonino.
Silas (3,5)
Ainda teve tempo para fazer caretas quando os avançados insistiam em não concretizar as oportunidades de golo decorrentes do intenso domínio e dos bons cruzamentos de Ristovski e Bruno Fernandes. Construiu a própria sorte ao apostar nos melhores que tem à disposição e viu o Sporting fazer uma das suas melhores exibições e subir ao lugar do pódio que é realista ambicionar. Se no sábado vencer o Portimonense e tiver sorte no outro jogo do grupo, conseguindo o improvável acesso à “final four” da Taça da Liga, ganhará uns quantos dias de direito ao esquecimento dos seus muitos erros até ao possível vale das trevas da morte que o calendário lhe oferece no início de 2020.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Santa Clara-Sporting pelos três diários desportivos:
Luiz Phellype: 20
Bruno Fernandes: 19
Ristovski: 19
Vietto: 19
Bolasie: 18
Acuña: 16
Idrissa Doumbia: 15
Wendel: 15
Coates: 15
Mathieu: 15
Jesé: 14
Battaglia: 14
Luís Maximiano: 14
Eduardo: 13
O Jogo e A Bola elegeram Luiz Phellype como melhor em campo. O Record optou por Bruno Fernandes.
Recuperou a titularidade, com alguma surpresa, e agarrou a oportunidade com as luvas. Sendo este o típico jogo em que o Sporting remata dezenas de vezes e acaba por sofrer golo num contra-ataque que gela as bancadas (tarefa cada vez mais fácil, tendo em conta os poucos mais de 25 mil presentes numa tarde de domingo e o divórcio entre os vários sectores), Max encarregou-se de alterar o destino. Fê-lo de forma brilhante ao desviar para canto o remate de um adversário isolado – num lance que ditou a grave lesão de Neto –, logo na primeira parte, mas também desviou para longe da baliza o perigo que surgiu depois do intervalo. A haver algo de positivo a retirar desta triste temporada, que seja a sua afirmação. E a de Eduardo Quaresma, Rodrigo Fernandes e um ou outro jovem talentoso que a presente gerência ainda não tenha conseguido desbaratar.
Ristovski (3,0)
Sendo um lateral-direito de pendor ofensivo, a verdade é que se distinguiu sobretudo pelo bom trabalho a contrariar os velozes extremos dos visitantes. Devem-se-lhe belos cortes no coração da grande área, sendo muito mais eficaz a dobrar os centrais do que Rosier tem mostrado conseguir ser.
Neto (2,5)
O azar que persegue e esconde-se à espreita deste Sporting calhou, da pior forma, ao central português. Um choque com Luís Maximiano quando procurava alcançar um adversário em fuga resultou numa costela fracturada e num pneumotórax. Prevê-se uma longa paragem, retirando-o dos decisivos embates de Janeiro e colocando Tiago Ilori na rota de uma possível titularidade. Já ouviram falar de um moço chamado Eduardo Quaresma?...
Mathieu (4,0)
Prioridade para o planeamento da próxima temporada: convencer o central francês a adiar a reforma mais um ano. Antes da assistência para golo no cruzamento perfeito para Luiz Phellype, capaz de desbloquear o que começava a parecer um impasse, enviara um livre directo ao poste e servira na primeira parte Bruno Fernandes para um golo que não se concretizou. Mas ainda mais impressionante foi um corte que realizou na grande área, quando um avançado se esgueirava para aborrecer Luís Maximiano. Noventa e nove em cada cem centrais teriam cometido grande penalidade.
Borja (3,0)
Nunca 14 centímetros terão sido tão injustos (embora haja decerto quem possa discordar...) quanto aqueles que ditaram a posição irregular do colombiano na jogada em que recebeu o passe de Mathieu, ludibriou um adversário e cruzou para o golo anulado a Bolasie. Mas nem por isso se deixou abalar, embalando para uma das melhores exibições desde que chegou a Alvalade, tanto a defender como a auxiliar o ataque.
Idrissa Doumbia (3,5)
Exemplo acabado da tarde virada ao contrário vivida pelo Sporting foi o slalon realizado pelo jovem médio, capaz de ultrapassar adversários em drible como se fosse coisa que fizesse todos os dias. Ao nível demonstrado no domingo, com disponibilidade física e cultura táctica a compensar as limitações técnicas, haveria lugar para Idrissa num plantel leonino com maiores ambições do que os actuais. Veja-se a forma como ficou perto de contabilizar uma assistência para golo ao descobrir a cabeça de Bolasie.
Wendel (3,0)
Longe de deslumbrar, muito pelo contrário, pautou o jogo com a aura de quem sabe o que está a fazer. Mais do que um artista de rasgos, foi um homem da segurança, enchendo o meio-campo com a sua presença.
Bruno Fernandes (3,0)
Algum dia carregaria o fardo de não ter sido imprescindível, sendo assaz curioso que tal tenha sucedido logo após o treinador ter dito que a equipa é ele e mais dez. Além de uma quantidade anormal de passes falhados e combinações que não surtiram efeito também não teve mira afinada nas jogadas de perigo, mas além do eficaz trabalho a corrigir os erros dos colegas ainda assinou desmarcações que poderiam e deveriam ter sido bem melhor aproveitadas.
Vietto (2,5)
Outro que não teve engenho para ser decisivo, embora nada se lhe possa apontar no que toca a empenho. Convirá que assuma o jogo na quinta-feira, devido à ausência de Bruno Fernandes, pois o apuramento para a fase seguinte da Liga Europa está garantido mas o Sporting precisa de pontos na UEFA como de pão para a boca.
