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És a nossa Fé!

Pirotecnia fora dos estádios

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Mais uma vez alguns adeptos do Benfica se comportaram como selvagens num estádio de futebol, bombardeando com tochas adeptos da equipa da casa, uma vergonha não só para o clube como para o futebol português. A polícia espanhola fez aquilo que a portuguesa não consegue ou não quer fazer, deteve 3 individuos e apreendeu vasta quantidade de material pirotécnico.

Trata-se do clube que foi pioneiro na criminalidade pirotécnica nos estádios com o assassinato do sócio do Sporting Rui Mendes por um "very ligth" em pleno final da Taça, facto esse que em vez de ser motivo de vergonha para presidente e sócios, serve de inspiração para um cântico de provocação ao nosso emblema no estádio e no pavilhão, sob o encolher de ombros cúmplice dos dirigentes presentes.

Trata-se também do clube que com Luís Filipe Vieira conseguiu esconder de todas as formas a existência de claques organizadas e subsidiadas de diferentes formas, e talvez ajudar com os melhores advogados quando exageram nos actos criminosos e são levados à justiça. Com Rui Costa nada se viu em contrário, focado que está em ganhar tudo seja a que preço for, até no berlinde. Vem agora o mesmo Rui Costa  pedir desculpas ao presidente da Real Sociedad que estava em fúria ao ver adeptos do clube atingidos com tochas.

As desculpas não se pedem, evitam-se- Que fez ele para que aquilo não tivesse acontecido?

 

Também no Sporting, e depois dum presidente cúmplice que assistiu de cadeirinha ao bombardeio de Rui Patrício com tochas em pleno dérbi depois de ter andado na pista, e à vista de todos, com responsáveis da claque a organizar a coreografia, a pirotecnica organizada pelas duas claques em guerra com o actual presidente tem causado grandes problemas, nos jogos europeus e nacionais. Estamos ameaçados pela UEFA com jogos sem adeptos ou mesmo à porta fechada.

Ainda agora, no Bessa, tivemos três encapuzados num jogo que o Sporting precisava de ganhar fazerem mais um número de circo, quebrando o ritmo do jogo, sob o olhar próximo e passivo da polícia, "spotters" e unidade de intervenção. Nos ultimos dois jogos já não tivemos tochas, hoje à noite vamos ver o que acontece.

 

Há quem no Sporting aponte o dedo ao vizinho esquecendo o que tem em casa. Não é o meu caso. 

Até por uma razão muito simples. A delinquência duma franja de adeptos inseridos numa claque dum determinado clube afecta em primeiro lugar os restantes adeptos do próprio clube, que ao acompanharem os restantes se sujeitam ao que não querem e correm riscos substanciais. A começar por todos os sócios, como eu, que compraram bilhete e estarão domingo no estádio da Luz a apoiar a equipa do Sporting.

Pirotecnia fora dos estádios de futebol. E que quem a pratica seja perseguido e levado à justiça. E que ela seja dura.

SL

Leoas nas quintas

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A pergunta foi:

"Qual o momento determinante do campeonato, até ao momento".

A resposta da filha de Carlos Pinhão (um abraço, Carlos, quem tem filhos tem cadilhos) foi a que podemos ler acima.

O Sporting, sempre o Sporting, um caso mal resolvido de alguns sportinguistas que não querem sair do armário; Rodolfo Dias, Zé da Fisga, o Cunhado, o Cunhado do Cunhado, a Leonor Pinhão, enfim, abram a porta, assumam.

As (doces) palavras de um lampião

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Conheci e fui amigo do seu pai, com quem privei e a quem aturei algumas birras e também algumas euforias e leio o filho concedendo-lhe o respeito que o pai me mereceu e que ele conquistou por direito próprio. Com a devida vénia, transcrevo o "postal do dia" de Luis Osório:

"1.

O Sporting voltou aos treinos e com eles, o Paulinho.

Ele é técnico de equipamentos, mas é muito mais do que roupeiro.

