Por duas razões. A primeira prendeu-se com a hora do início do jogo, quase madrugadora em dia de semana. A segunda e quiçá a mais importante teve a ver com o meu pai, que se encontra hospitalizado para ser hoje operado.
Se para a primeira eu conseguiria fugir do trabalho a horas, assumo que quanto à segunda não me sentiria bem ir a Alvalade e o meu pai no hospital a ver o jogo na televisão. A idade não perdoa e aproveitar os bocadinhos com ele será sempre preferível.
Dito isto, acabei por ver o jogo na televisão num quarto de hospital, acompanhado do meu pai. Digo que sou muuuuuuuuuuito pior adepto fora do estádio que lá dentro. Vá lá saber-se porquê…
Sinceramente, não sou apreciador de ver o Sporting na televisão. Porque sofro muito e refilo ainda mais. Mas o jogo de ontem foi… mauzinho. É óbvio que o Belenenses deu boa réplica e mostrou pergaminhos. Todavia a nossa equipa mostrou-se muito intranquila (ai Acuña, ai, ai). Sem ser o rolo compressor de outros jogos da época Keizer, o Sporting foi gerindo o tempo e o esforço e jogou qb. E, claro está, sofreu o golo da praxe.
O meu filho e o meu sobrinho que estiveram no estádio vieram buscar-me ao hospital para ir para casa. No caminho perguntávamo-nos quem teria sido o melhor jogador em campo. Falei de Miguel Luís, falou-se de Wendel. Também Coates e Gudelj.
Não ficámos de acordo. Também não seria importante. Tremendamente importante foi que o Sporting regressou às vitórias.
Alguém explique ao Rui Vitória que o objectivo (goal, em inglês) do jogo é o golo, não o auto-golo. Não é normal, é paranormal, caso suficiente para convocar (S)vilar (dois golos na Champions de 2017/18) das Perdizes, a fim de esconjurar o mal, pelo menos enquanto não surge uma solução das Arábias. Vitória com Abel foi um monstro, com José esteve para ir de Mota e em Portimão viu fazerem-lhe a Folha. Por isso, estou em crer que, a acender e a apagar desta forma, se calhar a luz que Luis Filipe Vieira viu foi a de um pirilampo. Em todo o caso, termino, desejando um bom ano de 2029 (estão 10 anos à frente) a todos os benfiquistas!
Não vi o jogo ontem. Melhor, fui vendo a espaços no telefone e fui recebendo notificação do resultado, por "culpa" da comemoração do aniversário da minha neta Joana, o quinto, que ela fez questão de ser num determinado restaurante de comida italiana que serve sandes redondas sem a parte de cima do pão, a que vulgarmente chamam pizzas. Cinco anos e já decide onde comemora o aniversário, senhores, onde é que isto vai parar?...
Bom, entre umas dentadas numa coisa com queijo manhoso e um chouriço meio-picante (fizeram tanta propaganda à "potência" da malagueta que estava na carta que eu mandei vir de rajada duas imperiais, não fosse ficar "ensebucado", mas foi nitidamente publicidade enganosa), lá fui acompanhando o jogo e com tanto azar que não vi nenhum dos golos.
Como já disse aqui há uns dias, a NOS teve a cortesia de me oferecer um mês de sportv grátis, de modo que quando cheguei a casa, lá liguei a tv e procurei ver pelo menos os golos. Ainda estavam no rescaldo do jogo, a analisar os lances, três pessoas, um indivíduo que confesso não ter percebido qual o seu papel, a não ser que fazia perguntas, um técnico de vídeo presumo, porque era quem andava para a frente e para trás com a imagem, os "frames" que outro, que é um rapaz ex-árbitro que até era dos melhorzinhos, que usa o cabelo assim rapado dos lados e uma crista à moicano no meio, lhe mandava avançar ou recuar "aí, aí, mostra a bola colada ao pé". Confesso que, danado comigo próprio, consegui ver aquilo durante cerca de 15 minutos e pareceu-me entender que não foi marcado um penalti contra o Sporting (que também podia não ter sido marcado, como não foi) por causa do protocolo. O mesmo protocolo que não permitiu que um gajo do Rio Ave fosse engavetado logo ali, quando tentou arrancar uma perna ao Jefferson (e logo aquela que ainda vale qualquer coisinha, a esquerda). Fiquei portanto a saber que agora se a coisa correr mal, já não temos que culpar o árbitro, os fiscais-de-linha (eu se fosse oficial do ofício, preferia ser chamado de fiscal-de-linha do que assistente do árbitro!), ou o video-árbitro, temos é que chatear a cabeça ao protocolo. A ver pelas vezes que foi ontem falado, deve ter uma cabeçorra tipo gigantone em arraial minhoto...
