Rúben Amorim assume-se como porta-voz da SAD, um verdadeiro mestre de relações públicas em Alvalade. Confirmando o que já sabemos: o Sporting é campeão também a captar talentos. Não como "fezada", mas como política desportiva.
A prova vai sendo dada em campo, como hoje se viu: oito jogadores portugueses no onze inicial, oito jogadores da formação contra o V. Guimarães.
Connosco - com esta equipa técnica, com esta direcção desportiva - os miúdos não precisam de "nascer dez vezes" ...
Em boa hora o Sporting voltou a apostar nos talentos da Academia de Alcochete e colocá-los ao serviço do nosso emblema na equipa principal.
É uma aposta que promete ter não apenas frutos desportivos mas também financeiros. Como já é possível concluir com a avaliação de 11 jogadores à disposição do treinador Rúben Amorim. Aposta alicerçada em sucessivas renovações de contratos com reavaliação dos salários e fixação de novas cláusulas de rescisão.
Feitas as contas, de momento, estes jovens profissionais têm no seu conjunto um potencial avaliado em 65 milhões de euros.
Vale a pena fixar este número. Para daqui a uns meses podermos compará-lo com futuros valores de mercado de todos eles.
Num inquérito encomendado, com perguntas à medida das respostas - um módico de deontologia impede chamar a isto "entrevista" apesar de impressa em papel de jornal - o Presidente do Sporting toca três pontos que convém registar.
O primeiro é que "assume" e "dá a cara" pela desairosa época do Sporting. Claro que acto contínuo evoca as mil e uma dificuldades do cargo, justificação que faz ricochete pois é como quem diz que não teve cabeça ou capacidade para acorrer a tudo. Mas isto do "assumir" sem daí tirar consequências decorre de uma ética um bocado torpe, embora esteja na moda. Seria como se perguntando o juiz ao réu se se declara incoente ou culpado e tendo este dito "culpado" o merítissimo o mandasse em paz pois basta que tenha "assumido" para ficar ilibado.
O segundo e terceiro pontos interessantes é que Varandas se atravessa inequivocamente - repito: inequivocamente - por Rúben Amorim e pela continuação no plantel da época 20/21 dos jovens Quaresma, Nuno Mendes, Matheus Nunes, Joelson e Tiago Tomás. Registe-se e guarde-se para memória futura; cá estaremos para avaliar a credibilidade e idoneidade de quem assim jura.
Prestes a chegar ao fim de uma atribulada temporada, a equipa do És a Nossa Fé votou na revelação verde-e-branca 2019-2020. E também na revelação fora do universo leonino.
Comecemos pela segunda...
Tem 21 anos apenas e, apesar de ter sido internacional nas camadas jovens pelo seu país, chegou a Portugal como um ilustre desconhecido.
Rapidamente se impôs como titularíssimo na sua equipa e chega ao final da Liga com 36 jogos, 9 golos e 9 assistências. Ou seja, esteve directamente em 18 golos da sua equipa (mais de um terço dos 53 marcados). O suficiente para ser quase certa uma mudança para um clube de maior dimensão. E é um jogador para palcos imponentes.
Mais do que os números, impressiona a velocidade e o drible, associados a visão de jogo, qualidade de passe e até de remate. É um desequilibrador nato, um jogador dificílimo de parar do meio campo para a frente. Fez coisas absolutamente mágicas ao longo da época. Percebe-se porque, no seu país, haja quem lhe chame o "Messi inglês".
Por margem confortável, Marcus Edwards, do Vitória de Guimarães, é, para a nossa equipa, a revelação da Liga 2019-20.
Bateu uma concorrência de respeito, em que estavam os também muito talentosos jovens Trincão (Braga) e Pedro Gonçalves (Famalicão).
Nos próximos dias revelaremos quem, de leão ao peito, mais encheu o olho à equipa do És a Nossa Fé...