Jesé Rodríguez (2,0)
Daquela hora em que ocupou espaço no relvado pouco mais ficou do que um remate em zona frontal travado pelo guarda-redes do Moreirense. Demasiado pesadão e não o suficientemente rápido, o espanhol tornou-se sempre presa fácil para os adversários.
Bolasie (3,0)
Além do golo que marcou à ponta de lança, tendo o infortúnio de o ver anulado pelos tais 14 centímetros de Borja, o franco-anglo-congolês testou os reflexos do guardião num remate de cabeça que levava selo de golo e de seguida manteve os laterais em sentido. Tendência que se manteve no segundo tempo, forçando um segundo amarelo que deu mais folga ao Sporting e cavalgando pelo meio-campo contrário, numa jogada individual a pedir Wagner como banda sonora em que o remate em forma de torpedo saiu muito perto do ângulo superior esquerdo da baliza.
Coates (3,0)
Entrou muito cedo, substituindo o acidentado Neto, e foi igual a si próprio. Seguro nos cortes, ficou perto de marcar na outra baliza, num cabeceamento oportuno.
Luiz Phellype (3,0)
Fez o resultado e ganhou três pontos para o Sporting num lance em que, literalmente, voou como Jardel sobre os centrais. Tratando-se de um feito valoroso, bastante diferente do contributo deixado pelo espanhol que Frederico Varandas crê ser avançado-centro, não faz esquecer a legião de falhanços e indecisões que impediram Luiz Phellype de pôr os resistentes das bancadas a cantar o seu nome em várias outras ocasiões de perigo iminente.
Rafael Camacho (2,0)
Pouco ou nada acrescentou ao jogo. Mais uma vez.
Silas (3,0)
Chegou a pensar que teria um jogo sossegado, vendo-se em vantagem quase desde o início, mas a actuação do videoárbitro anulou o golo madrugador de Bolasie e encerrou o Sporting em mais um labirinto com muitos remates, muita posse de bola e nenhum resultado concreto. Poderia ter colocado Luiz Phellype em campo mais cedo, claro está, o que não invalida que seja um dos triunfadores de uma jornada em que ganhou dois pontos ao FC Porto, três ao Famalicão, três ao Sporting de Braga e nenhum ao clube que está autorizado a marcar golos precedidos de falta atacante.
Algum conforto que todos os Sportinguistas precisam, ou melhor quase todos, menos aqueles que passam os jogos a insultar jogadores e a salivar pelo insucesso.
Conseguimos vencer o Moreirense e consolidar a 3.ª posição na Liga (o Famalicão não é destas coisas nem destas contas), vencemos no Funchal e somos os líderes nos sub-23, no andebol esmagámos o Benfica e no basquetebol o Porto, vencemos também no hóquei em patins e no futsal.
Infelizmente o Luís Neto aleijou-se quando estava até em muito bom plano e não sabemos quando vamos voltar a contar com ele. Foi o pior deste fim de semana.
Quanto à exibição contra o Moreirense, foi a do costume. Difícil pedir mais a um onze que nunca deve ter jogado junto e sem ponta de lança. Foi improvisar e lutar, lutar e improvisar, rematar e rematar seja o que for que esteja à frente, até que entrado finalmente o único ponta de lança do plantel, o melhor em campo, Mathieu, improvisou um centro, e LP9 correspondeu com um golo... à ponta de lança. Coisa que nem Jesé, Vietto ou Bolasie conseguiriam fazer numa centena de jogos, ou conseguiram fazer em toda a sua carreira (aqui é um mero palpite, se alguém me conseguir mostrar um golo assim, tenho que pedir desculpa).
Depois veio Silas falar em boa exibição, quase 8 em 10 e... desisto.
Ouviu o apito final deitado no relvado, com a bola nas mãos, na sequência de mais uma ocasião em que chegou primeiro do que os avançados do eliminado PSV Eindhoven. O modo como olhou para a bola diz tudo o que há para dizer acerca de exibição que teve um único defeito: a pérola da formação leonina a quem chamam “Max” merecia que tivesse sido aquela a sua estreia a titular pela equipa principal em vez de qualquer um dos dois jogos de má memória em que não conseguiu impedir derrotas do Sporting. Não foi o caso desta vez, como pôde testemunhar o renegado Bruma, a quem roubou um golo que poderia relançar o jogo para a equipa holandesa na primeira parte. Depois do intervalo voltou a mostrar ao que vinha numa defesa de recurso a um remate em posição frontal, tal como demonstrou ter velocidade suficiente para se lançar ao solo e agarrar bolas deixadas passar pelas fífias de colegas menos talentosos. Espera-se que esta noite tenha sido o início de uma lenda que faça esquecer de vez o actual titular do Wolverhampton.
Rosier (3,0)
Há qualquer coisa na sua abordagem defensiva que não convence, mas não deixa de ser verdade que se esforçou muito para não dar bronca, o que se traduziu numa quantidade de cortes bastante assinalável. No ataque foi aproveitando ao longo do jogo o baixar de braços do adversário para ganhar a linha e servir colegas que poderia ter feito um resultado final ainda mais impressionante.
Tiago Ilori (3,0)
Nem as falhas flagrantes que vieram recordar os sportinguistas de que Eric Dier faria ali mais falta do que os “Jesualdo boys” Ilori e Bruma tiveram consequências gravosas, o que demonstra a tranquilidade da melhor noite do Sporting nesta triste época. Muito bem escoltado por Maximiano e Mathieu, o já não assim tão jovem defesa central resolveu quase tudo quase bem, ainda que se tenha arriscado a ver um cartão de outra cor numa entrada a pés juntos mesmo no final da partida.
