O Sporting vai continuar a dar luta a Rafael Leão, que abandonou Alvalade em Junho de 2018 e nunca se mostrou receptivo a compensar o clube que o formou, quando tinha uma cláusula de rescisão de 45 milhões de euros.
Esta é a quantia que a SAD leonina exige por inteiro ao jogador, recusando receber apenas os 16,5 milhões de euros, acrescidos de 3,8 milhões em juros, que o Lille se prontificou a pagar por receber e registar o avançado, à época com 18 anos, sem ter direito a isso.
Frederico Varandas não abdica da cláusula penal determinada pela justiça e deu instruções ao gabinete jurídico do Sporting para interpor recurso junto da FIFA, caso seja necessário. O Lille encaixou 30 milhões de euros pelo passe do jogador quando este se transferiu para o Milan, garantindo ainda 20% de uma futura venda. Tudo inaceitável para nós.
Vais ter de pagar o que deves, Rafael. És ingrato e traiçoeiro. Trataste da pior maneira um emblema que te deu tudo. Continuas com o salário penhorado - e é muito bem feito. Se for preciso, ficarás anos assim.
Agora foi o Boaventura que foi condenado por corrupção e outras vigarices para beneficiar o Benfica.
A exemplo de Paulo Gonçalves, entenderam os doutos juízes que apesar de um criminoso (ups! ainda não transitou em julgado) ter cometido uma carrada de crimes para beneficiar um clube/SAD e ele/a terem acabado por beneficiar desses crimes, o facto de não haver ligação contratual entre ambos, não incrimina o beneficiado. Calhou, foi sorte ter um amigo que os ajudava. Nem o velho crocodilo nos tempos em que se pirou para Vigo conseguiu tal façanha.
Que merda de justiça esta, é o que se me apraz dizer.
Francisco Seixas da Costa, reconhecido adepto do Sporting, acaba de ser condenado por ter escrito em 2019, numa rede social, um vocábulo visando o treinador do FC Porto. Sérgio Conceição sentiu-se difamado, tendo accionado um processo contra o embaixador para efeitos de reparação na justiça civil.
A condenação foi tornada pública no Tribunal do Porto, que deu como provado o delito de difamação agravada, condenando agora o antigo secretário de Estado dos Assuntos Europeus a uma reparação ao técnico portista em forma de multa.
Tomo conhecimento da notícia com preocupação. Por concluir que configura um recuo da liberdade de expressão em Portugal.
À luz da lógica perfilhada pela juíza do Porto, vários textos já publicados neste blogue estariam eventualmente sujeitos a condenação: o técnico que se sentiu difamado por Seixas da Costa já terá sido aqui contemplado com expressões tão ou mais duras.
E o que dizer do presidente da Câmara Municipal da Cidade Invicta, Rui Moreira, que sendo em simultâneo membro do Conselho Superior do FC Porto, brindou há poucos dias um jornalista da Sport TV com a elegantíssima expressão «perfeito imbecil»?
A sentença que condena Seixas da Costa não transitou em julgado: seguirá para apreciação em recurso. Onde - estou convicto - vai imperar a jurisprudência que vigora, em larga medida, nos nossos tribunais.
Recordo que em Maio de 2013 um notório adepto portista, Miguel Sousa Tavares, chamou «palhaço» a Cavaco Silva, à época Presidente da República. Fê-lo em afirmação reproduzida em letras garrafais, na manchete dum jornal diário. Dias depois deixou claro que não tencionava pedir desculpa por tal frase.
O processo nem chegou a prosseguir: foi arquivado à nascença pelo Ministério Público.
Há também jurisprudência estabelecida neste domínio no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Que tem sancionado o Estado português por sentenças judiciais que vêm comprimindo a liberdade de expressão entre nós. Foi o que se verificou aqui, aqui, aqui e aqui - só a título de exemplo.
Tudo isto, que ultrapassa em larga medida a questão clubística ou o universo do futebol, justifica atenção. Pela minha parte, assim o farei. Fica prometido.
A justiça desportiva determinou que o FC Porto vs. Sporting não seria disputado no estádio do Dragão devido aos atentados à verdade desportiva que ocorreram há cerca de seis meses.
O FC Porto, enquanto instituição, tolhido pelo medo, encontrou uma brecha na lei que suspende a aplicação do castigo.
