- José Cruz: «Para ficar em quarto (ou quinto) um Pedro Mendes é melhor que um Jesé.» (18 de Janeiro)
- António F: «[Ao] ter dado a titularidade a Jesé e não ter convocado Pedro Mendes, em detrimento do recém-chegado Sporar, o técnico do clube [Silas] deixou uma mensagem clara: Pedro Mendes é o elo mais fraco.» (28 de Janeiro)
- Leonardo Ralha: «Elevado à titularidade por entre uma chuva de ausências (Bolasie e Vietto) e uma hesitação em apostar no futuro (Gonzalo Plata e Jovane Cabral), o espanhol voltou a exibir a sua pesada e milionária mediocridade no relvado. Todos os minutos que passou em campo foram um desperdício de recursos.» (29 de Janeiro)
- Francisco Chaveiro Reis: «O melhor que se pode dizer é que não protagonizou nenhuma figura triste fora de campo (pelo menos daquelas que infringissem a lei ou os regulamentos do clube).» (21 de Abril)
- Eu: «Nunca cumpriu 90 minutos de um jogo ao serviço do Sporting e recebia um salário bruto de seis milhões de euros por época. Compará-lo a Bas Dost não é só um disparate: é quase uma heresia.» (30 de Maio)
No gabinete de Frederico Varandas em Alvalade devia haver uma frase emoldurada avisando-o para nunca proferir declarações públicas sobre as características deste ou daquele jogador. Sobretudo dos jogadores que manifestamente desconhece. Evitaria assim o erro cometido há nove meses, numa entrevista à Sporting TV que acabou por dar muito que falar embora não pelos motivos que o presidente leonino esperaria.
Assim falou Varandas nessa entrevista, referindo-se a Jesé Rodríguez, que nada tem de "avançado-centro", sendo antes um ala. Embora, em boa verdade, mal nos tenhamos apercebido disso pois o espanhol - que chegou ao Sporting a 2 de Setembro, por empréstimo do Paris Saint-Germain - raras vezes deu um ar da sua graça, tanto no relvado de Alvalade como em qualquer outro estádio do País.
Noutros tempos, Jesé chegou a ser muito promissor. Oriundo das escolinhas do Real Madrid, ascendeu à equipa principal aos 18 anos, pela mão de José Mourinho, e figurou no plantel campeão dos madrilenos em 2011/2012. Mas não voltou a ser o mesmo desde que contraiu uma grave lesão, em 2014. Em Paris também não vingou, acabando por saltar de empréstimo em empréstimo.
No Sporting, para não destoar, deixa um rasto paupérrimo. Um mês depois de ter chegado, já se dava como certo que seria devolvido. Actuou apenas 522 minutos no campeonato nacional, quase sempre como suplente utilizado, e limitou-se a marcar um golo. Ao V. Guimarães, em Outubro. Mas mesmo aí conseguiu dar mais nas vistas pela forma insólita como celebrou no balneário do que pela exibição em campo.
Não viria a repetir a graça. Fez o último jogo pelo Sporting, a 27 de Janeiro, na tangencial vitória leonina em casa sobre o Marítimo. Silas ainda apostou nele como titular, mas ao fim de uma hora, com o resultado em branco, trocou-o por Plata - e fez bem. O espanhol não gostou de ser substituído mas com ele em campo talvez não tivéssemos alcançado os três pontos.
Rúben Amorim, mal chegou, comunicou aos responsáveis da SAD que não contaria com ele. No final de Abril, com as competições paradas devido à pandemia, o Sporting comunicou ao PSG a intenção de dispensar o jogador antes do prazo previsto para o termo do empréstimo. Rejeitando, obviamente, accionar a cláusula de opção a que tinha direito: sete milhões de euros, cifra delirante, que o espanhol de forma alguma justifica.
Resta acrescentar que Jesé nunca cumpriu 90 minutos de um jogo ao serviço do Sporting e recebia um salário bruto de seis milhões de euros por época. Compará-lo a Bas Dost não é só um disparate: é quase uma heresia.
Jesé e Bolasie, anuncia-se, vão à sua vida. Do primeiro, o melhor que se pode dizer é que não protagonizou nenhuma figura triste fora de campo (pelo menos daquelas que infringissem a lei ou os regulamentos do clube). Do segundo, o melhor que se pode dizer é que foi esforçado. Jesé, avançado centro que nunca o foi nem poderia ser, jogou 17 vezes e marcou 1 golito. Bolasie, extremo que já foi bom, jogou 25 vezes, marcou 2 golitos e falhou inúmeros. Que tenham sorte. Parece que já não são problema nosso.
Ter dado a titularidade a Jesé (*) e não ter convocado Pedro Mendes, em detrimento do recém-chegado Sporar, o técnico do clube deixou uma mensagem clara:
Pedro Mendes é o elo mais fraco.
