- JPT: «É melhor do que o que o pintam mas desgosta-se no Sporting.» (8 de Janeiro)
- Eu: «É o patinho feio da equipa, fazendo arrepelar os cabelos de quem assiste ao jogo no estádio, mas desta vez teve uma actuação impecável. Veloz e concentrado a atacar, sem comprometer nas acções defensivas nem temer Marega, seu adversário directo.» (13 de Janeiro)
- Leonardo Ralha: «Passou o jogo inteiro a cruzar bolas, quase sempre em boas condições, sem que ninguém quisesse corresponder ao esforço de quem terminou só com dois colegas na linha defensiva.» (30 de Janeiro)
- Francisco Almeida Leite: «Jefferson e Bruno Gaspar não têm categoria para estar onde estão.» (3 de Fevereiro)
- José Navarro de Andrade: «A verdade é que há coisas que não mudam, como Jefferson por exemplo. Dele saberemos sempre que será infinita e consistentemente estúpido.» (21 de Fevereiro)
- Francisco Vasconcelos: «Jefferson e Bruno Gaspar são do pior que já vi com a verde e branca.» (8 de Março)
- Luís Lisboa: «Temos um conjunto de jogadores sem as condições necessárias para este novo desafio, que fracassaram ou que não conseguem manter o rendimento de outrora, pela idade, lesões ou outra coisa qualquer: Salin, Bruno Gaspar, André Pinto, Petrovic e Jefferson.» (28 de Maio)
Entrou no relvado com vontade de ser herói e não andou longe de cumprir esse objectivo. Ainda mal o jogo começara e já estava a defender um remate perigoso, levando a missão tão a sério que ainda bloqueou o primeiro de dois remates de um adversário que estava um par de metros fora de jogo. Sendo essa primeira desfeita às suas redes anulada, o guarda-redes francês pôde celebrar o golo de Bruno Fernandes que igualou a eliminatória, regressando para uma segunda parte ainda mais atarefada devido à expulsão de Jefferson. Coube-lhe adiar o golo do Villarreal com toda a sua atenção e reflexos, e mesmo depois de se cumprir o fado leonino não desistiu de demonstrar valor, adivinhando para onde iria a bola num lance em que, com a defesa do Sporting desbaratada, outro adversário apareceu solto na grande área.
Tiago Ilori (2,5)
Diversos passes errados e maus posicionamentos, nomeadamente na compensação às subidas de Ristovski, impediram que o 3-4-1-2 surtisse em Espanha o mesmo efeito que paralisou o Sporting de Braga em Alvalade. Se o filho pródigo de Alcochete ainda chegará a justificar a recontratação é uma das poucas incógnitas que restam até ao final desta temporada.
Coates (3,5)
Patrão da linha defensiva do Sporting, seja qual for o número de futebolistas que a constituem, o uruguaio utilizou a presença física e mestria táctica para antecipar o que a equipa do Villarreal pretendia fazer. Pela terra e pelo ar voltou a demonstrar que se “mais um corte de Coates” fosse a frase destinada a accionar assassinos adormecidos, ao estilo do filme “The Manchurian Candidate”, já ninguém restaria vivo. Merecia como poucos que, contra todas as hipóteses, o Sporting tivesse podido continuar na Liga Europa.
Borja (3,0)
O lateral colombiano voltou a ser o central descaído para a esquerda e não foi por ele que a táctica de Marcel Keizer não surtiu o efeito desejado, pese embora uma ou outra distração sem consequências. Mal o jogo tinha arrancado e já estava a fazer um corte providencial, pelo que acaba por ser uma pena que a expulsão de Jefferson o tenha devolvido ao habitat natural.
Ristovski (2,5)
Tentou tirar proveito da velocidade para formar uma ala direita supersónica com Diaby, embora o entendimento com o colega tenha limitado o sucesso da empreitada. Na defesa sentiu-se grandes dificuldades na primeira parte, parecendo contaminado com o vírus Ilori, e na segunda parte, pese embora o esforço que fez até ser substituído, na hora do tudo ou nada, fica marcado ao golo que atirou o Sporting para fora da Europa.
Gudelj (3,0)
Rodeado de adversários tão duros e caceteiros que poderiam perfeitamente obter a nacionalidade sérvia, lutou melhor do que é habitual para manter o perigo distante da sua baliza, compensando as recorrentes arrancadas de Wendel.
Wendel (3,0)
É uma pena que se tenha enrolado na grande área do Villarreal, desperdiçando um passe magnífico de Bruno Fernandes, pois a sua actuação no resto do jogo fica marcada por uma força de querer que vai rareando em Alvalade. Procurou sempre fazer slalons por entre os adversários, mesmo sabendo que o interesse dos espanhóis em descobrir tudo acerca das articulações do seu joelho tinha entusiástico apoio do árbitro, e mais uma vez acelerou jogadas que, sem a sua presença, corriam o risco de ficarem para mais tarde.
Jefferson (2,0)
Foi a única verdadeira novidade em relação ao onze que desbaratou o Sporting de Braga - Salin tomou o lugar de Renan, mas já tinha sido titular no jogo da primeira mão -, substituindo o castigado Acuña. Também o brasileiro foi expulso por acumulação de amarelos, logo aos 50 minutos, mas dificilmente pode ser responsabilizado pelo segundo amarelo justificado por ter pisado um adversário que fez um corte em carrinho quando o sportinguista se preparava para flectir para a grande área. Nem quis acreditar no que lhe estava a suceder, e por instantes pareceu que Jefferson iria demonstrar ao árbitro as consequências que a ejecção do Sporting teria para a sua integridade fisionómica. Acabou por ser afastado pelos colegas, a bem do “fair play” e da repetição de mais decisões deste género na época de 2019/2020. Quanto à sua actuação até este momento de viragem, quando a eliminatória ainda estava empatada, cabe dizer que nunca conseguiu fazer um cruzamento capaz de justificar a sua titularidade, vendo um cartão amarelo na primeira parte por motivos que só a consciência do enviado checo a Villarreal poderá explicar.
