Tantas vezes o elogiei aqui - é com mágoa que escrevo hoje estas linhas. Mas não tenho alternativa: Marcus Edwards foi para mim a maior decepção do plantel leonino em 2024. Prometeu muito, deu quase nada. E deixou de contar para o novo treinador. Rui Borges não esgotou substituições contra o Benfica nem contra o Vitória, mantendo-no banco.
Marcus Edwards chegou há quase três anos ao Sporting com aura de craque. Fruto da formção do Tottenham, fez toda a aprendizagem entre os spurs e chegou a alinhar no onze principal, num desafio da Taça da Liga inglesa. Acabou por não ter espaço, rumando no Verão de 2019 a Guimarães, onde rapidamente deu nas vistas. Em Janeiro de 2022, a administração leonina pagou 7,5 milhões de euros para contratá-lo: o atacante esquerdino assinou contrato por cinco anos, com 60 milhões como cláusula de rescisão. Inicialmente o Tottenham manteve metade do seu passe.
Foi-se destacando com Ruben Amorim, espalhando magia nos relvados. Em 2022 mereceu aqui destaque: elegi-o como confirmação do ano. Ele fez por isso, sobretudo nos dois desafios da eliminatória com o Tottenham para a Liga dos Campeões, sobretudo o golaço que marcou na partida decisiva, ao fixar o nosso empate 1-1 em Londres. Quando o histórico emblema inglês seguia em terceiro na Premier League.
Fixámos-lhe o movimento favorito: incursões ofensivas do lado direito para o interior, com notável capacidade de drible e algumas fintas de corpo que dificilmente se apagarão da memória dos adeptos. Mas também fomos descobrindo que se trata de um futebolista sujeito a apagões periódicos, infelizmente cada vez mais frequentes. Reservado, pouco expansivo e nada falador, foi ficando mais triste, foi aparecendo menos, parece deslocado no plantel.
Outros jogadores surgiram, remetendo-o para um plano inferior na hierarquia dos talentos em Alvalade. Na temporada 2023/2024 viu cinco colegas ultrapassá-lo na lista dos artilheiros da equipa: Gyökeres, Paulinho, Pedro Gonçalves, Trincão e até Nuno Santos. Ele só marcou seis no conjunto da temporada - incluindo um ao Olivais e Moscavide, na Taça de Portugal.
Pouco, para quem tanto prometia.
Já na época em curso, o apagão acentuou-se. O último golo de Edwards para o campeonato ocorreu em Agosto, na goleada por 5-0 ao Farense. Com Amorim, não mais marcou - e pouco já calçava. No breve interlúdio de João Pereira em Alvalade, o técnico confiou nele e começou por ser recompensado: o inglês bisou contra o modestíssimo Amarante, equipa amadora da terceira divisão, em desafio da Taça de Portugal.
O inglês foi posto à margem. Por demérito próprio. Há um mês que não joga. Fala-se agora dele como um dos prováveis excluídos do plantel em Janeiro. Aos 26 anos, ainda encontrará mercado. Mas o seu destino já não parece passar por Alvalade. Com pena minha, reconheço. As coisas são o que são.
Gyökeres tentou sem conseguir: ficou em branco contra equipa de Barcelos. A culpa não foi dele
Foto: Manuel Fernando Araújo / EPA
Este foi o jogo que apressou a inevitável queda de João Pereira, que vários de nós antecipámos aqui com a devida antecedência. Quase todos reconhecem agora que o ex-técnico da nossa equipa B - sem um minuto de experiência anterior no plantel principal nem habilitação para o efeito - nunca devia ter sido apresentado nos moldes em que o foi pelo presidente do Sporting. Nem estava qualificado para o efeito, nem tinha sido preparado para isso, nem revelou qualquer atributo que o recomendasse para o cargo.
João Pereira, logo na primeira declaração à imprensa, aludiu a «erro de casting», numa declaração que poucos entenderam. Estaria, no fundo, a falar de si próprio.
Como os números tornam evidente. Em oito desafios sob a sua orientação, a equipa principal do Sporting só conseguiu ganhar dois ao fim dos 90 minutos: goleada ao Amarante, equipa da terceira divisão composta por jogadores não-profissionais, e triunfo tangencial e muito esforçado em Alvalade ao débil Boavista que parece condenado à descida de divisão.
Nenhuma vitória fora de casa.
Alguns adeptos - cada vez menos - pareciam continuar a apostar nele, com fé cega nesta opção errada de Frederico Varandas. Mas nem árbitros, nem postes, nem infortúnio, nem jornalistas ou comentadores e muito menos a "pesada herança" de Amorim podem explicar a pobreza técnica, táctica, física e anímica da equipa principal do Sporting neste mini-ciclo que não deixa a menor saudade.