Mathieu (4,0)
A execução do 3-0, desde a sábia movimentação para o canto largo marcado por Bruno Fernandes até ao remate em esforço, de baixo para cima, como mandam as regras do futebol-espectáculo, é o melhor cartão de visita do adiamento da reforma do francês para meados da próxima década. Não contente, mostrou-se intratável para com os infelizes adversários que foram aparecendo no seu raio de acção, acumulando cortes a travar qualquer veleidade do PSV. Saiu uns minutos antes do fim para descansar as pernas e também para ouvir uma merecida ovação.
Acuña (4,0)
Os mais distraídos terão pensado que Diego Armando Maradona aparecera no relvado de Alvalade quando Acuña apanhou a bola na linha do meio-campo e passeou-a, à revelia de quem procurava desarmá-lo, até ser derrubado na grande área adversária. Haveria algo de justiça cósmica se lhe tivessem permitido marcar a grande penalidade que selou o resultado, tal como seria agradável que o recém-entrado Jesé Rodríguez tivesse aproveitado melhor um excelente cruzamento do argentino. Seja como for, do primeiro ao último minuto Acuña provou, a defender e a atacar, que é imprescindível num Sporting com ambição de fazer melhor.
Idrissa Doumbia (3,0)
Esteve mais certo do que é habitual, sobretudo no transporte de bola, marcando pontos numa competição interna algo esvaziada pelo estatuto de eterno lesionado de Battaglia e pela extrema juventude de Rodrigo Fernandes. Espera-se que esteja preparado para ser uma das chaves da conquista de três pontos na deslocação ao estádio do Gil Vicente.
Wendel (3,0)
Regressou à equipa, cumprido o castigo, e não precisou de muito tempo para deixar claro que é melhor do que Eduardo e Miguel Luís a carburar o meio-campo. Mesmo sem deslumbrar, a sua competência contribuiu para a bela noite a que os adeptos já tinham direito. Veja-se o passe perfeito para o que teria sido o 5-0 se Vietto tivesse a pontaria mais afinada.
Bruno Fernandes (4,5)
Dois golos e duas assistências valeram-lhe a distinção de melhor jogador da Liga Europa nesta semana, somando-se à inclusão na lista dos 50 melhores futebolistas nas competições da UEFA na temporada passada. Num jogo muito próximo da perfeição, o capitão começou por testar a atenção ao guarda-redes com um remate de longa distância, preparando-o para o que estaria para vir. Assim foi, poucos minutos depois de fazer a assistência para o golo inaugural de Luiz Phellype com a ponta da chuteira, quando recebeu a bola de Wendel, avançou pelo meio-campo e puxou o pé que a Europa já conhece para trás, com a bola a tocar no poste antes de se alojar nas redes. Não satisfeito com o resultado, e com o papel de maestro de uma orquestra muito bem afinada, fez a segunda assistência com o melhor pontapé de canto dos últimos tempos, e na segunda parte dedicou-se a controlar as operações. Isto, claro está, sem deixar de tentar remates de longe e de fazer o resultado final com uma cobrança de pénalti plena de classe. Garantido o apuramento para a fase seguinte da Liga Europa, e com “folga” na deslocação à Áustria devido ao cartão amarelo que viu na primeira parte, nada há temer tirando a tenebrosa hipótese de ter feito o último jogo europeu de leão ao peito, numa transferência destinada a compensar a sucessão de incompetências da actual gerência e da brilhante comissão de gestão cujo paladino Sousa Cintra fez custar mais três milhões ao Sporting devido ao despedimento ilegal do treinador Sinisa Mihajlovic.
Bolasie (3,0)
Merece mais a nota pela presença e arrancadas que puseram em alerta a defesa contrária do que por qualquer efeito prático da sua prestação. Na retina ficou a tentativa atabalhoada de marcar com um pontapé acrobático de costas para a baliza e a conquista do canto que valeu o 3-0. Aqui que ninguém nos ouve, foi poucochinho. Mas tudo está bem quando acaba bem.
Vietto (3,0)
Também não foi o “verdadeiro artista” a que começou a habituar os adeptos, perdendo a hipótese de deixar marcar ao falhar um remate em arco em posição frontal. Perdeu uma boa oportunidade de provar à Europa que voltou para conquistar o mundo.
Luiz Phellype (3,5)
A subtileza no desvio da bola e a assertividade na conquista de posição para o cabeceamento que inaugurou o marcador antes dos dez minutos lançou uma promessa de noite memorável que não foi totalmente cumprida. O avançado brasileiro pode queixar-se de falta de ajuda dos laterais e dos extremos, mas a verdade é que demonstrou os limites que o cerceiam no controlo de bola deficiente que o impediu de seguir isolado para a baliza num lance na segunda parte.
Jesé Rodríguez (2,0)
Entrou para o lugar de Luiz Phellype e tentou demonstrar a tese de Frederico Varandas que lhe atribui qualidades de avançado-centro móvel. Por azar dos Távoras chegou atrasado a um excelente cruzamento de Acuña e concentrou-se em impor respeito aos adversários.
Neto (2,5)
Tirando uma antecipação escusada a Luís Maximiano, cumpriu sem dificuldades a missão de manter a baliza do Sporting inviolada nos minutos em que tomou o lugar de Mathieu.
