Aguardo em vigília expectante o próximo tweet de João Gabriel: quererá o "És a nossa fé" ter a gentileza de o difundir à cidade e ao mundo, para podermos todos terminar em beleza uma noite tão auspiciosamente iniciada?
João Gabriel, que, pelo menos, depois da final da Taça da Liga apitada por Lucílio Baptista, parece ter vindo a especializar-se no desempenho de figuras ridículas, veio agora a terreiro, na sequência das muitas e justamente indignadas reacções à escabrosa arbitragem do último Benfica-Sporting, insurgir-se, munido de minuciosa documentação, contra o comportamento, neste âmbito, dos responsáveis do Porto. Gabriel, exibindo, ufano, trabalhadíssimos dados estatísticos, revelou-nos, entre outros factos insuspeitados, que o Porto ainda não sofreu, este ano, nenhum penalty contra - penso poder presumir da sua brilhante exposição que só terá sofrido penalties a favor.
É pena, já que se refere com detalhe a este tipo de informações, que a investigação a que o seu clube procedeu não vá um pouco mais longe e não nos esclareça sobre aspectos da competição como o que foi mencionado por Rui Santos, no último Tempo Extra e se prende com o controlo anti-doping. Eu não tinha a mínima consciência da situação nem, de resto, se trata do género de assuntos dos quais me ocorra habitualmente manter-me a par, mas, segundo informou este jornalista, o Benfica, o Porto e o Estoril foram, nesta época, os clubes com menos controlos anti-doping nos seus jogos, dois cada um, o Benfica em jogos fora de casa, nas duas vezes. O Sporting foi controlado cinco vezes, quatro delas em casa, e a Académica nove vezes, quatro vezes e meia, portanto, mais do que Benfica e Porto! Não é que me pareça haver motivos para desconfianças, o futebol português e as suas instituições são, consabidamente, modelos de rigor e transparência, a Académica já se sabe como é, cautela e caldos de galinha, com o entusiasmo e descontracção próprios da vida coimbrã e da Queima das Fitas, os seus jogadores, toldados pelo ambiente, ainda podem mandar para dentro, involuntariamente, à mistura com as vitaminas, alguma substância menos recomendável, mas, enfim, seria bom que tudo isto fosse devidamente esclarecido e que os organismos responsáveis pela luta anti-doping se dessem ao incómodo de informar o público sobre as razões de uma situação aparentemente tão insólita. Só para as compartilhar connosco, digo eu.
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