Só espero, desejo, é que, para este jogador, não haja um desfecho como no concurso:
- Adeus!
(*) Qual a diferença de vencimento entre este jogador e aquilo que Bas Dost ganhava? Dá para pensar…
«São questões momentâneas, acreditamos muito no Jesé, é muito importante e dá muita qualidade ao nosso plantel. Nos últimos jogos acabou por ficar de fora por opções que entendemos serem mais favoráveis ao plano de jogo.»
Quem lê declarações destas proferidas pelo sr. treinador Emanuel Ferro na antevisão do jogo da Taça da Liga, que substitui para estes efeitos, ou mesmo para outros, o pseudo-treinador Silas, das duas uma: ou está a fazer de todos nós uns coitadinhos e uns ignorantes, ou já não há vergonha ou decência em toda aquela estrutura do futebol do Sporting.
Demorou tanto tempo a calçar as luvas que não terá aparecido na fotografia de conjunto antes do início do jogo. Para quem fazia a estreia no plantel principal não foi o melhor presságio, e as nuvens carregadas que cobrem Alvalade acabariam por não o poupar. O que dizer de um jogo em que fez quase tantas defesas quanto viu entrar bolas na baliza? Na retina ficou a rapidez com que saiu da grande área para desfazer um atraso negligente de Ilori e o toque providencial com que atrasou por uns segundos o 1-2. Já no lance do primeiro golo foi deixado à sua sorte por dois incompetentes. É muito possível que “Max” seja o futuro, mas o presente é a versão reduzida do mini.
Rosier (2,0)
Fica ligado ao lance do golo inaugural do Rio Ave, que Carlos Carvalhal levou a vencer o Sporting em casa pela segunda vez no mesmo mês, pois estava em parte incerta aquando da perda de bola de Wendel e não mais conseguiu apanhar o veloz Ronan no seu rumo à baliza, e talvez também ao segundo, na medida em que alguém deveria estar a vigiar Pedro Amaral, que cruzou da esquerda para a grande área do Sporting sem ter um jogador leonino num raio de dez metros. À parte isso, verdade seja dita que o lateral francês demonstrou estar com mais energia e vontade de combinar com os colegas nas jogadas de ataque.
Tiago Ilori (2,0)
Teve direito aos primeiros minutos de jogo desta época e gastou alguns preciosos segundos a contemplar a forma decidida com que Ronan se acercava da baliza. No resto do tempo dedicou-se a trapalhices variadas, como o tal atraso que o guarda-redes teve de resolver, fazendo lembrar que os órgãos dirigentes que o resgataram ao esquecimento no estrangeiro foram os mesmos que venderam Domingos Duarte, emprestaram Ivanildo Fernandes e não conseguiram desarmadilhar o empréstimo de Demiral feito pela genial gerência interina de Sousa Cintra.
Neto (2,5)
Merece mais meio ponto por ter aceite ir à “flash interview”, durante a qual foi perdendo gradualmente a voz até deixar a impressão de estar a ser esmagado pelas circunstâncias. Perder e sofrer dois golos num jogo que esteve quase sempre controlado é o tipo de provação que, como diria Cole Porter, lhe fez ver mais céu cinzento do que qualquer peça de teatro russa poderia garantir.
Borja (2,5)
Há que referir que o limitado colombiano esteve tão bem quanto consegue estar, chegando a fazer circular a bola com qualidade e a ser mais do que o habitual empecilho a Acuña na ala esquerda. Mesmo o amarelo que lhe foi mostrado teve sentido, pois travou um adversário que se preparava para entrar na grande área com a bola controlada.
Battaglia (2,5)
Estava a continuar a reaprender a ser útil ao clube com que rescindiu e voltou a assinar contrato quando, na sequência de continuados contactos de jogadores do Rio Ave, caiu agarrado ao joelho e foi substituído antes do intervalo. Se voltar a ficar indisponível por um longo período será apenas mais uma dor de cabeça para Silas, o novo treinador do Sporting e o terceiro consecutivo com défice capilar.
Wendel (2,5)
Talvez seja injusto apontar-lhe responsabilidades pelo 0-1, ainda que a sua perda de bola tenha servido de ignição a uma série de infaustos eventos. Mais estranha, no entanto, foi a jogada em que se desentendeu com Bruno Fernandes e conseguiram perder a posse de bola a meias para um adversário. Mas também se deve referir que o jovem brasileiro trabalhou mais e melhor pela equipa do que tem sido seu hábito nos tempos mais recentes.