Impunha-se virar a página. E ela foi virada, creio que ainda a tempo. Mas só após oito pontos perdidos para o campeonato nacional, seis outros a voar para a Liga dos Campeões e a liderança da Liga 2024/2025 para já entregue ao Benfica, reeditando o pesadelo de Natais passados.
Todas as deficiências deste Sporting da brevíssima era João Pereira foram manifestas na nossa deslocação a Barcelos domingo passado, dia 22.
Incapacidade de criar dinâmicas, de ligar sectores, de jogar sem bola. Um central em má condição física, Eduardo Quaresma, escolhido para o onze inicial - e substituído ao intervalo por impossibilidade de continuar em campo. Um miúdo da B, Mauro Couto, passando à frente do inexperiente Edwards quando era necessário um criativo que desatasse o nó ainda com 12 minutos para jogar. Outro miúdo, João Simões, mantendo-se colado a Morten sem missão para romper linhas. Gyökeres perdido lá na frente, sendo quase só solicitado para jogo de cabeça, precisamente a menor das suas virtudes como atacante.
O onze leonino voltou a mostrar-se apático, triste, sem rasgo nem chama. Espelho afinal daquela alegada equipa técnica que se sentava no banco.
Chegou-se ao intervalo em branco: nenhuma verdadeira oportunidade de golo. Apesar do constante incentivo dos adeptos, presentes em grande número entre os cerca de 9 mil espectadores no estádio gilista.
Depois do intervalo, a equipa mostrou-se mais veloz. Mas a defesa adversária levou sempre a melhor. Aos 67', o guarda-redes Andrew voou para impedir o golo de cabeça de Harder, a passe de Trincão. Aos 81', o brasileiro voltou a brilhar esticando-se para desviar in extremis a bola tocada por Trincão que levava selo de golo.
Foi pouco, muito pouco.
Caiu o pano. Sobre um jogo de que não rezará a história. Foi apenas o quarto empate a zero do Sporting nas últimas 229 partidas - bem diferente da nossa goleada por 4-0, no mesmo estádio, há apenas oito meses, já na recta final do campeonato anterior.
Segundo jogo em branco, após a derrota em casa (0-1) frente ao Santa Clara.
Três jogos seguidos sem vencer fora de Alvalade - registo inédito nesta temporada.
Média de pontos acumulados nas últimas quatro partidas da Liga 2024/2025: apenas um. Doze em disputa, só quatro amealhados.
Israel (6) - Cumpriu, quase sem ser importunado. Bons reflexos aos 90'+4, a tiro de Félix Correia.
Eduardo Quaresma (3) - Missão de sacrifício pelo segundo jogo consecutivo. Saiu ao intervalo, com queixas físicas. Nem devia ter calçado.
Diomande (6) - Regressou ao onze titular, como se impunha. Domínio do jogo aéreo. Ganhou quase todos os duelos.
Debast (6) - Cortes eficazes as 17' e 44'. Qualidade evidente nos passes à distância. Serviu bem Gyökeres (18'), Araújo (36) e Geny (70').
Quenda (5)- Voltou à posição de ala direito. Excelente variação de flanco servindo Araújo, aos 10'. Menos bem em missões defensivas.
Morten (7) - Esteio no meo-campo, destacando-se em oito recuperações. Foi ele a orientar também as posições de alguns colegas. Controlou espaço, O melhor dos nossos.
João Simões (5) - Esforçado, mas insuficiente. Perdeu demasiadas vezes a bola. Abusa dos passes laterais. Tem muito a aprender com Morten.
Maxi Araújo (4) - Talvez funcione como extremo, não serve como ala. Acumulou más decisões. Chegou a escorregar quando transportava a bola. Tarda em impor-se.
Trincão (7) - Não está "morto", como disse Varandas. Apesar dos 2226' já jogados. Passe-assistência para Harder (67') e quase marcou ele próprio (81'). Fez Andrew brilhar.
Harder (5) - Quase marcou de cabeça, mas o guardião gilista não deixou. Pareceu peixe fora de água como interior esquerdo: não é Pedro Gonçalves quem quer.
Gyökeres (5)- Muito condicionado pelo médio Gbane, que tinha a missão de o vigiar. Foi contra ele que cabeceou aos 10'. Sem oportunidades flagrantes.
Matheus Reis (5) - Substituiu Eduardo Quaresma após o intervalo. Com maior capacidade de transporte.
Geny (6) - Rendeu Quenda aos 66'. Remate a rasar o poste (70'). Desequilibrou na ala direita, talvez devesse ter entrado mais cedo.
Mauro Couto (4) - Entrou aos 87', rendendo Araújo. Esquerdino à direita, com Edwards no banco, atrapalhou-se com a bola aos 90'+2 quando pretendia rematar. Nada acrescentou.