Ia a coisa bastante animada e via-se que estava para durar e eu, que queria era ver os golos, fiz um FFR (fast for rear) naquilo e acabei por ver mais que os golos, fui vendo partes do jogo onde se viu que foi muito bem disputado e que poderia também ter outro resultado, não fora a grande exibição do nosso goleiro, que safou duas ou três com selo de golo (também meteu água, mas não a suficiente para afundar a barca). Bom, do outro lado também teve oposição à altura, que evitou dois ou três golos dos nossos, lembro-me de B. Fernandes e Dost e Diaby, assim de repente, que poderiam ter facturado.
Não sei se é das túlipas (de superbock), mas o B. Fernandes parece outro. Vejam bem que até me pareceu o melhor, ontem, seguido de perto pelo Nani e pelo Wendel e pelo Cabral que descobriu o caminho aéreo (só pra chatear o seu homónimo) para o canto superior direito da baliza vilacondense com um remate de tal forma simples(?) que aquilo parece coisa que o rapaz faz a todo-o-pé-passado.
É assim, a gente fez um jogo do outro Mundo? Não, seguramente que não, a determinada altura vi que o Rio Ave até tinha mais posse de bola, não foi um jogo por aí além, mas foi intensamente disputado, com muito bons apontamentos de ambos os lados e onde a qualidade individual acabou por ditar o resultado e quando assim acontece, os resultados acabam por ser justos, o que me parece ter sido o caso. Neste Sporting, por enquanto, o que mudou mesmo foi a disposição táctica e com isso vieram ao de cima as qualidades de alguns jogadores que estavam aferrolhados; Bruno Fernandes começa a ser o melhor jogador da liga do ano passado, estimo que não demorará muito a conseguir chegar lá, Gudelj, aquele cepo em quem eu próprio vim aqui descascando algumas porradas, está transformado e parece ser jogador (então se alguém lhe disser ao ouvido que joga futebol e não football, que a baliza fica abaixo da trave e não acima, poderá vir a ser um caso sério). O treinador teve também a felicidade, para além daquela que é vir treinar o clube mais eclético do Mundo, de ter à disposição Bas Dost, um gajo que marca sempre o ponto, tão regular como um Omega, ou como antigamente a CP. Mas que é diferente para melhor o próprio espírito dos jogadores em campo, ai isso é inquestionável e que o caminho parece ser o correcto, parece, pelo menos já se vê jogar à bola, que era coisa por que todos andávamos a salivar.
Se é motivo para comemorar? Talvez ainda não, que parece que dá azar contar com o ovo no cu (cloaca para os mais sensíveis) da galinha e deitar foguetório antes da festa, mas olhem, depois da comemoração do aniversário da minha neta Joana, também me deu vontade de comemorar esta volta que parece estar a dar-se no futebol leonino. Que sejam ambos muito felizes, não posso ter outro sentimento!
O Sporting deslocou-se a Vila do Conde e logo se inspirou com os Arcos do estádio do Rio Ave. Os vilacondenses bem tentaram absorver o futebol de (bi)toque do Sporting, mas a digestão revelou-se difícil - o problema terá sido do ovo a cavalo (ovo=huevo, em castelhano, alcunha argentina de Acuña, que após cavalgar todo o campo ofereceu a Dost o golo que repôs o Sporting na frente do marcador) - e no final a vitória foi dos suspeitos do costume, os pupilos de Keizer (Soze?). O arco do triunfo começou a ser erigido logo aos 8 minutos, quando Bruno Fernandes - lançado por Coates - tabelou com Nani e acabou a finalizar na área de pé esquerdo. Infelizmente, pouco tempo depois, num livre directo em que a barreira pareceu mal definida, o Rio Ave empatou. O jogo estava bom e em três minutos o Sporting teve quatro oportunidades: Dost (por cima), Bruno Fernandes (enorme defesa de Leo Jardim), Diaby (outra vez Leo) e Dost (outra vez por cima). Até que, ao quarto desses alucinantes minutos (entre os 18 e os 22), Bas Dost marcou (grande centro de Acuña). Todos os jogadores jogavam mais a dois do que a um toque, mas Diaby cometia a proeza de dar dois toques num, com a bola invariavelmente a ressaltar-lhe do pé esquerdo para a canela direita e a perder-se. Em cima do intervalo, os vilacondenses podiam ter empatado após um momentâneo lapso de razão, eufemismo para paragem cerebral, de Renan.
