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És a nossa Fé!

A cor do absinto

Foi Porto e anoitecia

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Socorro-me deste excelente livro de Dário de Castro Alves (já encantado, como diria Duda Guennes) para fazer um abanão, um despertar, um alerta.

Nada está ganho.

O Benfica foi goleado no Dragão, foi, cinco a zero.

O FC Porto foi goleado em Alvalade, foi, quatro a zero.

Já somos campeões? Não.

Temos a PSP e os árbitros contra nós e a favor dos outros.

Ouçamos Eça de Queiroz:

"Depois, ele  [Gonçalo Ramires], encafuou o revólver na algibeira, desenterrou do armário do corredor um velho bengalão de cabo de chumbo entrançado, agarrou um apito. E assim precavido, aquecido pelo Verde e pelo Alvarelhão, com os dois criados de caçadeira ao ombro, importantes e tesos, partiu para Vila Clara, procurar o sr. Administrador do Conselho."

A Ilustre Casa de Ramires, p.169

[pág 41 do livro na imagem]

Tendo a concordar com Eça.

Nada está ganho e o Conselho (o conselho de arbitragem), o Boaventura, os comprimidos do Casagrande, etc, etc, etc, tudo será usado para impedir o Sporting de ser campeão.

Revólver na algibeira, caçadeira ao ombro, importantes e tesos, tem de ser assim até ao fim do campeonato.

Estamos fartos de ser comidos de cebolada.

O desvalor e a funesta inconsciência

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As palavras são de José Navarro de Andrade e podem ser adquiridas por cerca de 3 euros (valem muito mais que isso) num Pingo Doce*

Quando as palavras são descritivas, precisas, bem aplicadas, são como as boas sementes, darão bons frutos noutro solo, noutro contexto.

O jogo de domingo de Páscoa será entre um futebol sofisticado, satisfeito, moderno, prestigiado e campeão que se oporá a um futebol com um sentimento de vergonha, de desvalor, duma honra gangrenada de chagas, enfim, duma funesta consciência de terem ficado para trás, desqualificados, prisioneiros [olá, Luís Filipe Vieira] de uma existência tanto pior quanto mais imóvel num mundo ritmado pelo progresso.

É assim que vejo o próximo Sporting de Amorim/Varandas contra o Benfica de Jesus-Verissimo/Luís Filipe Vieira-Rui Costa.

*Andrade, José Navarro de, Terra Firme, Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2014

Ter dez anos e ser selvagem

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"O que realmente sei é que não há desporto [o futebol] que angustie mais, quando é angustioso. Mais ainda: no meu caso particular, confessarei que é das poucas coisas que fazem com que hoje reaja - exactamente - da maneira como reagia quando tinha dez anos e era um selvagem, a verdadeira recuperação semanal da infância (...)"

"(...) o certo é que quando, acabados os jogos, o meu editor culé me telefonou com o hino do Barça como música de fundo e disposto a dizer piadas (...) anunciei-lhe muito sério que nunca mais publicaria uma linha na editora dele; e não foi só isso, também que duvidava que voltasse a visitar Barcelona (cidade que adoro e onde vivi) e, é claro, que nunca mais poria os pés em Tenerife. Veio à tona o hooligan que todos os adeptos têm dentro de si.

Felizmente passou-me tudo (...)"

"Ao invés de outras actividades da vida, no desporto (mas sobretudo no futebol não se acumula nem se guarda nada (...). Ter sido ontem o melhor já não interessa hoje, para não falar de amanhã. A alegria passada não pode fazer nada contra a angústia presente (...) portanto, também não há, durante muito tempo, tristeza ou indignação, que de um dia para o outro, podem ver-se substituídas pela euforia e pela santificação."

"Num tempo erotizado pela obsessão do belo e do funcional reparar num rapazinho débil e arrastando uma das pernas e deixar-se conquistar pela candura desarmada do seu olhar e do seu sorriso constitui um sinal de verdadeira grandeza, porque esta manifesta-se na forma como acolhemos aqueles em quem, sob a aparência da pequenez e fragilidade, se descobre a expressão grandiosa da essência do humano."

"No futebol como na vida é difícil viver em harmonia.

O homem ou se compreende ou se destrói definitivamente."

{ Blogue fundado em 2012. }

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