De outro tropeção no campeonato. Mais dois pontos perdidos, desta vez em Barcelos. Cem minutos de jogo não bastaram à equipa ainda sob o alegado comando de João Pereira para desfazer o nulo num estádio onde em Abril, com Ruben Amorim ao leme, tínhamos goleado por 4-0. Que diferença brutal entre as duas partidas, no mesmo palco e perante o mesmo adversário. O que mudou? Sabemos bem de mais.
De termos sido incapazes de marcar ao menos um golo. Desde 5 de Abril de 2023 que não concluíamos um jogo com um empate a zero para a Liga portuguesa. Também em Barcelos, por coincidência.
Da nossa inoperância ofensiva. Duas oportunidades de golo em toda a partida - por Harder, aos 67', e por Trincão, aos 81'. Inviabilizadas por grandes defesas do guarda-redes Andrew, melhor jogador em campo. Muito pouco para uma equipa que mantém aspirações ao título. Quase nada.
Da nossa primeira parte. Lentidão de processos, falta de mobilidade, abuso até à náusea de passes lateralizados no meio-campo defensivo, incapacidade na criação de movimentos de ruptura e no preenchimento de espaços. Estéril "posse de bola". Chegou a dar sono. E provocou tristeza na grande maioria dos adeptos. O Sporting está irreconhecível.
Da entrada de Quaresma no onze. João Pereira teimou em incluí-lo entre os titulares. Erro: o jovem central acusou problemas musculares que já vinham de dois jogos anteriores, o que afectou muito o seu rendimento em campo. O técnico viu-se forçado a trocá-lo (por Matheus Reis) ao intervalo.
De Maxi Araújo. Vão-se sucedendo os jogos - e tarda em mostrar atributos que justifiquem a sua vinda para o Sporting, por um preço nada módico. Anteontem voltou a andar muito desaparecido do jogo, defendendo mal e atacando sem critério. Fez um bom cruzamento para Gyökeres logo aos 10' e depois eclipsou-se em movimentações inconsequentes no corredor esquerdo. Chegou a escorregar sozinho, algo que não se compreende.
De Mauro Couto. Incompreensível, a opção do técnico de deixar Edwards no banco para apostar aos 87' na entrada do ala esquerdino a jogar à direita (outro para a colecção). O jovem de 19 anos, oriundo da equipa B, quis mostrar serviço, mas sem conseguir. Aos 90'+2 atrapalhou-se sozinho com a bola, lá na frente, e falhou uma finalização em lance que parecia para os "apanhados".
De St. Juste. Figura aqui precisamente por não ter jogado. Numa equipa já muito fustigada por lesões, fez-se expulsar na partida anterior, encolhendo ainda mais as opções defensivas à disposição do técnico. Comportamento imperdoável: o holandês já não é nenhum garoto e tinha obrigação, muito mais do que outros colegas, de manter a cabeça fria para dar o exemplo. Infelizmente, fez ao contrário.
De ver Félix Correia contra nós. Esteve dez anos no Sporting, devendo toda a sua formação como futebolista à Academia de Alcochete. Um dia quis dar o passo maior do que a perna e recusou permanecer em Alvalade. Poderia ser hoje titular de leão ao peito, mas a ambição desenfreada virou-se contra ele. Consequência: anda a jogar no Gil Vicente.
Da equipa técnica. A mesma inoperância, a mesma incapacidade de reacção, a mesma deficiente leitura de jogo, a mesma ausência de ousadia, a mesma incompreensível gestão do esforço dos futebolistas. João Pereira queixa-se de jogar a cada três dias, mas voltou a não esgotar as substituições pelo terceiro desafio consecutivo.
De termos desperdiçado a larga vantagem de que dispúnhamos no final de Novembro. Ao quarto jogo do campeonato com João Pereira no banco, apenas quatro pontos conquistados em doze possíveis. Resultado: deixámos o FC Porto igualar-nos e o Benfica ultrapassar-nos na tabela classificativa. Desde Maio de 2023 que os encarnados não lideravam isolados o campeonato. A "pesada herança" recebida de Ruben Amorim foi desperdiçada em apenas um mês.
Gostei
De Morten, o melhor leão. Verdadeiro capitão de equipa, aquele que revela nervos de aço mesmo nos momentos mais complicados. Procurou sempre orientar os colegas - designadamente João Simões, de apenas 17 anos, seu parceiro no meio-campo - em movimentações com bola e sem ela. Dando ele próprio o exemplo: protagonizou oito recuperações.
