Foi mais ou menos nesta perspectiva que há um ano e picos presenciei a estreia de Leonel Pontes ao comando do Sporting, que começou logo bem mal com um golo de livre do Boavista de Lito Vidigal aos 7 minutos de jogo. Depois foi um festival de porrada bem orquestrada por Lito, com um público boavisteiro a pedir sangue na relva e Jorge Sousa a fazer de Pilatos, com contas antigas para acertar antes de passar à merecida inutilidade.
Foi também o jogo em que Leonel Pontes tentou resuscitar o losango de Paulo Bento, com Doumbia, Wendel, Acuña e Bruno Fernandes no meio-campo, e Plata e Bolasie no ataque. E do que me recordo até começou bem até aos tais 7 minutos. Depois foi o que se viu, Bruno Fernandes ainda consegue empatar antes de ser expulso por excesso de pancada recebida, mas não deu para mais. Um dos que se distinguiram na porrada foi um tal Carraça, que mais deve ter feito para ter conseguido um bom lugar ao sol no banco de suplentes do Porto.
A equipa ficou devastada, e na jornada seguinte, sem Bruno Fernandes, permite ao Famalicão a reviravolta no marcador e sofre mais uma derrota. Depois Leonel Pontes teve o triste fim que sabemos, para vir um Silas fazer o que fez...
Adiante. Tudo podia ter sido diferente com a vitória mais que merecida no Bessa. Um dos "matchpoints" da temporada anterior.
Pois amanhã, no mesmo local, vai ser também doutra forma uma coisa bem complicada, agora com Jesualdo Ferreira ao comando dum Boavista a fazer um mau campeonato mas com alguns jovens no ataque que num dia bom desequilibram, que o diga o Benfica.
Não vamos ter Pedro Gonçalves, Tabata e Luiz Phellype nos convocados. De resto vamos moralizados pela vitória na Taça da Liga, e com todos os restantes disponíveis.
Esta Taça da Liga trouxe-nos dois reforços importantes para o resto da temporada. Jovane Cabral regressado de lesão e Gonçalo Inácio, a jogar muito bem a central direito. Agora tem mesmo de jogar.
Sendo assim, imagino que Amorim convoque os seguintes elementos:
Guarda-redes: Adán e Max.
Defesas Centrais: Quaresma, Coates, Borja, Feddal e Inácio.
Alas: Porro, Nuno Mendes e Antunes.
Médios Centro: João Mário, Palhinha, Bragança e Matheus Nunes.
Uma mensagem que talvez não devesse ter divulgado. Nestas coisas ou se fala com clareza ou mais vale manter o silêncio. As entrelinhas não esclarecem quem lê nem valorizam quem escreve.
Leonel Pontes contaria com tudo menos isto quando há quase um ano veio treinar os sub-23 do Sporting, a convite de Varandas, após alguns anos de experiência no futebol estrangeiro. Deu indicações iniciais positivas naquelas funções, mas cometeu o erro de aceitar um desafio suplementar numa péssima ocasião: o presidente leonino apostou nele quando decidiu despedir Marcel Keizer, o holandês que designara como sucessor de José Peseiro - e que, convém lembrar, em Alvalade conquistou duas taças em apenas sete meses.
Tudo isto assentou numa escalada de equívocos que consolidou a má fama do Sporting como cemitério de treinadores: a precipitada saída de Peseiro quando não havia sequer alternativa para o dia seguinte, a contratação de um estrangeiro desconhecido, o afastamento de Keizer já com a época em curso e a proposta lançada a Pontes para pegar na equipa principal numa «missão sem prazo», como na altura declarou o presidente.
O técnico recém-promovido dos sub-23 não era o homem certo para o lugar, como rapidamente se viu. Esteve ao leme do onze principal em quatro jogos oficiais, com registo negativo: um empate e três derrotas -- uma delas, aliás tangencial, contra o PSV para a Liga Europa em partida disputada na Holanda.
A expressão «sem prazo», no caso dele, significava um mês. Até chegar Silas, que também não aqueceu o lugar. Pontes regressou então aos sub-23, com percurso interrompido pela pandemia. Somou 31 jogos oficiais, com balanço pouco memorável: 14 vitórias, cinco empates e 12 derrotas. A equipa seguia em terceiro na Liga Revelação, a cinco pontos do líder Rio Ave, quando a prova foi interrompida. Agora virá outro treinador, aguardando-se igualmente alguém de novo para orientar a equipa B.
Vale a pena meditar nesta sucessão de trapalhadas para se concluir que no futebol profissional é pouco avisado embarcar em experimentalismos. Neste aspecto, a época 2019/2020 tem fornecido ao Sporting abundante matéria de reflexão. Como exemplo do que não deve ser feito, em consecutivas acumulações de erros.
Leio agora no Record que a saída de Pontes se deve à «degradação da relação entre o técnico e a direcção desportiva» do Sporting. Não é grande novidade. Seria bom, aliás, que esta direcção desportiva não se tornasse - ela também - num foco de instabilidade. Que pode garantir emoção em sessões contínuas a quem vê de fora, mas não é nada gratificante para todos nós, os que estamos dentro.
Demorou tanto tempo a calçar as luvas que não terá aparecido na fotografia de conjunto antes do início do jogo. Para quem fazia a estreia no plantel principal não foi o melhor presságio, e as nuvens carregadas que cobrem Alvalade acabariam por não o poupar. O que dizer de um jogo em que fez quase tantas defesas quanto viu entrar bolas na baliza? Na retina ficou a rapidez com que saiu da grande área para desfazer um atraso negligente de Ilori e o toque providencial com que atrasou por uns segundos o 1-2. Já no lance do primeiro golo foi deixado à sua sorte por dois incompetentes. É muito possível que “Max” seja o futuro, mas o presente é a versão reduzida do mini.
