Quando comecei a escrever nesta referência da blogosfera leonina, pensei numa linha condutora que me propus a seguir sempre que escrevesse um texto. Um dos itens dessa linha era evitar referências diretas a terceiros.
Infelizmente, ao ler a frase de José Eduardo "Liderança não quer dizer nada. Está a esconder-se a verdade aos sportinguistas", não resisti e senti-me forçado a quebrar essa regra (pela segunda vez).
Realmente, a liderança à terceira jornada não quer dizer grande coisa. Mas quer dizer qualquer coisa. A primeira coisa que quer dizer é que até ao momento perdemos menos pontos que os demais dezassete clubes do nosso campeonato. Também quer dizer que alguns que profetizavam a desgraça não estavam tão certos como acreditavam estar no alto da sua torre de marfim.
O Sporting vive-se em todos os estratos sociais. Vive-se nas mais variadas casas. E quando o Bruno Fernandes guiou magicamente a bola para o acrobático encosto de Raphinha, a grande maioria gritou golo e pensou "em primeiro". Infelizmente, alguns engoliram em seco e pensaram "isto estraga-me os planos".
Gerir uma associação desportiva deve ser algo muito complicado. Em Portugal é sinónimo de se ver a vida toda exposta em jornais, blogues e televisões. É também sinónimo de insultos diários e difamações constantes. Mas é ainda mais complicado quando a associação desportiva se chama Sporting Clube de Portugal. É que há sempre alguém a fazer exercícios de aquecimento na esperança de entrar a seguir.
Nas passadas semanas tivemos Ricciardi e Dias Ferreira, hoje temos José Eduardo. Os argumentos são sempre os mesmos. São vazios e assentes no preconceito. O termo "estagiário" não vem por acaso, é baseado na relativa juventude da equipa que compõe o Conselho Diretivo e tem por objetivo desacreditar pessoas criando um estigma.
Há tanta crítica construtiva que se pode fazer, há tanta maneira de ajudar o Clube a ser maior a cada dia que passa. Porque é que se escolhe sempre esta política de terra queimada onde se tenta destruir o clube quando não está lá alguém que não é nosso amigo?
É como nas relações, não é por destruirmos a auto-estima d@ noss@ parceir@ que garantimos que fique connosco para sempre. Era tão bom que os Sportinguistas, principalmente os "notáveis", percebessem isso.
José Eduardo, vocalista da banda Ricciardi, já veio dar as suas calorosas palavras de alento para o bem do clube.
"O clube foi atingido por uma catástrofe enorme a vários níveis. A partir desse momento não se conseguiu reorganizar... nem vai conseguir. O clube está completamente fraturado. É muito difícil unir esforços em torno da equipa quando toda a gente tem opinião sobre tudo. Depois começam as dúvidas e quando os resultados não aparecem os responsáveis entram em stress e quando isto acontece não tomas as melhores decisões. Por isso, o Sporting está aqui num beco sem saída. Vem aí um jogo com o Sp. Braga fundamental e caso o Sporting não obtenha um resultado positivo, creio que estaremos perante uma crise de grandes dimensões"
Valha-nos José Eduardo, eterno otimista, para motivar os sócios e adeptos. Agora sim podemos encarar o futuro com mais esperança.
Ainda hoje, também Dias Ferreira escolheu vir apoiar incondicionalmente o Sporting com as seguintes declarações.
"Foi uma entrada em falso, mas – ao que parece – é normal. É aceite com naturalidade. O presidente diz que não está preocupado e eu, eventualmente criticado quando digo que estou, é melhor dizer que estamos tranquilos. Quando o Sporting leva 5-0 no primeiro jogo oficial e faz a pré-época que fez porque é que tenho de ficar preocupado?"
Uma pena que o adepto Dias Ferreira ainda não tenha explicado ao eterno candidato Dias Ferreira como se comportar.
«José Eduardo prestou um inqualificável serviço ao clube para gáudio dos nossos adversários... Qual benfiquista, qual portista não se divertiu em família com a novela natalícia rodada em Alvalade?? E diz ele que tem cultura sportinguista! Valha-nos Deus...»
Há um pensamento atribuído a Confúcio que diz mais ou menos isto:
"Em todas as coisas o sucesso depende da nossa preparação".
Todos nós já passámos por situações em que tentamos discutir, sem sucesso, um qualquer assunto, com uma pessoa que não está preparada e que aos nossos factos responde com evasivas ou procura mudar de tema.
Foi isso que senti ontem quando tentei assistir ao debate da SIC Notícias.
A impreparação de José Eduardo para falar de factos concretos é tão gritante que só consegui assistir a cerca de 10 minutos de programa, dois exemplos:
23H09/23H10 "fico muito satisfeito pela vitória do Sporting, 3-0, uma vitória tranquila, sem penalties, sem dúvidas"
23H10 "um foi mandatado pelos sócios em eleições livres em que teve 65% ou cerca de 65% do apoio dos sócios".
