Grande figura do encontro de ontem à noite, debaixo de chuva, em que a selecção nacional goleou a da Polónia por 5-1. O nosso maior triunfo de sempre frente aos polacos.
CR7 foi o melhor em campo. Sem surpresa, acabou vitoriado por quase 50 mil espectadores no estádio do Dragão. Confirmando que mantém intactas as qualidades que todos lhe reconhecem no planeta Futebol.
Marcou dois golos - o primeiro (segundo da equipa das quinas), de penálti, aos 72'; o segundo (quinto da selecção), aos 87', num espectacular pontapé de bicicleta. Imagem que certamente dará a volta ao mundo. E ainda foi dele o passe para o quarto, marcado aos 83' por Pedro Neto.
Este triunfo categórico valeu pelos golos, claro. Também o primeiro, ao 59', foi digno de prolongado aplauso, num contra-ataque muito rápido iniciado e concluído (de cabeça) por Rafael Leão, com primorosa assistência de Nuno Mendes. E o terceiro, golaço de Bruno Fernandes aos 80', fuzilando a baliza num disparo a quase 30 metros de distância.
Valeu também, claro, por ter confirmado a passagem da nossa selecção aos quartos-de-final da Liga das Nações, assegurando a liderança do grupo A mesmo sem termos disputado ainda o último jogo, que será contra a Croácia.
Roberto Martínez só pode estar satisfeito. Tem um saldo muito positivo: 19 vitórias, três empates e apenas três derrotas em 25 desafios ao comando da selecção. Com 67 golos marcados e sete sofridos.
Mas o destaque maior vai mesmo para Ronaldo.
Com os dois marcados ontem, já apontou 135 golos em 217 jogos com o emblema nacional ao peito - quatro dos quais nesta fase de grupos da Liga das Nações.
Mais impressionante ainda: tem agora 37 golos apontados no ano civil em curso. A escassos meses de completar 40 anos. E um total de 910 golos oficiais no conjunto da carreira. Já ninguém duvida que chegará aos mil.
Melhor jogador português de sempre. O melhor do mundo.
Jovens adeptos celebram 910.º golo oficial de CR7 ontem com ele no estádio do Dragão
Afinal não é só por cá que há equipas de futebol a praticar futebol miserável.
Ontem assistimos a um Sporting vs Casa Pia, versão numero dois, corrigida e aumentada.
Digam-me lá vossemecês, que irão comentar este postalito, que necessidade tinha a Escócia de abdicar de jogar futebol, se as hipóteses de se qualificar para a fase seguinte da Liga das Nações é completamente nula? Porque optou por jogar com duas linhas cerradas lá atrás ( 5+5), quando até tem alguns excelentes executantes? Para não perder com Portugal? Foi essa a vitória da Escócia, um país onde o futebol é vivido com um enorme entusiasmo?
Alguém aqui no blogue, num comentário no postal sobre o mesmo tema no Sporting vs Casa Pia falou em pontos negativos em situações como esta. Não poderia estar mais de acordo.
Como se sabe eu não morro de amores nem pelo careca espanhol, nem pela selecção nos moldes em que funciona e continuo a ver os jogos porque aprecio Ronaldo, que deveria ser tido como exemplo e a maior parte das vezes é "amandado" abaixo, como se todas as culpas de eventuais desaires fossem dele, mas não me venham dizer que a selecção fez um mau jogo. Jogar em 25 metro de terreno e marcar golos não é para todos.
Eu até sugeria ao Martinez que acompanhasse mais os treinos do Sporting, talvez aprenda alguma coisa com Amorim.
Bernardo e Ronaldo, artilheiros de serviço em Varsóvia. Na selecção só há um emblema: o das quinas
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
Vencer, na selecção tal como no Sporting, tornou-se a regra. Ontem, num jogo que chegou a ter momentos de brilhantismo, a equipa nacional silenciou quase 57 mil pessoas que enchiam as bancadas do estádio ao vencer a Polónia por 3-1. Em Varsóvia.
Terceiro jogo, terceiro triunfo - após as nossas vitórias contra a Croácia e a Escócia.