Bruno Fernandes (4,0)
Dizer que os jogadores do Villarreal estavam avisados é pouco. Vigiado de perto por um ou dois adversários em permanência, teve o azar de ver a bola embater em Wendel no primeiro remate de longe que conseguiu fazer. Já estava tudo à espera do intervalo quando aproveitou um mau controlo de bola do central Funes Mori, e correu com níveis de adrenalina ao máximo desde a linha de meio campo à entrada da grande área contrária, fuzilando as redes com o 0-1 que deixavam tudo empatado. Não conseguiu repetir o golo na segunda parte, mas além de demonstrar uma solidariedade a toda a prova nas acções defensivas ainda fez um passe de morte para Wendel e, mesmo no final do tempo de compensação, um cruzamento perfeito para o segundo poste a que Bas Dost não deu valor acrescentado, impedindo o Sporting de, contra tudo, contra todos e contra si próprio, permanecer nas competições europeias. A maior das tragédias neste final de temporada é a firme convicção de que estamos a assistir aos últimos jogos de um dos melhores médios de sempre com o leão ao peito.
Diaby (3,0)
Todas as esperanças do Sporting recaíam na velocidade do maliano e este fez por retribuir a confiança depositada, irrompendo pelo meio-campo adversário em contra-ataques condenados à nulidade pela falta de rapidez de Bas Dost, pelo mau entendimento com Ristovski e pela ausência de Raphinha ou Jovane do lado esquerdo. Muito tentou, desafiando o ímpeto sarrafeiro do Villarreal, mas não era a sua tarde. Quando cedeu o lugar a Raphinha estava tão cansado como se costuma estar num dia de trabalho intenso que não teve bons resultados.
Bas Dost (2,0)
Quis o destino que a sua melhor acção em todo o jogo - o passe de calcanhar com que procurou isolar Jefferson no caminho para a grande área do Villarreal - tenha culminado na expulsão do colega. Incapaz de se entender com os sprints de Diaby e desprovido de cruzamentos de Jefferson e Ristovski, o holandês não raras vezes paralisou contra-ataques promissores e voltou a demonstrar que não se encontra em grande forma para tudo o que não envolva marcar pénaltis. Podendo ser o herói do jogo, assinando o golo da vitória tardia que qualificaria o Sporting para os oitavos de final da Liga Europa, preferiu rematar acima da baliza, com a canela, para alívio do guarda-redes do Villarreal.
Raphinha (2,5)
Entrou para agitar a ala direita e conseguiu fazê-lo, mesmo que à custa de um total balanceamento para o ataque que poderia ter resultado num segundo golo do Villarreal.
Luiz Phellype (1,5)
Nada de novo, tirando a capacidade de confundir ligeiramente os centrais do Villarreal, o que deu alguma liberdade ao titular do ataque leonino. Talvez numa próxima ocasião. Ou talvez não.
Marcel Keizer (3,0)
Repetiu o 3-4-1-2 e, mesmo sem conseguir surpreender o adversário numa escala de zero a Abel, não se deu totalmente mal com a aposta, ainda que a velocidade de Wendel e Diaby não chegasse para tudo. Vendo-se com a eliminatória empatada meteu três suplentes a aquecer na segunda parte, talvez para confundir o colega de profissão ou talvez por achar que estava muito fresquinho, mas a decisão tão previsível quanto inacreditável de expulsar Jefferson alterou-lhe os planos. Forçado a apostar no 4-4-1, terá acreditado que Salin, Coates & Cia chegariam para as encomendas, arriscando a entrada de Luiz Phellype após o golo do Villarreal. Mais uma vez deixou uma substituição por fazer, o que talvez conste de um manual de motivação de recursos humanos ainda não traduzido do neerlandês.
Poder-se-ia falar da desilusão de Ilori, um bailarino que não sabe onde se pôr ou quem marcar, como tão bem demonstrou no golo do Villareal. Ou de Phylippe, ou lá como ele se chama, que ainda não deixou de ser um jogador de 2ª divisão. Ou de Bas Dost que fez de Bryan Ruiz mesmo no final do jogo. Mas a verdade é que há coisas que não mudam, como Jefferson por exemplo. Dele saberemos sempre que será infinita e consistentemente estúpido.
Salvou o ponto possível nos descontos, quando Nani fez um atraso de bola calamitoso e ofereceu um segundo golo dos setubalenses que o brasileiro não deixou acontecer. Teria sido o pior castigo imaginável para quem começara a tornar-se mero observador depois de uma primeira parte trabalhosa, e na qual foi deixado à mercê do adversário no lance do golo que ajudou as duas equipas que não chegaram à final da Taça da Liga a adiantarem-se na luta pelo outro lugar de acesso à Liga dos Campeões que não implica vencer o campeonato.
Ristovski (2,0)
Pareceu-lhe que era boa ideia gritar com um árbitro que aos dez minutos já tinha amarelado o colega que evitou ser expulso por acumulação e preferiu deixar escapar o autor do golo da equipa da casa. Tudo bem que o macedónio teve uma ligeira atenuante: Hélder Malheiro nem falta marcou ao adversário que lhe desferiu uma cotovelada capaz de fazer nascer de imediato um enorme galo na testa. Expulso quando a equipa tentava inverter o resultado negativo, ainda demonstrou dotes de ninja ao partir uma bandeira de canto com um pontapé, pelo que a suspensão que irá receber por ter sido agredido à cotovelada enquanto o videoárbitro metia sal nas pipocas é capaz de o afastar de mais jogos além da recepção ao Benfica. Diga-se, em abono da verdade, que não estava a fazer um jogo brilhante antes de perder a cabeça em mais do que um sentido.
Coates (4,0)
Terminou o jogo como único central leonino e, tendo em conta que toda a gente que joga ao seu lado acaba por sucumbir à fadiga muscular ou partir o nariz, talvez seja altura de apostar no 3-3-4 depois de o 3-2-4 ficar muito perto de valer três pontos. O uruguaio voltou a mostrar a razão para, se houver justiça antes do reino dos céus, acreditar que ainda conseguirá grandes conquistas ao serviço do Sporting. Incansável a defender, com uma única falha que teve de resolver com o agarrão que lhe valeu um cartão amarelo que ficou colado no bolso em intervenções homólogas de adversários, manteve a média de cortes providenciais e integrou-se com extrema raça e critério em jogadas de contra-ataque. Não conseguiu marcar, mas pode ser que se esteja a guardar para os principais beneficiários dos dois pontos deixados em Alvalade.