Suspender, significa adiar, neste caso o jogo devia e teria de ser adiado até existir uma decisão definitiva.
(O Bataclan de Paris esteve encerrado cerca de um ano após o atentado)
Comparar um castigo que está ligado à segurança de um espaço físico, uma sala de espectáculos, com o direito de um trabalhador exercer sua profissão é misturarmos conceitos e "direitos" distintos, uma coisa é o direito de Palhinha ou de Otávio exercerem a sua profissão, o caso de Otávio é ridículo, o internacional português foi impedido de exercer a sua profissão, durante um jogo, por ter efectuado uma filmagem, com telemóvel, no seu período de lazer, curiosamente, a entidade patronal não reclamou do castigo, o caso de Palhinha é diferente, mas é a reclamação de um cidadão, não de uma entidade.
O Constantino de Alves Redol guardava vacas e sonhos, outros pastoreiam vacas, também, mas guardam pesadelos, o pesadelo que um dia a brecha da justiça se feche, que um dia seja o fim da macacada.
Claro que a criatividade envolve o Sporting, quem mais poderia ser, designadamente o lance que envolveu Paulinho e o guarda redes do Paços de Ferreira, no recente jogo em Alvalade e que culminou na marcação de grande penalidade. Uns artistas da TV e dos jornais e ainda a newsletter de um certo clube (não há pior dor que a dor de...aquela tal...), apesar de toda a evidência das imagens, do levantar da bandeirinha do fiscal de linha, da chamada de atenção do VAR e da revisão da decisão pelo árbitro, enveredaram pelo caminho da desvalorização da vitória leonina e de tentar enlamear o que foi limpinho, criando o "penalti tecnológico": penalti, pelo toque no pé direito do Paulinho que lhe provocou a queda. No dia seguinte jornais houve que, na capa, titularam o que nas páginas interiores não era sustentado pelas opiniões de profissionais da arbitragem que neles avaliam as decisões arbitrais. Ainda hoje, no Record, o antigo árbitro espanhol Iturralde Gonzalez reforçava as opiniões dos seus colegas, na coluna Tira-Teimas, e que passo a citar: "Neste...lance não há muito a dizer. O Paulinho dribla o guarda redes que, com a perna esquerda, contacta e derruba o avançado do Sporting, cometendo penalti. Falta bem assinalada e cartão amarelo bem exibido...". Que chatice para as virgens ofendidas e viúvas do velho sistema!
O VAR veio mudar muita coisa no futebol (estou convencido que só com o VAR o Sporting foi campeão e está na luta este ano), mas ainda tem um caminho a percorrer no sentido de ainda maior verdade desportiva. Pelo menos e para já, acabaram muitas das vergonhas que assistiamos nos campos pois agora alguns rapazes pensam duas vezes antes de saltarem o muro para ir à fruta ou de se sentarem à mesa para refeições grátis. Dá mais nas vistas a inclinação dos relvados... Mas como dizia, ainda há caminho, muito para percorrer (e os jogadores também têm de ajudar, quanto a disciplina e simulações, não são nadadores nem mimos). Veja-se o escândalo dos cartões amarelos ao nosso jogador Palhinha. Pelo menos 3 mal exibidos, dos 5 que o excluem do próximo jogo. A "field of play doctrine" não pode continuar a ser a vaca sagrada das leis do futebol, caso contrário transforma-se antes em reiterada doutrina de injustiça autoritária ou numa "reveange doctrine" como no caso Palhinha. Ainda que não se atualize as normas de intervenção corretora do VAR quanto a injustiças cometidas por um árbitro em campo (revertendo cartões amarelos manifestamente mal exibidos ou pontapés de canto mal assinalados e que podem resultar em golos, por exemplo), não há razão para que os diálogos entre os diversos intervenientes das equipas de arbritragem não sejam públicos. E que a justiça dos órgãos jurisdicionais competentes se demita de julgar e aplicar as leis de acordo com os factos subjacentes à realidade, preferindo continuar à sombra da bananeira da "field of play doctrine". Por uma questão de justiça e de verdade desportiva.