Ao intervalo, soube-se uma coisa do arco da velha (senhora): a Bola de Ouro de 2018 não havia sido atribuída a Cristiano Ronaldo, preterido por Modric. Parabéns ao France Football por ter adoptado a causa da diversidade, dado que o conjunto de votantes formou o arco do cego. Bom, na verdade, invisuais não eram, pois estes têm os (outros) sentidos bem despertos e isso teria sido suficiente para uma boa decisão. Apenas não quiseram vêr o óbvio, o que não fez qualquer sentido. Enfim, anda um homem a fazer acrobacias com uma bicicleta, a 2 metros de altura, para isto...
O Sporting reentrou bem no segundo tempo e marcou imediatamente, mas Bas Dost estava ligeirissimamente adiantado em relação ao passe de Acuña e o golo foi invalidado. Este viria a ser rendido à hora de jogo por o nosso "mona lisa" ter temido que o argentino (já amarelado) lhe estragasse a obra-prima de Mestre. O pior foi que entrou Jefferson e com ele o cabo dos trabalhos. Valeu o "arqueiro" (guarda-redes brasileiro) Renan, já recomposto da comoção da primeira parte, que evitou por duas vezes o golo do empate, primeiro, e mais tarde a reentrada no jogo dos vilacondenses (negando o golo a Coentrão que ainda recargou perante a apatia do lateral esquerdo leonino). Mas o Sporting jogava melhor, agora com a preocupação de privilegiar só um toque e com a entrada de Jovane (saída de Diaby) viria a sentenciar a partida. O ala formado em Alcochete, de fora da área, fez tiro ao arco com o seu pé esquerdo e a bola entrou como uma flecha "lá onde a coruja dorme" (ângulo superior). Uma obra de arte digna de figurar na ArCo.
Com alguns aspectos ainda a corrigir, a equipa leonina continua a ganhar e ontem superou aquilo que os doutos comentadores do televisivo ludopédio luso chamavam de "prova de fogo". Como se já não bastasse este escriba tratar o Keizer como um personagem de ficção cinematográfica ou uma figura do Renascimento, agora é bombeiro...
No Sporting, destaque para Bruno Fernandes e Coates, este último um muro de betão onde embateram e se esbateram todas as ofensivas vilacondenses. Nani também esteve bem, apoiando atrás e à frente, apenas com o senão de por vezes ter temporizado sem sentido (ao contrário da leitura correcta da desmarcação de Acuña no lance do 2º golo). Gudelj continua a subir de rendimento e Wendel trabalhou muito, embora tenha sido menos vistoso que anteriormente. Renan, que me fez exasperar no primeiro tempo, acabou por ser providencial. Bas dostou e ofereceu-se ao jogo, tanto em largura como em profundidade. E claro, last but the least, uma menção especial para o jovem Cabral. No geral, os jogadores foram menos felizes que no jogo anterior nos movimentos de aproximação à bola (desgaste do jogo europeu) e, quando em posse, demoraram mais o passe. Adicionalmente, nem sempre a pressão alta foi bem executada, pois algumas vezes as linhas média e defensiva não acompanharam os avançados, estabelecendo-se espaço por onde o Rio Ave assustou o nosso último reduto. Ainda assim, jogámos bem (face ao passado é um nirvana), ganhámos, temos 13 golos marcados em 3 jogos com Keizer, e continuamos a perseguir o pote de ouro no fim do arco-iris. FIM.
P.S. Que tal um estádio cheio para receber a equipa no próximo Domingo?
Mal o jogo se iniciou, ambas as equipas mostrarem tendências suicidas: um flaviense confundiu um colega com uma bola de futebol e Mathieu atrasou uma bola venenosa para o seu guarda-redes. O Sporting apresentou-se com 3 médios de perfil, em bloco médio-alto, procurando o "campo pequeno", a fim de chegar mais facilmente em defensores de Chaves.
A meio da primeira parte, quando se sucediam os passes falhados, na intersecção entre a linhas lateral e divisória do meio-campo Bruno Fernandes encontrou Acuña isolado pela esquerda. O argentino fez uma recepção orientada, centrou com régua e esquadro para a cabeça de Bas Dost e o holandês voador não perdoou. O Sporting poderia ter resolvido o jogo ainda no primeiro tempo mas, tal como a bola, o último passe nunca entrou.