Petrovic (2,5)
Já habituado a estar em campo com o nariz fracturado, desta vez teve direito a uma máscara facial para o proteger após ter sido operado. Infelizmente faltou-lhe protecção contra quem lhe mostrou o amarelo aos dez minutos, o que o dissuadiu de derrubar o autor do golo do Vitória de Setúbal. Compensou a falta de velocidade, perigosa ao enfrentar avançados rápidos, com entrega e bom timing nos cortes, acabando por ver-se sacrificado na hora do tudo por tudo.
Jefferson (3,5)
Com Acuña de partida e Borja de chegada, ninguém mais havia para titular. Facto: no primeiro quarto de hora de jogo fez dois cruzamentos aos quais só faltava um lacinho, mas Bas Dost desperdiçou os presentes do brasileiro com duas cabeçadas muito aquém dos mínimos. Jefferson não esmoreceu e passou o jogo inteiro a cruzar bolas, quase sempre em boas condições, sem que ninguém quisesse corresponder ao esforço de quem terminou só com dois colegas na linha defensiva.
Idrissa Doumbia (3,0)
Os primeiros minutos ao serviço do Sporting mostraram que pode ser uma solução muito mais dinâmica do que Gudelj para a posição 6. Ainda que não tenha convencido completamente no que toca a poder de choque, o reforço de Inverno é capaz de acelerar jogadas, tem visão de jogo e poderá ser muito útil em jogos vindouros. No desafio em apreço acabou por ser substituído para que o 3-2-4 aparecesse em Setúbal, sem o efeito obtido aquando de outra aparição, cento e tal quilómetros mais a norte.
Wendel (3,0)
Tentou resolver o problema com remates de média distância, após desperdiçar uma ocasião dentro da grande área, e em posição frontal, devido a uma overdose de fintas. Terminou muito cansado, visto que o ónus de jogar com menos um recaiu em grande parte sobre o meio-campo, o que não o impediu de a poucos minutos do final embrenhar na área e servir Bruno Fernandes para uma das melhores oportunidades de consumar a reviravolta.
Bruno Fernandes (3,5)
Conseguiu três grandes proezas - o remate oportuno que Bas Dost desviou para golo, resistir às recorrentes cacetadas dos adversários e chegar ao fim sem o segundo amarelo ao engolir palavras perante as artimanhas de um novo valor da arbitragem nacional -, e só lhe faltou um pouco de sorte para manter o Sporting próximo das duas equipas que não foram à final da Taça da Liga e lutam pelo lugar de acesso à Liga dos Campeões que não implica vencer o campeonato. Voltou a fazer passes emolduráveis e mesmo um cruzamento que só não foi perfeito porque Raphinha provou ser bastante mau a cabecear.
Raphinha (3,0)
Tirando aquela parte de ter recebido um cruzamento perfeito no coração da grande área e ter cabeceado sem nexo ao lado da baliza? O brasileiro voltou a agitar o ataque leonino, produzindo uma sucessão de jogadas que ninguém fez o favor de aproveitar. Na hora de desespero, sendo necessário Nani em campo, foi ele a sair em vez de Diaby, por razões que só Keizer conhece.
Diaby (2,0)
Bem tentou disputar bolas dentro da grande área adversária, mas Oliver Torres não foi emprestado ao Vitória de Setúbal, pelo que ninguém o chegou a carregar de forma tão flagrante que nem o ‘dream team’ para ali mobilizado pudesse ignorar. Particularmente penoso foi assistir à tentativa de pontapé de baliza em que se estatelou após falhar a bola.
Bas Dost (3,0)
Marcou um golo de elevada nota artística, com um toque com “a parte lateral do pé” e de costas para a baliza, mas passou o resto do tempo a recordar os adeptos e colegas de que anda de cabeça perdida no que respeita a utilizá-la para desviar bolas para o fundo das redes. Qualquer momento será apropriado para retomar aquela média de concretização que chegava a parecer demasiado boa para o rectângulo à beira-mar plantado.
Bruno Gaspar (3,0)
Chamado a jogo após a expulsão de Ristovski, combinou bem com Nani e fez um bom cruzamento que contribuiu o golo do empate. Também se aguentou bastante bem nas missões defensivas, ainda que uma linha de três com Coates no meio seja meio caminho andado para o sucesso.
Nani (3,0)
Tinha pouco mais de meia hora para ajudar a virar o resultado e livrar-se de ver o amarelo que o afastaria da recepção ao Benfica. Cumpriu o segundo objectivo e fez tudo o que estava ao seu alcance para atingir o primeiro, incluindo driblar um quarteto de adversários até ser derrubado. Pena é que tivesse ficado a um passo de oferecer a vitória ao Setúbal com um atraso incrivelmente disparatado.
Luiz Phellype (2,0)
Voltou a não conseguir fazer a diferença nos minutos que ficou em campo. Aguarda-se que isso suceda, mais cedo ou mais tarde, pois até ao presente momento não justificou a contratação.
Marcel Keizer (2,5)
Viu-se forçado a entregar a titularidade ao facialmente desafiado Petrovic, face à ausência de Mathieu e à falta de coragem para arriscar no corpulento Abdu Conté, apostou na estreia de Idrissa Doumbia face ao castigo de Gudelj, e deixou Nani no banco. Podia ter corrido bem, mas não era noite para isso, e se a desvantagem não levou o holandês a ser particularmente criativo, talvez por crer que o seu compatriota acabaria por cabecear decentemente , ficar com menos um jogador teve o condão de agitar a imaginação do pioneiro das tácticas 3-3-3 e 3-2-4, essa última prejudicada pela ineficácia do segundo avançado-centro. Mais difícil de explicar é o critério para prescindir de Raphinha em vez de Diaby.
O Boavista e o Arsenal mantiveram-se isolados no que toca à capacidade de não marcarem golos ao guarda-redes brasileiro, último a ficar mal na fotografia (após Bruno Fernandes, Gudelj, Coates e Bruno Gaspar) na jogada em que o Lusitano de Vildemoinhos empatou. Antes disso fizera uma boa defesa e tornara-se observador pouco participante do desafio disputado no sempre deslumbrante estádio do Fontelo. Pior balanço da tarde só poderia ter ocorrido se a equipa dos arredores de Viseu tivesse feito o segundo golo, mesmo ao cair do pano (certamente molhado de levar com tanta chuva) num lance de insistência em que o remate saiu muito por alto e Renan aparentava estar batido.