Cristiano Ronaldo voltou a marcar - passam os anos e ele não pendura as chuteiras, contrariando os sujeitos que há tanto tempo despejam ódio contra ele. Foi dele o segundo golo, de recarga, após Rafael Leão ter mandado a bola ao ferro. Bernardo marcou o primeiro, com assistência de Bruno Fernandes - um dos melhores em campo. O terceiro resultou dum autogolo polaco, fixando o resultado (ao intervalo vencíamos 2-0). Já com Trincão em campo: entrou aos 64', substituindo Leão, outra das figuras do jogo, tal como Nuno Mendes.
Renato Veiga, central à esquerda, estreou-se na selecção A. Aproveitando a ausência de Gonçalo Inácio devido a problemas físicos.
Tudo está bem quando acaba bem. Seguimos para os quartos da Liga das Nações. Parabéns aos nossos jogadores. Todos eles, sem distinções de clube.
Diziam que está "velho". Alguns, os mais imbecis, zurram isto desde o final da década passada.
Aos 39 anos, Cristiano Ronaldo continua a calar estes idiotas. Acaba de marcar mais um golo decisivo, outro golo que deu o triunfo à selecção nacional. Desta vez contra a da Escócia.
Aconteceu aos 88', repetindo-se o que sucedera na partida anterior, frente à da Croácia: cruzamento perfeito do nosso Nuno Mendes e o melhor do mundo a enfiá-la no sítio certo. Pouco antes, aos 82', já havia enviado duas vezes a bola aos ferros. E aos 77', num precioso toque de calcanhar, ofereceu de bandeja um golo que o rapaz Félix desperdiçou, bem ao seu estilo.
Para tingir ainda mais de verde a noite da Luz, o primeiro golo (54') resultou de um grande disparo de Bruno Fernandes. Que hoje celebra o 30.° aniversário. Foi ele a oferecer a prenda...
Seguimos invictos na campanha da Liga das Nações. Com CR7 igual a si próprio: soma e segue. São já 901 golos, 132 pela selecção.
Mais uma noite de pesadelo para a falange anti-Ronaldo: devem tomar doses reforçadas de pastilhas contra a azia. É a vida.
Bastava-nos um empate para chegar lá. Às meias-finais da Liga das Nações, que já conquistámos em 2019. Recebíamos a Espanha em Braga, entre o nosso público. Os espanhóis vinham muito afectados por uma derrota em casa frente à Suíça e precisavam de vencer para seguir em frente.
"Bastar um empate" funciona como maldição para nós. E como pretexto para Fernando Santos montar a sua tão apreciada táctica do ferrolho - com jogadores sem vocação para tal - à espera do sempre ansiado deslize alheio para cumprir os mínimos.
Podia ter acontecido por três vezes ainda na primeira parte, que terminou empatada a zero. A segunda, com o mesmo onze intocável até ao minuto 72' (Diogo Costa; Cancelo, Danilo, Dias, Nuno Mendes; William, Rúben Neves, Bruno Fernandes; CR7, Bernardo, Diogo Jota), foi péssima: concedemos dois terços de terreno e toda a iniciativa aos espanhóis, que marcaram aos 88', por Morata. Sentenciando a partida e a eliminatória.
Primeiro. Ir recuando no terreno, concedendo iniciativa de jogo à Espanha - uma das selecções do país vizinho menos fortes dos últimos anos, alvo de contestação dos seus adeptos, e que vinha de uma derrota em casa frente à Suíça.
Segundo. Assistir impávido às perdas de bola dos nossos frente à baliza espanhola sem tomar a iniciativa de introduzir mudanças na dinâmica ofensiva para redobrar as oportunidades. Rúben Neves (23'), Diogo Jota (23') e Bruno Fernandes (38') tiveram os golos nos pés, mas foram incapazes de a meter lá dentro.
Terceiro. Mandar a selecção recuar na segunda parte, remetendo-a ao meio-campo defensivo, para "segurar o resultado". Manobra táctica de equipa pequena, frente à turma espanhola, que só fez o primeiro remate enquadrado aos 70'.