Balanço muito positivo, nos mais recentes jogos, para os estreantes Nuno Mendes, Matheus Nunes e Eduardo Quaresma. Os mesmos que alguns "verdadeiros adeptos" reclamavam ver lançados no Sporting e sobre os quais já começam a tecer críticas. Tenho-as lido por aí: dizem agora que "falta experiência no plantel" e que a equipa peca "por excesso de imaturidade", entre outros mimos.
É a história de sempre.
Anteontem, Rúben Amorim lançou na equipa principal Tiago Tomás (18 anos recém-cumpridos) e Joelson (17 anos). Prova de que temos um treinador que não diz uma coisa e faz outra quando garante apostar na formação.
Mas os "verdadeiros adeptos", indiferentes aos factos, não se contentam com estas novidades: já exigem outras estreias.
Reclamam pelo Bragança e pelo Inácio.
Reivindicam o regresso do Paz e exigem aos gritos que o Pedro Mendes jogue.
Se estes quatro integrassem o onze titular leonino, logo os tais viriam com outro "caderno reivindicativo".
Eles recorrem ao chavão da formação porque lhes dá jeito na construção de uma narrativa, mas estão-se nas tintas para os jovens jogadores.
Para esta gente, "ser adepto" é passar o tempo a embirrar com as opções do treinador, chame-se ele como se chamar.
Para esta gente, a palavra de ordem permanente é disparar. Sempre para dentro de portas, nunca para fora.
Quando questionamos por que motivo o Sporting só venceu dois títulos de campeão nacional no último quarto de século, este é um dos motivos: ter parte da massa adepta sempre contra seja quem for.
Isto ajuda a explicar por que motivo treinadores que vingaram noutras paragens não obtiveram sucesso no Sporting. Entre outros, Bobby Robson, Fernando Santos, Jesualdo Ferreira, Leonardo Jardim e Jorge Jesus.
Isto explica por que motivo José Mourinho só foi treinador do Sporting durante duas horas: saiu na mesma tarde em que entrou. Todos sabemos o que aconteceu depois.
Mais uma vitória deste Sporting de Rúben Amorim perante uma equipa com a qual tinha perdido na 1ª volta, fruto duma superioridade evidente e por um resultado que apenas pecou por escasso.
A partir dum modelo táctico atípico no que ao futebol português diz respeito, bem diferente do utilizado na formação, estamos a conseguir ganhar os jogos ao mesmo tempo que preparamos a próxima época, lançando jovens e testando a sua adequação a determinadas posições. Percebe-se bem que os jogadores entram em campo para fazer determinadas coisas treinadas e não deixadas ao sabor do improviso, a equipa consegue avançar e recuar harmoniosamente no terreno, intervalar progressão apoiada com passes longos e variações de flanco, e ser eficaz nas bolas paradas defensivas e ofensivas. Depois, claro, acontecem aqui e ali erros por querer fazer bem que por vezes se pagam caro, falhas deste ou daquele, ou simplesmente falta de categoria dum ou doutro. Digamos que a orquestra ainda está em construção, a partitura é complicada e requer inteligência na interpretação, a qualidade de jogo está ainda longe de ser entusiasmente, e sendo assim a nota artística não pode ser famosa.
Mas a base da orquestra está encontrada. Ontem, 10 dos 15 utilizados são sub-23, muitos deles a beneficiar do processo de selecção levado a cabo por esta Direcção e que incluiu a sua integração no estágio de pré-época com Keizer. Alguns deles são simplesmente muito bons, não demorarão muito a impor-se nas Selecções A respectivas e a valer muitos milhões.
E que dizer dos outros? Coates, Borja e Ristovski beneficiaram imenso com este sistema. Sporar trabalha bem mais do que finaliza, mas isso não chega. Neto ficou na sombra de Coates. Os argentinos ressentiram-se imenso com a paragem. Renan, Ilori, Eduardo, Rosier e Mattheus Oliveira parecem definitivamente cartas fora do baralho. LP29, com as limitações decorrentes da lesão grave no joelho, também não sei se terá lugar. Quando tinha tudo para finalmente engrenar, o Francisco Geraldes... aleijou-se. Ou é mesmo falta de sorte ou trata-se daquilo que distingue as eternas promessas daqueles que chegam longe na profissão.