(fotografia Jornal Record)
PS- Para complementar e até porque foi referido num comentário a questão dos especialistas não serem unânimes, aqui ficam os recortes dos principais opinadores especialistas:
Frederico Varandas, segundo um comunicado oficial do SCP, foi alvo de uma espera à saída do Dragão com tentativa de agressão, seguida de roubo da sua carteira e telemóvel. Os autores terão sido: Vítor Baía, vice-presidente do FCP, Sérgio Conceição, treinador do FCP, e um tal de Rui Cerqueira, assessor do clube e ex-jornalista da RTP. A isto somam-se balas encontradas no relvado, jogadores do Sporting agredidos por ‘stewards’, cadeiras atiradas para cima de outros jogadores e por aí adiante. As autoridades e o Governo estão calados que nem ratos, ao contrário do que aconteceu no caso triste de Alcochete. Que País é este?
Jorge Nuno Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira fizeram, durante largos anos, um percurso comum no futebol. Com muito mais encontros do que desencontros. Houve até um tempo em que Vieira foi sócio do FC Porto: para onde ia um, seguia o outro. Depois amuaram, fizeram birrinha, houve uns arrufos entre eles. Coisa sem grande importância. A prova é que voltaram a ser compinchas e a partilhar suculentos repastos de leitão na Mealhada.
Seguem linhas tão convergentes que até recebem visitas da Polícia Judiciária e do Ministério Público com poucos meses de intervalo. Em Julho, Vieira foi detido no âmbito de uma investigação sobre suspeitas de burla, abuso de confiança e branqueamento de capitais - juntamente com o filho, o Rei dos Frangos e o "empresário" Bruno Macedo. A operação Cartão Vermelho, como lhe chamou a Judiciária - nome bem apropriado.
Ontem houve buscas policiais à sede da SAD portista e à residência de Pinto da Costa. Cumprindo 33 mandados de busca numa operação conjunta da PJ e da Autoridade Tributária. Por suspeitas da prática de crimes de fraude fiscal, burla, abuso de confiança e branqueamento relacionados com transferências de jogadores de futebol e com circuitos financeiros que envolvem os intermediários nesses negócios. Que, segundo o Expresso, envolverão pelo menos 40 milhões de euros. Revela o Observador que Pinto da Costa é suspeito de desviar fundos da SAD e o filho, Alexandre, também está sob mira das autoridades. Além do tal "empresário" Bruno Macedo, que parece estar em todas. Será coincidência?
Unidos na prosperidade e no infortúnio: parece uma fórmula matrimonial. Um já caiu, o outro está em vias disso. Até nisto estão próximos. É mais que tempo.
Alguns capangas podem lamentar, mas nenhum deles faz falta ao futebol português. O desporto não se quer obscuro e trapaceiro: quer-se limpo. Dentro e fora dos relvados, agora e sempre.
A lei é dura, mas é lei. A justiça tarda, mas não falha. Os romanos já tinham percebido tudo isto há muitos séculos, bem antes da Itália ganhar à Espanha e estar prestes a ganhar o Euro.
E estamos a ver isso mesmo no futebol português. Não me refiro ao presidente do Benfica andar a dormir fora de casa, à conta de pequenas, médias e grandes vigarices, que ainda nem percebi bem quais foram, nem ao presidente do Porto andar numa corrida entre a lei da vida e a demora dessa mesmo justiça, não sei se quando forem à procura dele estará de novo em viagem para Vigo, nem ao ex-presidente do Sporting se ter safado da caldeirada alcocheteana que conduziu o seu colega de conversas pela noite fora Fernando "Mendes" Barata à prisão, nem ao presidente da JuveLeo que agora se vê também condenado por actividades nocturnas à boleia dum ex-director do tempo do Godinho Lopes.
Refiro-me à pena exemplar para o presidente do Sporting em exercício, 60 dias de suspensão e 15300€ de multa, por actos hediondos (onde é que já ouvi isto?) cometidos a 5 de Dezembro do ano passado. Na prática, indignou-se com o o golo anulado a Coates no final do jogo com o Famalicão e disse: "Este golo jamais seria anulado aos nossos rivais." Parece que se tratou da lesão da honra e da reputação dos órgãos da estrutura desportiva e dos seus membros. Membros esses escolhidos a dedo pelos... nossos rivais.
Ou seja, o nosso presidente foi duramente punido por ter dito o óbvio.
