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És a nossa Fé!

França, Inglaterra e Itália na mó de baixo

Liga das Nações é tomba-gigantes

 

A França, sem conseguir uma só vitória em quatro jogos, foi derrotada em casa pela Croácia e sai da Liga das Nações, sem conseguir defender o título.

 

A Inglaterra, derrotada por 0-4 pela Hungria em casa, arrisca-se a descer de divisão: segue em quarto e último lugar no seu grupo.

 

A Itália campeã europeia, goleada pela Alemanha, vê o apuramento para a fase seguinte cada vez mais difícil: segue em terceiro, com apenas cinco pontos.

 

Factos que deixo à consideração daqueles que passam o tempo a denegrir a selecção portuguesa, quase parecendo que preferem sempre vitórias estrangeiras. Não imagino porquê.

 

A «posse de bola»

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De há uns anos para cá, os teóricos do esférico desenvolveram o conceito de «posse de bola», que passou a figurar em todas as análises. Facilitando a vida àqueles comentadores que nada mais fazem senão debitar estatísticas - no Maravilhoso Reino da Internet, basta clicar e elas aparecem, preenchendo tempo de antena e espaço na coluna do jornal. Não é preciso ter opinião própria para quase nada.

Várias vezes tenho concluído, por vezes com um sorriso, que isto serve para coisa nenhuma. Por exemplo, quando o Sporting foi ao estádio da Luz vencer o Benfica por 3-1, a maior «posse de bola» foi dos encarnados (66%). Não chega a ser prémio de consolação, mas parece deixar alguns adeptos satisfeitos: devem preferir que os seus jogadores retenham a bola em vez de a fazerem circular.

 

No recentíssimo Itália-Macedónia do Norte, que afastou os italianos da fase final do Campeonato do Mundo, a selecção visitante venceu apenas com quatro remates (um dos quais resultou em golo), contra 32 da squadra azzurra, e só 36% de «posse de bola».

Confirmando, uma vez mais, que o conceito que tanto deslumbra os tais teóricos com pós-graduações em Futebologia vale o que vale. Pouco, quase nada.

Interessa é metê-la lá dentro. Tal como já acontecia nos tempos antigos, quando a Internet ainda nem tinha sido inventada.

Parabéns, Ristovski

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Estás de parabéns, meu caro: contra todas as expectativas, a tua selecção - a Macedónia do Norte - venceu ontem a squadra azzurra que assim fica de fora do Mundial do Catar, falhando pela segunda vez consecutiva uma qualificação para a prova máxima do futebol a nível planetário.

Confesso que me deu muito gozo este vosso triunfo, ainda por cima numa partida disputada em solo italiano. Roberto Mancini, o seleccionador transalpino, deve estar de orelhas a arder, com milhões de adeptos no seu país a exigir que se demita. 

Nós, portugueses, pelo contrário, vencemos. Mas supreendentemente, ou talvez não, muitos compatriotas assumem que preferiam ter perdido. Porque gostariam de «ver corrido o seleccionador», porque garantem que só iremos ao Catar «perder tempo», porque o fracasso é uma espécie de bandeira para adeptos incapazes de conviver com o sucesso.

Vá-se lá saber porquê.

 

Eu sou de um tempo em que púnhamos a selecção acima das paixões clubísticas. Um tempo em que as pulsões identitárias de matriz tribal ainda não tinham contaminado o futebol: nos jogos contra equipas estrangeiras, fosse a nível de clubes ou de selecções, apoiávamos os emblemas portugueses - sempre vistos como rivais, nunca como inimigos. Guardávamos a saudável rivalidade para as competições internas.

Por isso vibrei com a vitória portuguesa desta noite frente aos turcos. Numa equipa em que o melhor em campo foi o portista Otávio e em que o nosso Matheus Nunes se estreou a marcar com as cores nacionais, saltando do banco para apontar o terceiro golo português.

Enquanto a Itália se afundava, nós despachávamos os turcos por 3-1. E podíamos ter ampliado a vantagem: Cristiano Ronaldo fez a bola embater na barra no último lance do desafio.

 

Tenho agora esperança reforçada de que estaremos no Mundial. Marcando presença, uma vez mais, num grande certame desportivo a nível de selecções - algo que acontece ininterruptamente desde 2000. O período mais longo de sempre de sucesso da chamada "equipa de todos nós".

Habituei-me a chamar-lhe assim em miúdo e já não mudo. É contra a corrente dominante? Quero lá saber. Faço questão em continuar assim.

 

Desejo-te tudo de bom. Excepto, claro, a qualificação da tua Macedónia no embate que travaremos na próxima terça-feira.

Espero que torças depois por Portugal no Campeonato do Mundo. Para mim és um português adoptivo. E serás Leão, sempre. É quanto basta para te deixar aqui um forte abraço.

Não somos só nós

A selecção italiana de futebol, campeã da Europa e situada no 4.º lugar do ranking da FIFA, foi incapaz de conseguir o apuramento directo para o Mundial de 2022 ao empatar a zero em Belfast frente à modestíssima selecção da Irlanda do Norte, situada em 51.º lugar na mesma tabela internacional.

Tal como Portugal, os italianos vão disputar o mini-torneio de qualificação, a realizar no fim de Março. Com sorteio já marcado para 26 de Novembro.

Essa prova, que funcionará como tira-teimas, contará igualmente com estas selecções também já confirmadas: Áustria, Escócia, Macedónia do Norte, País de Gales, Polónia, República Checa, Rússia e Suécia.