Bruno Gaspar (2,5)
Muito em jogo na primeira parte, ao ponto de ter sofrido um toque dentro da grande área adversária que poderia ter levado à marcação de um pénalti, ganhou várias vezes a linha e cruzou para zonas lamentavelmente desprovidas de camisolas verdes e brancas. Do ponto de vista defensivo sobressaiu uma dobra em que afastou a bola na hora H, mas no instante I observou o cabeceamento de Diogo Braz para a baliza do Sporting. Para piorar, muitas foram as ocasiões durante a segunda parte em que se tornou evidente que não fazia a menor ideia do que deveria fazer à bola.
Mathieu (3,0)
Começou com uma perda de bola que teria sido assaz comprometedora não fosse o caso de o próprio ter recuperado terreno e impedido o golo que inauguraria o marcador. Foi esse o mote de uma actuação segura, mesmo quando recorria à classe para solucionar os seus próprios erros, ainda que no lance do golo do Vildemoinhos seja o menos culpado.
Coates (3,0)
Três vezes reincidiu nas incursões pelo meio-campo contrário, sem quaisquer consequências práticas, o que talvez deva levar a repensar essa prática perante adversários mais complicados. Mas no resto, tirando o posicionamento no lance do empate, foi de uma competência tão absoluta que quase se pode esquecer por um instante que os adversários eram de um escalão muito inferior.
Jefferson (3,5)
Na ausência de Acuña coube-lhe ser o cruzador-mor do Sporting, e o balanço final de duas assistências para golo mostra que não desaproveitou a oportunidade. Na primeira parte fez um cruzamento rasteiro e muito rápido para o encosto de Bas Dost e na segunda parte fez um cruzamento aéreo e em que a bola demorou a fazer o arco para o pontapé de Bas Dost. Ambos deram resultado e fizeram com que o brasileiro não ficasse à espera de uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão ao novo treinador.
Gudelj (3,0)
Entre as suas culpas no cartório estão o cartão amarelo algo escusado que o condicionou desde cedo e a displicência com que permitiu o cruzamento para o golo dos adversários. Mas voltou a provar que é um poço de força que utiliza para varrer o meio-campo de ameaças à integridade territorial da sua equipa.
Wendel (3,0)
Foi o melhor do Sporting na primeira parte, e não apenas por ter dado início à jogada que inaugurou o marcador. Muita luta, qualidade de passe e capacidade de ler o jogo só não surtiram melhores efeitos porque não afinou a pontaria na hora de rematar. Na segunda parte começou a decair, com a falta de ritmo e o cansaço nas pernas a virem ao de cima, pelo que foi substituído por um compatriota que entrou no relvado já mais cansado do que ele.
Bruno Fernandes (3,0)
Estava a ser mais uma tarde mal-aventurada para o melhor jogador da Liga em 2017/2018, capaz de rematar para as bancadas, em posição frontal, após uma defesa incompleta do guarda-redes, para de seguida perder a bola que permitiu o golo que anulou a vantagem obtida por Bas Dost. Mais recuado do que Wendel, e com instruções para iniciar a construção das jogadas, andava perdido no jogo. Tudo mudou na segunda parte, mais concretamente no momento de pura magia em que recebeu a bola de costas para a baliza, fez um passe de calcanhar para Bas Dost, recebeu a tabelinha do holandês e num toque seco de primeira dirigiu a bola para o fundo das redes, dando início aos nove minutos que levaram o Sporting do sufoco do 1-1 à tranquilidade do 1-4. Mais influente ao longo dos últimos 45 minutos, deixou a esperança de que os bons tempos estejam para voltar.
Diaby (3,0)
Começou por fazer várias boas arrancadas pela direita, não raras vezes coroadas com cruzamentos bastante decentes, e desta vez não executou os inconseguimentos futebolísticos que borram habitualmente as suas pinturas. Tão especial era o dia que até marcou um golo à ponta de lança, servido por Nani, recebendo um voto de confiança de Marcel Keizer ao ser desviado para a posição de avançado centro quando Bas Dost teve direito a merecido repouso.
Nani (3,0)
Outro que andou à espera do comboio na paragem do autocarro numa primeira parte em que deixou como principal marca o desperdício de um dos melhores cruzamentos de Jefferson. Voltou do intervalo com mais garra, ainda que a velocidade que vai faltando dificulte boa parte daquilo que se espera de um extremo. Mas isso não o impediu de servir Diaby para o golo que selou o resultado final.
Bas Dost (3,5)
Agarrado pela camisola num lance em que o árbitro decidiu não marcar grande penalidade, o avançado holandês mostrou-se sempre muito dinâmico a trocar a bola com os colegas e não desperdiçou a ocasião que teve para fazer o primeiro golo num toque precioso junto ao relvado. Só precisou de metade da segunda parte para bisar, novamente com o pé, e para fazer um assistência primorosa. Se a cabeça tivesse mais juízo, o Vildemoinhos é que pagaria.
Jovane Cabral (2,0)
O elemento do plantel do Sporting que mais tem a agradecer a José Peseiro não aproveitou a quinzena de minutos no relvado para recuperar a aura de talismã. Mas ainda assim fez duas boas incursões pela direita, numa lógica de depressa e (mais ou menos) bem até existe quem.
Bruno César (1,5)
Entrou e logo começou a perder bolas e fazer passes errados. Se a ideia era provar que tem lugar no plantel, dir-se-ia que a resposta não foi a melhor.
Petrovic (1,5)
Deu descanso a Gudelj nos últimos minutos e dedicou-se a fazer um número de faltas desproporcional ao tempo passado no relvado.
Marcel Keizer (3,0)
Tinha a estreia mais desejável, enfrentando um adversário de escalão inferior, mas não arriscou descansar titulares além de Acuña. Também mostrou o seu dedo ao apostar em Wendel para um 4-3-3 sem flúor de duplo pivot defensivo, mas a verdade é que também passou por um belo sufoco quando o Vildemoinhos empatou logo a seguir ao 1-1. Aos 60 minutos não tinha nenhum suplente a aquecer, pelo que os nove minutos de bom futebol que permitiram a maior goleada leonina dos tempos mais recentes caíram do céu e da qualidade individual de alguns jogadores daquele plantel que não escolheu. O sinal mais interessante foi a aposta em Diaby para terminar o jogo na posição para a qual terá sido contratado, em troca de meia-dúzia de milhões de euros. Mas os próximos embates, com Qarabag e Rio Ave, darão sinais mais claros quanto à evolução do futebol do Sporting do que a passagem em frente na Taça de Portugal.