O segundo tempo seguia numa toada morna até que Daniel Ramos lançou Niltinho na partida. Com a entrada do brasileiro, os flavienses encontraram as Chaves do Areeiro que lhes permitiram arrombar a trave (fechadura) da baliza leonina. O jogo aproximava-se do fim, não sem que antes o árbitro marcasse um penalty favorável ao Sporting. Na conversão, o suspeito do costume dostou, garantindo assim uma vitória e a ultrapassagem ao Braga para o segundo lugar do campeonato nacional.
No Sporting, Bas Dost e Acuña foram os melhores. Miguel Luís voltou a ser titular e mostrou consistência no passe, embora não tenha arriscado passes de ruptura. Gudelj continua a crescer defensivamente, mas dá pouco ao jogo a nível ofensivo. Nani e Bruno Fernandes alternaram boas cantorias com momentos dignos de ópera bufa e Jovane mostrou bons pormenores, no que terá sido um dos seus melhores jogos partindo de títular. Diaby, entrado em "modo morto de sono" a substituir o cabo-verdiano, foi a nulidade a que já nos habituou.
Marcel Keizer assistiu de camarote a esta partida cinzenta e algumas notas terá tirado. Em noite de Tiagos, um despediu-se a chorar e o outro deve estar a chorar a esta hora para não ser despedido. É que, sem que o (Bruno) Gallo já pudesse cantar, Tiago Martins (e o VAR), hoje muito infeliz nas decisões, renegou a (boa) arbitragem por duas vezes. Mais uma e o homem do apito ainda teria de mudar o nome para Pedro... Enfim, alguma vez haveria de "tocar" a nós...
Tenor "Tudo ao molho...": Bas Dost (lapidar no fim do jogo: "agora mais futebol, depois o título")
P.S. Diálogo mantido com um amigo benfiquista que me telefonou após o jogo:
- "Então o que `passou-se`?" -, perguntou-me ele como quem não quer a coisa, esboçando umas lágrimas de crocodilo.
- "Não sei, vocês é que estão (mal) habituados a isto..." -, retorqui-lhe eu, sem ponta de emoção (já chegava de choradeira por uma noite...).
Renan Ribeiro - Vendo Santa Clara a debater-se com o vento, usou de caridade cristã e ofereceu uma esmola aos açorianos. Na etapa complementar, manteve-se recluso no seu Mosteiro, dada a pobreza franciscana das ofensivas insulares.
Nota: Mi
Bruno Gaspar - Tem nome de Rei Mago (Gaspar, não Bruno), mas continua muito contido, meio envergonhado e ansioso, como um miúdo antes de um primeiro exame. E que exame! É que o peso da listada verde-e-branca não é para qualquer um, facto que é do "incenso" comum para Gaspar.
Nota: Fá
Coates - Cumpriu sem brilhantismo, mas teve uma preocupação com a segurança digna de um Ministro da Defesa, solenidade que o fez aventurar-se menos em terrenos inimigos.
Nota: Sol
Mathieu - No lance do golo açoriano, procurou o "pas de deux" com Coates e deixou entrar Zé Manuel nas suas costas. Inconformado, realizou algumas investidas ao último reduto adversário e distribuiu jogo essencialmente pela esquerda, fixando o ala insular e procurando a posição mais avançada de Lumor em relação à restante defesa leonina.
Nota: Fá
Lumor - Enganado pelo vento ou confiante de que Renan far-se-ia à bola, deixou Zé Manuel entrar pela sua frente no lance do golo do Santa Clara. Insuperável nos duelos individuais pelo chão (10 em 10), procurou sempre municiar o ataque. Mostrou velocidade e remate potente. Tem g(h)ana de vencer, o miúdo.
Nota: Lá
Battaglia - "Gone with the wind". Uma lástima para a equipa. Que volte depressa e bem!
Nota: Fá
Bruno Fernandes - Anda com a transmissão avariada. Patina, quando põe a mudança e as suas desmultiplicações não saem. Não está a ficar bem no retrato ou, no caso, no PASSE-partout...
Nota: Mi
Acuña - Cresceu muito no segundo tempo. Com o argentino em campo, o Rei Leão entoou "Acuña" (no original, Hakuna) Matata, que em dialecto suaíle significa "sem problemas".
Nota: Lá (Melhor em campo)
Nani - Procurou o espaço entrelinhas e deixou a sua marca no jogo (e não, não me refiro só às pernas de Mamadu). Foi um verdadeiro capitão e nunca se rendeu.
Nota: Lá
Diaby - No "Convento" de Santa Clara não há lugar para o Diaby...