Ele é amigo de todos os que se cruzam consigo, dos jogadores, dos treinadores, dos funcionários e também dos adversários - todos são amigos, não há ninguém a quem rejeite oferecer o seu abraço.

Ele é o que chora quando alguém está infeliz, o que move o mundo para "sacar" um sorriso dos que acordam maldispostos. Olham para o Paulinho e caem em si.

Ele é o exemplo de que na vida tudo é mesmo possível, mesmo o impossível.

2.

E como para ele a vida foi difícil.

Abandonado em criança pela mãe, com deficiências psicomotoras relevantes, habituado a ser rejeitado, conformado por ser rejeitado, Paulinho ia levando os seus dias fazendo rir os outros pela sua boa disposição, falando do Sporting, fazendo silêncio sobre a memória de uma família que o deixou desamparado e entregue ao destino.

Na CERCIS e na Santa Casa da Misericórdia tinha amigos e abraços, mas os seus dias não tinham futuro. Era um igual ao outro, sem perspetivas de arranjar um trabalho.

(em meados da década de 1980 poucos eram os que abriam as portas das suas empresas a um portador de deficiência, um problema na sua cabeça foram-lhe dizendo quando perguntava o que tinha de diferente).

Na CERCIS existia o senhor Manuel. E o senhor Manuel era tudo pois levava-o aos fins de semana a ver o Sporting. O que ele gostava desses domingos em Alvalade.

E um dia o senhor Manuel deixou de vir trabalhar e ele deixou de ir ao estádio.

Mas o que a vida retira com uma mão pode oferecer com a outra. O Paulo Gama - assim se chama o Paulinho - não imaginaria que uma psicóloga da CERCIS iria mudar-lhe a vida. A dra. Lina, como ele lhe chamava, uma jovem psicóloga que uns anos depois viria a ter um caminho profissional de referência no apoio a jovens com paralisia cerebral.

Mas contava-lhe que Lina Gameiro mudou-lhe a vida por que numa manhã que ameaçava ser igual a todas as outras lhe perguntou o que o Paulinho gostaria de fazer se pudesse escolher.

Respondeu-lhe com uma única palavra.

"Sporting"

3.

Corria o ano de 1985.

Lina decidiu enviar uma mensagem a João Rocha, então presidente do Sporting.

Mal não faria.

Falou-lhe de um maravilhoso rapaz, do sonho que tinha, das suas qualidades e do projeto "Pirilampo Mágico".

João Rocha respondeu-lhe que sim, que o miúdo viesse.

Foi trabalhar como roupeiro na secção de hóquei em patins e Livramento protegeu-o e amparou-lhe os dias que passaram a ser gastos em Alvalade. Via os treinos do futebol, ouvia os sócios na porta 10 A, e tudo o resto que já sabe.

4.

O Sporting voltou aos treinos e o Paulinho lá está, feliz como no seu primeiro dia de trabalho, faz agora 35 anos.

O miúdo fez-se homem.

Conheceu o mundo, é feliz.

Vai de férias com as estrelas, foi de férias com Frederico Varandas.

Muito feliz por isso, mas mais feliz ainda por ver todos os jogos, em casa e fora, sentado no banco de suplentes do Sporting.

5.

Um dia também gostaria de conhecer o Paulinho.

Um dia espero que ele me leve à bola, mais o senhor Manuel que um dia lhe faltou.

Que ninguém lhe diga em algum momento que sou lampião.

Só depois do último abraço lhe direi."

 

Ah, se todos fôssemos assim, como o Luis e o Paulinho...

Cor de papoila murcha

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Um comentador que se diz imparcial mas é lampião até à medula vaticinava à quarta ou quinta jornada do campeonato 2020/2021, na televisão onde vai grasnando uns dislates, que o Benfica tinha o título no papo, restando às outras equipas lutar pelo segundo posto.

Quero ver de que cor este zandinga da treta vai pintar a cara quando voltar a aparecer na pantalha. Sou capaz de adivinhar qual é. Cor de papoila murcha.