Rafael Camacho (1,5)
Poucos minutos pouco aproveitados. Contribuiu apenas para o chavão “três da formação” em campo.
Silas (4,0)
Desta vez conseguiu que a equipa não desse meia hora de avanço ao adversário, montando uma equipa dominadora e que não permitiu quase nada ao PSV Eindhoven. Sendo certo que beneficiou do estado de graça dos melhores do plantel (Bruno Fernandes, Acuña e Mathieu), teve uma noite que deverá ser recordada e repetida, de preferência com Wendel a cimentar-se no meio-campo e com outras opções nos extremos. Será que Gonzalo Plata ou até os adolescentes Joelson Fernandes e Bruno Tavares não conseguem fazer melhor do que os “incumbentes”?
Só não merece melhor nota, tendo em conta o contributo decisivo para impedir mais golos da equipa da casa (a defesa mais espectacular foi em vão, pois o remate acrobático foi precedido de falta atacante), pelo cartão amarelo que recebeu ao queimar tempo numa reposição de bola, simbolizando a falta de ambição de um “grande” do futebol português que sofria para manter a vantagem mínima perante o penúltimo classificado. Nada pôde fazer no lance do golo do Paços de Ferreira, mas adiou o empate com a palma da mão quando um avançado da casa fez o que quis com a defesa leonina. Se o resultado fosse outro não seria decerto por sua culpa.
Ristovski (2,5)
Mostrou que mesmo sem ritmo de jogo é o melhor lateral-direito do plantel, o que também não é a constatação mais animadora. Entendeu-se bem com os colegas no ataque e foi eficaz quanto baste na defesa, apesar de ter ficado condicionado muito cedo por um cartão amarelo. Espera-se que o macedónio agarre o lugar o mais depressa possível.
Coates (3,0)
Não chegou a tempo de compensar falhas alheias no lance do empate, o que não o impediu de acumular os cortes providenciais que lhe servem de assinatura. E foi ainda mais providencial ao impedir Acuña de prosseguir o tipo de frutuoso diálogo com o árbitro Rui Costa que deixaria o Sporting com menos um em campo.
Mathieu (2,5)
Ludibriado mais do que uma vez pelos avançados pacenses, compensou essas falhas com a entrega de sempre. Veja-se a forma decidida com que avançou pelo terreno logo após o golo do empate.
Acuña (2,5)
Voltou a soltar a fúria argentina que vive dentro de si, aproximando-se perigosamente da expulsão por acumulação de amarelos (na melhor hipótese) ao ponto de ser substituído por Silas para a entrada de Tiago Ilori, o que o deve ter irritado ainda mais do que já estava.
Idrissa Doumbia (1,5)
Primou pelas perdas de bola e pela incapacidade de auxiliar a defesa que enfrentava aquilo que, de repente, nem parecia o ataque do penúltimo classificado da Liga. Com a recuperação de Battaglia sucessivamente adiada, urge perceber se Rodrigo Fernandes está preparado para assumir a titularidade. Dizem que em Braga existe um moço com algum jeito, de seu apelido Palhinha...
Eduardo (2,0)
Falhou no lance do golo do Paços, deixando um adversário cabecear nas suas costas, mas nem por isso deixou de ser o melhor elemento da dupla formada com Idrissa Doumbia, reforçando a sabedoria popular que envolve “terra de cegos”. Ainda assim, não seria melhor aproveitar o jogo contra o pé-núl-ti-mo classificado para apurar se Matheus Nunes está pronto para assumir o desafio?
Bruno Fernandes (3,5)
Demiurgo dos três pontos amealhados nesta vitória miserável, fez tudo o que estava ao seu alcance para servir os colegas e não hesitou na hora de marcar o golo que fez o resultado. Desde o engano ledo e cedo do início fulgurante, com sucessivas oportunidades de golo, à assistência perfeita para o remate desbloqueador de Luiz Phellype, passando pelas tentativas de remar nas águas turvas que culminaram no livre que deu origem à grande penalidade, assumiu-se salvador de uma equipa que parece lutar contra si própria.
Jesé Rodríguez (2,0)
Pouco teve para festejar, ao contrário do que sucedera no jogo anterior, mesmo que não se possa pôr em causa o empenho enquanto lhe duraram as pernas. E a verdade é que a equipa não melhorou com a sua saída.
Vietto (2,5)
Habituara-se a ser o novo homem do jogo, mas desta vez ficou aquém, sem deixar de mostrar pormenores de “verdadeiro artista”. Tendo em conta que o Tondela não é o Paços de Ferreira, convém que volte a ser acutilante já no próximo domingo.
Luiz Phellype (3,0)
Ficou muito perto de marcar no início do jogo e não perdoou a antiga equipa a perceber o que Bruno Fernandes iria fazer. Sendo eficácia na hora certa aquilo que se pede a um ponta de lança, há que reconhecer que o brasileiro cumpriu com a missão até dar lugar à “retranquização” total do futebol leonino decidida por Silas.
Bolasie (1,0)
Lançado para refrescar o ataque, foi uma nulidade na ala direita, chegando a perder-se na deficiente execução da finta que pretende tornar famosa.Estivesse o Sporting na luta pelo título e haveria decerto um VAR disposto a ver grande penalidade no desastrado choque de cabeças que protagonizou no último lance de ataque do Paços de Ferreira.
Borja (1,5)
Mal tinha acabado de entrar e já escorregava no relvado, facilitando uma ofensiva pacense que os colegas lá conseguiram resolver. O colombiano muito se esforça, conseguindo muito pouco, o que faz gelar o sangue a quem lê as notícias plantadas aqui e acolá sobre a possível venda de Acuña em Janeiro.