Podem parecer pormenores, mas um homem ligado ao futebol que cerca de três horas depois de um jogo acabar já não se recorda se os golos foram marcados com o pé, com a cabeça ou de penalty e que confunde uma percentagem de cerca de 54% com 65%; enfim, pode perceber muito de rissóis de camarão e de bolos de bacalhau mas seria um favor que fazia ao futebol em geral e ao Sporting em particular que se abstivesse de aparecer em tudo quanto é canal de televisão e papel de jornal a alardear a sua (dele) ignorância, estupidez, impreparação.
O ponto aqui é o seguinte; se este senhor se espalha assim a falar de coisas banais e de factos que todos podemos verificar que sustentabilidade terá a verdade que apregoa, a verdade dele?
«Muitas vezes damos opinião sem conhecermos minimamente as realidades. Temos que ter muita cautela com isso.»
José Eduardo, na entrevista de ontem à RTP Informação em que opinou "sem conhecer minimamente" certas realidades. Seguem três exemplos:
I
Frase: «Paulo Oliveira foi a última das possibilidades [de aposta de Marco Silva no reforço da defesa leonina]. Só em desespero se foi buscar o Paulo Oliveira, que é o futuro central da selecção nacional.»
Facto: Paulo Oliveira participou em vários jogos da pré-temporada. Por exemplo, a 18 de Julho, contra o Belenenses na Taça de Honra. A 22 de Julho, contra o RKSV Achilles '29. E a 28 de Julho, contra o Twente. Na altura a sua prestação foi considerada insatisfatória, como eu próprio assinalei aqui.
II
Frase: «O Marco Silva, nestes seis meses, escolheu alguém da equipa B? Zero. Zero. Nem contra o Vizela, nem contra o Espinho.»
Frase: «No sábado vou escrever em rodapé uma resposta a algumas pessoas que passaram a fronteira da educação. É no sábado, n' A Bola. Compre. São 80 cêntimos.»
Facto: um exemplar avulso do jornal A Bola custa 90 cêntimos.
Após dez dias de absurda turbulência no Sporting, na sequência imediata da nossa vitória frente ao Nacional, apenas José Eduardo defende o despedimento de Marco Silva.
Em comentário a um texto publicado aqui no blogue, um leitor afirma que o Presidente do Sporting é soprano. O leitor engana-se, a voz de soprano é, no canto lírico, a mais aguda das vozes femininas. O Presidente do Sporting é, sim, baixo. Embora as contradições, como é evidente, possam surgir a qualquer momento. José Eduardo, tão apreciado por Bruno de Carvalho, é claramente tenor, a mais aguda das vozes masculinas, o que não impede que a sua última récita tenha revelado um baixo profundo.
O bom senso parece ter prevalecido, no sentido em que alguns de nós vínhamos escrevendo há vários dias aqui no blogue.
Permito-me, pela minha parte, lembrar textos como este ou este.
Tenho a consciência de que os apelos à pacificação interna, multiplicados em blogues que merecem crédito, acabaram por fazer o seu caminho junto da direcção leonina e do próprio presidente, leitor atento da blogosfera. Um passo muito importante foi dado na direcção correcta, como o Paulo Gorjão já sublinhou. Lamentavelmente houve quem no universo do Sporting tivesse debitado as maiores barbaridades contra Bruno de Carvalho e/ou Marco Silva: basta espreitar algumas caixas de comentários. E não faltaram as vozes incendiárias de algumas personalidades supostamente responsáveis que, num sentido ou noutro, se limitaram a lançar gasolina na fogueira.
Refiro-me, por exemplo, ao ex-presidente Dias da Cunha e também a José Eduardo, ex-presidente do Sindicato dos Jogadores.
O primeiro, falando à Rádio Renascença, voltou a exteriorizar o seu ódio visceral a Bruno de Carvalho disparando desta forma: «Se calhar o blackout evita que o presidente continue a dizer disparates, serve para calar o presidente que, esse sim, é que tem de se calar.» Num desmentido vivo do lugar-comum que associa idade madura a sensatez.
O segundo, hoje mesmo, produziu declarações inaceitáveis contra o treinador do Sporting recolhidas pela RTP no seu frenesim anti-Sporting: «O Marco Silva já não está a fazer nada no Sporting. Tem interesses próprios, que não são os interesses do Sporting, são de gente que pretende destruir o Sporting.» Declarações que vão originar uma queixa-crime, já anunciada.
Tudo isto, naturalmente, deixa feridas difíceis de sarar.
Uma vez mais, no Sporting, dispara-se contra o inimigo interno: esquecem por completo, estes pirómanos anti-Bruno e anti-Marco, que os adversários estão lá fora, não cá dentro.
{ Blogue fundado em 2012. }
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