Nem isso conseguiram

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Fizeram connosco o jogo da vida deles. Os que iam "arrasar", com reforços de mais de cem milhões de euros, e afinal ficaram em terceiro no campeonato, sem assegurarem sequer a entrada directa na Liga dos Campeões. 

Imaginei até que depois desta vitória tangencial fossem comemorar para o Marquês. Mas não: nem sequer ganharam a "Taça da Segunda Circular". Em casa deles, venceram ontem 4-3. Nós, em Alvalade, tínhamos vencido 1-0 na primeira volta. A diferença de golos é-nos favorável.

Nem isso conseguiram.

Dizem que é do Sporting

Dizem que é do Sporting.

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Mas em duas arbitragens miseráveis, esta época, conseguiu subtrair 4 pontos ao Sporting e expulsar pelas primeiras duas vezes o nosso treinador e pela primeira vez o nosso melhor jogador.

 

Dizem que é do Sporting.

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Mas, esquecido ou não, do campeonato que nos fez perder, carregado ou não, por não ter chegado com a puta das suas mãos à cabeça do Luisão, conseguiu ontem na Sport TV pôr em evidência todos os maiores erros cometidos pelos jogadores do Sporting, branquear completamente a actuação tendenciosa e parcial do apitador de serviço, mais o seu partenaire no Jamor, e justificar a falta de Coates no lance decisivo, ao contrário do que disseram António Oliveira, Manuel Cajuda, Bagão Felix ou Rui Santos, e finalmente criticar o presidente do clube pela sua reacção que entende digna dum calimero.

Mas será mesmo que o Sporting tem alguma coisa a ver com estes sujeitos ?

Caso sejam sócios, que o Sporting lhes devolva o dinheiro das quotas e eles que sejam sócios do que quiserem, que se assumam como lampiões ou andrades (ia a dizer tripeiros, mas já me explicaram a diferença), ou do que quiserem.

Do Sporting, não !

Entre sportinguistas destes e "lampiões" como Paulo Bento e Rúben Amorim, mil vezes os segundos.

SL

Chamar o quê a isto?

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«Assisti ao sorteio da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões e confesso que quando saiu o nome do PAOK, comentei para os meus botões - coitados dos gregos.

Estou muito confiante acerca do nosso desempenho europeu. Por três razões. A primeira, foi a contratação de Jorge Jesus. Quem tem o privilégio de ter um treinador desta qualidade só pode sonhar com altos voos em todas as competições. A segunda razão é óbvia - a SAD mantém a aposta muito forte no regresso do Benfica europeu. (...) A terceira razão é uma questão de justiça - o presidente Luís Filipe Vieira sonha com a conquista da Liga dos Campeões. Os mais pessimistas dirão que é um sonho.»

Pedro Guerra, O Benfica (4 de Setembro)

Vale tudo

Uma oportuna "fífia" do guarda-redes Helton Leite, ao precioso minuto 13 do jogo que opunha ontem o SLB ao Boavista, quando a equipa visitante dominava a partida na Luz, funcionou como abre-latas para uma folgada vitória encarnada, escancarando uma avenida para as papoilinhas saltitantes.

Acontece que, segundo notícias que não vi desmentidas, este guarda-redes está prestes a assinar pelo Benfica. Neste caso, na linha dos policiais clássicos, já se percebeu quem é o mordomo.

Tarda mas não falha?

 

 

Quem me lê por aqui, sabe da minha real confiança na justiça. Tenho-o afirmado e defendido que a justiça, sendo o conjunto de todos os que nela interferem e trabalham sérios e honestos, pode, aqui e ali padecer de um ou outro furúnculo que o corpo, sempre, se encarregará de esvaziar e expulsar.

Foram finalmente detidos uns membros (sete) daquela claque que não existe que responde por um nome que não tem e que o presidente do clube de que não fazem parte diz e muito bem que a esse respeito nada se passou se.