Quarto. Manter Palhinha no banco. Se a prioridade máxima era bloquear os caminhos para a nossa baliza, tornou-se incompreensível manter um William a meio-gás e deixar o nosso médio defensivo a ver o desafio sentado entre os suplentes.
Quinto. Esperar até aos 73' para mexer na equipa. Bernardo Silva, novamente sem préstimo na selecção, andou a fazer inúteis reviengas no relvado até finalmente receber ordem de saída. Demasiado tarde.
Sexto. Tocar na tecla da pausa em vez de accionar o acelerador. Incompreensível, a entrada de João Mário por troca com Bernardo quando ainda havia 20 minutos para disputar e precisávamos de um criativo para o contra-ataque, aliviando a pressão espanhola, e não de quem a segurasse no meio-campo.
Sétimo. Cristiano Ronaldo não pode cumprir a pré-época que deixou por fazer no United - onde até agora só marcou uma vez, de penálti - como titular da selecção. Sem dinâmica, sem golo, devia ter saído. Como saiu Sarabia, ontem muito apagado, logo aos 60', na selecção espanhola. Permitir a existência de intocáveis é um dos pecados do seleccionador. Terá de cumprir penitência por isto.
Mais logo, às 19h 45m (hora portuguesa), a Inglaterra recebe a Alemanha em Wembley. Amanhã, à mesma hora, Portugal recebe a Espanha em Braga. Dir-se-ia que os holofotes estariam apontados ao clássico de Londres. Na verdade, trata-se de um jogo entre duas equipas humilhadas, só serve para cumprir calendário. Já da "Pedreira" vai sair um dos semi-finalistas da Liga das Nações.
Como o Pedro Correia aqui disse, a Inglaterra já caiu para a Liga B. Quanto à Alemanha, falhou a hipótese de passar às meias-finais, ao perder com a Hungria, em Leipzig, por 1:0, na passada sexta-feira. Uma derrota humilhante, à semelhança do que aconteceu com a Espanha.
Ao contrário da Alemanha, porém, nuestros hermanos ainda se mantêm na corrida. Espero que só até amanhã, ao serão.
Força, Portugal!
Nota: A Alemanha nunca logrou atingir a meia-final da Liga das Nações. Nem à terceira foi de vez.
A selecção portuguesa soma e segue. Lidera agora o Grupo 2 na Liga das Nações após a goleada ontem imposta ao onze checo em Praga: fomos lá vencer 4-0, com dois golos de Diogo Dalot (de longe o melhor em campo), Bruno Fernandes e Diogo Jota.
Cristiano Ronaldo também tentou metê-la lá dentro mas ficou em branco. Partida infeliz para o nosso craque, afectado logo aos 12' num choque com o guarda-redes checo que durante minutos o fez sangrar abundantemente do nariz.
O jogo valeu sobretudo pela primeira parte: exibição de luxo da equipa das quinas, com William Carvalho a destacar-se como médio de construção, compondo com Dalot (marcou o primeiro aos 33' e o terceiro aos 52', assistou no quarto, aos 82') e Bruno (uma assistência, além do segundo golo, aos 45'+5) o trio dos melhores de Portugal neste desafio fora de casa.
Ao intervalo vencíamos por 2-0. No segundo tempo, dobrámos os golos e gerimos bem o resultado. A partir dos 82', com as saídas de Bruno e William, oportunidade para ver em campo os "nossos" Matheus Nunes e João Palhinha.
Com este triunfo (o terceiro em cinco partidas, após as vitórias domésticas contra os checos e os suíços, ambas em Alvalade), a equipa nacional soma dez pontos.
Mais dois do que a Espanha, com quem disputaremos o desafio decisivo, terça-feira em Braga. Mais quatro do que a Suíça. Mais seis do que a República Checa - agora denominada Chéquia.
Pior está a Inglaterra, no Grupo 1: derrotada em Itália, já caiu para a Liga 2, com o seleccionador Gareth Southgate a ser muito contestado apesar de ter uma selecção recheada de vedetas. Há cinco jogos que não ganha (pior palmarés desde 2014) e não marca um golo há 450 minutos.
A França, sem conseguir uma só vitória em quatro jogos, foi derrotada em casa pela Croácia e sai da Liga das Nações, sem conseguir defender o título.