Rosier (2,0)
Fica ligado ao lance do golo inaugural do Rio Ave, que Carlos Carvalhal levou a vencer o Sporting em casa pela segunda vez no mesmo mês, pois estava em parte incerta aquando da perda de bola de Wendel e não mais conseguiu apanhar o veloz Ronan no seu rumo à baliza, e talvez também ao segundo, na medida em que alguém deveria estar a vigiar Pedro Amaral, que cruzou da esquerda para a grande área do Sporting sem ter um jogador leonino num raio de dez metros. À parte isso, verdade seja dita que o lateral francês demonstrou estar com mais energia e vontade de combinar com os colegas nas jogadas de ataque.
Tiago Ilori (2,0)
Teve direito aos primeiros minutos de jogo desta época e gastou alguns preciosos segundos a contemplar a forma decidida com que Ronan se acercava da baliza. No resto do tempo dedicou-se a trapalhices variadas, como o tal atraso que o guarda-redes teve de resolver, fazendo lembrar que os órgãos dirigentes que o resgataram ao esquecimento no estrangeiro foram os mesmos que venderam Domingos Duarte, emprestaram Ivanildo Fernandes e não conseguiram desarmadilhar o empréstimo de Demiral feito pela genial gerência interina de Sousa Cintra.
Neto (2,5)
Merece mais meio ponto por ter aceite ir à “flash interview”, durante a qual foi perdendo gradualmente a voz até deixar a impressão de estar a ser esmagado pelas circunstâncias. Perder e sofrer dois golos num jogo que esteve quase sempre controlado é o tipo de provação que, como diria Cole Porter, lhe fez ver mais céu cinzento do que qualquer peça de teatro russa poderia garantir.
Borja (2,5)
Há que referir que o limitado colombiano esteve tão bem quanto consegue estar, chegando a fazer circular a bola com qualidade e a ser mais do que o habitual empecilho a Acuña na ala esquerda. Mesmo o amarelo que lhe foi mostrado teve sentido, pois travou um adversário que se preparava para entrar na grande área com a bola controlada.
Battaglia (2,5)
Estava a continuar a reaprender a ser útil ao clube com que rescindiu e voltou a assinar contrato quando, na sequência de continuados contactos de jogadores do Rio Ave, caiu agarrado ao joelho e foi substituído antes do intervalo. Se voltar a ficar indisponível por um longo período será apenas mais uma dor de cabeça para Silas, o novo treinador do Sporting e o terceiro consecutivo com défice capilar.
Wendel (2,5)
Talvez seja injusto apontar-lhe responsabilidades pelo 0-1, ainda que a sua perda de bola tenha servido de ignição a uma série de infaustos eventos. Mais estranha, no entanto, foi a jogada em que se desentendeu com Bruno Fernandes e conseguiram perder a posse de bola a meias para um adversário. Mas também se deve referir que o jovem brasileiro trabalhou mais e melhor pela equipa do que tem sido seu hábito nos tempos mais recentes.
Acuña (3,0)
Pudesse ser clonado em série e Marcel Keizer continuaria a torturar a língua inglesa, deixando Leonel Pontes feliz a assistir a goleada após goleada dos sub-23. O argentino foi novamente incansável, tão capaz de desarmar adversários (e de nunca desistir de uma marcação) como de fazer aberturas e cruzamentos para os colegas, falhando apenas redondamente numa recarga a um remate de Jesé Rodríguez quando estava em excelente posição para fazer o 2-1. E ainda se deu o caso, perturbador tendo em conta os antecedentes, de ser visto a acalmar colegas furibundos com o árbitro Manuel Mota.
Bruno Fernandes (3,0)
Precisou da ajuda de um desvio em Diogo Figueiras para marcar de livre directo, mas essa foi a recompensa possível para mais uma exibição em que remou contra a maré sem ser bafejado pela sorte em mais nenhum instante. Não só foi amarelado por ser alvo de ameaças e insultos de um adversário, que o acusou de falta de “fair play” por não devolver uma bola mandada para fora para haver assistência médica, como viu o guarda-redes e a falta de pontaria resolverem cerca de uma dezena de remates de todos os géneros e feitios. De igual modo, também as suas assistências surtiram pouco efeito prático, mantendo-se crente mesmo quando recuou no campo após as alterações tácticas com que Leonel Pontes procurou desesperadamente a vitória ou, logo a seguir, pelo menos o empate.
Jesé Rodríguez (3,0)
Convém não lhe pedir para correr, mas quando a bola surge no raio de acção da promessa cancelada do Real Madrid podem suceder coisas espantosas. Fez duas assistências primorosas que Vietto se encarregou de desperdiçar, atirou um cruzamento-remate ao poste e lançou outras bombas que só o azar e o guarda-redes do Rio Ave impediram de abanar o resultado. Saiu a poucos minutos do fim, na hora do desespero, deixando a indicação de que poderá vir a ser útil quando localizarem a caveira de bode que está a amaldiçoar o relvado do estádio.
