A propósito do meu texto anterior, gostei de saber que também os ex-presidentes leoninos Filipe Soares Franco e José Eduardo Bettencourt contribuíram para a Missão Pavilhão. Lá têm também os nomes registados no mural.
A propósito da venda de um certo jogador - sobre a qual temos direito a 25% da mais-valia - abaixo do preço esperado, aconselho-vos a não se queixarem do fcporto. O que os seus dirigentes fizeram foi exactamente aquilo que eu espero que os dirigentes do meu clube façam sempre: encontrar maneira de beneficiar o mais possível o seu clube, dentro da legalidade. Só por estupidez ou ingenuidade poderíamos esperar que o fcporto se preocupasse em salvaguardar o melhor para o Sporting quando isso corresponderia a não salvaguardar o melhor para si mesmo. E apesar de tudo, com 3,5 milhões não ficamos nada mal servidos. Podíamos ter ficado de mãos a abanar se o negócio tivesse sido... digamos... mais elaborado. Queixem-se do senhor da foto, se quiserem. Foi ele que vendeu o dito cujo a um rival directo que nunca nos quis (nem tem de querer) bem nenhum, por um preço inferior a outras propostas anteriores (a do Everton, de 15 milhões, é pública) e fez o acordo da forma que fez permitindo ao fcporto manipular agora os valores.
Na sequência do texto do Adelino Cunha a expressar o seu ponto de vista sobre os piores presidentes da história recente do Sporting, julgo relevante exprimir, no meu ponto de vista, quais terão sido, não os piores presidentes, mas os piores erros de gestão.
Excluo as saídas das principais pérolas da Academia (Figo, que saiu praticamente de graça, e Cristiano Ronaldo, vendido muito barato bem antes do tempo - um "negócio à Bettencourt"), pois esses terão sido erros de gestão financeira. Refiro-me mesmo a erros desportivos.
Talvez tudo tenha começado com a saída de Malcolm Allison do comando da equipa, conforme um leitor comentou no texto do Adelino. Esse talvez tenha sido o "erro zero". Mas, nos últimos 30 anos, os erros principais, por ordem cronológica, a meu ver foram:
a saída de Futre para o Porto em 1984;
o despedimento de Bobby Robson (contratado logo de seguida pelo Porto) em 1994;
a venda de João Moutinho ao Porto em 2010.
Os três erros tiveram como único beneficiário o FC Porto de Pinto da Costa.
Antes da contratação de Futre, Pinto da Costa ainda não havia sido campeão nacional (e o FC Porto era um clube em tudo inferior ao Sporting). Depois de contratar Futre, o FC Porto foi bicampeão nacional e campeão europeu (algo que o Sporting nunca foi).
Bobby Robson, nunca é de mais lembrar, saiu quando o Sporting era líder do campeonato. Foi para o Porto e logo nesse ano ganhou a Taça frente ao Sporting. Deu início ao "penta" - até então o recorde de títulos consecutivos era do Sporting. Mais importante: foi graças a esse penta que o FC Porto ultrapassou o Sporting em número de títulos, num fosso que se tem vindo a alargar. Quando Robson treinava o Sporting, o clube ainda tinha mais títulos que o Porto. A saída deste treinador representou portanto um ponto de viragem. Tal como a de Futre. Sempre graças ao Sporting.
João Moutinho era o capitão da equipa. Não faz sentido, em lugar nenhum, um clube reforçar um adversário direto. O significado da saída de Moutinho é esse: o Sporting reconhece que o Porto deixou de ser um seu adversário direto. Não disputam os mesmos objetivos. Tem sido assim desde que Moutinho saiu. Esta saída, embora por si só não justifique toda esta realidade, é dela o seu maior símbolo.
Convém recordar o nome dos presidentes responsáveis por estas decisões: João Rocha, José Sousa Cintra e José Eduardo Bettencourt. No caso dos dois primeiros, as suas longas presidências tiveram aspetos positivos e negativos. Não consigo mencionar um aspeto positivo da presidência do último.