Quero realçar os termos com que as autoridades policiais e da justiça adjectivaram os crimes pelos quais esta gente foi detida. "Especial perversidade" foi o termo mais simpático, denotando que a premonição dos ataques aos alvos, quase sempre adeptos do Sporting, uns das claques outros só porque sim, era a ocupação principal dum grupo que se diz ser tresmalhado do grupo principal.

Tentativas claras de homicídio com espancamentos cruéis, visando a agonia e eventual morte dos agredidos, denota um perfil psicológico (digo eu que não sou da área) de assassino nato!

Vários de nós, autores do blogue, aqui fomos escrevendo contra a lentidão das polícias e da justiça no seu todo, neste-assunto-da-claque-do-Benfica-que-não-existe-e-sobre-a-qual-nada-se-pode-fazer, como diz aquele que se a justiça funcionar bem, em breve irá bater com os costados no xelindró, Luis Filipe Vieira, por alcunha D. Orelhas, o Grande. Finalmente os nossos gritos de revolta (e de muitos outros) foram ouvidos e eu só espero que esta demora angustiante por uma justiça clamada, se alicerce num caso de betão que não abra qualquer brecha causada por um qualquer advogado de defesa (no seu direito profissional, obviamente). Espero que a investigação criminal da PSP tenha actuado de forma muito profissional e tenha deixado em cima da mesa do Ministério Público material que permita que de uma vez por todas o Estado comece a tratar do assunto claques com a seriedade que ele merece e que quem mata uma, duas e tenta a terceira, quarta, quinta e perpetra outras mais, conforme se demonstra nas informações que possuiam sobre alvos a abater, seja definitivamente banido do desporto e por muito tempo da sociedade!

Agora a claque do Benfica tem rostos, não há mais desculpa para o beija-mão, o deixar andar, o laxismo, a deferência para com um clube que se vivêssemos num país de gente honesta, já teria sido extinto!

 

É ver na plataforma que nos aloja, nem uma nota de rodapé, até à hora a que este post foi publicado.

Terror no Seixal - A que horas se pronuncia a Liga? A procuradoria vai abrir inquérito?

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A que horas se pronuncia a Liga? O Presidente vai fazer declarações em directo? E o secretário de Estado do Desporto, já está a caminho da Luz para uma reunião de emergência? A procuradoria vai abrir inquérito?

A propósito, já foi identificado ou detido algum dos elementos das claques (perdão, GOAs) do Benfica responsável pelas bárbaras e cobardes agressões das últimas semanas a adeptos do Sporting?

Já foi identificado ou detido algum dos elementos das claques (perdão, GOAs) do Benfica que costuma entoar o cântico do "very light", glorificando a violência contra um inocente assassinado? Está tudo gravado, não deve ser difícil identificar um ou outro...  Se houver vontade, claro!

Enquanto continuarem a agir - Liga, Governo, Vieira - como se o problema da brutal e impune violência das claques do Benfica não existisse (desde o "very light" do Jamor até aos dias de hoje, passando pelo assassinato de Marco Ficcini), apenas contribuirão para tornar o futebol português ainda mais perigoso. MUITO mais perigoso, como se tem visto nas últimas semanas.

Já o nosso Dr Varandas, enquanto desastrado paladino do "combate" às claques do Sporting, desempenha em todo este processo o papel de oportunista (na melhor das hipóteses, vendo aí uma distracção do desastre que tem sido a sua gestão) e/ou de idiota útil (na pior das hipóteses, por acreditar realmente que o caminho é tratar como criminoso qualquer "ultra" do Sporting, mesmo um adolescente ou um universitário), centralizando no Sporting as atenções em torno da violência no futebol, com as suas entrevistas chorosas em "prime time" na TVI. 

Como sportinguista e, sobretudo, amante do futebol e do desporto, lamento profundamente este caso e desejo rápidas melhoras aos jogadores do SL Benfica. E desejo também, já agora, que quem manda pense pela sua cabeça e tenha algum juízo. 

Vandalismo, onde?