A lei é dura, mas é lei. A justiça tarda, mas não falha. Mas estes juízes mereciam estar a fazer companhia ao Vieira.
A capa de "A Bola" que o Pedro Oliveira nos trouxe aqui, anunciando o fim do primeiro grande jejum de títulos do futebol do Sporting, em 2000, tem como título "Merecem". Creio que era esse o sentimento generalizado na altura relativamente ao título do Sporting, como era em 2002 e é em 2021. Na maior parte dos casos que eu conheço, e na generalidade da opinião pública, é reconhecida a justiça do título leonino. Com os nossos rivais nem sempre é assim. Não são raras as vezes em que ganham com sorte, sem convencerem, e em que a crítica se divide sobre o seu mérito. Não é sempre, atenção: obviamente, muitas vezes são campeões com reconhecimento geral. Mas nos anos mais recentes, pode dizer-se que pelo menos o Benfica em 2005 e o FC Porto em 2007 foram campeões sem convencerem, e outros poderiam perfeitamente ter sido os campeões. Mesmo o FC Porto em 2013 e o Benfica em 2016 terão tido mérito, mas não me parece que fossem as melhores equipas daqueles campeonatos. É uma sensação que é estranha para um sportinguista. São muito mais as vezes que o Sporting tem azar do que as que tem sorte. Mesmo assim, às vezes o Sporting tem sorte, mas é raro essa sorte dar troféus. O único troféu que eu me lembro de o Sporting ter ganho com sorte foi a taça da Liga de 2019, com Keizer (e mesmo assim teve o azar de ter uma equipa bem desfalcada nessa final). Nunca ganhou assim um campeonato.
Pode ter-se sorte numa eliminatória ou mesmo numa final, mas para se ter sorte numa prova de regularidade como um campeonato é preciso dominar o "sistema". E isso sabemos que não é com o Sporting. Provavelmente vamos continuar, portanto, sem saber o que é ganhar um campeonato "com sorte". O que é preciso é que os vamos ganhando com frequência.
O senhor Miguel Cardoso, treinador do Rio Ave, recebeu um jogo de suspensão por fazer estes lindos gestos no recente embate com o Boavista, dirigido ao banco da equipa axadrezada e ao seu colega Jesualdo Ferreira em particular.
O país inteiro viu a requintada linguagem gestual do referido técnico, que cultiva o pirete em dose dupla como afirmação de personalidade.
O que faz o Conselho de Disciplina? Aplica-lhe oito dias de suspensão, punição fofinha: Cardoso ficará um joguinho sem se sentar no banco.
No mesmo dia, o mesmíssimo órgão decide punir o treinador do Sporting com 15 dias de suspensão, impedindo-o de orientar a equipa nos próximos três desafios - contra Farense, B-SAD e Braga - em fase crucial do campeonato. O dobro do tempo de castigo aplicado a Cardoso e o triplo dos jogos na comparação com o mesmo técnico.
Qual foi o pecado de Rúben Amorim? Ter dito dois palavrões, dos mais usuais em estádios de futebol, o que parece ter ferido os delicados tímpanos do quarto árbitro no final do Sporting-Famalicão.
Toma e embrulha, Rúben: esta é a "disciplina" do futebol que temos.
Entretanto, o treinador do FC Porto, principal rival do Sporting na corrida ao título 2020/2021, continua sem ser punido apesar das cenas vergonhosas que protagonizou na partida contra o Portimonense, em que injuriou e ameaçou Paulo Sérgio, seu colega de profissão, e esteve a um curto passo de se envolver em confrontos físicos com ele, acabando impedido por jogadores da sua própria equipa.
Isto aconteceu a 20 de Março. Sonolento, o Conselho de Disciplina ainda nada deliberou sobre isto, ocorrido há quase um mês: Sérgio Conceição permanece impune, aguardando o desfecho dum processo disciplinar sem prazo à vista. Enquanto a coisa faz que anda mas não anda, solicitaram-lhe que se dignasse pagar uma "multa" de... 2.040 euros.
Dois pesos, duas medidas, "justiça desportiva" mais vergonhosa que nunca. Apetece brindá-la com um monumental pirete e mandá-la para onde Rúben Amorim mandou o outro. Com bilhete sem retorno.