Tiago Ilori (-)
Cumpriu os últimos minutos sem fazer nada de errado, o que deixou um peso na consciência a quem achou que os seus três dedos levantados no momento em que entrou no relvado não queriam dizer “três centrais” e sim “vamos sofrer três golos”.
Silas (2,0)
Terminou o jogo contra o p-e-n-ú-l-t-i-m-o classificado da Liga com três centrais, dois laterais e dois médios defensivos, pelo que quando Silas esgotou as substituições, com Tiago Ilori a dar entrada em campo, é provável que Luís Maximiano tenha sentido o alívio de perceber que não iria ter de dividir a baliza com Renan. Apesar de o Sporting ter entrado dominador, procurando a vantagem muito cedo, depressa viu a equipa perder fulgor e permitir o domínio do Paços de Ferreira que se traduziu no empate que poderia muito bem ter prevalecido não fosse a grande penalidade caída do céu. Reconquistada a vantagem, foi lamentável assistir à forma como o Sporting baixou linhas, enchendo-se de jogadores de carácter defensivo sem por isso deixar de ser permeável. Quando os três pontos que somamos sabem a merda, o que faz falta? Silas precisa de animar a malta com melhor futebol do que este que vamos vendo, procurando alternativas viáveis à escassez de talento em algumas posições-chave.
Não foi preciso esperar muito. O primeiro teste da nossa equipa em campo desde o encerramento do atribulado mercado de transferências vai ocorrer amanhã, no difícil estádio do Bessa, provavelmente sem termos ponta-de-lança no onze titular. Luiz Phellype lesionou-se num treino, sofrendo uma lesão traumática no tornozelo esquerdo.
Azar? Claro. Mas os maiores azares acontecem quando a planificação do plantel é deficiente. E desta vez não foi por falta de advertência.
Num jogo em que o adversário pouco ou nada lhe deu para fazer que não passasse pela marca dos 11 metros – com a excepção da boa defesa que abriu a segunda parte –, o guarda-redes brasileiro pouco mais tem a ser apontado para lá de uma enorme quantidade de bolas despejadas para zonas do campo sem rapaziada vestida de verde e branco. Mas a alguém que já valeu taças ao Sporting em desempates por grandes penalidades exigir-se-ia (meio a sério meio a brincar) que defendesse pelo menos um dos três que foram assinalados.
Thierry Correia (2,0)
O cruzamento que permitiu o segundo golo leonino foi o melhor cartão de apresentação num final de tarde sombrio em Alvalade. Tendo ganho bastantes duelos, o lateral-direito pecou acima tudo pela atitude não interveniente com que contemplou a desmarcação que levou Coates a cometer o primeiro dos três pénaltis. Seria preciso mais para assegurar que Rosier poderá prosseguir a sua recuperação em suaves prestações semanais antes de assumir a titularidade justificada pelos milhões de uma contratação que talvez tenha custado mais do que rendeu a transferência de Bas Dost.
Coates (0,0)
Os dois autogolos que Roberto Deus Severo marcou a favor do Benfica há 20 anos, quando ainda Beto, foram superados enquanto pior pesadelo de um central leonino, pois os três pénaltis assinalados ao uruguaio – dois dos quais cometidos sem ser preciso recorrer a ângulos mágicos para confirmar a enérgica convicção do árbitro João Pinheiro – selaram a derrota, a perda da liderança (agora entregue “a solo” ao recém-promovido Famalicão) e o reacendimento da crise latente em Alvalade. Claramente em má forma, com dificuldades em chegar à bola antes dos adversários, um dos melhores defesas centrais que até hoje representaram o clube fez uma exibição para esquecer, “coroada” com o segundo amarelo que o deixa de fora do próximo jogo. Mas convém não esquecer, além do valor intrínseco de Coates, as responsabilidades que os colegas, bem como o senhor holandês que é pago para os orientar, tiveram nos lances desgraçados que fizeram a história do jogo.
Mathieu (2,0)
Pouco ajudou o seu infeliz colega de eixo defensivo, tendo muita culpa no lance da terceira grande penalidade, pois já não teve pernas para recuar após uma tentativa mal sucedida de lançar um contra-ataque. Teme-se que o problema se agrave quando o Sporting começar a jogar duas vezes por semana.
Acuña (2,5)
O cruzamento rasteiro que resultou no golo de Bruno Fernandes, com quem o argentino tinha combinado no início da jogada, destacou-se numa actuação em que Acuña deu demasiado espaço aos adversários e fez alguns centros indignos de quem tem os seus pés. Tudo compensou com ímpeto, borrando a pintura quando já estava a jogar como extremo, após a saída de Vietto e entrada de Borja para lateral-esquerdo: tendo a baliza do Rio Ave à mercê, cabeceou ao poste aquilo que poderia ter sido o 3-2. Depois foi o que se sabe.
Idrissa Doumbia (2,0)
A bola saiu-lhe sempre oval nos pés, tamanha foi a dificuldade para lidar com a posse do esférico, e o posicionamento também não foi brilhante, o que ajudou a que o Rio Ave fosse tomando conta das ocorrências.
Wendel (2,0)
Tremendamente fatigado e posicionalmente difuso, o jovem brasileiro viu-se dominado pelos adversários, o que se tornou mais gritante na segunda parte, sem que disso se compadecesse Marcel Keizer, que o manteve em campo. Ainda introduziu a bola na baliza do Rio Ave na primeira parte, mas encontrava-se fora de jogo quando recebeu a bola desviada num defesa após remate de Vietto.