Em terras de Viriato, os irredutíveis lusitanos lutaram para defender o seu território frente a um adversário mais poderoso e que estreava o Professor Marcel ao comando. De um lado, os lusitanos, ostentando a Cruz de Cristo ao peito, do outro, os leões na era depois de Jesus mas com um Diaby capaz de dar cabo da paciência a um santo adepto. Para infelicidade dos viriatos, habituados históricamente a bater o pé à influência da Roma antiga (agora deslocada para o Oriente), as tácticas italianas do seu opositor haviam sido abandonadas. Agora imperava a escola holandesa, (re)conhecida pelo fomento das suas artes - onde o mecenato a terceiros não vai além da oferta da sua parte da receita do jogo -, mas também dada a alguns excessos burgueses como se viu durante a primeira parte. Assim, depois de uma Primavera/Verão marcada literal e metaforicamente pelo triângulo das bermudas – dentro e fora do campo –, após o Black Friday o estilista Keizer estreava a tendência de moda guerreira para a estação Outono/Inverno: os losangos (os neerlandeses são vizinhos dos exóticos "diables rouges" e sua extravagante indumentária), um futebol jogado a 1/2 toques, preferencialmente pelo centro e de apoio frontal e lateral ao portador da bola.
O Sporting iniciou o jogo com Renan na baliza e Coates e Mathieu como centrais. Nas laterais, Gaspar e Jefferson (um dos melhores em campo), este último o primeiro a beneficiar do período de Renascimento que se vive entre os leões. Meio-campo a 3 linhas, com Gudelj mais recuado e a novidade de Bruno Fernandes jogar nas costas de Wendel. Diaby e Nani dividiam as alas e Bas Dost era o ponta-de-lança. A primeira imagem deste novo Sporting surgiu quando Wendel, Bruno Fernandes e Jefferson combinaram e Dost empurrou para as redes desertas. A segunda imagem mostrou a má reacção à perda de bola característica das equipas de Keizer: Bruno Fernandes perdeu a bola e Nani e Jefferson ficaram a ver jogar até a bola chegar a Diogo Brás, que não perdoou. A segunda parte começou no tom lento da primeira. Estávamos nisto até que Bruno Fernandes deu duas pinceladas de Rembrandt e marcou o segundo para o Sporting. Logo de seguida, Jefferson, a passe de Bruno Fernandes, traçou o azimute para Dost e o holandês dostou como de costume. A catarse prosseguiu quando Bruno Fernandes primeiro tabelou com Dost, depois com Nani, e o ala serviu no centro, onde Diaby assinou o quarto. Entraram ainda Bruno César, Jovane e Petrovic, este último (mal entrou) capaz de protagonizar uma entrada a pés juntos enquanto o Diaby esfregava um olho. Pobre rapaz, que pode ter levado a mal(i)...
Parece um paradoxo, mas logo agora que se deslocaram à terra do campeoníssimo atleta Carlos Lopes, os jogadores leoninos não se limitaram a correr os 10 km do costume, também jogaram à bola. Afinal, parece que não é tão difícil, pois não?
Nada mal para estreia, Varandas e companhia (os Keizer Chiefs) devem ter ficado contentes.
Tenor "Tudo ao molho": Bruno Fernandes
P.S. Ao vencer o Besiktas por 34-28, o Sporting protagonizou um feito histórico do andebol português, por ser a primeira equipa lusa a apurar-se para a fase final da Liga dos Campeões (desde que esta tem este formato), quando ainda falta uma jornada para terminar a fase de grupos, facto só possível devido à expressiva derrota da equipa eslovaca (louca?) do Presov na Rússia, frente ao Chekhovskiye (é mesmo verdade) Medvedi.
P.S.2: A Formação do Sporting aplicou um "correctivo" de 4-0 à Formação do Benfica, em jogo a contar para a segunda fase do campeonato nacional de iniciados. Lá se vai a teoria do caos. Pedro Pontes (infantis, Torneio da Pontinha), Pedro Coelho (campeão em título de iniciados), João Couto (multi-campeão nacional pelo Sporting) e José Lima (campeão de juniores pelo Sporting e pelo...Alverca) estão de parabéns pelo trabalho que diariamente realizam em prol do Sporting Clube de Portugal. Que se criem condições para que todo o talento gerado não se perca num fúnil demasiadamente apertado aquando da passagem para os seniores. As nossas finanças agradecerão.
Foi titular pela primeira vez, apesar de Salin estar recomposto do susto de Portimão, e num jogo inteiro sofreu apenas metade dos golos que havia sofrido em pouco mais de metade do anterior. Para tal contribuiu uma boa defesa com os pés perto do final, quando um avançado do Loures, equipa não muito pontuada do terceiro escalão do futebol nacional, lhe apareceu isolado à frente. Não conseguiu repetir o feito minutos mais tarde, em circunstâncias parecidas. Resta-lhe a esperança, se o francês não voltar ao pré-Algarve ou se Viviano não puder estrear-se frente a uma das suas antigas equipas, de que os avançados do Arsenal sejam menos velozes e eficazes na tarde de quinta-feira.
Bruno Gaspar (2,0)
Logo no início da segunda parte protagonizou um lance que, com a equipa de edição de imagem certa, poderia justificar a sua contratação. Pegou na bola e ganhou a linha em velocidade, executando um cruzamento rasteiro para o coração da área que só não deu bingo porque Bruno Fernandes chegou um pouco atrasado. Pena é que no resto do jogo tenha primado pela inconsequência é permitido a mesma liberdade ao ex-Alcochete Luís Eloi que Ristovski outorgou ao ex-Alcochete Wilson Manafá.
André Pinto (2,5)
Promovido a improvável patrão da defesa na ausência de Coates, quase sempre chegou e sobejou para os adversários - de uma equipa não muito pontuada do terceiro escalão do futebol nacional -, tendo ainda a sorte de Renan resolver o problema na jogada em que deixou escapar um avançado do Loures. Mas não foi desta vez que chegou ao fim do jogo sem ver uma bola alojada nas suas redes.