(foto CM)

Leio esta notícia, num qualquer site de jornal (sem registo Nónio, que melga!) «adeptos do Benfica respondem a vandalização de mural com novas pinturas de glórias do clube» e, confesso, fico com uma grande dúvida:

Esta pintura mural não representa, ela própria, um acto de vandalismo?

Reparo que se trata de um espaço público e não acredito que nenhum poder público tenha dado qualquer autorização para ela existir.

Assim sendo onde está o acto de vandalismo?

Pintar aqueles retratos ou colocar, sobre eles, umas boas bigodaças.

O lampião

O problema com este juiz que por caprichos do sorteio integra o colectivo de magistrados que julgará o processo e-toupeira (do qual não voltámos a ouvir nada, provavelmente devido à pandemia em curso) e foi indicado como titular do processo contra Rui Pinto não é ele ser benfiquista.

Vivemos, felizmente, num país livre. Cada qual é livre de ser sócio da associação de bairro que muito bem entender.

O problema com este juiz é ele ser lampião.

 

Há uma diferença enorme entre um lampião e um benfiquista. 

O lampião é o que odeia os rivais, o que insulta quem discorda dele, o que é indiferente aos meios para atingir os fins, o que festeja o "golo do Vata" e faz dele manchete trinta anos depois.

 

Este juiz não deve julgar Rui Pinto no âmbito do processo Football Leaks porque levantou o polegar para cima quando chamaram "pirata" ao arguido nas redes sociais. Porque mostrou "gostar" quando um asnónimo chamou "cabrão" ao presidente do Conselho de Arbitragem, José Fontelas Gomes. 

Porque é um juiz não apenas de emblema mas de cachecol - e, tendo cachecol clubístico e exibindo fervor por um clube que é parte interessada nestes processos, não tem isenção para julgar qualquer deles. Como é manifesto para qualquer cidadão de boa fé que persiste em acreditar na justiça como pilar do sistema democrático.

 

Este juiz, garantem jornais e televisões, pediu escusa do processo. Isto não significa, porém, que seja afastado. Pode ser apenas um gesto momentâneo para conter danos e aliviar pressão mediática.

Só espero que a presidente do Tribunal da Relação de Lisboa faça o que o mais elementar bom senso recomenda, afastando-o em definitivo do processo que levará Rui Pinto ao banco dos réus.

Violência machista e benfiquista

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Hoje assinala-se o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. O dia indicado, portanto, para condenar sem atenuantes possíveis a miserável agressão ao autocarro do Sporting feita por reconhecidos adeptos do clube encabeçado pelo senhor Luís Filipe Vieira, ontem, numa estação de serviço da A1. No autocarro viajava a nossa equipa feminina de futsal.

«Um grupo de adeptos do Benfica tentou cercar a viatura, arremessando uma pedra que acabou por danificar o vidro traseiro do autocarro. A imediata manobra de retirada do nosso motorista evitou aquele que poderia ter sido mais um dramático desfecho e felizmente nenhum elemento da comitiva do Sporting CP ficou ferido», refere um comunicado do Conselho Directivo leonino, descrevendo o lamentável episódio que poderia ter terminado muito mal.

Exige-se do Benfica a condenação explícita do sucedido, acompanhada de um pedido de desculpa formal. E aguardo também que as associações feministas e de vigilância contra a violência de género se pronunciem em termos inequívocos sobre esta inadmissível agressão machista. O facto de ter ocorrido em contexto desportivo não constitui atenuante: é agravante.

Foder os lampiões?