Por ironia, podemos concluir que estamos bem acompanhados

Proibir o verde

Quando já pensávamos ter visto quase tudo em matéria de imbecilidades, eis mais uma, parida no país que acaba de sagrar-se campeão europeu de futebol: a partir da temporada 2022/2023 os equipamentos verdes serão proibidos nos estádios italianos para satisfazer queixinhas dos operadores televisivos que alegam dificuldade em distinguir entre a cor das camisolas e o relvado. 

Proibir o verde: eis o sonho totalitário de muita gente também por cá. Em matéria de direitos e liberdades, vamos de restrição em restrição enquanto meio mundo bate palminhas. 

O mês seguinte

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No dia 11 de Junho, Pedro Correia, lançou um desafio, quais as três equipas favoritas à conquista do Europeu.

Apenas dois respondedores colocaram a Itália entre os possíveis vencedores;  Francisco Chaveiro Reis e Paulo José Ramos.

A selecção vencedora foi, no entanto, a que melhor futebol praticou, muito por culpa de Mancini, um treinador que não foi em "cattenacios" nem em duplos trincos.

Um treinador que procurou que a sua equipa jogasse sempre um futebol positivo, estão de parabéns, a Itália e Mancini.

A ver o Europeu (29)

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FESTA ITALIANA NA CHUVA LONDRINA

Nem sempre costuma haver justiça no futebol. Mas desta vez houve. O Campeonato da Europa 2021, realizado um ano depois da data inicialmente prevista, acaba de ser conquistado pela Itália - que não vencia um Euro desde 1968.

squadra azzurra foi, de longe, a melhor selecção deste torneio. E foi também a melhor desta final, disputada num estádio de Wembley cheio, com mais de 60 mil adeptos nas bancadas, sob chuva fina mas persistente. 

 

Os ingleses até começaram da melhor maneira, com um golo de Shaw logo aos 2', coroando um lance muito rápido de futebol colectivo. E dominaram durante a meia hora inicial. Os italianos acusaram muito o golo: aos 30' ainda não tinham conseguido um só remate enquadrado.

O primeiro sinal de perigo partiu do pé esquerdo de Chiesa, uma das grandes figuras da selecção campeã. Aconteceu aos 35', com um forte disparo a rasar o poste. Único lance de perigo da squadra antes do intervalo.

As coisas mudaram no segundo tempo. Sobretudo com as trocas operadas pelo treinador Roberto Mancini aos 54': saíram Immobile e Barella, entraram Berardi e Cristante. Itália acelerou o jogo, encurtou linhas e demonstrou o seu maior trunfo: superioridade técnica, fazendo recuar os ingleses.

Previa-se o golo do empate a qualquer momento. E acabou por acontecer, marcado pelo artilheiro menos provável: o central Bonucci, aos 67', na sequência de um canto.

Chiesa saiu lesionado aos 86': outra magnífica exibição do ponta direita da Juventus, que já brilhara contra austríacos e espanhóis. É um dos heróis desta equipa, tal como o ausente Spinazzola, forçado a abandonar o Euro-2021 cedo de mais.

O melhor talento individual da equipa anfitriã continuou a ser Sterling, mas com um notório defeito: tem o vício de cavar penáltis. Assim fez aos 44', 48' e 90', tentando ludibriar o árbitro, como conseguiu na meia-final frente à Dinamarca que permitiu o passaporte inglês para o jogo decisivo. Mas este juiz da partida não foi na cantiga do médio ofensivo do City. Faltou exibir-lhe o amarelo por simulação.

 

Muito disputado, o prolongamento não desfez o empate registado aos 90 minutos. A final decidiu-se por penáltis.

Aqui primou a incompetência do seleccionador inglês, Gareth Southgate, que para a série de cinco grandes penalidades escolheu dois jogadores muito jovens: Sancho, de 21 anos, e Saka, de 19. Ambos permitiram que Donnarumma - outro herói da noite e do torneio - parasse as bolas na linha de meta. Rashford, de 23 anos, atirou ao poste. E assim a Inglaterra foi atirada fora, para imensa decepção dos milhares de apoiantes ali presentes. Desde 1966 que os ingleses não vencem um grande torneio a nível de selecções.

Também dois italianos falharam: Belotti e Jorginho. Mas prevaleceu a experiência do veterano Leonardo Bonucci, de 34 anos: chamado a converter, não claudicou. Tal como Berardi e Bernardeschi.

A partir daí, foi a festa italiana - que ainda dura. Justíssima festa debaixo da chuva londrina.

 

Inglaterra, 1 - Itália, 1 (nos penáltis finais, os italianos venceram 3-2)

A ver o Europeu (27)

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MUITA LUTA, POUCOS GOLOS

Era uma espécie de final antecipada: Itália e Espanha defrontaram-se esta noite em Londres. Num jogo muito táctico, em que houve muita luta mas poucos golos. Apenas dois - ambos marcados na segunda parte. No prolongamento, as duas selecções - à beira da exaustão - ficaram também em branco. 

Espanha entrou em campo, espantosamente, sem ponta-de-lança. O seleccionador, Luis Enrique, só preencheu esta lacuna aos 62', quando mandou entrar Morata. Já os espanhóis perdiam 0-1, com um grande golo de Chiesa coroando um ataque muito rápido.