A Inglaterra, derrotada por 0-4 pela Hungria em casa, arrisca-se a descer de divisão: segue em quarto e último lugar no seu grupo.
A Itália campeã europeia, goleada pela Alemanha, vê o apuramento para a fase seguinte cada vez mais difícil: segue em terceiro, com apenas cinco pontos.
Factos que deixo à consideração daqueles que passam o tempo a denegrir a selecção portuguesa, quase parecendo que preferem sempre vitórias estrangeiras. Não imagino porquê.
Portugal encerrou a participação nesta fase da Liga das Nações com uma derrota - a primeira em quatro jogos, a nossa primeira neste ano civil que está quase a meio. Na Suíça, com golo sofrido logo no primeiro minuto - no único remate digno desse nome que a turma helvética fez à baliza de Rui Patrício. Depois disso, eles limitaram-se a «gerir o resultado», como se diz agora. Enquanto a selecção nacional foi incapaz de reagir na primeira parte, calamitosa.
A segunda foi diferente: tentou-se muito mas a bola não entrou, em larga medida devido à brilhante exibição do guarda-redes suíço Omlin, que impediu quatro golos.
Com Cristiano Ronaldo em campo, talvez tudo tivesse sido diferente. Mas o melhor do mundo não estava lá: o seleccionador dispensou-o deste jogo.
Opção insólita: em Alvalade, contra a Suíça, foi ele o autor de dois dos nossos quatro golos e ainda teve intervenção directa noutro ao apontar muito bem um livre de que resultaria a recarga de William, após defesa incompleta.
Outra opção incompreensível: Bernardo Silva ficou desta vez no banco até ao minuto 62.
Mantemos intacta a esperança da qualificação para a final-a-quatro desta competição, que só irá disputar-se em Julho de 2023. Mas teremos de superar ainda dois confrontos, em Setembro: primeiro com a Espanha, em Portugal; depois na República Checa.
Só dependemos de nós, mas fomos ultrapassados no primeiro posto do Grupo 2 pelos espanhóis, que venceram os checos por 2-0 (com mais um golo do "nosso" Sarabia) e têm agora mais um ponto do que a equipa das quinas.
Dir-se-á que França e Inglaterra estão bem pior nos respectivos grupos. A turma gaulesa segue em último, com apenas dois pontos (ainda sem vitórias), tal como os ingleses. Também a Alemanha ainda não conseguiu vencer no Grupo 3.
Mas com o mal dos outros podemos nós bem.
Como tantas vezes digo, se os dados estatísticos vencessem jogos e campeonatos, o nosso seleccionador ideal deveria ser contratado no Instituto Nacional de Estatística. Eis alguns números deste Suíça-Portugal: «vencemos» 20-5 em remates, «goleámos» 10-0 em cantos e exibimos manifesta superioridade na famigerada «posse de bola»: 58%.
Para o nosso desaire de ontem em Genebra muito contribuiu o facto de o seleccionador português ter incluído três nulidades no onze inicial: Otávio, Vitinha e Rafael Leão.
Estranhamente o primeiro só ao intervalo foi substituído e os outros dois apenas receberam ordem de saída quando já tinha decorrido mais de uma hora de jogo.
Esqueçamos as estatísticas: é quanto basta para explicar esta derrota.
Bernardo Silva e João Cancelo: exibições de luxo em Alvalade
Outra magnífica exibição da equipa das quinas: o Estádio José Alvalade voltou a funcionar como talismã em dia de festa do futebol. Foi ontem, no desafio que opôs a selecção de Portugal à da República Checa, que vinha de um empate-quase-vitória (2-2) frente à Espanha. Nesta partida, que dominámos do princípio ao fim e vencemos por 2-0, os checos ficaram remetidos aos 25 metros do seu reduto defensivo, limitando-se a explorar situações de contra-ataque sempre infrutíferas.