Bruno Fernandes (3,0)
Melhor do Sporting em campo, mais uma vez, merecia melhor cenário para a homenagem pelos 50 golos marcados ao serviço do Sporting do que adeptos descontentes a abandonarem as bancadas, um coro de assobios à equipa e as claques a ensaiarem o apelo à queda de Frederico Varandas. Fez tudo por manter o Sporting na liderança, fuzilando as redes no lance do 1-1, a que deu início, esteve perto de garantir a reviravolta com um toque em esforço que Kiesczek defendeu, e combinou com os colegas com a classe de sempre. Mas também ele não foi alheio à tremenda quebra física na segunda parte, sucedendo-se longos minutos de adormecimento até ao que, também mais uma vez, poderá ou não ter sido o último jogo ao serviço do clube.
Raphinha (2,0)
A exibição de gala em Portimão não teve continuidade, pois tendeu a complicar o que poderia ser mais fácil e também não teve engenho e arte para levar a bom porto as suas iniciativas no ataque. De igual modo, pôde ser empurrado na grande área adversária, após um passe de ruptura de Bruno Fernandes, sem que João Pinheiro e o videoárbitro resolvessem dar conta da ocorrência. Mesmo assim esteve quase a contar com uma assistência para golo, mas Acuña desperdiçou o cruzamento que se destinava a Luiz Phellype.
Vietto (2,5)
Os dribles não lhe saíram tão bem quanto na última jornada, mas foi a eficácia de remate o busílis: além de um remate cruzado, bem encaixado por Kiesczek, faltou-lhe pontaria para fuzilar as redes num lance parecido com o do golo de Bruno Fernandes (ainda que, reconheça-se, meia-dúzia de metros mais longe da linha de golo). Contribuiu para o 2-1 com uma abordagem desastrada ao cruzamento de Thierry e depois viu-se sacrificado, sem que daí adviesse especial vantagem à equipa.
Luiz Phellype (3,0)
Teve uma oportunidade flagrante de golo e aproveitou-a, colocando o Sporting a vencer com um tiro à queima-roupa. Nada mau para quem tem as suas funções em campo, ainda que se tenha deixado antecipar noutro cruzamento promissor, dessa feita vindo da esquerda. Nada havendo de estruturalmente errado no jovem brasileiro, não menos verdade será que causa arrepios a ideia de que seja a única opção do Sporting para a posição 9 a dois dias do fecho do mercado.
Borja (1,5)
Entrou para refrescar a defesa e ficou ligado à reviravolta que deu os três pontos ao Rio Ave. No lance da terceira grande penalidade é ele quem coloca o avançado adversário em jogo, “obrigando” Coates a arriscar um corte que já seria difícil caso estivesse nos seus dias.
Gonzalo Plata (-)
Teve direito a estrear-se na Liga NOS (algo que o mais dispendioso Rafael Camacho ainda não teve...) quando o jogo se encaminhava para um fim cada vez mais triste. Só teve tempo para fazer duas ou três faltas e controlar mal a bola na última jogada de relativo perigo urdida pelos leões.
Marcel Keizer (1,0)
Perdeu a liderança do campeonato com estrondo, em contraste com o silêncio dos sepulcros com que assistiu à hecatombe física e anímica da sua equipa na segunda parte.A hesitação do holandês no que toca a mexidas (mais uma vez nem sequer esgotou as substituições), mesmo vendo que quase todos os jogadores não podiam com uma gata pelo rabo, é uma demonstração clássica daquilo que separa o actual treinador do Sporting de alguém que possa ser campeão nacional. À falta de melhores soluções, incluindo a convocação de Pedro Mendes, o ponta de lança dos sub-23, até aquele seu antigo talismã chamado Diaby poderia ter dado algum jeito em campo. Keizer vollta a ter o lugar em perigo, por culpa própria.
Apesar da vitória indiscutível, Marcel Keizer continua a não convencer. O jogo começou a ser ganho antes do apito inicial, quando o holandês decidiu colocar Vietto no lugar de Diaby, o que equivale a jogar com 11 jogadores de futebol, o que é bem melhor que jogar com 10 e mais uma nulidade que só atrapalha. Os quatro jogadores mais avançados no terreno, Vietto, Bruno Fernandes, L. Phellype e Raphinha resolveram o jogo, permitindo que a contestação ao treinador fique adiada por mais algum tempo.
Felizmente que o resultado estava feito, o terceiro golo retirou força anímica ao adversário, que ainda assim acabou o jogo por cima, face à deficiente condição física que os nossos jogadores apresentam, foi notória a quebra com o aproximar do fim do jogo, mas o treinador resiste a fazer substituições, quando se pedia que colocasse um dos extremos que tinha no banco, para explorar o adiantamento do Portimonense, mas igual a si próprio, sempre medroso, apenas mexeu no sentido de procurar reforçar a defesa do resultado. O Sporting pode não ter o melhor plantel da I liga, mas olhando para a qualidade dos jogadores e para o trabalho de Marcel Keizer, é caso para dizer que o Sporting parece um carro desportivo, equipado com um motor utilitário...