De Trincão. Anda esgotado, o que não admira: ainda não falhou um jogo desde o início da temporada, já soma 2226 minutos. Mesmo assim foi tentando remar contra a maré, procurando soluções criativas para romper a muralha defensiva do Gil Vicente. Aos 78' chegou a introduzir a bola na baliza, mas não valeu porque o árbitro André Narciso havia apitado dois segundos antes para assinalar um penálti que afinal não existia (revertido pelo VAR em monumental trapalhada que volta a desacreditar a arbitragem). Três minutos depois, num remate cruzado de ângulo apertado, deu o rumo certo à bola, desviada in extremis para canto pelo guardião gilista.
De Diomande. Desta vez foi titular, o que faz todo o sentido. Não pode ficar de fora, excepto por castigo ou lesão: é o nosso melhor central do momento. Único com capacidade para comandar o reduto defensivo. Foi o que fez nesta partida, ganhando quase todos os duelos e articulando-se de forma eficaz com os companheiros.
Da boa "moldura humana". Quase dez mil espectadores num estádio com lotação máxima para 12 mil. Muitos dos que compareceram apoiaram sem cessar os nossos jogadores. E mesmo no fim foram escassos os assobios e os lenços brancos. Conclusão: de falta de apoio não pode esta equipa queixar-se.
Segundo parece, no seguimento da impossibilidade de contar com Abel Ferreira e de mais um desaire em Barcelos sob o comando do João Pereira, Hugo Viana meteu-se em campo e o actual treinador do V. Guimarães estará mais ou menos assegurado como treinador do Sporting.
No fundo, será o quarto treinador "efectivo" escolhido por Frederico Varandas, depois de Marcel Keizer, Jorge Silas e Rúben Amorim. Tiago Fernandes e Leonel Pontes não passaram de treinadores interinos, como agora acabou por ser o João Pereira. Só a passagem de Silas para Amorim foi directa.
O grande problema não foi o nosso presidente ter apostado em João Pereira para dar seguimento imediato ao trabalho de Amorim: foi ter dado a ideia que tudo tinha sido previsto e controlado, e que estava ali um novo Amorim para conduzir o Sporting a novos sucessos. Como ninguém conhecia bem João Pereira enquanto treinador, também não havia ninguém que pudesse dizer do disparate da afirmação.
Mas os resultados foram o que foram. Já na semana passada, a terminar o seu discurso nos Prémios Stromp, o presidente deixou bem claro que, com o plano A, B C, ou qualquer outro, o Sporting iria lutar pelo bicampeonato. Rui Borges entra agora como plano C (?) para lutar por isso mesmo.
João Pereira sai muito mal desta sua aventura. Se calhar perdemos um treinador que estava a fazer bom trabalho na equipa B e que no futuro poderia servir de solução de recurso para situações como esta duma saída abrupta do treinador principal.
Mas sai assim também por responsabilidade sua, por excesso de confiança nas suas capacidades e da sua equipa técnica, por não ter respeitado o modelo de jogo de Rúben Amorim, tentando implementar um 3-4-3 "losango" castrador para a valia dos jogadores ao dispor.
Não se pode queixar do empenho e do esforço dos jogadores, nem da atitude dos capitães. Só mesmo de si e de quem se fez acompanhar, para além da sorte, das lesões e dos APAFs.
Não faço ideia do que vale Rui Borges como treinador. É transmontano como o Pote, jogou até tarde, tem sete ou oito anos de treinador, dois apenas na 1ª Liga. Não seria alguém com o seu perfil a minha escolha, mas é a solução possível no momento presente. Os melhores treinadores portugueses estão indisponíveis, qualquer treinador estrangeiro teria enormes dificuldades em conseguir resultados na Liga Portuguesa pegando na equipa nesta fase da temporada.
Se fazer melhor do que Rúben Amorim é quase impossível, pior do que João Pereira também será. Entre o 80 e o 8 algures, Rui Borges irá estar.
Vamos aguardar para ver, a começar pelo dérbi do próximo domingo.
Para já, e acreditando que virá mesmo, bem-vindo, Rui Borges.
A melhor equipa de Portugal precisa de treinador.
PS: Diz o António Tadeia: "O problema deste Sporting não é de falta de ideias. É de ideias a mais." Amorim deixou uma máquina oleada, não vale a pena meter serradura na engrenagem. Gyökeres agradece e nós também.
O óbvio ululante impôs-se aos olhos da administração da SAD, dando razão àquilo que tantas vezes vários de nós escrevemos aqui nas semanas mais recentes.
Devia ter saído antes. Ou antes: nem devia ter entrado como substituto de Ruben Amorim.
Bem-vindos à 6.ª edição da nossa rubrica, onde vamos saber se João Pereira ainda é treinador do Sporting.