A vitória foi construída aos 33' e aos 38' com golos gerados em lances dignos de nota artística, confirmando a nossa excelente dinâmica colectiva. O primeiro marcado por João Cancelo, o melhor em campo, culminando uma época extraordinária em Manchester. O segundo com assinatura de Gonçalo Guedes. E ambos com assistência de Bernardo Silva, colega de Cancelo no City e agora também numa das suas melhores fases de sempre ao nível da selecção. No golo inicial, com a sua capacidade de drible, tirou três adversários do caminho antes de endossar a bola.
Mesmo com quatro alterações ao onze inicial operadas por Fernando Santos (trocou Rui Patrício por Diogo Costa, Nuno Mendes por Raphael Guerreiro, Otávio por Guedes e Bruno Fernandes por Bernardo), a organização colectiva funcionou na perfeição. Com futebol de ataque, pressão alta, precisão de passe e olhos na baliza, o onze nacional encheu o campo, entusiasmando as bancadas.
Alvalade em noite animada, com 44.100 espectadores.
Concluída a terceira ronda da Liga das Nações, seguimos em primeiro, isolados, no Grupo A. Com sete pontos - duas vitórias e o empate inicial em Sevilha. Sete pontos, sete golos marcados e apenas um sofrido. A Espanha vai em segundo, com cinco. Depois, os checos: quatro pontos. A Suíça ainda não pontuou. Vamos defrontá-la no domingo em Genebra.
Além dos jogadores já mencionados, destaco a exibição de Rúben Neves. É ele quem inicia o segundo golo, com um soberbo passe longo que mudou o flanco do nosso ataque. Faz boa parceria com William no meio-campo e nessa zona é hoje talvez o melhor português no momento de saída com bola.
Outro resultado muito positivo, inegável apoio dos adeptos. É um gosto ver jogar esta selecção - dinâmica, alegre, compacta, moralizada. Transformando a Liga das Nações - que vencemos na edição inaugural, fez ontem três anos - num excelente ensaio para o Mundial do Catar, daqui a seis meses. Além de nos alegrar o defeso desportivo.
Tempos péssimos para os Velhos do Restelo, que torcem sempre pelo insucesso da selecção. É chato, como dizia o outro.
Foi uma das melhores exibições da selecção nacional nos últimos anos. Na noite de ontem, em Alvalade - confirmando que o nosso estádio funciona como talismã da equipa das quinas. Cilindrámos a Suíça por 4-0 e poderíamos ter duplicado a goleada, tão deslumbrante foi a exibição portuguesa, com bola a circular ao primeiro toque, em progressão acelerada, numa demonstração viva de futebol de ataque. Perante o aplauso entusiástico de mais de 42 mil espectadores.
Figura da partida? O suspeito do costume: o melhor jogador do mundo. Cristiano Ronaldo bisou, aos 35' e aos 39', perante a visível emoção da sua mãe, presente na tribuna. Leva já 117 golos ao serviço da selecção - marca extraordinária num profissional que aos 37 anos regressou ao estádio onde começou a ser feliz, quase duas décadas volvidas.
Voltando a silenciar os idiotas que nunca perdem uma oportunidade de repetir que ele está «acabado» e «já deu o que tinha a dar».
Grandes exibições também de William Carvalho (que marcou o primeiro, aos 15'), Nuno Mendes, Rúben Neves e João Cancelo (que fechou a conta, aos 68', numa jogada de antologia, iniciada e concluída por ele).
Mas todo o onze nacional esteve muito bem. Segredo? O excelente desempenho colectivo potenciado pelas seis alterações que o seleccionador fez entre o desafio anterior, contra a Espanha (1-1), e este, que redundou na nossa maior goleada de sempre frente à Suíça. Que já tinha sofrido contra nós, fez ontem três anos, na meia-final da Liga das Nações. Com outra exibição sublime de CR7, autor dos três golos nesse triunfo por 3-1.
O nosso próximo desafio será na quinta-feira, também em Alvalade, contra os checos que ontem impuseram um empate (2-2) à selecção espanhola.
Feitas as contas, vamos em primeiro no grupo A. Uma vitória, um empate, cinco golos marcados e apenas um sofrido. E capazes de dar espectáculo, ao contrário do que alguns temiam. Os mesmos que aparecem sempre na hora dos desaires e se eclipsam quando há triunfo nacional. Como se tivessem vergonha de ser portugueses, algo que jamais entenderei.