Nota: Ré(u)
Bas Dost - Procurou a bola em toda a primeira parte e, quando ela finalmente lhe chegou, deslumbrou-se e falhou um golo fácil. Dostou exemplarmente de (re)paradinha, após "(re)falta" (foram dois insulares...) cometida sobre ele.
Nota: Sol
Gudelj - Entrou ainda na primeira parte para render Batman e o mínimo que se pode dizer é que fez jus à condição de novo Vigilante dos de Alvalade. Necessita de maior tracção à frente.
Nota: Sol
Jovane - Já se sabia que Cabral era nome de navegador intrépido e Jovane não foge à regra. Mudou por completo o cariz do jogo, descobrindo novos caminhos para a nau leonina, entre ventos e marés adversos.
Nota: Lá
Miguel Luís - Tempo apenas para se estrear pelo Sporting em jogos a contar para o campeonato nacional.
Estreando Tiago Fernandes ao leme, o Sporting viu-se em sarilhos grandes para navegar com o vento pelas costas. O treinador interino leonino alterou o habitual sistema de 4-2-3-1, para um 4-4-2 que na realidade acabou por ser um 4-4-1, dado que Diaby foi uma unidade a menos durante toda a primeira parte, uma gentileza que o Santa Clara viria a retribuir na etapa complementar, com Patrick a fazer-se expulsar aos 64 minutos de jogo.
No primeiro tempo, o Sporting não soube aproveitar as condições atmosféricas, destacando-se apenas os tiros de canhão de Bruno Fernandes e de Lumor que causaram sensação de golo. Acrescente-se um desvio de Bas Dost, sozinho na pequena área, que quase dava à costa e pouco mais a equipa leonina fez nesse período. Em compensação, a Delegação do Benfica na Ilha de São Miguel marcou um golo, beneficiando de uma série de equívocos dos leões: Rashid colocou a bola por cima dos nossos defesas, Mathieu preocupou-se em marcar um ponta-de-lança que já estava controlado por Coates, Lumor não acompanhou a movimentação de Zé Manuel e Renan ficou, entre os postes, a filmar tudo para a posteridade. Diga-se desde já que Lumor - a grande surpresa no elenco de Tiago Fernandes - foi uma das figuras da partida, pese esse erro partilhado. Contabilizei um total de 10 duelos disputados com quem lhe apareceu pelo flanco e todos foram ganhos pelo ganês, que ainda teve ganas para ir lá à frente e provocar desequilíbrios como no lance do primeiro golo do Sporting, provando que de um ódiozinho de estimação (Jefferson) para um Lumor de Perdição basta um pequeno passo. Um pequeno passo para o homem (treinador interino), um grande passo para a Humanidade (leonina).
Tudo o vento levou na primeira parte, incluindo Battaglia, lesionado com gravidade num joelho, e Diaby que já não voltaria do balneário. Saiu o homem que joga mal(iano), pelo menos quando colocado como segundo avançado, e entrou o jovem Cabral, o qual teve um impacto imediato no jogo. Jogando inteligentemente contra o vento, de forma rasa (exceptuando Renan e, a espaços, Bruno Fernandes) mas sem "baixar a bolinha", e procurando trocá-la de pé para pé, os leões foram aproveitando a disponibilidade física de Lumor e de Jovane para ganharem metros dentro do meio-campo micaelense. Numa dessas jogadas, Lumor viu Nani desmarcado na face lateral esquerda da área açoriana e colocou-lhe lá a bola. O capitão olhou e procurou a entrada de rompante de Bas Dost, o qual viria a ser desequilibrado por dois adversários. Manuel Mota apitou para grande penalidade e Bas Dost marcou à primeira...e à segunda, esta finalmente sancionada pelo árbitro. Pouco tempo depois, mais uma incursão de Lumor e lançamento para o Sporting. O ganês deu a Jovane e este centrou maravilhosamente para o segundo poste, onde Marcus Acuña apareceu surpreendentemente a marcar de cabeça.
O Sporting ainda poderia ter dilatado o marcador, mas para não variar ficou à mercê de um capricho da sorte ou do vento. Assim, num último estertor, o Santa Clara esteve à beira de marcar por duas vezes, com pontapés que fizeram a bola passar muito perto do poste direito da baliza à guarda de Renan Ribeiro.