 

As duas equipas exibiram modelos de jogo muito diferentes. Espanha sempre com futebol apoiado, transportando a bola. Itália consentindo domínio do adversário e apostando tudo na qualidade do passe de Jorginho e Barella, no meio-campo e em transições muito rápidas pelos corredores laterais, a cargo de Insigne e Chiesa. Para servirem Immobile, em noite pouco inspirada.

Os italianos acusaram a ausência do lesionado Spinazzola, talvez o melhor ala esquerdo deste Europeu. Os espanhóis - superiores na primeira parte - tiveram em dois médios ofensivos, Pedri e Olmo, os melhores elementos. Mas o guarda-redes Unai Simón, que já protagonizara o maior frango deste Euro-2021, voltou a não convencer. Com pelo menos duas saídas em falso.

O empate surgiu aos 80', precisamente por Morata, saído do banco para render o apagado Ferran Torres. Espanha - após dois prolongamentos sucessivos nas partidas anteriores - tentou resolver o desafio no tempo regulamentar, mas faltou-lhe pontaria e critério para derrubar a muralha defensiva italiana, onde Chiellini e Bonucci ainda pontificam.

 

Na chamada "roleta dos penáltis", os italianos - com a esmagadora maioria dos 60 mil espectadores presentes no estádio de Wembley a puxar por eles do princípio ao fim - converteram quatro. O último, e decisivo, com Jorginho a dar espectáculo com um penálti à Panenka. Vale a pena rever. Os espanhóis só marcaram metade: Moreno e Thiago Alcântara meteram-na lá dentro, Olmo falhou e Morata permitiu a defesa de Donnarumma, um dos heróis da noite.

Espanha cai nas meias, Itália segue em frente. Cada vez mais favorita para a conquista deste Europeu.

 

Espanha, 1 - Itália, 1 (Itália venceu por 4-2 nos penáltis)

A ver o Europeu (25)

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SORTE ESPANHOLA, MÉRITO ITALIANO

Itália mereceu passar às meias-finais, Espanha nem por isso. É a diferença entre uma selecção que deslumbra pelo seu futebol alegre e criativo e outra que se limita a picar o ponto neste irregular Euro-2021 num continente ainda marcado pela pandemia.

Os primeiros a entrar ontem em campo foram os espanhóis. Em Sampetersburgo, contra a Suíça estreante em quartos-de-final de uma grande competição futebolística. Seriam favas contadas, para muitos adeptos do país vizinho. Mas não foram. A "fúria" espanhola parece ter migrado para parte incerta: restou uma equipa desinspirada, incapaz de aproveitar um golo oferecido pelos suíços e a vantagem de jogarem com um a mais durante 48', o que faz uma diferença enorme nesta fase da competição.

Aos 120 minutos, esgotado o prolongamento, mantinha-se o 1-1 do tempo regulamentar. Nos penáltis, brilhou o réu da partida anterior, contra a Croácia: o guarda-redes Unai Simón, que defendeu dois. Destacou-se também Oyarzabal, que não vacilou quando chamado a converter - ao contrário de Rodri, médio do Manchester City, e do veterano capitão Sergio Busquets, único campeão mundial de 2010 que resta no plantel. Jordi Alba, campeão europeu por Espanha em 2012 tal como Busquets, apontara o golo do tempo regulamentar, beneficiando de um desvio de Zakaria.

Foi o único remate espanhol à baliza no primeiro tempo. Por parte da Suíça, nem isso.

A injusta expulsão de Freuler por acumulação de amarelos, aos 77', somada à lesão de Embolo antes da meia hora de jogo, virou o campo a favor de Espanha. Mas nem assim resultou, desde logo por uma exibição de luxo do guardião Sommer, sobretudo no prolongamento. Foi preciso muita incompetência suíça (só um penálti convertido em quatro marcados) na roleta das grandes penalidades para carimbar o passaporte do trajecto espanhol às meias-finais. Com muita sorte e pouco mérito.

 

Espanha, 1 - Suíça, 1 (vitória espanhola 3-1 no desempate por penáltis)

 

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Futebol do bom, só aconteceu à noite. Em Londres, no Bélgica-Itália. Os primeiros tinham eliminado Portugal num jogo em que não conseguiram ser melhores em campo. Os segundos haviam afastado a Áustria num desafio muito sofrido. 

Previa-se confronto intenso entre dois assumidos candidatos ao título europeu. E assim foi. Com predomínio italiano na primeira parte e ligeiro ascendente belga na segunda, em que os italianos pareceram sempre mais preocupados em defender a vantagem (2-1) alcançada ao intervalo.

O triunfo foi construído nesse primeiro tempo. Com o trio composto por Insigne, Immobile e Chiesa a brilhar nas rápidas incursões à grande área belga e Jorginho a pautar as operações no meio-campo.

O primeiro golo surgiu aos 31', pelo capitão do Inter, Barella, numa jogada de insistência, fuzilando Courtois após ter driblado três adversários. O segundo - um dos mais espectaculares deste Euro-2021 - surgiu dos pés de Insigne, fazendo jus ao nome: magnífico remate em arco, a meia-distância, aos 44'. Courtois nada podia fazer. 

Com um futebol sempre muito apoiado, abrindo sucessivas linhas de passe e garantindo equilíbrio no meio-campo, os italianos confirmaram-se como a selecção com melhor média de remates neste Europeu. Exibições de luxo do guarda-redes Donnarumma, de Chiesa e Spinazzola - este, infelizmente, forçado a abandonar aos 77', de maca, com lesão grave. O Campeonato da Europa terminou para ele.