Estamos de volta uma semana antes do previsto, graças a um estimado conjunto de novos patrocinadores (e não devido a mais um jogo miserável sob a orientação de João Pereira).
Vamos saber a resposta já de seguida, após este momento de publicidade.
Até agora, em oito jogos no banco, João Pereira só conseguiu ganhar dois aos 90 minutos. Contra o amador Amarante da terceira divisão (primeiro desafio pós-Amorim) e o falido Boavista, há dois anos proibido de contratar jogadores.
Neste mês e meio, só para a Liga, disputou quatro jogos, tendo vencido apenas um. Ontem empatou com o modesto Gil Vicente que havíamos goleado por 4-0, no mesmo estádio, para o campeonato anterior.
Doze pontos em competição, oito perdidos. Média: dois pontos atirados às urtigas em cada jogo. Merece registo? Claro que sim. Pela negativa.
Frederico Varandas tem certamente um plano para manter Pereira colado ao banco de treinador da equipa A. Mas é um plano tão oculto que ninguém consegue vislumbrá-lo. Talvez nem ele.
"A nível defensivo estamos muito mais fortes", declarou hoje João Pereira após empatar a zero com o Gil Vicente. No mesmo estádio onde no campeonato anterior goleámos por 4-0.
Tem razão. Agora, ao menos, conseguimos perder pontos sem sofrer golos. Será motivo para festejar?
"João Pereira é um equívoco que vai sobrevivendo à conta de titubeantes e sofridas vitórias. Ganhar 3-2 ao débil Boavista é cartão de visita para alguém? O Sporting desaprendeu de jogar, os jogadores precisam de se deitar no divã de um psicanalista. Olhar para o treinador no banco é um filme de terror e ouvi-lo numa conferência de imprensa é um calvário. Alvalade vive uma via-sacra de nervosismo até ao estalar do chicote que está escrito nas estrelas. (...)
O Sporting arrasta-se, tal como João Pereira. Nenhum sportinguista tem fé com tão fraco timoneiro."
Ao quinto jogo (em sete) sem conseguir ganhar no tempo regulamentar (sendo que uma das vitórias foi contra o... Amarante), João Pereira conseguiu manter-nos intactos na Taça de Portugal e, com isso, ganhar mais algum tempo de vida no banco do Sporting.
Mas este é um remake de um filme que já vimos, por exemplo, nas segundas épocas de Sá Pinto ou Marcel Keizer ao nosso leme. As suas equipas não convenciam, as vitórias a muito custo iam aguentando os treinadores, até que a Direção se viu forçada a usar da chicotada que os adeptos há muito reclamavam.
Estas duas últimas vitórias (ambas sofridas) empurraram João Pereira para os jogos contra o Benfica e o Vitória de Guimarães. E não sei se isso é coisa boa... oxalá me engane!
The Good, the Bad and the Ugly é um dos meus filmes preferidos de Clint Eastwood, na fase do Western Spaghetti de Sergio Leone, filmado algures em Espanha em 1966.
E foi com um italo/argentino que estive em Alvalade a ver este jogo, que por acaso acabou bem. Podia ter acabado muito mal. O mesmo que levei na época passada a ver uns jogos com Rúben Amorim.
Que ao longo do jogo me foi perguntando que Sporting era este, como é que tínhamos chegado a este ponto. Não soube que responder, quem se sentava próximo também pouco ajudava.
Recordando o filme, o Ugly vai para Vasco Matos. A canalhice tem limites, o aproveitamento das regras do jogo e da estupidez arbitral, para deitar guarda-redes e jogadores para quebrar o ritmo ao adversário e gastar tempo de jogo tem limites. Um ex-jogador do Sporting ser mais rafeiro que o rafeiro Conceição, é inadmissível. E fico-me por aqui, podia dizer pior.
O Bad é mesmo o idiota do Malheiro. Como um idiota destes, não merece a pena ofender a mãe e o pai porque a estupidez vem mesmo da criatura, incapaz de perceber a diferença entre quem quer destruir jogo e quem quer criar, e pensar que afundando o Sporting em Alvalade vai ter uma medalha da APAF, é escolhido para um jogo destes, realmente aqueles apitos dourados / polvos encarnados continuam a pensar que fazem o que querem no CA.
O Good gostava que existisse mas não, quem brinca com o fogo acaba queimado, ou então tem a sorte que o João Pereira teve hoje em Alvalade.
Este Sporting de João Pereira pouco tem a ver com o Sporting do Rúben Amorim: onze inicial, forma de jogar, ritmo de jogo, transições, substituições, tudo. Quem tiver alguma dúvida reveja um jogo da época passada de que o meu parceiro se lembrava. Pouco que ver. É outra coisa qualquer que ainda nem eu nem os jogadores perceberam bem de que se trata.