É um gosto ver Casper na baliza dinamarquesa, é uma alegria ver uma equipa que não se rende, nem joga para empatar.
O triunfo, a sério, da Dinamarca no Stade de France, ontem, recordou-me a fantástica armada viking do europeu de 1984, Laudrup, Arnesen, Olsen e com o poderoso avançado Elkjaer Larsen.
Larsen que depois se mudaria para a amena Verona, com o sol quente, a cerveja fresca (muita), uns cigarros para assentar e uma eficácia enorme na hora de rematar para golo, conseguiu guiar o clube da cidade a um inédito título de campeão.
Ostracizado durante longo tempo sem explicação plausível pelo seleccionador nacional apesar de ser um dos melhores jogadores portugueses actuais, Ricardo Horta foi enfim chamado à equipa das quinas. No jogo de estreia da nossa participação na Liga das Nações, contra a Espanha, ontem em Sevilha.
Jogou - e marcou. O único golo português, que nos valeu o empate (1-1) e o consequente ponto conseguido fora de casa.
Depois da concludente vitória da selecção nacional contra a vice-campeã mundial Croácia, goleada ontem à noite por 4-1 no estádio do Dragão, já na campanha para a nossa revalidação do título da Liga das Nações, pus-me a pensar: Fernando Santos é, provavelmente, o melhor seleccionador português de sempre.
É quem mais lhes dói, o Cristiano Ronaldo. Saiu do Sporting para o Manchester, o Real Madrid, a Juventus. São encarnados, mas ficam verdes. De inveja.
Com Eusébio foi muito diferente: saiu do Benfica para andar a arrastar-se em clubes quase desconhecidos do Canadá, México e EUA. Terminou a carreira no União de Tomar. O clube lampiânico nunca mais o quis de volta.
Ronaldo - que na fase final da Liga das Nações marcou mais três golos pela selecção, onde já soma 88, mais 41 do que Eusébio - voltará a jogar pelo Sporting, nem que seja aos 40 anos. Com o aplauso unânime dos sportinguistas.
É o seleccionador nacional que já orientou a equipa das quinas em mais jogos do que qualquer outro antes dele.
Há três anos, em França, levou Portugal a uma conquista histórica: o Campeonato da Europa em futebol. Somos, ainda hoje, campeões em título.
Ontem, no Porto, venceu a segunda final europeia. Desta vez levando a nossa selecção a conquistar a Liga das Nações, prova que se realizou pela primeira vez - e em palco nacional, o que muito nos lisonjeia.
Não só vencemos: também convencemos. Cumprimos sem derrotas a campanha de qualificação no nosso grupo. Agora, na fase final, vencemos a Suíça (por 3-1) e a Holanda (por 1-0). Com três golos de Cristiano Ronaldo e um de Gonçalo Guedes.
Apesar destas evidências, ainda há muitos portugueses que se recusam a reconhecer mérito, talento e competência a Fernando Santos. Dizem que vence com sorte, recorre a esquemas hiper-defensivos, sem dar espectáculo. São os mesmos que gritam por Messi à passagem de Ronaldo ou que dão vivas a Guardiola quando avistam Mourinho. Isto deriva do típico masoquismo nacional: idolatramos compatriotas que perdem por sistema e detestamos aqueles que regressam a casa com títulos e troféus.
Recomendo aos detractores de Fernando Santos que neste Dia de Portugal revejam com calma e paciência a final de ontem no Dragão, em que dominámos a selecção holandesa, uma das melhores da Europa. E pergunto-lhes se depois disso ainda serão capazes de negar atributos ao engenheiro que conduziu a selecção à melhor etapa da sua história.
Pois com a vitória de hoje, perante uma grande selecção holandesa recheada com alguns jogadores jovens de topo (Ajax, Liverpool, e outros) e que tinha acabado de eliminar a Inglaterra, não há como não dar o mérito a Fernando Santos.