Os belgas, com o lesionado Eden Hazard fora do onze titular, podiam ter marcado por De Bruyne aos 22' e Lukaku aos 26' e aos 61'. Mas só o fizeram graças a um penálti convertido por Lukaku, aos 45'+2, a castigar derrube de Doku à margem das regras. 

A Itália apenas conseguiu ser campeã europeia em 1968 e parece seriamente apostada em repetir essa proeza, 53 anos depois. Quanto à Bélgica, que tomba nos quartos-de-final após ter sido afastada pela França nas meias-finais do Campeonato do Mundo de 2018, continua sem justificar o absurdo destaque que a FIFA lhe atribui como selecção mais cotada do planeta futebol. Que raio de trono é este, alcançado sem uma só vitória até hoje num Mundial ou num Europeu?

 

Bélgica, 1 - Itália, 2

A ver o Europeu (20)

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GOLEADA DINAMARQUESA E SOFRIMENTO ITALIANO

Já tinha confessado aqui a minha simpatia pela selecção da Dinamarca. Foi portanto com muita satisfação que assisti hoje ao primeiro desafio dos oitavos-de-final do Euro-2021: vitória categórica dos dinamarqueses em Amesterdão, anulando por completo o País de Gales. O onze de Bale e Ramsey foi incapaz de conter o futebol ofensivo da turma nórdica.

O herói desta goleada foi um suplente: Dolberg, ponta-de-lança do Nice, só entrou no onze por lesão de Poulsen. Em boa hora: foram dele os dois primeiros golos, aos 27' e aos 48'. O terceiro - marcado por Maehle aos 88' - merece ser revisto várias vezes: é um dos melhores deste Europeu. Mas a conta só fecharia aos 90'+3, com golo assinado por Braithwaite: o avançado do Barcelona foi o maior desequilibrador da Dinamarca e um dos artífices desta vitória, certamente dedicada a Eriksen.

Wass, o lateral direito que parece estar na mira do Sporting, nem no banco se sentou - ao que parece devido a uma indisposição. Talvez o vejamos actuar nos quartos-de-final.

Há cinco anos, o País de Gales saiu mais tarde do Europeu, só na meia-final em que defrontou a selecção portuguesa. Desta vez vai embora mais cedo: Bale terá mais tempo para se dedicar ao golfe.

 

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Enorme sofrimento italiano, esta noite em Wembley, no embate com os austríacos. Aos 90 minutos mantinha-se o empate a zero, foi necessário jogar mais meia hora. Aí impôs-se a superior condição física da squadra azzurra, que descansou mais 24 horas antes desta partida dos oitavos, além de ter poupado vários titulares no desafio contra o País de Gales, quando tinha o apuramento já garantido.

A solução veio do banco: Chiesa, lançado em jogo só aos 85', desfez o nulo no prolongamento, aos 95'. O segundo golo italiano - aos 105' - teve a assinatura de Pessina, outro suplente utilizado. Mas a Áustria, com sólida organização colectiva e melhor exibição do que o adversário na segunda parte, não baixou os braços. Kalazdjic reduziu aos 114' e a hipótese de tudo ser decidido por penáltis permaneceu em aberto até ao fim.

Os austríacos saem de cabeça levantada, os italianos tremeram nesta que foi - de longe - a sua pior exibição neste Europeu. Apesar de contarem com o caloroso apoio de grande parte dos espectadores no estádio. Destaque para as exibições dos dois alas direitos: Alaba pela Áustria e Spinazzola por Itália. Estes sim, eu gostaria de ver jogar pelo Sporting.

 

Dinamarca, 4 - País de Gales, 0

Áustria, 1 - Itália, 2

A ver o Europeu (12)

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LOCATELLI, WIJNALDUM, BALE

Atenção a Itália, como já tinha escrito aqui: apresenta uma selecção fabulosa neste Europeu. Jogando ontem novamente em casa, no Estádio Olímpico de Roma, os italianos fizeram outra extraordinária partida, levando a Suíça ao tapete. Pela mesma marca que Portugal aplicou à Hungria.

Locatelli, médio ofensivo do Sassulo, teve uma partida de sonho: marcou os dois primeiros golos, aos 25' e aos 52'. Immobile, aos 89', fixou o resultado - tendo também já dois apontados no Euro-2021. A Suíça facilitou a missão italiana: passiva, sempre remetida à defesa, incapaz de um lance bem construído.

Décimo jogo seguido da squadra azzurra a ganhar, sem sofrer um só golo. Duas vitórias, com 6-0 no total, até agora no Grupo A. Grandes, enormes, jogadores: Spinazzola, Chiesa, Bonucci, Berardi, Jorginho. Já estão nos oitavos. Foram os primeiros a carimbar o passaporte para a fase seguinte deste Euro-2021.

 

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Também a Holanda transitou para os oitavos, já hoje. Clara superioridade da selecção laranja perante os austríacos. É certo que jogavam em casa, no estádio de Amesterdão, mas a equipa adversária mal conseguiu dar réplica. Desconfio sempre, aliás, das selecções que têm um defesa como principal vedeta - no caso austríaco, o capitão Alaba, prestes a estrear-se no Real Madrid. Foi dele, aliás, a melhor oportunidade dos visitantes, com um forte remate aos 81' que saiu ligeiramente ao lado. Mas também foi ele a cometer o penálti que facilitou a vitória holandesa, logo aos 9': decisão do vídeo-árbitro, instrumento decisivo para a verdade desportiva, como este certame tem confirmado.