A rivalidade é estruturante dos clubes desportivos. Talvez não tanto dos clubes formativos, como o Ginásio Clube Português ou o Algés e Dafundo, ou dos antigos clubes-empresa, como os saudosos Riopele ou CUF (onde brilhou o nosso grande Manel Fernandes). Mas nos outros clubes as formas de congregação e mobilização são sempre fruto da mescla entre as capacidades de exercício demonstradas (as "vitórias") e as de afirmação face a "outros", tornados adversários preferenciais. Uns "outros" escolhidos por critérios geográficos - a aldeia ao lado, o vizinho (Varzim-Rio Ave), a recusa dos centralistas (Vizela vs Guimarães), o histórico oponente (Braga-Guimarães, o arcebispado vs o berço da nação), o lado de lá do rio (S.L. Olivais vs Alcochetense), bairros urbanos contíguos (Atlético-Oriental, mas aqui forço um pouco pois a rivalidade não era tão marcante) os pólos dominantes (Porto vs Lisboa), etc. - ou histórico-sociais (Benfica popular vs Sporting burguês ou Belenenses "classe média" e o Atlético operário, mesmo que essas fossem construções algo míticas mas que tinham o efeito de nelas se acreditar). Num país homogéneo como Portugal não surgem clubes "nacionais", representando "comunidades político-culturais", "étnico-religiosas" (como a ex-Liga Muçulmana de Moçambique, as origens do Tottenham ou o actual Barcelona).

Arengo para reforçar, as rivalidades são constitutivas dos clubes, principalmente dos que se centram em desportos colectivos. Não há qualquer mal nisso. O mal está no estado de boçalismo a que essas dinâmicas opositivas podem conduzir, de "incultura", de "incivilidade". Um boçalismo que é induzido pelas direcções dos clubes, pelas autoridades político-administrativas que a estes tutelam, pois uma massa adepta boçal e energúmena é mais dócil face aos poderes, mais rastejante face à qualquer cenoura que se lhe acene. E que na actualidade também o é pela imprensa, por razões parcialmente mercantis (ânimos exaltados aumentam os lucros) mas também pelo baixo nível da mescla de jornalistas e comentadores que a habita, eles-próprios frutos desta ... educação.

O Sporting é um enorme clube europeu, eclético como quase nenhum, com um precioso rol de títulos continentais, e de atletas com títulos mundiais e olímpicos. Um rol que continua a enriquecer-se, e de que forma, nesta era de tão diferente economia desportiva. Ganha agora mais um título europeu. E os adeptos, em euforia, juntam-se para celebrar e são conduzidos pelo clube (pela organização do evento) a cantar "De  manhã começa o dia a foder os lampiões ...". É um sinal de pequenez atroz, de nanismo clubístico, e também, e acima de tudo, de um culto da imundície. Mas é também a violação dos estatutos do clube (que explicitam a expulsão de quem ofenda a moral pública) e do seu enquadramento institucional - o clube é uma instituição de utilidade pública, com benefícios por isso, devido a ser considerado uma associação de intuitos formativos, educacionais. No javardismo actual, do vale tudo para ganhar, isso está esquecido, até pelo Estado - mais interessado em cobrar impostos e sacar votos.

E num clube que há um ano passou a maior crise da sua história devido às liberdades dadas à sua ralé interna é inacreditável que nada se tenha aprendido, que se continue a acarinhar este tipo de mentalidade, a acoitar (e até a contratar, como "animador" de actividades, como "excitador" das massas) gente desta.  A visão de uma mole de adeptos sportinguistas a comemorar uma grande vitória europeia gritando "a foder os lampiões" é a maior derrota que já vivi no clube. Jogadores campeões no palco, com os filhos no braços, a ulular "de manhã começa o dia a foder os lampiões" é tétrico, vergonhoso, patético.

Mas o pior de tudo é o silêncio da direcção. Que nem de uma forma suave, pedagógica, mesmo que humorística tipo num "não havia necessidade" a la Herman José, surge a afastar-se deste tipo de mentalidade, de expressão, a convidar, até a convocar, os sportinguistas a outro tipo de mentalidade, de visão do mundo. E não o faz porque a direcção ... é isto. É constituída por gente educada, doutores, alguns com apelidos compósitos até conhecidos, e vestem os fatos daquele azul-mais-que-Carris típicos da elite administrativa portuguesa. Por isso tudo, por essa "elevação" social, dirão ao levantar-se "de manhã começa o dia ... a fornicar os lampiões".

Estamos fodidos. Não exactamente os sportinguistas. Não os tais lampiões. Mas a gente. Que sofre este país.

{ Blogue fundado em 2012. }

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