O Sporting entrou em Guimarães como uma ideia bem definida: aproveitar este resto de campeonato, completamente estranho sob todos os pontos de vista, para preparar a próxima época, podendo descurar com isso o assalto ao 3.º posto.
Foram sete jogadores sub-23 num total de 13 que entraram em campo, colocando a média de idades num valor baixo, 24,2, mesmo contando com a experiência de Mathieu (36):
Quaresma
18
Plata
19
Camacho
20
Jovane
21
M.Nunes
21
Max
21
Doumbia
22
Sporar
26
Vietto
26
Acuna
28
Battaglia
28
Coates
29
Mathieu
36
Obviamente apostar nos jovens tem um preço: os dois golos sofridos foram oferecidos, primeiro por Max a meias com Matheus Nunes e depois por Camacho, que não respeitou a linha da defesa a subir para fora-de-jogo. Matheus Nunes, que passou um pouco ao lado do jogo, ao invés de Quaresma e Jovane a fazerem pela vida.
Mas reduzir o jogo a essas questões é redutor. O Guimarães já tinha demonstrado em Alvalade que é uma equipa muito bem trabalhada, a pausa colocou vários jogadores completamente fora de forma, quando se atacava depois recuava-se a passo. Rúben Amorim não esgotou as substituições porque não sabia quem ia cair no minuto seguinte e Vietto continua a ser um irritante "pé-frio".
Noticia a pasquinagem que o Sporting assinou contrato com um jovem moçambicano (18 anos), que estava à experiência e vai integrá-lo na equipa de juniores, podendo também fazer uma perninha na equipa B.
Até aqui nada de novo, é normal contratar jovens promessas.
O que me espanta é o epíteto do jovem. Passo a explicar: Sendo oriundo de um país que deu ao mundo Eusébio, um futebolista considerado no seu tempo um dos melhores do mundo e uma lenda planetária para os adeptos do desporto-rei, porque carga de água é este rapaz conhecido por Neymar moçambicano?
Qués ver que o outro não é tão querido lá, como cá?
E terá isso a ver com alguma negação das origens?
Bem vindo, Amâncio Canhembe. Uma coisa terás certa meu rapaz, dês as voltas que deres, vindo para o Sporting, nem que metas o Neymar e o outro num chinelo, nunca terás via aberta para o panteão!
«Médio defensivo, contratado no início da época por mais de três milhões de euros, estreou-se ontem e da melhor forma: a titular e com um golo. Jorge Jesus acredita que poderá estar neste brasileiro o novo William Carvalho. As primeiras indicações colocam os leões a sonhar.» (A Bola)
«Possui uns bons pés e uma capacidade física invejável. Forte no jogo aéreo, marcou de cabeça o terceiro golo.» (Record)
Gelson Martins (20 anos):
«Ontem, frente ao Vilafranquense, o extremo precisou apenas de 35 minutos para marcar um golo e confirmar o que já se sabia: tem muito talento. Gelson, esta época, já contabiliza 282 minutos em cinco jogos da Liga, pela equipa principal, e mais dois jogos, e 101 minutos, na Liga Europa. É aposta firme de Jesus.» (A Bola)
«Um dínamo à solta. Entrou, imprimiu velocidade, puxou pelos companheiros e marcou. Fez tudo bem.» (Record)
Matheus Pereira (19 anos):
«O extremo brasileiro é o novo menino bonito de Jorge Jesus e a verdade é que o amor parece correspondido. Ontem, na Taça, jogou 55 minutos e marcou dois golos.» (A Bola)
«Depois de se ter estreado com bons pormenores frente ao Besiktas, fazendo uma assistência, ontem tratou de continuar a convencer Jorge Jesus da mais-valia que pode representar para a equipa. Entrou bem, jogando pela direita e criando sempre muito perigo. Como se isso não bastasse, marcou dois golos.» (Record)