Vietto (2,5)
Torna-se cada vez mais óbvio que é a operação contabilística com melhores dotes de futebolista que anda por aí, sucedendo-se jogadas em que mostra ser capaz de fazer coisas com a bola que nem o demónio desconfia. Só é pena que tenha sido tão incrivelmente perdulário: o cabeceamento ao lado, depois de muito bem servido por Jesé Rodríguez, foi apenas o exemplo mais flagrante dos constantes desacertos do argentino, incapaz de revelar-se super-herói quando os habitantes de Alvalade City mais necessitavam de um.
Eduardo (3,0)
Entrou ainda antes do intervalo, devido a nova lesão de Battaglia, e conseguiu impressionar pela qualidade no controlo e circulação da bola, empenhando-se em fazer avançar a equipa no terreno. Merece mais tempo que provavelmente lhe será concedido por Silas, que já foi seu treinador na Belenenses SAD.
Luiz Phellype (2,0)
Regressou de lesão com pouco ritmo e mais não fez do que ser uma presença na grande área do Rio Ave que prendeu mais os centrais e dinamizou a conquista de espaços pelos colegas. Convirá voltar quanto antes à bitola jogo feito-golo feito que foi sua no final da época passada.
Jovane Cabral (2,0)
Esteve quase a entrar em campo com a camisola de Gonzalo Plata, o que seria o culminar perfeito para a tragicomédia em curso no Sporting. Tendo pouco tempo, certo é que se esforçou para que a bola rondasse a baliza do Rio Ave.
Leonel Pontes (3,0)
Sinal de que a vida foi especialmente cruel para o interino que deverá sair com o recorde negativo de um empate e três derrotas em quatro jogos ao comando do Sporting é que o Rio Ave fez dois golos em pouco mais do que duas ocasiões de golo. E, mais precisamente, que o Sporting não jogou mesmo nada mal, sucedendo-se as combinações entre Bruno Fernandes, Vietto e Jesé Rodríguez, bem municiados sobretudo por Acuña e não raras vezes por Wendel. Mesmo os pontos fracos do onze que pôs em campo não tinham grande solução - Coates e Mathieu precisavam de descanso, por motivos diferentes, e a lesão de Ristovski, a venda de Thierry Correia e a falta de inscrição de João Oliveira obrigam à utilização intensiva de Rosier até alguém reparar que o Sporting pagou uns quantos milhões pelo passe de Rafael Camacho, aquele a quem Klopp antevia futuro como lateral-direito – e o facto de os poucos milhares de adeptos que estavam nas bancadas se terem dedicado mais a confrontos físicos e cânticos contra os órgãos dirigentes do que propriamente a apoiar os jogadores também não terá dado muito jeito. Espera-se que, tendo em conta o seu anterior local de trabalho antes do Jamor, o sucessor Silas traga consigo a estrela de Belém.
«Francamente: como pode um treinador ser avaliado sem chegar a dispor de um ponta de lança? Não sei o que vale Leonel Pontes. Sei que este plantel do Sporting é uma armadilha para qualquer um. Fosse Coates o maior problema. Varandas tem sido o melhor amigo de Bruno de Carvalho.»
Já aqui o escrevi, e há muito tempo já sabia: Leonel Pontes não serve. O que eu receio bem parecer estar a tornar-se cada vez mais evidente é que não é só Leonel Pontes que não serve - são mais pessoas muito acima dele.
Em 1º lugar, Frederico Varandas. Está na hora de banho de realidade e, com humildade, pedir desculpa pela forma ligeira e descuidada com que tem tratado o futebol, reconhecendo que, afinal, não era tão fácil como pensava e que não basta força de vontade. E que tem cometido erros sucessivos na gestão do plantel, na política de contratações e na escolha dos treinadores. Só lhe fica bem. E talvez assim ganhe uma nova oportunidade. Muito embora, como se diz na política, nunca há uma 2ª oportunidade para causar uma boa 1ª impressão. E deve responder à pergunta: agora quais são os objetivos para a época? Depois, tomar uma iniciativa: desistir imediatamente de aumentos para os dirigentes da SAD. Nem explicito razões por desnecessidade óbvia.
Em 2º lugar, Leonel Pontes. Que desilusão na leitura de jogo e que falta de bom senso ao justificar a substituição de Vietto para defesa do jogador, que vinha de uma lesão. Pior de tudo, não foi capaz de assumir que errou nesse fatídico momento, apenas referindo superficialmente que não funcionou. Assim não tem condições para ser treinador do Sporting, talvez nem dos sub23. Constatou amargamente o que o estádio pensou, acertadamente, da escolha profundamente errada que fez. Aqui confirma-se que não há uma 2ª oportunidade para causar uma boa 1ª impressão.
Por último, a direção. Este grupo de jovens deve refletir profundamente sobre o caminho que está a tomar este falhanço de gestão da equipa profissional, rever métodos e avaliar o somatório de erros sucessivos, de pequenos a maiores, que tem cometido a outros níveis. Exige-se mais competência nas ações. Basta estar atento às redes sociais e/ou acompanhar o quotidiano do clube para perceber que falta coordenação, mas sobretudo conhecimento aprofundado do clube. Não podem gerir com complexo de que existem fantasmas do passado a assombrar o dia a dia, senão quando se derem conta estão num filme de terror. E informem. E comuniquem. E expliquem. Só fica bem e não dá azo à especulação e à desinformação. Não passem ao lado da realidade. Após um ano de mandato, acho que todos esperávamos mais. E não esqueçam, também aqui a humildade só fará bem.