Depois duma vitória contra a Suíça conseguida com um losango confuso e muito à custa do Cristiano Ronaldo, teve a humildade de repensar tudo aquilo, com Danilo e William construiu uma zona central de betão, e com o Bernardo e o Guedes foi buscar a agressividade ofensiva que deu cabo dos holandeses. Mas para que isso acontecesse, o (enorme) Patrício, Ruben e Fonte estiveram imperiais, o Bruno Fernandes tentou e quase marcou, os laterais estiveram também muito bem, uma grande equipa que ganhou a uma grande selecção. Se calhar, o pior de todos foi o Cristiano, e até esteve muito bem, só que os outros superaram-se.
Mais vale jogar bem e ganhar do que jogar mal e perder. E Portugal jogou bem e ganhou. As finais não são para jogar, são para ganhar. E Portugal ganhou. Podia até ter ganho por mais. Sendo assim, parabéns a todos.
E para o Sporting o que fica desta grande vitória?
Dos 14 jogadores que entraram em campo por Portugal, 5 foram formados em Alcochete, 5 foram formados no Seixal, e 4 algures (Porto, Boavista, V. Feira e França). A questão é que os 5 formados em Alcochete já passaram dos 30 (e no Sporting não estão), e do Seixal muitos que jogaram são dos mais novos. Pensando que fomos campeões de Iniciados, segundos nos Juvenis (depois do Benfica), terceiros nos Juniores (depois do Porto e Benfica), terceiros nos sub-23 (depois do Aves e Rio Ave), e que a equipa B foi extinta, se calhar temos aqui uma travessia do deserto que vai demorar alguns anos a superar...
PS: Fernando Santos e Marcel Keizer, a mesma humildade, a mesma teimosia nos seus conceitos nem sempre muito óbvios e menos ainda populares, mas a mesma capacidade de chegar às finais e ganhar. Porque será? Do Guaraná?
Um pouco assustadora a falta de qualidade de Nelson Semedo e de Raphael, o lateral do Borussia (que pouco jogou ao longo do ano). Ruben Dias também pareceu assustado com a poderosa armada suíça e até Patrício titubeou contra o melhor ataque do futebol mundial. Ruben dos Wolves também apanhou bonés contra o espantoso meio campo suíço durante uma hora e Bernardo Silva, candidato a sucessor de CR7 e paixão da vida de Guardiola, andou perdido no campo contra uma Suíça - que tem uma das melhores equipas de todos os tempos, até à assistência do segundo golo. O nosso Bruno Fernandes começou péssimo, mas subiu, embora não tenha imposto um jogo de 20 milhões, quanto mais de 100. William, é preciso gostar dele e conhecê-lo, mas apostaria que ficará para sempre em clubes que não ganham títulos. Portugal é o melhor país vendedor de craques. No fundo, temos uma bananeira chamada Questiano, à sombra da qual todos dormem há muito.
Uma vez mais, aqueles patuscos que nas pantalhas e nas colunas de alguns jornais defendem a importação de árbitros para o futebol português terão de meter a viola no saco.
O desempenho daquele senhor alemão de apito nos beiços - e do vídeo-árbitro que tão má assistência lhe deu - foi inenarrável. Ao inventar ontem um penálti contra nós: só isso permitiu à selecção visitante marcar no Portugal-Suíça, que permaneceu empatado até aos 88'. Se não contássemos com Cristiano Ronaldo - que aos 34 anos teima em ser o melhor jogador do mundo e em dois minutos cruciais, ao cair do pano, fixou o resultado em 3-1 - talvez não chegássemos à final desta pioneira Liga das Nações, a disputar domingo que vem contra a Inglaterra ou a Holanda. Mais um desempenho superlativo do nosso melhor de sempre traduzido em três golos. Já soma 88 só na selecção.
Deixem lá os estrangeiros do apito: se há matéria-prima que não necessitamos de importar é a incompetência, que por cá abunda. Mal por mal, antes os de Portugal. Que, pelo menos, entendem os nossos insultos.
E, já agora, poupem-nos a outro disparate: não desatem a inventar putos-maravilha prontos a destronar CR7. Nenhum míni tem pedalada para se equiparar ao máxi. O trono é de Ronaldo - conquistado à custa de muito suor, talento e mérito, e não de manchetes fofinhas do jornal A Bola.
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