Marcelo (2,0)
Estreou-se antes de Viviano ter oportunidade de o fazer, aproveitando o descanso concedido a Coates. E sentiu de tal forma a responsabilidade que imitou o uruguaio numa incursão descabelada pelo meio-campo contrário - ainda que com menos suspense, decidindo-se por um lançamento longo para a linha de fundo, o que tem o mérito de impedir contra-ataques perigosos - e num cabeceamento executado de costas ao acorrer a um pontapé de canto - ainda que a bola tenha saído acima da barra e não ao lado do poste. Encaminhava-se para uma noite sossegada, daquelas em que ninguém se recorda do paradeiro de Demiral ou de Domingos Duarte, quando deixou em jogo o marcador do golo tardio do Loures.
Jefferson (3,0)
Tão perturbador quanto o dilema “que barulho faz uma árvore a cair na floresta se ninguém lá estiver para ouvir?” só o “para que serve encaminhar a bola em condições para a grande área se lá estiver Castaignos em vez de Bas Dost?”. O brasileiro passou o jogo a fazer belíssimos cruzamentos, os quais chegariam para uma goleada que evitasse assobios e cânticos depreciativos dirigidos à equipa após o apito final. Assim não aconteceu, não por culpa dele.
Gudelj (2,5)
Foi um dos poucos mártires de Portimão a repetir a titularidade e, perante uma equipa não muito pontuada do terceiro escalão do futebol nacional, saiu-se relativamente bem. Para o mesmo bem seria necessária pontaria nos recorrentes remates de média e longa distância, certamente poupada para o encontro com o Arsenal.
Bruno Fernandes (3,0)
Permitiu que o guarda-redes defendesse o pénalti que teria sossegado os adeptos logo aos 50 minutos de jogo, mas no final da primeira parte conseguiu finalmente acertar nas redes com um dos seus mísseis teleguiados. Recuado no terreno para ajudar a construir jogadas na zona central do meio-campo, acabou o jogo no habitual papel de apoio ao ponta de lança, sendo que neste caso isso tinha o seu quê de missão impossível. Mesmo assim foi um dos suspeitos do costume que impediram Peseiro de explicar aos sportinguistas as vantagens de ficar com o calendário de jogos menos sobrecarregado ainda antes do Natal.
Nani (3,0)
Desviado das alas para o centro do terreno, lutou muito, fez o passe que Bruno Fernandes aproveitou para inaugurar o marcador e, já na segunda parte, aproveitou a defesa incompleta a um remate de Jovane Cabral para, numa recarga com elevada nota artística, marcar o 2-0. O capitão ainda esteve perto, numa jogada tão confusa quanto tudo aquilo que tenha toque de Castaignos, de marcar um segundo golo, certamente poupado para o encontro com o Arsenal.
Carlos Mané (1,5)
Numa semana em que muito se falou do regresso do Sporting ao basquetebol é impossível não reparar que o extremo fez a sua terceira falta ofensiva antes da meia hora, o que no desporto das tabelas e dos cestos o deixaria bem perto da exclusão. Muita falta de ritmo e de confiança impediram Mané de ter uma boa noite em tudo o que não envolveu passar a bola a Jovane Cabral para este ser derrubado na grande área do Loures. Foi o primeiro sair, cedendo o lugar a Petrovic.
Jovane Cabral (3,0)
Demorou a engrenar, como tende a suceder quando lhe fazem a maldade de pôr a jogar de início, mas no habitat natural a que chamam segunda parte conquistou o pénalti falhado por Bruno Fernandes e fez o remate que permitiu a Nani subir a parada para 2-0. É o acelerador por excelência do futebol leonino na ausência de Raphinha, o que permite perdoar os habituais disparates: desta vez foi um corte disfarçado de assistência para um avançado do Loures.
Castaignos (0,5)
Caberá aos arqueólogos do século XXV encontrar o registo do famoso jogo de treino realizado há poucos dias em que o avançado holandês que não se chama Dost marcou quatro golos. Lançado como titular para poupar Montero para o encontro com o Arsenal, Castaignos passou mais de 90 minutos, decerto tão penosos para ele quanto para os sportinguistas, como a personificação do gato de Schrödinger, pois tal como o felino podia estar vivo ou morto, também o avançado podia estar ausente ou presente no relvado. Bem vistas as coisas, melhor foi quando deixou a equipa a jogar com dez, fruto de movimentações indecifráveis, pois todos os momentos de contacto com a bola foram bastante mais aterradores. Menos do que péssima só uma desmarcação oportuna culminada com remate ao lado.
Petrovic (1,5)
Entrou para segurar o resultado favorável contra o poderoso Loures. E o certo é que esses minutos coincidiram com algum domínio por parte de uma equipa não muito pontuada do terceiro escalão do futebol nacional. Eis um caso extremo de culpa por associação.
Miguel Luís (-)
Teve direito a estrear-se pela equipa principal do Sporting ao minuto 90. Logo a seguir o Loures reduziu. Melhores dias virão, decerto, até porque mesmo o terror dos jovens da formação utilizou Jovane, Rafael Leão e Demiral contra o Oleiros.
José Peseiro (2,0)
Poupou Coates, Acuña, Battaglia e Montero, recuou Bruno Fernandes e ficou à espera de que algo de bom acontecesse. Demorou a ver luz ao fundo do túnel, mas logo conseguiu vislumbrá-la e, talvez encadeado pela claridade, voltou a investir no duplo pivot defensivo que começa a revelar-se o primo maléfico do losango de Paulo Bento. Sem os suspeitos do costume - Bruno Fernandes e Nani, mas também Jovane Cabral e também Jefferson -e com mais alguns minutos de tempo de compensação era bem capaz de ser tão histórico em Alverca quanto foi em Portimão.
Nada pôde fazer no lance do golo madrugador que deu vantagem aos ucranianos até aos 90 minutos, e cedo percebeu que não se podia fiar no quarteto à sua frente. Evitou o 2-0 apressando-se a desarmadilhar um atraso que prometia ser a segunda assistência para golo alheio de jogadores do Sporting. Depois disso teve tempo para recordar outros franceses que não se deram bem no Leste, pois o único remate enquadrado do Vorskla já fizera os estragos que tinha de fazer.