Como todos sabemos, o futebol também se joga fora das quatro linhas. Se o Sporting não ganha um campeonato há 18 anos, também há muito que pouco ou nada ganhava fora das quatro linhas. Podemos até dizer que éramos devidamente toureados, com bandarilhas e tudo, e ficava apenas a tal atitude de protesto que apenas serve para entreter o pagode.
Mas tal como no relvado estamos a ganhar, com o adversário mais próximo já a 10 pontos de distância, fora dele estamos a ganhar também.
Veio então agora o TAD nacional fazer justiça no caso do cartão amarelo mostrado a Palhinha por uma árbitro que reconheceu o erro junto do CD da FPF e julgar a favor dele o recurso efectuado. Obviamente que a FPF irá recorrer, mas ela própria já corrigiu o erro processual que abriu a porta ao recurso. Sobre a matéria em questão, a Drª Cláudia Santos, deputada do PS e adepta do Benfica, bem podia pedir a demissão, por acentuada incompetência e falta de isenção para exercer o cargo, e os deputados da Nação que autorizaram esta acumulação de funções bem podem arrepender-se pela decisão completamente atentatória do que deve ser o Serviço Público.
Há poucos dias o mesmo TAD deu razão ao Sporting num processo contra a FPF devido a mais uma decisão do CD, de 4 de Setembro de 2018, que obrigava o Sporting ao pagamento de uma multa de 3 mil e tal euros, por alegado mau comportamento dos adeptos (arremesso de moedas contra o árbitro assistente) num jogo em Portimão da época 2017/18.
Passando para a FIFA, também ela deu razão ao Sporting e obrigou o Sport Recife a pagar 900 mil Euros pela transferência do André "Balada", que está a ser paga agora mesmo.
Outros assuntos e outras questões continuam por julgar. Esta Direcção apanhou o futebol destroçado pelo assalto a Alcochete e pelas decisões irresponsáveis do ex-presidente na véspera de ser destituído. Por isso aconteceram algumas decisões desfavoráveis ao Sporting, nomeadamente a daquele treinador sérvio, com muitas responsabilidades de Inácio e Sousa Cintra na decisão final que foi tomada no TAD de Lausanne.
Poderíamos juntar aqui outros processos e outras decisões a nosso favor ou desfavoráveis. Podemos ir buscar o caso Unilabs ou os negócios fechados a contento de ambas as partes que conseguimos fazer com grandes clubes europeus e clubes nacionais, mas fica feito um retrato do que é hoje o Sporting fora das quatro linhas. Muito diferente para melhor do que há poucos anos, quando tudo era confusão, onde tudo era estardalhaço. Falta ainda muito, falta o Sporting estar devidamente representado nos centros de decisão do futebol português, mas como diz o Pedro Correia o caminho faz-se caminhando.
«Seria lamentável que o sistema de justiça desportiva, chamemos-lhe assim, viesse a punir o Sporting por uma prática que é reiterada por toda a gente no futebol português há pelo menos quase duas décadas. E que essa punição ignorasse o facto de a inscrição como treinador principal sem ter o IV nível de formação, indispensável para tal reconhecimento profissional, ter sido adoptada com o conhecimento formal e informal de toda a gente - da associação de árbitros aos clubes, da Liga ao Governo.
Transformar esta questão numa querela jurídica, numa altura em que o trabalho de Rúben Amorim, dos jogadores e do clube está a muito pouco de atingir os objectivos de uma época é, no mínimo, vergonhoso. Visa meramente trazer instabilidade ao treinador e aos jogadores quando, na verdade, se trata de uma questão que poderia ser sanável a qualquer tempo, em particular quando não causasse um dano maior do que o vício em causa. De resto, será sempre uma ilicitude gasta pelo tempo decorrido e pelo evidente consentimento generalizado dado aos muitos casos anteriores.»
Eduardo Dâmaso, ontem, na sua coluna semanal no Record
Não vale a pena gastar muitas palavras. A questão é esta: como são incapazes de nos derrotar em campo, tentam vencer-nos na secretaria.