Depay meteu-a lá dentro. Aos 67', Dumfries confirmou a vitória. Mas o astro do encontro foi Wijnaldum, médio do Liverpool: é um pilar da selecção, parece actuar no campo todo.

Dois jogos, duas vitórias, comando indiscutível do Grupo C: há que levar em devida conta esta Holanda. Longe do brilhantismo de outrora, mas com inegável eficácia em campo.

 

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Gareth Bale andou desaparecido no jogo inaugural do País de Gales, frente à Suíça. Mas reapareceu ontem, no embate contra a Turquia em Baku, onde foi pedra basilar. Os dois golos do triunfo galês resultaram de assistências dele: o primeiro numa parceria com Ramsey (42'), o segundo com magnífico desfecho, de Kieffer Moore (90'+5). 

Estes foram os pontos altos. Em contraste, Bale falhou um penálti atirando a bola para a bancada: acontece aos melhores.

A Turquia - desta vez com Demiral ausente do onze titular - fica quase de certeza pelo caminho. Com duas derrotas nas partidas disputadas no Grupo A. Cinco golos sofridos, nenhum marcado. Quem disse que a Hungria, que defrontou Portugal, era a equipa mais fraca do Europeu?

 

Itália, 3 - Suíça, 0

Holanda, 2 - Áustria, 0

País de Gales, 2 - Turquia, 0

A ver o Europeu (1)

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ITÁLIA É CANDIDATA

A Itália confirmou ontem ser uma séria candidata à conquista do Europeu 2021. É verdade que jogava em casa, no Estádio Olímpico de Roma, e recebeu ali forte incentivo pois 25% das bancadas estavam preenchidas, com cerca de 16 mil adeptos - tímido sinal de desconfinamento que esperamos ver em breve nos recintos desportivos portugueses.

Foi um jogo de sentido único, este em que a squadra azzurra (jogando desta vez de branco) enfrentou a débil Turquia: a selecção visitante (visitada, na insólita versão da UEFA) entrou em campo complexada, talvez consciente da sua inferioridade técnica e táctica. E com um Demirel em péssima forma: foi ele a marcar o golo inaugural deste torneio, aos 53', mas da pior forma, introduzindo a bola na própria baliza. O primeiro autogolo na história dos jogos inaugurais dos campeonatos da Europa.

O ex-central do Sporting B, titular da selecção turca, viria ainda falhar - tal como todo o bloco defensivo - no último golo, apontado por Insigne aos 79'. Mas a partida já estava sentenciada desde os 66', quando Immobile, de recarga, a meteu lá dentro.

Cumpriu-se a tradição: nunca até hoje a Turquia conseguiu vencer a Itália. Esta soma já 28 jogos sem perder: o último foi contra Portugal, em Setembro de 2018. 

 

Quem ainda associa o fio de jogo italiano a um sistema ultra-defensivo, muito pausado e sem dinâmica, anda manifestamente desactualizado: esta selecção transpira talento em todos os sectores - do veterano central Chiellini, com 36 anos, ao artilheiro Immobile. Passando pelo italo-brasileiro Jorginho, médio de contenção que confere equilíbrio ao onze e pelo extremo Berardi, exímio a cruzar. Sem esquecer, claro, o ala Spinazzola, dínamo da squadra - justamente considerado o melhor em campo na partida de ontem.

O treinador transalpino, Roberto Mancini, tem motivos para se sentir satisfeito com esta estreia: os seus jogadores deram um festival de futebol ofensivo, contrariando uma tradição já com 45 anos. O anterior desafio de abertura dum Campeonato da Europa em que se registaram pelo menos três golos foi o Checoslováquia-Holanda (3-1), disputado em 1976. 

Boa a fazer circular a bola, boa na finalização, Itália assume-se desde já como forte candidata à presença na final, em Wembley, agendada para 11 de Julho. Desde 1968 que os italianos não vencem um Europeu. Vai sendo tempo de pensarem nisso. 

 

Itália, 3 - Turquia, 0

Seguir o exemplo de Itália

«Por estes dias e neste ambiente judicial recordei-me como a Justiça italiana resolveu os seus problemas com o futebol. Por exemplo, quando eclodiu o escândalo de corrupção desportiva (e não só) conhecido por "Calciopoli". A Federação Italiana de Futebol foi buscar o juiz Francesco Borrelli, que se tinha reformado há pouco tempo e em menos de um ano investigou o processo com consequências dramáticas para alguns dos principais clubes italianos. Uns desceram de divisão, outros receberam outras punições severas, tanto na justiça desportiva como na penal. Por cá, já vai sendo tempo de não ficar apenas pelas buscas e de serem extraídas verdadeiras consequências dos processos que aí andam. Enquanto isso não acontecer, a culpa irá morrendo solteira, num ambiente geral de degradação da imagem do futebol e das instituições. E isso é o pior que pode acontecer.»

 

Eduardo Dâmaso, hoje, no Record

Algo que gostaria de entender

O início da época futebolística em Itália é só no próximo fim de semana. Já em Espanha o início da época é como a hora de jantar: no início de Setembro. São dois países produtores de azeite e vinho como Portugal. Por que razão cá se segue um calendário à inglesa, com as primeiras jornadas do campeonato a decorrerem com a maioria dos portugueses de férias? (Já referi neste blogue a minha proposta: em Agosto deveria jogar-se a fase de grupos da Taça da Liga.)