Bruno Gaspar (2,0)
Saltou para a titularidade da mesma forma que alguns estados falhados saltaram para a independência. Permeável a defender e emperrado a atacar, aumentou as legítimas esperanças de quem espera ver Thierry Correia a concorrer ao lugar de Ristovski no decorrer desta temporada.
André Pinto (2,5)
Fica marcado pelo ‘ammorti’ que permitiu manter a tradição leonina de não regressar a Portugal sem pelo menos um golo nas redes. Tão perfeita foi a disponibilização da bola para o remate que, havendo justiça, ser-lhe-ia reconhecida a assistência. No resto do jogo mostrou aquela competência interina que o torna invisível. Até aos olhos do selecionador nacional.
Coates (3,0)
Atormentado pela desvantagem madrugadora, para a qual pouco ou nada contribuiu, dedicou-se a ganhar duelos aéreos nas duas grandes áreas. Como é tradição, não se furtou a duas incursões (como sempre mal sucedidas) com a bola nos pés naquela fase da segunda parte em que a viagem de regresso a Lisboa prometia ser ainda mais longa e silenciosa. No universo alternativo em que já existe videoárbitro na Liga Europa sofreu um pénalti quando o resultado ainda estava 1-0.
Jefferson (3,5)
Mais insólito do que o equipamento branco que a UEFA forçou os leões a envergar só o facto de o brasileiro ter sido o melhor da defesa. Regressado à titularidade, o lateral-esquerdo arrancou o jogo com cruzamentos displicentes que chegavam a parecer combinados com os adversários. Sucede, porém, que no final da primeira parte calibrou as chuteiras, oferecendo um golo a Nani que a haver justiça contaria como assistência, fartou-se de ganhar espaço no corredor que tinha a seu cargo e municiou o ataque com bolas nem sempre bem compreendidas. Até ao momento em que Montero recebeu um cruzamento longo no peito e...
Petrovic (3,0)
Enquanto não há Battaglia continua a ir à guerra. Começou mal, reagindo tarde e a más horas à oferta de André Pinto aos anfitriões, mas cedo conquistou espaço no meio-campo com o estilo forte, feio e formal que as suas limitações aconselham. Assim se manteve, muitas vezes tomado pela angústia do futebolista no momento em que tem a bola nos pés, até ser devolvido ao banco de suplentes.
Acuña (3,5)
Voltou para o meio-campo com o ímpeto de quem já estava a ser avisado pelo árbitro ao quarto de hora de jogo. Foi o sportinguista mais focado na primeira parte, depois do intervalo fez um remate em arco que merecia ser desviado para a ‘gaveta’ da baliza por um fenómeno meteorológico e iniciou o contra-ataque que selou a reviravolta. Nem o amarelo que acabou por levar, tão natural quanto a própria sede, retira mérito ao argentino.
Bruno Fernandes (3,0)
Abriu as hostilidades com um passe de 30 metros para Diaby e empenhou-se sempre na batalha do meio-campo, testando o remate de longa distância em mais do que uma ocasião e com mais do que um defeito de execução. Mesmo no final esteve à beira de marcar o golo que valeu os três pontos, cedendo a honra ao suspeito do costume.
Nani (2,5)
Recuperou a titularidade, a braçadeira de capitão e a tendência para desacelerar os ataques. Particularmente infeliz na finalização, teve a baliza contrária a seus pés no final da primeira parte, perdendo uma excelente oportunidade de causar uma boa primeira impressão nas redes. Ficou até ao fim em campo, o que terá contribuído para uma quebra nos rendimentos dos especialistas em leituras de lábios que prestam serviços aos canais de televisão.
Carlos Mané (2,0)
Mais uma novidade na deslocação à Ucrânia, após um minuto inteiro no relvado de Alvalade. Alternando entre a faixa e o miolo do terreno, pecou pela falta de pragmatismo (e por ter feito um remate com a canela) apesar de ter demonstrado, numa ou noutra jogada, que ainda sabe ludibriar quem lhe vem tentar tirar a bola. Mas quando saiu para dar lugar a Montero houve a leve impressão de que já ia tarde.
Diaby (2,0)
Desta vez já conseguiu demonstrar as qualidades de velocista, ficando a faltar outro tanto no que diz respeito à arte de marcar golos. Teve boa oportunidade logo a abrir o jogo, mas chutou tão mal quanto combinou com os colegas nas jogadas de ataque em que se envolveu. Saiu aos 70 minutos para dar lugar a quem, até ver, resolve.
Montero (4,0)
Saltou para o relvado com a convicção de que iria salvar a equipa de um traumatismo ucraniano. E se de início manteve a tendência de criar jogo longe da zona de perigo, quase sem se dar por isso fez um belo pontapé de bicicleta que poderia ter valido o empate. Redimiu-se logo a seguir, com uma sequência de decisões correctas que permitiram festejar o empate e transformaram os cinco minutos de compensação numa auto-estrada para a reviravolta.
Raphinha (3,5)
Assumiu o jogo ofensivo do Sporting desde o instante em que entrou em campo. Entre muitas intervenções preciosas destaca-se o passe para Bruno Fernandes que, por linhas tortas, permitiu que houvesse festa no final de tarde.
Jovane Cabral (3,5)
Ser talismã tem destas coisas. Demora-se mais a entrar no jogo do que o colega da direita, vai-se ganhando confiança e está-se à hora certa no lugar certo. Assim se fez o golo da vitória e começa a ser difícil acreditar que todas estas intervenções decisivas não passam de uma sucessão de coincidências.
José Peseiro (3,0)
Descansou uns quantos titulares, o que se torna compreensível devido à deslocação à Portimão na noite de domingo. Mas recebeu pouco em troca da confiança depositada em Bruno Gaspar, Carlos Mané e Diaby, viu uma falha tremenda da defesa adiantar o Vorskla, e até ao último minuto do tempo regulamentar viu-se metido em grandes sarilhos. Que por uma vez o universo tenha conspirado a favor do Sporting deve-se em grande parte às substituições acertadas que fez no decorrer da segunda parte, ciente de que, para mal dos seus pecados e do departamento médico, o plantel que orienta não se dá assim tão bem com poupanças.
Lembram-se da nossa derrota no campo do Estoril, por 0-2, há um mês? Foi um dos jogos que nos custaram o campeonato 2017/18. Nesse mesmo estádio, nesta noite de chuva impiedosa, o Braga acaba de vencer a turma da casa por seis golos sem resposta.