Nota final para os milhares de sócios que, numa 2ª feira, se deslocaram às 21 horas a Alvalade para, mais uma vez, sofrer e sair num desalento profundo sem ver luz ao fundo do túnel. São magníficos, somos os melhores adeptos do mundo, sentimos o Sporting de forma inexplicável. Merecíamos mais. Muito mais. Agora e sempre!
(PS- a lampionagem não é para aqui chamada. Por isso, não percam tempo com a costumeira boçalidade de alguns que aqui se exibem)
Simplesmente inacreditável o que se passou hoje em Alvalade, depois duma primeira parte muito bem conseguida, com Battaglia em grande nível, e onde se poderia ter resolvido o encontro, veio uma segunda parte onde as facturas vieram a pagamento, umas após outras, sem interrupção nem clemência.
A falta da capacidade física do onze, as naturais dificuldades de quem vinha de lesões ou inactividades prolongadas, o jogo europeu de quinta-feira, a ausência de pontas de lança, muita coisa junta.
Mas perante tudo isto, depois do empate, substituir o (duplo do Bruno Fernandes) Vietto pelo (metafísico) Jovane foi mesmo apontar para a própria testa e disparar.
Dizem que é no momento das dificuldade que se conhecem as pessoas. Pois, meu caro Leonel Pontes, hoje foste mesmo um marciano...
PS: O plantel é mesmo uma manta de retalhos. Jogar com cinco médios e um extremo diz tudo o que há para dizer. Losangos e quadrados há muitos, mas não há figura geométrica que substitua o talento de marcar golos, de saber atacar e saber defender.
- O Sporting voltou a perder em Alvalade, apenas 2 vitórias em 8 jogos oficiais é um registo patético. O passado, a história, a grandeza do clube exigem apuramento de responsabilidades e mudança de rumo. Isto não pode continuar. Obviamente que Leonel Pontes desperdiçou a oportunidade e provavelmente não continuará treinador do Sporting, mas não basta, é preciso retomar rapidamente o caminho das vitórias. Se tal não acontecer, que se mudem os dirigentes, até o presidente se for necessário. Será inevitável caso as vitórias não apareçam, insubstituível no Sporting apenas o leão.
- Quanto aos aumentos de vencimentos na SAD, será até ridículo equacionar tal possibilidade com os miseráveis resultados que a equipa vem obtendo.
A imagem é da capa do jornal O Jogo de hoje, 22 de Setembro. Creio que como eu, os sportinguistas lêem estas notícias sobre o Sporting de jornais afectos a outros clubes (neste caso o FC Porto) como quem lê um daqueles papéis que por vezes nos deixam no para-brisas do carro, anunciando o mau-olhado e azar, se não ligarmos para o professor Karamba (ou Mamadu ou equivalente). Muitas vezes, o objectivo é apenas criar intranquilidade e instabilidade no clube. Frequentemente funciona.
Em todo o caso, é um bom pretexto para desenvolver o tema: que futuro para Pontes? Pontes pegou num plantel desequilibrado, com carências evidentes, com pouquíssimo peso da formação (ao contrário do que a direcção anunciava). Talvez Keizer tivesse querido dar mais tempo aos jovens a desenvolver nos sub23 e ir lançando ao longo da época. Nunca saberemos. Mas o plantel deixado por Keizer é pobre, depois da saída de Bas Dost. O jogo paupérrimo. A imagem deixada frente ao Rio Ave (2-3, seu último jogo) demorará a passar. Pontes ficou com poucos dias para preparar com a totalidade do plantel o jogo com o Boavista (o tal em que o Padre Sousa "excomungou" Bruno Fernandes, o melhor jogador do campeonato, em mais um serviço à Liga portuguesa). Poucos dias depois o jogo com o PSV fora. Amanhã o jogo contra o Famalicão, 1o classificado. Depois, os também difíceis jogos que O Jogo refere.
Será justo, se está série for negativa, retirar Pontes? É claro que não. Se a direcção estiver a ser séria, irá continuar. Se apenas foi buscar Pontes para o "queimar" nesta difícil série de jogos, enquanto guarda melhor série para lançar novo treinador, será mais um tiro no pé. Aproximam - se a grande velocidade os jogos com FC Porto e SL Benfica. Será que teremos um terceiro treinador antes do final do ano? Quero crer que não.
Este início de temporada do Sporting, no que ao futebol profissional diz respeito, tem sido pouco menos que catastrófico. O que não deixa de ser surpreendente, porque a passada temporada que começou em condições horríveis acabou por ser bem conseguida, com o 3.º lugar da Liga e duas Taças conquistadas em finais contra o Porto.
Os resultados que conseguimos em campo não fazem mais que reflectir a confusão que foi a preparação da época, a abordagem ao mercado, a definição do plantel, a falta de preparador físico e a (degradada) relação com o treinador. Chegamos a Eindhoven com um treinador novo, com um modelo de jogo novo, com um plantel com várias mudanças em relação ao que tinha sido apresentado aos sócios, com jogadores que foram inscritos para a Liga e não para a Europa, outros que foram inscritos na Europa mas não na Liga, com jogadores descompensados fisicamente, e lá ficam Bruno Fernandes e mais dez a fazer o que podem no relvado com o resultado esperado, a derrota.
Há um ano Peseiro, apesar de tudo, deixou uma equipa arrumada e estruturada, Tiago Fernandes com um ou dois ajustamentos conseguiu resultados imediatos e Keizer teve um início fulgurante. Agora Keizer deixa uma equipa esfrangalhada, com titulares vendidos, reforços emprestados, jogadores lesionados.