Na Sport TV ouvi que o Sporting ganhou ao Santa Clara nas oportunidades de golo por 4-3. Porreiro. Para quem ganhou por 4-1 ao Man.City não está mal...
Enfim, não vou dizer mais nada. O mais importante são os resultados, ainda mais nesta fase de enorme desgaste dos jogadores, passámos à fase seguinte da Taça de Portugal.
Hip Hip Hurra !!!
Viva o Sporting !!!
E vivam os enormes jogadores que hoje entraram em campo em Alvalade. Que valem muito mais do que demonstraram, mas a culpa não é deles.
Não ter deixado Ruben Amorim sair no momento próprio. Saía campeão, com a maior pontuação de sempre, após quatro anos muito exigentes no Sporting.
2
Deixar Hugo Viana sair em diferido. Anúncio feito em Outubro, mas para vigorar só em Maio. Incompreensível. Entretanto, ia andando cá e lá. Não faz sentido.
3
Preparar João Pereira como sucessor. Mas porquê ele? Não havia outros no mercado, com habilitação específica? O que revelou este técnico de extraordinário no trabalho com os sub-23 e a equipa B? Percebe-se agora: foram reduzidos os contactos com Amorim. Pouco prolongamento entre um e outro, como não tardou a notar-se em campo.
4
Deixar sair Amorim mas aguentá-lo mais duas semanas, orientando outros três jogos. Assim deu-se um péssimo sinal ao plantel: quem vai seguir-se não tem plena confiança da direcção, é solução precária, não assegura verdadeira continuidade.
5
Varandas atravessar-se por Pereira com palavras descabidas que o aprisionam ao futuro do técnico. Não faz o menor sentido.
Penso que ninguém terá dúvidas que um dos pilares do modelo de jogo de Rúben Amorim é a linha defensiva de três elementos comandada pelo elemento central, sempre muito coesa e alinhada para forçar o fora de jogo dos adversários.
Com a saída de Coates foi Diomande que quase sempre assumiu o lugar. Trata-se do defesa mais poderoso, mais forte no jogo aéreo defensivo, mais confiante, mais focado no jogo, naturalmente ainda com aspectos para melhorar. Vale 40M€ no TM, Inácio 45M€, Debast 22M€, Quaresma 14M€, Matheus Reis 8M€, St. Juste 8M€. Preços que me parecem correctos e que têm em conta as idades e os desempenhos.
Dado que no modelo de jogo de Amorim os alas são extremos adaptados que fazem todo o corredor, ele sempre procurou ter um mais defensivo e outro mais ofensivo, de forma a poder formar uma linha de 4 a defender sempre que necessário. Na época passada, as duplas eram Catamo/Matheus Reis e Esgaio/Nuno Santos.
No Man.United ele chegou e rapidamente fez o mesmo. Neste último derbi com o Man.City o comandante foi Maguire, com De Ligt e Martinez de cada lado. Nas alas Dalot mais defensivo e Diallo mais ofensivo, acabando este por ser decisivo no jogo ao sofrer o penálti no primeiro golo e marcando o segundo.
No Sporting veio João Pereira e mudou para pior. Dois alas ofensivos bem avançados no campo, Catamo e Maxi, e o trio defensivo entregue a si próprio.
Quando depois um dos defesas abandona a posição acontece isto. A linha recta transforma-se num ziguezague...
Assim, são já 12 golos os sofridos pelo Sporting em 6 jogos (6-0, 1-5, 0-1, 1-2, 1-2 e 3-2) com João Pereira. Média de dois por jogo.
Trincão ouviu merecidos aplausos em Alvalade: ao bisar, garantiu três pontos ao Sporting
Foto: José Sena Goulão / Lusa
Este Boavista que nos visitou há três dias nem devia estar a competir no campeonato nacional. Clube falido, penhorado, proibido de fazer contratações, quase só pode recorrer a miúdos da formação. É a equipa mais fraca da Liga.
Mesmo assim fez tremer o Sporting. Em nossa casa. Ao intervalo, havia empate: 1-1.
Tal como a alegada equipa técnica, sempre a tremer no banco. De olhos tristes a contemplar a pantalha. À espera que os minutos se escoassem e a vantagem que tivemos duas vezes e duas vezes desperdiçámos aguentasse até ao apito final. E aguentou. Mas com imensos calafrios no relvado e enorme intranquilidade na bancada, onde se sentavam 34 mil adeptos.
A partida terminou com o Boavista a pressionar mais para chegar ao 3-3 do que o Sporting para ampliar a magra vantagem.
Enquanto João Pereira, sentado no banco por imperativo regulamentar, mantinha o olhar temeroso que já lhe conhecemos. Mesmo podendo respirar fundo por ter evitado sofrer a quinta derrota consecutiva - algo jamais ocorrido na história do nosso clube.