A ver o Europeu (9)

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Incompetência total. Nem italianos nem alemães mereciam passar às meias-finais do Euro 2016 após um jogo medíocre e sonolento, com a Itália a fechar o ferrolho habitual e a Alemanha a imitar a forma de jogar da squadra azzurra. Em 120 minutos, apenas um golo marcado num lance corrido. Nem parecia que estavam em campo duas selecções que já se sagraram campeãs mundiais por oito vezes (quatro cada).

E nem a série final de penáltis - só desfeita após a marcação de 18 grandes penalidades - desfez esta ideia de mediocridade. Com os italianos a falharem quatro (Zaza, Pellè, Bonucci e Darmian) e os alemães três (Müller a fazer um passe ao guarda-redes Buffon, Özil a mandar a bola ao poste, Schweinsteiger a enviá-la para a bancada). Os falhanços de Pellè e Müller foram os mais caricatos. Passou à tangente a Alemanha, campeã mundial em título, talvez a menos má das duas equipas que se arrastaram em campo.

O nó ficaria desfeito bem mais cedo se Boateng, num erro infantil, não houvesse cometido falta punida com penálti ao saltar dentro da sua grande área com os braços bem abertos: terá sido acometido por uma súbita paralisia cerebral que o levou a confundir futebol com andebol? Iam decorridos 77', Bonucci converteu o castigo máximo sem problemas, a Itália empatava a partida anulando a vantagem alemã registada ao minuto 27. Tinha acontecido aí, na jogada que culminou no golo alemão, o único lance digno de registo da partida: excelente cruzamento de Gomez, assistência do lateral Hector, conversão de Özil com o seu temível pé esquerdo.

E nada mais: bola para trás, bola para o lado, bola novamente para trás. À espera que os minutos se escoassem. O que dirão agora todos aqueles que por cá se indignaram com o desempenho da selecção portuguesa no Portugal-Croácia e no Portugal-Polónia? Comparado com o pífio duelo de gigantes há pouco terminado em Bordéus, a equipa das quinas tem entoado verdadeiros hinos ao futebol.

 

Alemanha, 1 - Itália, 1 (6-5, no desempate por penáltis)

Da vero

A grande área de Itália é habitada por 4 canibais que acampam juntos nela já há muitos anos. Qualquer equipa que se veja rebaixada ao estalingrado do último terço do terreno anda por ali ó mãe, ó mãe, com as cuecas na mão e o coração na boca, aos biqueiros para a bancada à espera da estocada fatal que há-de chegar - olha os Checos contra a Espanha...

A Itália não. Os canibais da defesa, todos de Torino e somando um século e um quarto de idade, apesar de se darem por juves, é como estão melhor é quando lhes cai em cima o peso do mundo. O truque é simples: primeiro fazem-se de cristãos e dizem: "deixai vir a mim as crianças!" Cheios de esperança pueril os avançados adversários correm para eles de bola dominada, ou centram-na à confiança; mas, de repente, têm pela frente um comunista, desses dos antigos, que come criancinhas ao pequeno-almoço.

E depois é passar o tempo nisto, os belgas a baterem e baterem na porta da frente e a vê-las entrar duas vezes pela porta das traseiras.

Querem ver que os florentinos dos italianos ainda vão ganhar isto?

Sub-21: os nossos jogadores, um a um

Outra boa prestação da selecção portuguesa no Campeonato da Europa de sub-21, arrancando um empate à Itália - que não vencemos desde 1996. E, sobretudo, um resultado que nos permite comandar o nosso grupo (a Inglaterra venceu a Suécia) e aspirar às meias-finais.

Foi um jogo com duas partes distintas. Na primeira, pressão alta dos italianos que pôs à prova a excelência do nosso eixo defensivo e sobretudo dos reflexos do guarda-redes José Sá: custa a crer que continue a jogar nas reservas do Marítimo. Na segunda, Portugal assumiu o comando do jogo, impondo domínio táctico com controlo de bola e maior poderio físico. Os italianos acabaram esgotados.

Além de José Sá, as notas mais positivas vão para Paulo Oliveira, Tiago Ilori, William Carvalho e Bernardo Silva. Um caso muito sério, esta selecção comandada por Rui Jorge. Que empatou há pouco, na República Checa, ao fim de 11 vitórias consecutivas. Quem receava a falta de renovação de valores no nosso futebol, ao nível de selecções, tem todos os motivos para ficar mais tranquilo.

 

Itália, 0 - Portugal, 0

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Fica a minha pontuação aos jogadores:

 

José Sá (9). Intransponível. Segurou o empate com um punhado de excelentes intervenções. Destaque para defesas aos minutos 4, 6 e 27 - duas das quais a remates de Berardi, o mais perigoso dos italianos. Voltou a impedir o golo já no fim, aos 90'+3. Teve a sorte do seu lado ao ver a bola embater na barra no primeiro minuto do segundo tempo. Mas a sorte é assim: protege sempre os audazes.

Esgaio (7). Competente. Arriscou poucas incursões pelo flanco esquerdo mas quando o fez foi sempre com a bola dominada, como é sua característica. Nunca comprometeu. Um bom remate aos 39' saiu-lhe ao lado.