Leonel Pontes está a fazer pela vida. Um novo modelo de jogo com o meio-campo em losango (regresso aos tempos de Paulo Bento), Doumbia claramente a trinco, dois médios interiores de transição e um pivot ofensivo. Saída a jogar a três baixando o trinco e lateralizando os centrais, laterais projectados, um avançado mais fixo, outro mais movel. O problema é que, Bruno Fernandes à parte, os outros dez estão muito aquém das necessidades do sistema.
Na baliza Renan não é tão mau assim mas não é Rui Patrício e não está a passar um bom período, consentindo golos defensáveis e largando bolas para a frente.
Na lateral direita, Rosier parece sólido a defender mas inconsequente a atacar, mesmo assim bem melhor que Ristovski ou Thierry Correia.
Na esquerda, Borja foi um Ilori no Bessa (o que não é elogio nenhum), e lá temos Acuña a defesa esquerdo, sempre um problema em termos disciplinares.
Dum lado e doutro, os laterais têm muito pouco apoio do médio daquele lado. Veja-se o segundo golo do PSV.
No centro, Neto é um jogador esforçado e regular, bom suplente de Mathieu e Coates. Mathieu tem problemas crónicos e tem de ser muito bem gerido e Coates é um jogador pesado que demora a ficar em condições, não fez uma pré-época em condições nem tem descanso com as solicitações da sua selecção. Mas em boas condições físicas e com protecção dum trinco e dos laterais, Mathieu e Coates fazem a melhor dupla da Liga. Em más condições físicas e com os laterais em parte incerta...
Passamos para o trinco, a que Keizer era alérgico. Doumbia está a crescer de jogo para jogo, mas continua com muitas limitações, e não tem alternativa no plantel. Battaglia é muito mais um médio de transição.
Quanto aos dois médios de transição do losango, Miguel Luís regrediu imenso num ano com Keizer, Battaglia vem de lesão e não está inscrito na Liga Europa, Wendel fica melhor na posição do que como segundo médio-centro, Eduardo talvez funcione, vamos ver na segunda-feira. Bruno Fernandes poderá sempre ocupar essa posição onde joga na selecção, mas faz falta mais à frente.
Como pivot temos Vietto e Bruno Fernandes. Jogando os dois, Bruno sobe para avançado móvel. Se Vietto for aquele que vimos em Portimão, estamos bem servidos.
Ficam dois avançados. Com Bruno a avançado móvel, sobra uma posição. Para Bolasie ou Luiz Phellype. Ou para Pedro Mendes, saltava à vista de todos menos de Keizer que estava ali um novo Slimani, quando ele resolveu apostar num molengão e inconsequente Pedro Marques.
E que fazer com Jovane, Plata, Camacho, Fernando e Jesé? No losango não há extremos... Entram quando a coisa estiver preta?
Claramente Leonel Pontes tem uma grande Tarefa para realizar e o Prazo será aquele que os resultados permitirem...
Notavam os comentadores da SIC durante o Sporting Clube de Portugal - PSV de hoje (cujas incidências o Pedro Correia já resumiu perfeitamente em post anterior) que os holandeses tinham maioria de jogadores da formação, enquanto nós tínhamos maioria de estrangeiros. E contrastava esta situação com o histórico do Sporting de lançar jogadores.
Faltou lembrar que a equipa da formação trabalhada nos últimos anos - aquela que ganhou o campeonato europeu foi vendida (João Mário e Adrien) ou rescindiu toda (ou quase) unilateralmente há pouco mais de um ano, nas circunstâncias em que se sabe. E acabou vendida ao desbarato (menos um tal de Rafael, que de leão não tem nada - e que seguramente será lembrado como um dos maiores oportunistas a vestir a camisola verde e branca).
O último ano podia e devia ter sido aproveitado para lançar novos jogadores. Peseiro apostou em Jovane, que lhe rendeu muitos pontos. Keizer veio e puxou por Miguel Luís também. Mas, este estranho ET - que veio para Alvalade com rótulo de mestre da formação, com zero de currículo, além de uns meses a frente da equipa do ajax, enquanto esta procurava treinador - ao fim de poucos meses sentou ambos. Este ano esperava-se que MK promovesse jogadores como Pedro Mendes, que estiveram em muito bom plano na última época nos sub-23. Já falei aqui do caso de Daniel Bragança, talvez o melhor talento da sua geração. Thiery era uma escolha óbvia. Mas mesmo assim, na pré - época MK testou Ilori a lateral direito (!), com resultados paupérrimos. Depois da venda de Thierry, o onze de MK ficava de novo sem qualquer jogador da formação. Leonel Pontes tem uma árdua tarefa pela frente. Começando pela defesa, que hoje mais uma vez foi um desastre (Coates teria lugar nos sub23, a jogar assim?).
Hoje arriscou bastante, fazendo entrar Jovane, que fez a cabeça em água à defesa do PSV, mesmo acabado de regressar de uma lesão. Arriscou com Miguel Luís, mais apagado mas a cumprir. E apostou em Pedro Mendes, que, com aquele golo ao fim de 70 e tal segundos em campo, deu à equipa bem mais do que uma chance para empatar o jogo (ou mesmo virar).
Aquele golo foi um murro na Mesa. Um estou aqui. Estamos aqui. O Sporting corre-nos nas veias.
Há poucos anos ganhamos 3-0 ao SLB na Luz, acabando a jogar com 9 jogadores da formação (se a memória não me falha.) quando voltarmos a ter 7 ou 8, ganhamos até por mais.