Nos leões, destaques para Acuña, Lumor, Jovane e Nani, este último um capitão que sempre procurou lutar contra ventos e marés, devendo apenas refrear algumas abordagens mais próprias de piratas. Gostei da entrada de Gudelj, hoje mais intenso defensivamente, embora continue a faltar-lhe participação ofensiva. Vitória justa do Sporting e estreia auspiciosa de Tiago Fernandes, para quem a viagem aos Açores acabou por se revestir de sarilhos pequenos. Nada como ser fiél às origens, portanto.
O Rafael Barbosa havia-se queixado de ter levado uma cabeçada. Não foi (um) casual, o perpetrador identificado pelo jogador tinha sido, alegadamente, o próprio presidente da SAD do Portimonense (um tal de Rodiney), clube a que estava emprestado pelo Sporting. Em sequência, o jovem arrumou as malas e voltou a (nossa) casa. Por isso, na antevisão do jogo, confidenciei a amigos que a Estrutura leonina faria tudo para ganhar este jogo. Assim a modos de um "statement", no sítio apropriado (campo) e sem histerias comunicacionais.
Por vezes, a vida troca-nos as voltas. O Sporting entrou com Battaglia e Gudelj a fazerem o par de médios defensivos e Bruno Fernandes à sua frente. No ataque, os alas Raphinha e Jovane acompanhavam Montero. Atrás, Ristovski e Acuña regressavam, por troca com Gaspar e Jefferson, utilizados na Ucrânia. Mas, desde o início, as equipas pareciam trocadas. Bem sei que o Portimonense é Sporting Clube e que até tem um Leo na baliza, mas os algarvios, antes deste jogo, andavam em último lugar no campeonato. Ainda assim, estiveram sempre por cima. Impulsionados por um moço Manafá(do), ou marafado (estavamos no Algarve), à meia-hora chegaram ao primeiro golo. O traquina do lateral esquerdo combinou com Nakajima, dançou com Coates e marcou. Ristovski acompanhou escrupulosamente tudo. Com os olhos. Olhei para o outro lado e vi anunciar-se grande Tormen(t)a.
Tabata trocava os olhos a Acuña e Nakajima sentava Ristovski, o qual parecia (estranhamente) tão surpreendido pelos ataques do nipónico (já cá está há algumas épocas) quanto os americanos em Pearl Harbour. O Portimonense dava baile, com odor(i)* a escola de samba e, em cima do intervalo, chegou ao 2-0: Manafá e Nakajima voltaram a tabelar e desposicionaram Coates e Ristovski. O uruguaio tentou recuperar, mas o macedónio viu-se grego e veio a passo, desistindo olimpicamente, certamente cansado de um jogo em Poltava (Ucrânia) onde não alinhou. Como resultado, desta vez coube ao japonês assinar o remate fatal, ao fim de mais uma carga banzai que co-protagonizou sobre a defensiva leonina. Fatal também poderia ter sido para Salin (trocado por Renan), que num vôo kamikaze, em tentativa desesperada de evitar o golo, embateu com a cabeça no poste, perdendo logo aí os sentidos. Valeu a atenção de Coates, célere a tirar-lhe a lingua para fora, evitando que sufocasse e assim provavelmente salvando-lhe a vida. (Para que não nos esqueçamos que há coisas bem mais importantes do que o futebol.)
Raphinha, lesionado e em sub-rendimento (mais um), não voltou para o segundo tempo (substituido por Nani), mas o Sporting continuava sem abdicar do duplo-pivot ou, se quiserem, daquela coisa em forma de assim (como diria Assis Pacheco), que é aquela indefinição de quem é o quê ("6" e/ou "8") no meio-campo leonino. Ainda assim, o Portimonense mostrava uma ingenuidade desarmante, dando espaços para as penetrações leoninas, com Jackson muito desgastado e a fazer figura de corpo presente. Bruno Fernandes, agora no flanco esquerdo, quase marcava num excelente pontapé de fora da área. De seguida, assistiu Jovane para um falhanço escandaloso. Até que Acuña, picado com Tabata, decidiu-se por um "raid" pelo seu lado esquerdo que desorientou a defesa algarvia. A bola sobraria para Nani, que serviu Montero - terceiro golo consecutivo - para o 2-1. O Sporting voltava à partida e a atitude do opositor, de jogar o jogo pelo jogo, tornava o sonho possível. Nesse transe, Gudelj, isolado, dominou mal a bola, perdendo a igualdade, após insistência esforçada de Bruno Fernandes. Só que, na ressaca de um pontapé de canto, Nakajima foi deixado sozinho à entrada da área e não perdoou. Pouco depois, Coates, investido em ponta-de-lança, foi lá à frente reduzir, de cabeça, em nova assistência de Nani. Em campo já estava o velocista Diaby, que veio aprender que importante é a rapidez com bola, que isto não é atletismo, mas sim futebol. Lição que lhe foi dada pelo Oliver Tsubasa de Portimão, o nipónico Nakajima, o qual isolou João Carlos para o 4-2 final.