Acuña (3,0)
Pudesse ser clonado em série e Marcel Keizer continuaria a torturar a língua inglesa, deixando Leonel Pontes feliz a assistir a goleada após goleada dos sub-23. O argentino foi novamente incansável, tão capaz de desarmar adversários (e de nunca desistir de uma marcação) como de fazer aberturas e cruzamentos para os colegas, falhando apenas redondamente numa recarga a um remate de Jesé Rodríguez quando estava em excelente posição para fazer o 2-1. E ainda se deu o caso, perturbador tendo em conta os antecedentes, de ser visto a acalmar colegas furibundos com o árbitro Manuel Mota.
Bruno Fernandes (3,0)
Precisou da ajuda de um desvio em Diogo Figueiras para marcar de livre directo, mas essa foi a recompensa possível para mais uma exibição em que remou contra a maré sem ser bafejado pela sorte em mais nenhum instante. Não só foi amarelado por ser alvo de ameaças e insultos de um adversário, que o acusou de falta de “fair play” por não devolver uma bola mandada para fora para haver assistência médica, como viu o guarda-redes e a falta de pontaria resolverem cerca de uma dezena de remates de todos os géneros e feitios. De igual modo, também as suas assistências surtiram pouco efeito prático, mantendo-se crente mesmo quando recuou no campo após as alterações tácticas com que Leonel Pontes procurou desesperadamente a vitória ou, logo a seguir, pelo menos o empate.
Jesé Rodríguez (3,0)
Convém não lhe pedir para correr, mas quando a bola surge no raio de acção da promessa cancelada do Real Madrid podem suceder coisas espantosas. Fez duas assistências primorosas que Vietto se encarregou de desperdiçar, atirou um cruzamento-remate ao poste e lançou outras bombas que só o azar e o guarda-redes do Rio Ave impediram de abanar o resultado. Saiu a poucos minutos do fim, na hora do desespero, deixando a indicação de que poderá vir a ser útil quando localizarem a caveira de bode que está a amaldiçoar o relvado do estádio.
Vietto (2,5)
Torna-se cada vez mais óbvio que é a operação contabilística com melhores dotes de futebolista que anda por aí, sucedendo-se jogadas em que mostra ser capaz de fazer coisas com a bola que nem o demónio desconfia. Só é pena que tenha sido tão incrivelmente perdulário: o cabeceamento ao lado, depois de muito bem servido por Jesé Rodríguez, foi apenas o exemplo mais flagrante dos constantes desacertos do argentino, incapaz de revelar-se super-herói quando os habitantes de Alvalade City mais necessitavam de um.
Eduardo (3,0)
Entrou ainda antes do intervalo, devido a nova lesão de Battaglia, e conseguiu impressionar pela qualidade no controlo e circulação da bola, empenhando-se em fazer avançar a equipa no terreno. Merece mais tempo que provavelmente lhe será concedido por Silas, que já foi seu treinador na Belenenses SAD.
Luiz Phellype (2,0)
Regressou de lesão com pouco ritmo e mais não fez do que ser uma presença na grande área do Rio Ave que prendeu mais os centrais e dinamizou a conquista de espaços pelos colegas. Convirá voltar quanto antes à bitola jogo feito-golo feito que foi sua no final da época passada.
Jovane Cabral (2,0)
Esteve quase a entrar em campo com a camisola de Gonzalo Plata, o que seria o culminar perfeito para a tragicomédia em curso no Sporting. Tendo pouco tempo, certo é que se esforçou para que a bola rondasse a baliza do Rio Ave.
Leonel Pontes (3,0)
Sinal de que a vida foi especialmente cruel para o interino que deverá sair com o recorde negativo de um empate e três derrotas em quatro jogos ao comando do Sporting é que o Rio Ave fez dois golos em pouco mais do que duas ocasiões de golo. E, mais precisamente, que o Sporting não jogou mesmo nada mal, sucedendo-se as combinações entre Bruno Fernandes, Vietto e Jesé Rodríguez, bem municiados sobretudo por Acuña e não raras vezes por Wendel. Mesmo os pontos fracos do onze que pôs em campo não tinham grande solução - Coates e Mathieu precisavam de descanso, por motivos diferentes, e a lesão de Ristovski, a venda de Thierry Correia e a falta de inscrição de João Oliveira obrigam à utilização intensiva de Rosier até alguém reparar que o Sporting pagou uns quantos milhões pelo passe de Rafael Camacho, aquele a quem Klopp antevia futuro como lateral-direito – e o facto de os poucos milhares de adeptos que estavam nas bancadas se terem dedicado mais a confrontos físicos e cânticos contra os órgãos dirigentes do que propriamente a apoiar os jogadores também não terá dado muito jeito. Espera-se que, tendo em conta o seu anterior local de trabalho antes do Jamor, o sucessor Silas traga consigo a estrela de Belém.