Acabei de ouvir a tua conferência de imprensa, e a resposta sobre Pedro Mendes, e mais uma vez tenho a dizer-te que estiveste muito bem.
Vieram dizer que o Sporting contava que fosses o novo Bruno Lage. Pois, nem penses nisso.
O Bruno Lage mete três putos contra um colosso alemão a pensar que a sorte que teve com o Sporting se iria repetir: derrota concludente, mais uma machadada no ranking de Portugal, o ponta de lança de 20 M€ pareceu ainda pior que o nosso (gordo) Jesé, e mesmo assim foi quase aplaudido no final, a imprensa gabou-lhe o arrojo, um heroi. A Champions realmente tem árbitros a sério, e as equipas não são subsidiadas pelo "Glorioso", e isso faz toda a diferença. A águia torna-se uma perdiz... Mas todo o Benfiquistão bate palmas. O Bruno Lage no Sporting não durava dois dias.
A ti ninguém te deu os parabéns por estreares dois miúdos de 18 anos, o Plata e o Camacho, na 1.ª Liga, mesmo aqueles que andaram a criticar o Keizer por não os pôr a jogar. Nem quiseram saber do festival de porrada do Boavista permitido pelo «Mas eu estou a brincar, caralho??? Estou a brincar???»
No que respeita ao jogo de amanhã, desculpa não estar presente como tinha pensado. Vais ter muitos Sportinguistas a sério a apoiar a equipa como apoiaram em Londres. Não inventes, mete os melhores dentro do possível, traz da Holanda um bom resultado, que isso é o mais importante. Segunda-feira lá estarei para ver uma vitória tranquila frente ao actual líder da Liga.
Não me conheces nem eu a ti, mas apeteceu-me escrever-te da forma mais visível para muitos. Muitas vezes estivemos próximos fisicamente, se calhar a primeira foi quando fui a um relvado secundário do Odivelas ver o Sporting ganhar o dérbi com o Benfica e assegurar o título dos Juniores, com o nosso grande capitão Miguel Veloso ao comando. Depois disso muitas vezes em Alvalade e fora dele contigo no banco como fiel escudeiro de Paulo Bento e depois na Selecção Nacional. Mas antes disso tiveste todo um passado meritório nas camadas jovens do Sporting, testemunhado pelo grande mestre Aurélio Pereira, e um acompanhamento exemplar do melhor futebolista de todos os tempos, o nosso Cristiano Ronaldo. Depois disso andaste por aqui e por ali, voltaste ao Sporting e logo transformaste aquela equipa deprimente do ano passado numa máquina trituradora, e quando estavas no bem bom, agora foste chamado para resolver um grande problema.
Não herdaste um plantel, herdaste uma manta de retalhos, entre as vendas forçadas pela necessidade financeira, entre os méritos e fracassos de anteriores opções, entre o que o antigo treinador pretendia e agora o que tu ficaste e não dá para fazer o que queres. Herdaste jogadores em recuperação de lesões prolongadas, uns mais magros outros mais gordos, os mais novos que estavam a explodir ficaste sem eles.
Dizem que és um homem do Mendes. O Dono Disto Tudo. Pois olha, não parece. Logo no jogo de estreia foste lixado por um daqueles árbitros que sabem muito bem de onde o vento sopra. E parece que não sopra a teu favor. Mas mesmo assim no final do jogo disseste o que havia a dizer, duma forma assertiva e muito clara. Tu e o Bruno Fernandes deviam acumular com o cargo de Director de Comunicação e obrigar todos os outros, presidente incluido, ao silêncio perpétuo. E devolver a Cláudia à TVI para entreter a audiência.
Pois, meu caro Leonel, estás f.... . Não sei se o Rui Santos vai pôr um quadro a contar os dias que te faltam à frente da equipa, mas a verdade é que vais ser o bombo da festa, dos ressabiados que querem terra queimada, dos alinhados que querem bodes expiatórios, dos teóricos que querem o que o plantel não dá, de todos e mais alguns. No Bessa vi uma tentativa de ter uma equipa equilibrada e competitiva em campo, mas entre aquele golo a abrir que o brasileiro do Boavista nunca mais vai conseguir repetir (é a nossa sina) e o jogo musculado e agressivo à imagem dos seus adeptos, o resultado foi o mal menor. Se tiras o Plata e metes o Camacho, não estás a retirar um jovem que acertou muito pouco e que nem correr já conseguia, nem a dar confiança a um outro jovem que no próximo jogo pode render. Estás apenas a ser um idiota.
Ver Leonel Pontes no banco foi uma lufada de ar fresco. Interventivo, quando Keizer era passivo. A corrigir constantemente os jogadores, quando Keizer mantinha aquele ar de enfado de quem espera que o jogo termine rápido para ir para casa sentar-se no sofá. Sem aquela teatralidade algo ridícula de Jorge Jesus, mas gritando quando algum jogador não pressionava ou não defendia. O resultado foi mau, mas o Sporting foi claramente a melhor equipa perante um adversário a defender com 10 jogadores e muita agressividade (sempre à beira da agressão). A equipa decisiva, essa foi a do incrível Jorge Sousa, sempre a deixar os jogadores do Boavista varrer ao soco e pontapé Bruno, Wendel e Bolasie. Falou bem Pontes no final. Expulsar Bruno Fernandes daquela forma é um insulto para o melhor jogador da pobre Liga portuguesa e uma falta de respeito para uma instituição como o Sporting Clube de Portugal. Deveria ser secundado pela direcção. Voltando a Pontes, surpreendeu-me pela positiva. Com poucos dias de trabalho, a equipa fez globalmente um bom jogo e melhorou bastante da 1a parte para a 2a. Dificilmente se poderia esperar melhor, dadas as baixas no ataque (e as carências naquela zona do terreno, fruto de um início de época péssimo em termos de planeamento) e as estreias à força. Tendo em conta a trapalhada que Pontes herdou, deixar dois pontos no Bessa num jogo condicionado pela arbitragem é um mal menor. Se conseguir continuar a fazer crescer a equipa, e se os resultados aparecerem, Pontes pode ser uma boa solução. Boa sorte, Leonel Pontes. E viva o Sporting Clube de Portugal.