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre LUIZ PHELLYPE:
- João Goulão: «Se Luiz Phellype já está inscrito na Liga, e se tão boas indicações foi dando como melhor avançado da 2.ª Liga, qual a razão da sua não convocatória para um jogo que se prevê bastante durinho e em que o nosso principal avançado, Bas Dost, não pode jogar?» (6 de Janeiro)
- Luís Lisboa: «Hoje tivemos um ponta-de-lança batalhador, com presença na área e frio na concretização. Um Phellype que justificou enfim a contratação para a posição 9. Como alternativa a Bas Dost, obviamente.» (30 de Março)
- Eu: «Começa a ser difícil adjectivar o desempenho do brasileiro, que marcou o sexto golo em cinco jogos consecutivos no campeonato. Igualando assim as marcas de Jardel, Slimani e Bas Dost. Ontem foi dele o nosso segundo, correspondendo da melhor maneira a um centro de Raphinha, com um desvio subtil na grande área vimaranense, à ponta-de-lança clássico. Aos 32', de cabeça, ia marcando também: a bola embateu no poste.» (28 de Abril)
- Leonardo Ralha: «O sétimo golo numa série de seis jogos consecutivos a marcar na Liga NOS foi um remate oportuno e possante, à imagem do seu autor (...). Nem a presença no banco de alguém no escalão de IRS de Bas Dost o perturbou, sofrendo um pénalti devido a uma antecipação rápida antes de contornar Guilherme Oliveira em jeito e velocidade para servir Bruno Fernandes. Saiu com a missão cumprida e não será fácil retirar-lhe a titularidade.» (6 de Maio)
Fez por garantir os três pontos, depois tentou salvar um ponto, e no final só conseguiu juntar-se à fila interminável de pessoas que co-protagonizam incidentes com Sérgio Conceição. Foi um desfecho pesado para o guarda-redes brasileiro, deixado indefeso pelos colegas de ocasião que formavam a linha defensiva nos lances dos dois golos. Começou no primeiro tempo a defender um livre perigoso de Herrera e na segunda parte, com o Sporting cada vez mais empurrado para as cordas pela inferioridade numérica, sofreu uma agressão de Marega encarada com benevolência no Dragão e na Cidade do Futebol, viu a sua equipa adiantar-se no marcador no único lance de perigo de que dispôs e adiou o que ia parecendo cada vez mais inevitável. Na retina ficaram grandes defesas, sobretudo o desvio de um cabeceamento de Danilo num dos muitos pontapés de canto em que os verdes e brancos pouco fizeram por afastar o esférico da zona de perigo, e uma saída perfeita quando Aboubakar aparecia isolado. Espera-se que daqui a uma semana repita tudo menos a parte dos confrontos com o treinador do FC Porto e a retirada de bolas dentro da baliza.
Bruno Gaspar (2,5)
Forçado a ser titular devido ao olho de abutre que discerniu a sanguinária pisadela de Ristovski, entrou no relvado com as cautelas de quem conhece os seus limites – ao contrário do mais optimista Bruno Fernandes, que lhe ofereceu uma daquelas aberturas a que talvez só o saudoso Puccini chegasse a tempo – e esforçou-se por fazer esquecer que entregar a direita a Bruno Gaspar e Diaby ultrapassava as piores sondagens que o PSD e CDS-PP têm registado. Ficou ligado ao lance que destruiu qualquer hipótese de gestão científica de esforço no jogo-que-nada-contava-antes-da-final-da-Taça-de-Portugal ao fazer um atraso de bola singelo e honesto que provocou um erro sistémico a Borja. Desde que o Sporting ficou com menos um em campo, como tantas vezes sucede, fez das tripas coração por não fazer com a subida do seu peso, de nove para dez por cento, no conjunto da equipa tivesse um impacto muito negativo. Conseguiu-o, no limiar mais baixo do intervalo de competência, até que Marcel Keizer resolveu testar novas oportunidades que não surtiram o efeito desejado.
André Pinto (2,5)
Foi uma das surpresas no onze titular, fazendo dupla com o central francês a quem costuma substituir aquando das lesões decorrentes da idade avançada do homem que parece ser o gémeo louro de Francis Obikwelu. Começou por distinguir-se pela precisão com que atrasava a bola para Renan, gabando-se-lhe a sabedoria de nunca ter destinado tais passes a Borja. Na hora do aperto fez por tapar os caminhos para a baliza, mas nada pôde para obstar ao descalabro defensivo dos minutos finais. É provável que tenha sido a sua despedida, e não se pode dizer que não tenha dado o que estava ao seu alcance.
Mathieu (3,0)
Foi o único titular ideal no quarteto defensivo e marcou a diferença que torna essencial que, por entre negócios maravilhosos que valorizam excedentários crónicos do Atlético de Madrid em 15 milhões de euros, os responsáveis leoninos gastem uns minutos a acciomar o direito de opção do francês. Tentou salvar a equipa de si própria, roubando um golo ao FC Porto com um desvio de cabeça providencial, mas não chegou. Cabe-lhe melhorar o palmarés pessoal com algo mais substancial do que um par de vitórias na Taça da Liga.
Borja (0,0)
Desta vez não conseguiu oferecer uma ocasião de golo a um adversário logo no primeiro minuto de jogo. Limitou-se a perder a bola pela linha lateral, permitindo aos adeptos um alívio que mostoru ser exagerado. Andou pelo relvado a manietar jogadas prometedoras, a atrapalhar Acuña e a demonstrar aos mais novos como não se cabeceia. Assim foi até que, numa jogada inócua, vendo a bola a vir na sua direcção, resolveu fugir dela e desacelerar, acordando para a realidade quando viu Coroña a encaminhar-se para a grande área. Agarrou-o uma primeira vez, sem derrubar o portista, e numa segunda tentativa fez um corte limpo. Viu o amarelo primeiro, mas o videoárbitro fez notar a Fábio Veríssimo que o colombiano fez falta sobre um atacante que se iria isolar. E foi assim que deixou os colegas em inferioridade numérica com mais de 70 minutos para jogar, sendo a única boa notícia decorrente disto a garantia de que não poderá repetir esta, e outras proezas,no Jamor.