A turma axadrezada foi a Alvalade fazer os seus dois primeiros golos de bola corrida da temporada. Perante uma defesa de papel onde Debast teve actuação calamitosa e o tenrinho Israel mais parecia o Zé Frango.
Passividade total do reduto recuado. Que nas mais recentes três jornadas da Liga sofreu cinco golos - tantos como nas onze rondas iniciais, sob o comando de Ruben Amorim.
No primeiro, dois boavisteiros resolveram tudo sem qualquer pressão nossa. Matheus Reis abriu a porta e fez vénia à esquerda; Debast marcava com os olhos, ficando nas covas.
No segundo, falha colectiva: o Sporting parecia turma dos campeonatos distritais. Geny falhou a abordagem junto à linha direita, Quaresma mediu mal o tempo de intervenção, Debast manteve-se incapaz de controlar o espaço. O pior foi Israel. Inseguro, recebeu o remate de Bruno, colocado mas não muito forte, com a bola encaminhada na sua direcção: estendeu as mãos, mas deixou-a escapar, saltitando para o fundo das redes.
Candidato a Frango do Mês. Por demérito próprio.
Felizmente os nossos avançados estiveram em melhor nível.
Geny pressionando pela direita, forçando os duelos individuais que foi ganhando. Maxi Araújo objectivo nas suas intervenções pelo flanco esquerdo. Procuraram ambos servir Gyökeres, mas o sueco só acertou uma vez, aproveitando brinde defensivo do Boavista. Falhou três golos cantados, algo absolutamente anormal nele.
Melhor esteve Trincão, que não fazia o gosto ao pé desde Setembro. Marcou não um, mas dois. E desatou o nó. Oportuno no primeiro, virtuoso no segundo. Sem ele, a vitória teria sido empate.
Dizem que João Pereira estava a ser "trabalhado" desde o final da época passada para suceder a Amorim.
Mas que "trabalho" é este se o técnico se tem revelado um zero em comunicação, garantiu ser incapaz de «replicar» o antecessor (algo que facilmente se confirma em campo) e repôs a famigerada cultura da derrota no SCP com a frase-chave «temos de levantar a cabeça»?
Sinto que nos venderam gato por lebre.
E continuo sem compreender como é que um técnico da terceira divisão, sem nunca ter feito um minuto como treinador da Liga 1, foi convidado para substituir Amorim. Também inexplicável foi ele aceitar este encargo para o qual não estava preparado. Tinha obrigação de saber isto muito bem.
Breve análise dos jogadores:
Israel (3) - Mostrou-se sempre intranquilo. Péssima intervenção entre os postes, permitindo o segundo golo, perfeitamente defensável.
Eduardo Quaresma (5) - Missão de sacrifício após ter aberto o sobrolho no jogo anterior. Actuou condicionado, mas sem virar a cara à luta.
Debast (4) - Central ao meio, nada habitual. Chumbou no teste. Tem responsabilidade nos dois golos sofridos. Melhor com bola do que sem ela.
Matheus Reis (4) - Incapaz de travar Salvador Agra, que teve todo o tempo para cruzar, assistindo no primeiro do Boavista. Viu um amarelo disparatado aos 39'.
Geny (6) - Foi remando contra a maré com bons cruzamentos (5', 8', 17') a partir da direita, onde joga melhor. Falhou intercepção inicial no primeiro do Boavista.
Morten (6) - O mais pendular dos nossos jogadores. Combinou bem com João Simões. É uma das raras vozes de comando em campo.
João Simões (6) - No segundo jogo a titular, consolida imagem positiva. Serviu bem Gyökeres aos 31' e rematou ele próprio com perigo aos 33'.
Maxi Araújo (6) - Melhor a atacar do que a defender. Momento alto: o soberbo passe para o golo inicial de Trincão. A sua primeira assistência no Sporting.
Trincão (7) - Melhor em campo. Marcou dois (49' e 66') e já tinha oferecido outro a Gyökeres (15'), infelizmente desperdiçado.
Quenda (6)- Voltou a ser interior esquerdo, posição que não lhe é familiar. Mesmo assim isolou muito bem Geny (16') e iniciou o terceiro golo.
Gyökeres (6)- Golo fácil, após oferta (23'). Assistiu no terceiro. Podia ter feito muito melhor aos 8', 15' e 31'. Quase marcou de livre aos 62'.
Harder (4) - Substituiu Geny aos 67'. Actuou bastante encostado à linha, onde acaba por ser desperdiçado. Não é ali que mais rende.
Diomande (5) - Substituiu Eduardo Quaresma aos 72'. Tentou transmitir serenidade à linha defensiva quando o jogo já estava partido.