Do empate no Bessa (1-1).Mais dois pontos perdidos no campeonato. Já desperdiçámos sete em cinco jornadas: derrota com o Rio Ave em casa, empates fora com o Marítimo e agora com o Boavista. Já perdemos quase tantos como ganhámos (apenas oito). Este é o Sporting ambicioso e com aspirações a vencer títulos que desejamos? Obviamente, não.
Do improviso e do amadorismo. Como se só agora estivéssemos a iniciar o campeonato, no Bessa alinhámos com quatro novos titulares (Rosier, Neto, Plata e Bolasie) num jogo que ficou também marcado pela estreia absoluta de Jesé de verde e branco e da entrada em estreia de Rafael Camacho quase à beira do apito final. Uma autêntica manta de retalhos: a equipa está a ser reconstruida com o campeonato em pleno andamento. Algo impensável, algo inaceitável.
Das ausências. Bas Dost já não está, Raphinha e Thierry também rumaram a outros campeonatos. Para cúmulo, Luiz Phellype e Vietto - magoados - ficaram impedidos de disputar esta partida. Fechado o mercado de Verão, com as atribulações que bem sabemos, continuamos sem um médio defensivo de raiz (que Idrissa Doumbia manifestamente não é) e sobretudo temos uma chocante carência de goleadores (agravada pela não inscrição de Pedro Mendes na Liga). Tudo isto só poderia gerar maus resultados. O primeiro foi precisamente este empate no Bessa.
De Plata. Enfim, estreia a titular na equipa principal oito meses após ter chegado ao Sporting. Não podia ter acontecido num contexto mais difícil e o jovem internacional sub-21 do Equador acusou a pressão. Jogando muito colado à ala direita, teve uma primeira parte desastrosa, falhando sucessivos passes e sendo presa fácil para a sólida defesa do Boavista, liderada pelo veterano Ricardo Costa. Desfavorecido por ter nas suas costas outro jogador em estreia (Rosier), sem automatismos nem rotinas, pareceu sempre um peixe fora de água.
De Wendel. Começou a enterrar a equipa logo aos 5', num lance em que estava claramente desconcentrado, tendo provocado uma falta desnecessária em zona perigosa. Dessa falta nasceu o golo do Boavista, apontado de livre. O brasileiro, afectado pelo lance, foi incapaz de criar desequilíbrios no centro do terreno. Além disso, rebentou fisicamente à hora de jogo, tendo saído já tarde de mais, aos 81'. A seu favor, diga-se apenas que o substituto, Eduardo Henrique, conseguiu jogar pior.
De Borja. Somam-se as oportunidades, mas o colombiano continua a desperdiçá-las. Hoje voltou a ser uma nulidade como lateral esquerdo - fazendo-nos ter cada vez mais saudades de um Fábio Coentrão. A tal ponto que o treinador se viu forçado a deixá-lo no balneário ao intervalo, reformulando a ala esquerda ao fazer recuar Acuña enquanto Bolasie alternava com Jesé nas transições do eixo para a ala no segundo tempo.
De Jesé. Outra estreia: o espanhol entrou na segunda parte. Alternando entre "avançado-centro", a posição no terreno em que Frederico Varandas garante que ele prefere jogar, e a ala esquerda, onde parece sentir-se mais à vontade, mostrou dois ou três bons apontamentos, embora insuficientes para a fama de que gozou noutros tempos, quando chegou a ser uma das promessas da cantera do Real Madrid. Inadmissível foi ter-se apresentado em Alvalade com quilos a mais, como ficou bem à vista.
Da primeira parte. Nos 45 minutos iniciais, só construímos uma oportunidade de golo. Fomos para o intervalo a perder 0-1, sem surpresa para quem acompanhou o jogo. Com um onze em campo lento, previsível, desligado, sem criatividade nem capacidade para abrir linhas de passe nos últimos 30 metros.
Da última substituição. Fazer sair Plata aos 88', trocando-o pelo estreante Rafael Camacho, foi algo tão inexplicável como a troca de Acuña por Plata aos 90'+1 frente ao Rio Ave - última decisão em campo de Marcel Keizer como técnico do Sporting. Não era a altura de queimar tempo, antes pelo contrário, nem tal troca podia ser justificada para "refrescar a equipa", tendo ocorrido no momento em que ocorreu. Camacho - que mal tocou na bola - merecia ser lançado no onze leonino noutra ocasião.
Das nossas redes, uma vez mais tocadas. Continuamos a sofrer golos, jogo após jogo. Já levamos doze sofridos, em seis partidas oficiais nesta temporada. Mais três do que aqueles que marcámos (nove).