São "casos" atrás de "casos": o da Unilabs, com os falsos testes positivos à Covid que deixaram de fora Nuno Mendes e Sporar antes do clássico do Dragão; o da ameaça de perda de pontos ao Sporting por João Palhinha ter usado um direito, que a Constituição e a lei geral do País lhe conferem, de recorrer para a justiça civil de uma decisão considerada injusta no âmbito desportivo; é agora a Comissão de Instrutores da Liga a dar provimento, um ano depois, a uma queixa do órgão profissional dos treinadores contra Rúben Amorim, sob a acusação de fraude. Tese delirante da instrutora Filipa Elias, supostamente com base no depoimento dum jogador que já não integra o plantel leonino, estando agora ao serviço de outro emblema.
2
Há incontáveis precedentes de treinadores que orientaram ou ainda orientam equipas de futebol da I Liga portuguesa sem possuírem o título profissional, quase tão difícil de obter como um segredo de alquimia: Paulo Bento, Sérgio Conceição, Nuno Espírito Santo, Marco Silva, Paulo Fonseca, Jorge Costa, Petit, Silas, Pepa, Pedro Emanuel, Sandro Mendes, Filipe Martins, Tiago Mendes, Sérgio Vieira, Mário Silva, Carlos Pinto, Rui Borges, Luís Freire, João Henriques...
Espantosamente, a Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), entidade queixosa neste processo, só investe contra Amorim - aliás com reincidencia, pois já havia procedido assim quando o actual treinador do Sporting orientava o Casa Pia, embora tenha silenciado qualquer protesto quando ele conduzia a equipa do Braga.
Existe, portanto, perseguição ad hominem. Espantosamente, por parte da associação que devia defender os treinadores, em vez de os acusar fosse do que fosse. A ANTF - liderada há oito anos ininterruptos pelo mesmo indivíduo, um antigo director desportivo do Vitória de Guimarães que nunca se distinguiu nos campos de futebol - faria bem melhor em actualizar o seu organigrama oficial na Internet, que apresenta como segundo vice-presidente da Direcção alguém que há um ano deixou de exercer aquelas funções. Afinal a transparência, que tanto apregoam, não é aplicada lá em casa.
3
Temos, portanto, uma associação de classe agindo como perseguidora de membros da própria classe. Um deles, pelo menos. O que torna o caso ainda mais inaceitável.
Entendamo-nos: a ANTF não pode exercer medidas punitivas contra um dos seus membros por não estar equiparada a ordem profissional - para isso necessitaria de diploma outorgado pela Assembleia da República. Será mais adequada a sua equiparação a organismo sindical, o que torna ainda mais abjecta a denúncia feita em Março de 2020 contra Amorim, mal iniciou funções na equipa técnica do Sporting. Os sindicatos agem na defesa dos interesses sócio-profissionais dos associados, não agem contra eles.
O que dirá disto Domingos Paciência, primeiro vice-presidente da ANTF e portanto cúmplice do senhor José Pereira nesta senha persecutória contra Rúben Amorim? O facto de Domingos, actualmente inactivo enquanto treinador, se assumir como fervoroso adepto do FC Porto poderá ser a chave da questão?
4
O caso agora vindo a lume suscita outras perplexidades, ligadas ao labiríntico processo de certificação profissional de um treinador de futebol em Portugal, mais complicado do que o de um médico ou de um engenheiro - ao ponto de os candidatos a treinadores de nível IV se verem forçados a concluir a formação em países estrangeiros.
Mas o que agora importa é perceber qual será a decisão da Liga Portugal. Irá suspender Rúben Amorim negando-lhe o exercício da profissão por um período de um a seis anos, na linha do que propõe a respectiva Comissão de Instrutores? Atrever-se-ão a condenar Amorim por uma prática que sempre validaram com qualquer outro?
Uma certeza existe: a actual pontuação do Sporting no campeonato nacional não será afectada, seja qual for o desfecho do processo. Que vai demorar anos, pois o Clube - e muito bem - já anunciou a intenção de levar o caso às últimas instâncias, incluindo à justiça civil, culminando no Tribunal Constitucional.
5
Entretanto, não tenhamos ilusões: todas estas queixas e queixinhas visam um só objectivo: desestabilizar a nossa equipa nos 12 confrontos que ainda faltam.
Mas não conseguem. Pelo contrário: vão torná-la ainda mais forte. E nós estaremos com ela: onde vai um, vão todos.
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