Arreiol (-) - Entrou aos 80', substituindo João Simões. Duas recuperações: pouco mais fez.
Da vitória contra o Boavista, mesmo tangencial (3-2). Após quatro derrotas consecutivas, duas das quais para o campeonato, João Pereira conseguiu enfim os seus primeiros pontos na Liga 2024/2025. Triunfo arrancado a ferros, em casa, contra o antepenúltimo. Que, afogado em dívidas, está há dois anos proibido de fazer novas contratações. Equipa débil, que mesmo assim conseguiu marcar-nos dois golos nos dois únicos remates enquadrados de que dispôs.
De Trincão. De longe o melhor em campo. Grande obreiro destes três pontos tão penosamente alcançados. Bisou a passe de Maxi Araújo (minuto 49) e de Gyökeres (minuto 66). Rematando de primeira para fora do alcance do guarda-redes, no primeiro; protagonizando brilhante rotação que deixou a baliza à mercê do seu pé esquerdo, no segundo. Soma agora seis golos e dez assistências na temporada. Mereceu todos os aplausos que escutou.
De Gyökeres. Está ainda longe da excelente forma a que nos habituou, mas um mês depois voltou a marcar um golo em lance corrido (aproveitando brinde do defesa boavisteiro Pedro Gomes, que fez a formação em Alcochete) e fez precioso passe para o remate de Trincão que nos valeu os três pontos. Num jogo em que desperdiçou três oportunidades flagrantes de a meter lá dentro - aos 9', 15' e 31'.
De João Simões. Nesta sua segunda partida como titular, consolida-se a impressão de que é mesmo reforço para o depauperado meio-campo leonino. Com apenas 17 anos, revela maturidade precoce, bom sentido posicional e inegável cultura táctica. Melhor do que o emprestado Dário Essugo na mesma posição.
Da arbitragem. Bom desempenho de Fábio Veríssimo, bem auxiliado pelo vídeo-árbitro Bruno Esteves.
De continuar a ver o Sporting no comando. Estamos com 36 pontos à 14.ª jornada. Agora com mais quatro pontos do que o Benfica e mais cinco do que o FC Porto.
Não gostei
Do nosso descalabro defensivo. Bastou ao Boavista subir duas vezes à nossa área para a meter lá dentro, aos 43' e aos 58'. Com responsabilidades individuais (que começam em Matheus Reis no primeiro golo e Geny no segundo) em ambos os casos, mas também devido à inoperância do nosso sector mais recuado, incapaz de se manter alinhado e de segurar as situações de vantagem até Trincão fixar o 3-2 final. O facto de actuarmos com um inédito trio de centrais (Quaresma, Debast, Matheus) terá contribuído para isto. Por que motivo Diomande ficou no banco e só entrou aos 72'? Mistério. Talvez nem o próprio João Pereira saiba.
Dos dois golos sofridos em casa. Há mais de nove meses que não nos acontecia em desafios da Liga. Desde o campeonato anterior, a 3 de Março, contra o Farense. E desde 2006 não víamos o Boavista bisar contra nós num jogo.
De Israel. Dilema grave: nenhum dos nossos dois guarda-redes principais é recomendável. Vladan foi incapaz até hoje de fazer uma exibição digna de elogio. O jovem internacional uruguaio tem sérios problemas técnicos e anímicos. Inacreditável, como deixa escapar a bola entre os braços a um remate que Bruno, do Boavista, lhe fez à figura. Será o momento de chamar Callai para finalmente mostrar o que vale no primeiro escalão?
De St. Juste. Voltámos a não contar com ele. Uma "síndrome gripal" levou à sua remoção do onze titular: nem no banco se sentou. Está mais que visto: é jogador que passa muito mais tempo fora do que dentro. Candidato inevitável a transferência, talvez já no mercado de Inverno. Não deixará saudades.
Do quarto de hora final. Pressão constante do Boavista, com o Sporting encostado às cordas e os nossos jogadores a aliviarem a bola de qualquer maneira, como podiam, à maneira das equipas do fundo da tabela. Neste período até parecia que a turma axadrezada era a grande e o Sporting era a pequenina.
Da equipa técnica. A mesma inoperância, a mesma incapacidade de reacção, a mesma deficiente leitura de jogo, a mesma ausência de ousadia, a mesma incompreensível gestão do esforço dos futebolistas. João Pereira queixa-se de jogar a cada três dias, mas voltou a não esgotar as substituições pelo segundo desafio consecutivo.
Do progressivo desinteresse dos adeptos. À 14.ª jornada, registámos o mais baixo número de assistentes no José Alvalade em jogos da Liga da presente temporada: cerca de 34 mil. Quem pode admirar-se?
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