Paulo Oliveira (8). Sólido. O patrão da nossa defesa: tem uma invejável maturidade para um jogador tão jovem. Defesa titular do Sporting, tornou-se imprescindível nesta selecção sub-21. Sempre muito bem posicionado, joga por antecipação e coloca bem a bola nas linhas dianteiras. Cortes cirúrgicos aos 10' e 22'.

Ilori (8). Sereno. Completou muito bem o seu colega no eixo defensivo: o entendimento entre ambos é tão patente que até parece que jogam juntos há anos. Contribuiu para dar consistência à equipa. Um corte preciso aos 76' evitou um possível golo italiano.

Raphael Guerreiro (4). Trapalhão. Uma primeira parte para esquecer. Nervoso, desposicionado com excessiva frequência, falhando passes. Deixou-se ultrapassar várias vezes por Berardi na sua ala esquerda. Ia fazendo autogolo aos 15'. Melhorou de rendimento na segunda parte, mas foi sempre o elo mais fraco da nossa defesa.

William Carvalho (8). Influente. Foi novamente uma pedra angular do meio-campo português. Passaram por ele quase todas as nossas transições ofensivas. Grande distribuidor de jogo, exímio recuperador, sempre com visão panorâmica do terreno. Deu o exemplo na posse e controlo de bola, indispensáveis para estancar a pressão italiana.

Sérgio Oliveira (7). Eficaz. O capitão da nossa selecção, vice-campeão mundial de sub-20 em 2011, completou a acção de William ao fechar linhas de passe da squadra azzurra e conduzir a manobra ofensiva. Grande jogada com João Mário, na ala esquerda, gerou a nossa melhor oportunidade na primeira parte.

João Mário (7). Veloz. O médio leonino voltou a fazer o seu habitual jogo inteligente e dinâmico, criando desequilíbrios e desposicionando os defesas adversários graças à sua enorme mobilidade. Também fundamental em missões de posse de bola. Desperdiçou o golo aos 36' com um remate deficiente. Saiu aos 81'.

Rafa (5). Intranquilo. Rui Jorge apostou desta vez nele como extremo titular, sobretudo na ala esquerda. Também apoiou a defesa, indo buscar muitas vezes jogo às linhas recuadas. Mas a manobra ofensiva saiu-lhe quase sempre inconsequente. Substituído aos 54'.

Carlos Mané (6). Irregular. Como às vezes no Sporting, pareceu por vezes passar ao lado do jogo nesta estreia como titular na fase final do Euro sub-21. Mas é daqueles jogadores que nunca permitem descansar as defesas adversárias. Fez um excelente slalom na grande área aos 86' que deixou vários italianos pelo caminho: foi uma das melhores jogadas individuais do desafio.

Bernardo Silva (8). Irrequieto. Um dos nossos jogadores mais tecnicistas, voltou a demonstrar esta característica com diversas incursões da ala direita para o centro do terreno, baralhando todas as marcações. Arrancou dois cartões amarelos aos adversários, desgastando o bloco defensivo italiano. Mesmo quando tem pouco espaço para se movimentar, inventa-o: foi o que sucedeu ao protagonizar um grande lance aos 69'. Substituído aos 78'.

Gonçalo Paciência (6). Discreto. Entrou aos 54', substituindo Rafa, quando Rui Jorge modificou o dispositivo táctico, apostando num 4-3-3 clássico. Conferiu mais poder atlético ao nosso ataque, na posição de ponta-de-lança, mas a pontaria não lhe saiu afinada: remates desperdiçados aos 73' e 78'.

Iuri Medeiros (6). Dinâmico. Imprimiu velocidade ao corredor direito português, rendendo Bernardo Silva aos 78', numa fase em que os italianos já acusavam bastante desgaste físico. Sempre perigoso, arrancou um cartão amarelo a Romagnoli. Abusou por vezes do individualismo.

Tó Zé (5). Entrou para o lugar de João Mário aos 81'. Essencialmente para refrescar a equipa. Cumpriu a missão, sem tempo para grandes rasgos individuais. Aos 88', marcou bem um livre que Gonçalo Paciência desperdiçou.

A ver o Mundial (15)

La Roja, ainda campeã mundial em título, já regressou ao país natal. Agora vão partir outras duas selecções de primeiro plano, também elas já com títulos mundiais nas suas galerias de troféus. Inglaterra (que empatou a zero com a Costa Rica) e a Itália (que perdeu 0-1 com o Uruguai) dizem adeus ao Brasil.

Mais dois afastamentos prematuros de equipas europeias, confirmando-se assim a tradição dos torneios disputados no continente americano: nunca nenhum deles foi conquistado por uma selecção oriunda do Velho Continente.

Vale a pena sublinhar estes factos para relativizar o já quase-afastamento de Portugal. Como é costume nestas ocasiões, temos o péssimo costume de mirar apenas para o nosso umbigo, pensando que só nós sofremos desaires, e encaramos cada fracasso não como uma oportunidade para melhorar de seguida mas como uma irrecuperável hecatombe nacional, quase um novo Alcácer-Quibir.

 

As coisas são o que são. A nossa selecção tem insuficiências óbvias, tem defeitos notórios, conta com jogadores que nem deviam ter viajado para o Brasil (como aqui se escreveu no momento oportuno) mas apesar de tudo mantém hipóteses matemáticas de transitar para os oitavos-de-final. Algo que não sucedeu sequer com ingleses e espanhóis, que no final da segunda jornada já tinham as malas preparadas para a viagem de regresso.