Frustrantemente, o Sporting não aproveitou o deslize do Braga nem a derrota do Porto, acabando assim a sétima jornada em quinto lugar. Pior, a atitude da equipa roçou a indolência. Também na Tribuna, passe o incidente narrado acima, tudo parecia estar na paz do Senhor, com Varandas e Cintra ladeando o accionista maioritário da SAD portimonense, Theodoro Fonseca. Sobre Peseiro, não vou falar. As coisas dizem-se enquanto tal for de utilidade. Depois de consumado, falar para quê? Espero é que quem só olha para os resultados (e não analisa o processo) venha a ter agora um "reality check". É que para não ficarmos nos dois primeiros (e se calhar, estou a ser optimista), 60/65 milhões de custos com pessoal é um "bocadinho" excessivo. Se tiverem dúvidas, perguntem ao Leonardo.
Nota: à 7ª jornada, temos o sétimo melhor ataque e a oitava melhor defesa...
Tenor "Tudo ao molho...": Luis Nani (alternativa a Bruno Fernandes, que foi vitima do mau aproveitamento do seu esforço)
O Sporting bateu o Marítimo, num jogo em que Peseiro experimentou duas tácticas: primeiro, a do Pudim Molotov, com um buraco no meio (espaço compreendido entre Bruno Fernandes e o duplo-pivô) e as zonas envolventes todas cobertas de jogadores; depois, a das Chaves do Areeiro, com trinco, tranca e cadeado.
A primeira táctica tem o seu quê de soviética, na medida em que herda o seu nome de um antigo ministro dos negócios estrangeiros (Vyacheslav Molotov) no tempo de Estaline, famoso pelo pacto de não-agressão que assinou com Joachim Von Ribbentrop, ministro das relações externas da Alemanha nazi. Ora, como sabemos, o sistema económico/político da antiga União Soviética colapsou devido ao excesso de burocracia, má alocação de recursos humanos e contínuo investimento em sectores deficitários, algo que tem paralelismo com o que vem sendo a actuação do Sporting em campo devido ao uso do mal-amado duplo-pivô. Já a segunda táctica é um neomodernismo de inspiração tipicamente portuguesa, que diz que a igualdade é contraditória, remete para um passado que já tem 13 anos e se traduz na interpretação literal do velho adágio popular "depois de casa roubada, trancas à porta".
Os leões entraram bem, com Montero a mostrar uma maior amplitude de movimentos e logo a criar problemas à defesa insular. O colombiano começou por cabecear ligeiramente por cima e por roubar uma bola em zona proibida e sacar um cartão amarelo a um maritimista. Aos 12 minutos, Jovane Cabral rasgou a defesa da Madeira com um passe perpendicular que deixou Raphinha isolado perante Amir, num duelo Brasil-Irão de onde resultou uma grande penalidade superiormente transformada por Bruno Fernandes. Assistir a um golo madrugador do Sporting é um privilégio tão raro como ver Petrovic executar com sucesso uma roleta à saída da sua área, mas acreditem, ou não, ambas as situações ocorreram ontem, no espaço de poucos minutos, em Alvalade. Ainda na primeira parte, uma carambola às três tabelas possibilitou a Fredy "Theriaga" Montero dar a estocada final. A tacada original foi de Raphinha. Caminhava a partida para o intervalo quando Ristovski voltou a não ser capaz de fechar por dentro, abrindo uma autoestrada por onde entrou, isolado perante Salin, um maritimista. Passe de morte para a esquerda, mas apareceu Acuña a salvar miraculosamente um golo cantado. Grande garra do argentino!