O primeiro marcado pelo "nosso" Wilson Eduardo. E dois outros com assistências dos "nossos" Esgaio e Jefferson. Sem espinhas. E sem que ninguém se atrevesse a invocar o mau tempo como desculpa para não praticar bom futebol.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre JEFFERSON:
- Edmundo Gonçalves: «Ah, Jefferson, dizem-me que jogou. Confesso que não o vi.» (30 de Novembro)
- Francisco Chaveiro Reis: «Na esquerda, o Jefferson deste ano é um a menos.» (20 de Dezembro)
- Luís de Aguiar Fernandes: «Obrigado, Jefferson. Por me fazeres ter saudades do Marvin Zegcoiso.» (22 de Dezembro)
- Eu: «Continua a ser um modelo de ineficácia. À beira do fim do jogo, endossou a bola a um adversário em zona proibida. Podia ter sido golo.» (25 de Fevereiro)
- Rui Cerdeira Branco: «Parece definitivamente em fase descendente. Desde que renovou raras vezes se lhe viu a qualidade e empenho passados e com Jorge Jesus tem tido menos oportunidades. Mais um ponto de interrogação para a próxima época.» (14 de Maio)
Há coisas que não entendo de todo nas notas que os jornais atribuem aos jogadores. Hoje, por exemplo, o diário Record reabilita Jefferson, ontem claramente o pior jogador do Sporting frente ao Rio Ave, atribuindo-lhe nota 3 (em 5), claramente positiva. A mesma nota que atribui a Paulo Oliveira, Gelson Martins e Adrien, por exemplo. E apenas um patamar mais abaixo do que o 4 atribuído pelo mesmo jornal a Rui Patrício.
Para mim é incompreensível como um jornal desportivo mantém uma gama classificativa tão reduzida como esta, que leva dois terços dos jogadores a receberem nota 2 ou 3. Sem distinguir, portanto, as verdadeiras diferenças dos desempenhos que tiveram em campo. Eu se fosse responsável editorial do Record ampliava este critério, passando a atribuir notas de 1 a 10 - aliás à semelhança do que fazem os outros jornais.
Mas o que de todo não entendo é como foi possível enaltecer o medíocre Jefferson do jogo de ontem, dando-lhe nota positiva. Há razões que a própria razão desconhece.
Já são conhecidas algumas das capacidades do nosso lateral esquerdo brasileiro, como um enorme campo de visão, uma excelente capacidade de cruzamento ou o facto de ser alguém cheio de gás. Mas agora, de acordo com a edição de hoje do jornal "A Bola", o homem tem a capacidade de jogar em mais que uma posição. Ora vejam lá qual foi o último 11 a iniciar um jogo do Sporting, de acordo com esse jornal.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre JEFFERSON:
- Edmundo Gonçalves: «Vencedor do prémio "acertar com o guarda-redes contrário". Cada tiro, cada melro, cada centro, cada "acertadela" no guarda-redes russo. Foi obra! E continuo com a minha de que é culpa dele o primeiro golo: ficou nas covas.» (18 de Setembro)
- Duarte Fonseca: «Já estava na hora de Jefferson acordar para esta época. Bem sei que assimilar princípios defensivos aos 27 anos não é fácil, sobretudo para quem tinha muito pouca noção de posicionamento, mas a verdade é que tem que render muito mais.» (22 de Setembro)
- Eu: «Quatro assistências para golo em nove jogos da Liga 2015/16. Isto diz tudo sobre o valor do nosso lateral esquerdo, a primeira contratação da era Bruno de Carvalho.» (4 de Novembro)
1) A inteligência colectiva e o jogo entre linhas será sempre a melhor forma de entrar numa defesa povoada. Foi preciso entrarem Martins, Mané e (principalmente) Montero para que o Sporting tivesse algumas variações ao jogo que fazia desde início da 2a parte, que consistia em lateralizar e cruzar ao calhas em busca de um cabeceador(mento) perdido. Verdade seja dita que Bryan Ruiz e Gelson também tentaram variar as opções, mas no caso deste último o que pensa ainda não é acompanhado pela forma como executa;
2) Como é possível alguém dizer-se profissional de futebol se não tem a mínima afinidade com a bola de...futebol? Sim, estou a falar de Slimani. Que além de ser dos jogadores menos inteligentes que vi jogar, adiciona uma odiosa relação com a bola que chega a ser chocante. É impressionante a quantidade de jogadas de ataque com potencial que são interrompidas por este homem;
3) Já estava na hora de Jefferson acordar para esta época. Bem sei que assimilar princípios defensivos aos 27 anos não é fácil, sobretudo para quem tinha muito pouca noção de posicionamento, mas a verdade é que tem que render muito mais;
4) O Patrício entre a 5a feira passada (jogo com o Lokomotiv) e o jogo de ontem aprendeu que pode sair da baliza para recolher uma bola metida em profundidade pelos adversários. Um dia destes ainda vai aprender a controlar a profundidade e a sair dos postes;
5) Continuo a achar piada ao facto da maioria das pessoas não perceberem Esgaio. Sim, é verdade que errou 3 ou 4 passes curtos e de fácil execução, mas na primeira parte foi um dos melhores em campo, raramente comete erros posicionais, tem capacidade de jogo interior e tecnica e cognitivamente é muito superior a João Pereira. Neste momento é, sem dúvida, a melhor opção.
O que escrevemos aqui, durante a temporada, sobre JEFFERSON:
- Edmundo Gonçalves: «Não esteve mal a defender, apesar de na primeira parte o caudal de jogo do adversário ter sido mais pelo seu lado.» (18 de Setembro)
- Eu: «Até os tais bitaiteiros tiveram de enfiar a viola no saco depois daquele teu primoroso golo que silenciou o Schalke 04, o segundo da nossa equipa, o que colocou o Sporting a vencer aos 52 minutos, após uma fenomenal assistência do Nani. Agora vêem-te lá, no onze ideal da UEFA à quarta jornada da Liga dos Campeões, e os tais têm de render-se enfim ao teu talento - mais que não seja fechando a boca, silenciando a matraca.» (9 de Novembro)
- José Navarro de Andrade: «Vi Jefferson a descapitalizar 13 milhões de euros como se fosse um hacker da bolsa. E ainda foi lá abaixo marcar um golo.» (9 de Fevereiro)
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