Por tudo isto, entendo mal que responsáveis federativos e jogadores (começando pelo próprio Cristiano Ronaldo, capitão de equipa) tenham falado ontem e hoje aos jornalistas como se já estivéssemos fora do Mundial e não houvesse ainda uma jornada a cumprir, na próxima quinta-feira. Uma jornada que, provavelmente, ditará o nosso afastamento. Mas que também nos pode ser favorável. Basta ganharmos ao Gana por 3-0 e à mesma hora a Alemanha bater os EUA por 2-0. Convenhamos: para tanto, não será necessário nenhum milagre. Basta concentração, talento, maturidade e alguma sorte.

 

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Antes e durante o Mundial, a Inglaterra foi elogiadíssima pela crítica portuguesa da especialidade, não faltando especialistas do esférico que já a anteviam como possível vencedora do Campeonato do Mundo. Afinal regressa a casa com duas derrotas, um empate a zero e apenas um golo marcado: hoje não conseguiu sequer um disparo mortífero às redes da Costa Rica, que está a ser uma das grandes sensações deste certame. Apesar de nenhum dos tais especialistas lhe ter vaticinado um percurso de sucesso.

Foi pena só por um motivo: o grande Steven Gerrard - um dos melhores médios mundiais dos últimos 15 anos - despediu-se com este jogo da selecção inglesa, que representou em 114 desafios.

Merecia uma despedida muito melhor.

 

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Tenho pena que os italianos abandonem o Brasil. Apreciei muito a evolução registada nas últimas duas décadas no futebol italiano e aplaudi a squadra azzurra que conquistou o Mundial de 2006. Com Cannavaro, Totti, Grosso, Camoranesi, Inzaghi, De Rossi, Barzagli, Pirlo e Buffon - os últimos quatro ainda em actividade.

A verdade é que o domínio técnico e a solidez táctica italiana não chegaram para vergar o Uruguai no desafio disputado esta tarde, no Natal. Responsabilidade primeira do seleccionador Cesare Prandelli, que procurou reeditar o sistema do ferrolho defensivo, há muito ultrapassado, e limitando ao mínimo as incursões ofensivas. Isto porque o empate bastava à Itália.

Cumpriu-se um dos axiomas do futebol: quem joga para o empate arrisca-se a perder. Bastou aos uruguaios um lance de bola parada para Godín marcar o golo solitário que lhes deu o passaporte à fase seguinte. Iam decorridos 81 minutos, tornava-se muito difícil dar a volta ao jogo. Até porque os italianos já estavam reduzidos a dez homens, desde os 59', por expulsão de Marchisio - exageradíssima decisão do árbitro, que mais tarde não viu uma cabeçada e uma mordidela de Luis Suárez. O avançado do Liverpool continua a ser um exímio goleador mas persiste em destacar-se pelo seu comportamento antidesportivo.

Desta vez, pelo menos, não precisou de meter a mão na bola, como no lance que colocou o Uruguai nas meias-finais do Mundial de 2010.

Precisamente contra o Gana que vamos defrontar aqui a dois dias. A vida é assim: feita de eternos retornos.

 

Itália, 0 - Uruguai, 1

Costa Rica, 0 - Inglaterra, 0

A ver o Mundial (10)

É oficial: a Inglaterra também está fora do Campeonato do Mundo. Foi afastada em definitivo, após duas derrotas, devido ao desfecho - para alguns inesperado - do Costa Rica-Itália. Segunda vitória consecutiva da equipa oriunda da América Central, segundo triunfo sobre  ex-campeões mundiais - hoje os italianos, depois dos uruguaios.

Sob um calor intenso, num jogo iniciado às 13 horas locais, Itália e Costa Rica procuraram a vitória neste encontro disputado a maior velocidade do que as condições atmosféricas recomendariam. Os costarriquenhos foram quase sempre superiores, com forte organização em todos os sectores do terreno.

Tinham a lição bem estudada: a dinâmica dos italianos não era segredo para eles. Jogaram com força anímica, descomplexados.

 

O esforço recompensou: o golo do triunfo surgiu aos 44' numa rapidíssima jogada de ataque concluída por Bryan Ruíz, após assistência de Júnior Díaz. O regressado guardião Buffon - um dos sobreviventes da squadra azzurra que se sagrou campeã mundial em 2006, convocado para cinco campeonatos do mundo desde 1998 - nada pôde fazer. E maior seria a vantagem, em princípio, se dois minutos antes o árbitro tivesse marcado uma grande penalidade mais do que evidente cometida sobre Joel Campbell, que voltou a ser um dos melhores em campo juntamente com os colegas já mencionados e ainda o médio de origem brasileira Celso Borges e o ala esquerdo Christian Bolaños. Todos muito combativos, revelando solidez física e grande disciplina táctica.

Quem disse que o futebol latino-americano é superior em técnica do que em táctica? Este Mundial vem desmentindo isso, jogo após jogo.

 

Transita a Costa Rica para os oitavos-de-final no Grupo D - o chamado "grupo da morte". Falta saber que selecção lhe fará companhia. Tudo dependerá do Itália-Uruguai, que promete ser um dos desafios mais trepidantes num torneio onde a emoção não tem faltado. E os erros de arbitragem também não.

 

Costa Rica, 1 - Itália, 0

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