O segundo tempo começou de forma auspiciosa, com o Sporting a dominar a seu bel-prazer. Acuña rematou ao lado, Montero teve um toque de habilidade para Bruno Fernandes que lançou o perigo, uma combinação entre Raphinha e Bruno quase dava o terceiro da noite e Montero (sempre ele!) ainda sacou um livre na meia-lua da área insular. Eis que Peseiro decide mexer e tira Jovane. Esperava-se que fosse a oportunidade de Mané ter minutos no regresso à competição, ou mesmo que Diaby pudesse finalmente mostrar a sua anunciada velocidade, mas o treinador leonino, pouco preocupado com o deleite dos espectadores, optou por dar mais uma volta à fechadura e lançou Misic, alterando o 4-2-1-3 (e não 4-2-3-1) para um 4-3-0-3 (e não 4-3-2-1). Afinal, estavamos a jogar com o Real... Marítimo. A verdade é que, se antes havia um buraco no meio, passou a haver um fosso. Caso insólito, o Sporting alinhava, então, com duas equipas: a dos "retranqueiros", composta por 8 jogadores, confortavelmente instalados na sua trincheira, e o movimento dos não-alinhados (Raphinha, Montero e Bruno Fernandes), deixados sózinhos na frente, isolados, contra o mundo. Bruno, já outrora obrigado a pressionar alto sem bola e a baixar com bola para diminuir a distância para Gudelj e Petrovic, ocupava agora uma nova posição, a de ala esquerdo. É a isto que deveremos chamar de "gestão de plantel". (Ainda o haveremos de ver a jogar com uma máscara de oxigénio e um desfibrilador.)
Salin - Esteve bem, sempre que chamado à acção, entendendo-se aqui acção como uma hipérbole não denotativa da necessidade de um duche após o jogo.
Nota: Sol
Ristovski - Voltou a demonstrar ter "mais olhos que barriga", ou seja, teve olho na bola e pouco estômago para absorver o espaço e os adversários em redor. Como se já não bastasse o buraco a meio campo, também ele, qual toupeira, volta não volta vai escavando roços para os centrais.
Nota: Fá
Coates - Imperial, para ele foi apenas mais um dia no escritório em que despachou com brilhantismo todo e qualquer contencioso que lhe passou pela frente. O Ministro da Defesa!
Nota: Lá
André Pinto - O Bastos Lopes teve o Humberto Coelho, o Lima Pereira teve o Eurico, o André Pinto tem o Coates. Ontem, foi o Secretário de Estado da Defesa.
Nota: Sol
"Muttley" Acuña - Um jogo feito de garra. Morde os calcanhares aos adversários e ainda arranja tempo para solicitar o ataque. Providencial no final da primeira parte.
Nota: Lá
Petrovic - Alguns bons cortes na primeira parte e um pormenor com nota artística. Revelou tendência para se encostar a Coates, assim como que a pôr-se a jeito para um cargo de assessor ministerial.
Nota: Sol
Gudelj - Como diria o Gabriel Alves, não jogou bem nem mal, antes pelo contrário.
Nota: Fá
Bruno Fernandes - Pode jogar bem ou mal, mas o seu compromisso com a equipa é enorme. No campo, corre quilómetros e dá o exemplo. Marcou um golo de grande classe, a mesma que revelou ao (re)endereçar o prémio de melhor em campo ao regressado Mané. Solidário, não perdeu a oportunidade e mostrou poder vir a ser um bom capitão.
Nota: Lá
Raphinha - Estava o jogo ainda no início quando foi derrubado pelo "fundamentalismo" islâmico, ou melhor, por um guarda-redes iraniano que julgou fundamental dessa forma evitar um golo certo. Ainda na primeira parte, esteve na origem do segundo golo. Quase assistiu Bruno, no segundo tempo. De destacar ainda a forma como, com um toque subtil, deu boa sequência a uma bola difícil, comprida e que lhe chegou pelo ar, revelando excelente técnica.
Nota: Lá
Jovane - O passe com que rasgou a defensiva insular na jogada do primeiro golo foi a sua afirmação iluminista na defesa da liberdade de criação e da livre posse da bola.
Nota: Sol
Montero - Quando o "Cool Dude" se transforma num frio "assassino". Não deu descanso à defesa maritimista. O seu futebol de filigrana ganha fulgor quando a confiança e a capacidade física aumentam. Aí, torna-se uma dor de cabeça para os adversários, impotentes face ao seu futebol feito de toque, refinada técnica e inteligência, ingredientes bem presentes no seu golo. Nesse lance não precisou de rebentar as malhas, fez apenas um passe para a baliza. Subtil.
Nota: Lá
Misic - Completou a balcanização do meio campo do Sporting. Como o Melhoral, não fez bem nem fez mal.
Nota: Fá
Diaby - Dizem que é rápido, mas com tão poucos minutos, ainda não deu para ver se tem o Diaby no corpo.
Nota: -
Mané - Entrou para o aplauso, naquilo que foi um feliz reencontro com Alvalade. Que seja o (re)início de uma grande amizade!
Nota: -
Tenor "Tudo ao molho...": Fredy Montero
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