Petrovic (2,5)
De todos os elementos sem qualidade suficiente para integrar o plantel do Sporting foi sempre o que demonstrou ter maior coração, fosse ao ficar em campo com o nariz partido ou ao fingir não reparar quando desempenha funções muito acima das suas reais capacidades. Encarregue de conter o meio-campo portista, e de assegurar repouso a Wendel, o sérvio ter-se-á despedido com mais uma exibição esforçada, alguns bons cortes e uma intervenção assaz balcânica no sururu ocorrido perto do final do jogo. Mas não poderá chegar para um Sporting que queira ser campeão mesmo ficando muitas vezes com menos um no relvado.
Gudelj (2,5)
A maior mancha na sua exibição foi o posicionamento que deixou Danilo em posição legal no lance do golo do empate. Até então distinguiu-se na difícil tarefa de tapar o acesso à baliza do Sporting, sem abusar demasiado das faltas que o poderiam afastar do clássico que tinha verdadeira importância para os leões – e também para os dragões, à medida que a goleada doa Benfica sobre o Santa Clara se avolumava na Luz.
Bruno Fernandes (2,5)
Melhor forma de anular o melhor futebolista desta edição da Liga NOS? Expulsar um dos seus colegas, o que leva invariavelmente a que o treinador lhe peça para descair para o flanco, afastando-o da zona do campo em que é decisivo. Muito castigado pelas chuteiras adversarias, com o beneplácito da equipa de arbitragem, fez um passe longo que pedia a presença do ausente Raphinha e sofreu uma falta junto à grande área portista que não teve a oportunidade de cobrar, pois estava a receber assistência fora das quatro linhas. Só provocou perigo logo no início do jogo, na cobrança de um livre que Marega desviou de forma arriscada. Sendo provável que tenha feito o último jogo na Liga NOS por muitos e bons anos, sonharia decerto com melhor desfecho para a época de todos os recordes pessoais. Felizmente ainda tem a final da Taça, da qual poderia ter sido afastado devido a encontros imediatos do segundo grau com elementos do banco de suplentes do FC Porto.
Diaby (2,0)
Teve participação no golo do Sporting e é bem possível que tenha sofrido pénalti num lance em que foi projectado por Felipe contra os painéis publicitários, deixando a equipa com nove durante uns minutos. Isto poderia fazer esquecer profundas debilidades intrínsecas caso os adeptos sofressem de amnésia e tivessem ido à casa de banho em momentos como aquele em que o maliano tentou driblar dois adversários na grande área do FC Porto e acabou por fintar-se a si próprio. Dizer que esteve ao seu nível é uma constatação pouco lisonjeira.
Acuña (3,0)
Bem o tentam posicionar a extremo, mas o destino empurra-o para lateral, mesmo que para isso seja preciso que o Sporting fique a jogar com dez. Seja como for, o argentino sem medo voltou a dar mostras que é ele e mais nove, sabendo gerir a impetuosidade – ainda que não tenha acabado o jogo sem ver um amarelo numa jogada em que foi agredido... – e tratando a bola por alcunhas belas e secretas, como no passe com que assistiu Luiz Phellype para o golo que permitiu sonhar com um triunfo que desafiaria as estatísticas. Deus livre Alvalade de o ver partir no próximo sábado.
Luiz Phellype (3,0)
Pôs fim à interminável seca de um jogo inteiro sem marcar na única verdadeira oportunidade de que dispôs, primando pela calma e colocação na hora de enfrentar Vaná. Antes disso fora o homem da luta, não raras vezes ensanduichado pelos centrais portistas, valendo-se do físico para reter a bola o máximo de tempo possível. Saiu para recuperar forças para o Jamor, com maus resultados para a equipa.
Tiago Ilori (2,0)
Entrou a meio da segunda parte, tendo tempo suficiente para contemplar o remate acrobático com que Herrera, literalmente nas suas costas, fuzilou a baliza do Sporting e fez o resultado final. Resta-lhe a compensação de que Borja elevou muito a fasquia na competição para pior reforço de Inverno desta temporada.
Bas Dost (2,0)
Menos de meia hora esteve o holandês em campo. Aproveitou para tentar ganhar duelos aéreos e chegou a fazer um bom passe a lançar um contra-ataque diligentemente desperdiçado por um colega. Pode ser que recupere influência, mas dificilmente a tempo de fazer a diferença no derradeiro compromisso da temporada.
Wendel (-)
Entrou já com o tempo regulamentar esgotado e o resultado final definido.
Marcel Keizer (2,5)
Só ele saberá os motivos para fazer descansar Wendel e Raphinha, após ficar sem Ristovski e Coates, mas qualquer gestão lógica do esforço caiu por terra quando Borja fez um dos maiores inconseguimentos da época. Também infeliz na forma como refrescou a equipa na segunda parte, há que admirar a coerência do holandês. Toda a gente devia ter alguém na sua vida que visse em si aquilo que Keizer vê em Diaby, provável titular na final da Taça de Portugal a não ser que Acuña possa ficar mais à frente, promovendo a titularidade de Jefferson na esperança de que no seu presumível último jogo de verde e branco possa soltar o Rodrigo Tiuí que há em si.
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