Da estreia de Leonel Pontes. O novo treinador interino do Sporting (o quarto da era Varandas) é o menos culpado deste desaire. Porque recebeu a equipa esfrangalhada e sem rotinas competitivas, como se estivesse só agora na pré-temporada. Mesmo assim, como dizia Napoleão dos seus generais, nestas ocasiões faz sempre falta haver um treinador com sorte. Pontes não a teve neste seu regresso ao banco de treino da equipa principal por onde já passara - também esporadicamente - vai fazer dez anos.
Do árbitro. Jorge Sousa, ao contrário do que alguns garantem, é um dos piores profissionais do apito que se arrastam nos relvados portugueses. Hoje voltou a inclinar o campo, claramente, contra o Sporting. Amarelando e condicionando Wendel logo aos 5', por uma falta banal, enquanto deixava Ackah dar sarrafada a Bruno Fernandes, a torto e a direito, sem ser admoestado. Não contente com isso, exibiu o cartão amarelo ao nosso capitão por protestos (mais que legítimos) e à beira do fim da partida expulsou-o por uma falta ofensiva, idêntica a muitas cometidas por jogadores axadrezados sem terem recebido qualquer sanção. Vamos jogar sem Bruno no próximo desafio, frente ao Famalicão: irá fazer-nos muita falta. Árbitros como Jorge Sousa prejudicam o espectáculo desportivo e são nocivos ao futebol.
Da classificação. Há duas jornadas, chegámos ao primeiro posto. De repente, tudo parece ter ruído. Caímos agora para a quinta posição. Atrás do Famalicão (com mais cinco pontos), Benfica, FC Porto (com mais quatro) e que o próprio Boavista (com mais um). E o panorama que vai seguir-se não parece ser mais favorável, pois entramos num ciclo de dois jogos por semana.
Dos insultos ao presidente. Em casa alheia, o que é ainda mais grave, Frederico Varandas foi injuriado por algumas dezenas de energúmenos que se dizem do Sporting. É o mesmo caldo de cultura que em 2018 originou o lançamento de tochas incendiárias a Rui Patrício num Sporting-Benfica, agressões verbais aos jogadores no aeroporto do Funchal e na garagem de Alvalade, e o miserável assalto à Academia de Alcochete. Estes energúmenos não têm emenda.
Gostei
Do nosso golo. Marcado pelo inevitável Bruno Fernandes, na marcação de um livre, iam decorridos 62'. Tempo mais do que suficiente para conquistarmos os três pontos no Bessa, até porque toda a segunda parte foi de sentido único, com pressão constante sobre a equipa axadrezada, remetida ao seu reduto defensivo. Infelizmente este fluxo atacante não se materializou no tão ansiado segundo golo.
De Bolasie. Estreia absoluta do reforço congolês, colocado na posição mais avançada para compensar a ausência de um ponta-de-lança. Bolasie causou muito boa impressão neste primeiro jogo de Leão ao peito. Foi dele a única oportunidade do Sporting na primeira parte, aos 27', forçando o guarda-redes Bracali a uma defesa muito apertada. Desviado para a ala esquerda no segundo tempo, continuou a criar desequilíbrios. Aos 70', conduziu um rápido contra-ataque e disparou fortíssimo, em arco, fazendo a bola roçar a barra. Impressionante a imagem dele junto à linha final, incentivando o aplauso dos adeptos. Começa bem: foi o melhor do Sporting.
De Rosier. Outro estreante, o francês causou igualmente boa impressão: é fácil augurar-lhe a titularidade como lateral direito com projecção ofensiva e capacidade de cruzamento. Falta-lhe apurar a forma física: ontem quebrou a meio da segunda parte.
Do apoio incessante nas bancadas. Os adeptos leoninos, incansáveis, apoiaram a nossa equipa do princípio ao fim. Refiro-me aos verdadeiros adeptos, que eram a larga maioria, não aos "letais" que só lá foram para lançar impropérios ao presidente do Sporting.
Infelizmente confirmou-se a previsão que adiantei no post do Pedro Correia. Era demasiado previsível, face à má preparação da época, não há outra forma de o escrever. Não irei criticar Leonel Pontes, porque entrando praticamente a perder no jogo, graças a uma displicência de Wendel, tentou mudar o rumo dos acontecimentos, incentivou a equipa, fez substituições, mas não pode fazer milagres com as lacunas que o plantel apresenta na frente de ataque. Gostei de Bolasie, seria difícil pedir mais a quem acabou de chegar, o problema é não haver tempo para integrar os reforços de forma gradual, porque o único ponta de lança do plantel está lesionado, tal como o segundo avançado titular. Para cúmulo, Pedro Mendes, titular dos sub 23, em boa forma, não foi inscrito, decisão que não se compreende de todo.
Se na época passada poderia ser invocada a pesada herança, acrescida da impreparação da Comissão de Gestão, a verdade é que houve tempo para planear a actual época. A situação financeira do clube não explica tudo, seguramente não explica a não inscrição de Pedro Mendes, a má gestão do dossier Bas Dost e não contratação de ponta de lança opção a Luiz Phellype. Frederico Varandas terá muito que explicar aos sócios.
Sem querer encontrar bodes expiatórios, ou passar responsabilidades a terceiros, não se percebe a expulsão de Bruno Fernandes, após ter passado o jogo a sofrer faltas. Verdade que o nosso capitão se pôs a jeito, ficando à mercê do padre Sousa por ter levando um primeiro amarelo desnecessário por protestar. Na última jornada foi Coates, hoje Wendel, estamos a cometer demasiados deslizes que penalizam a equipa.