Chama-se Amir Nasr-Azadani, é um futebolista iraniano, foi treinado por John Toshack, agora está prestes a disputar o maior desafio da sua carreira, uma provável condenação à morte por defender os direitos das mulheres.
Muito mais importante que um contrato milionário, que uma defesa vistosa, que um golo decisivo são os direitos humanos, talvez o mais importante de todos seja o direito à vida.
Anteontem aqui imaginei um empate entre Portugal e Irão. Desejando que se associasse à vitória dos nossos queridos vizinhos, assim implicando a ascensão de Irão e de Portugal à fase seguinte. Esteve quase, esteve quase. Ao meu desejo associei-o à presença do nosso sempre capitão Oceano Cruz na equipa técnica do Irão (ao vê-lo, durante o jogo, ali no banco lá exclamei "como podemos estar contra o Oceano?!!!" e lá engoli mais uns tremoços). E também a Carlos Queiroz, salientando o quanto o futebol português lhe deve e o ingrato que lhe foi.
Dito isto, Queiroz fez uma triste figura neste jogo. Tem fama de ser um tipo abrasivo. E, é óbvio, o proveito. O que esta fotografia mostra é algo que não se faz. Moutinho prepara-se para entrar, substituindo um colega durante o jogo. E o treinador adversário vai-lhe dizer algo, convocar-lhe a atenção? Num jogo desta importância, ainda para mais? Foi feio, deselegante - mesmo um mero "boa sorte" seria desadequado, pelo hipotética desconcentração provocada e, fundamentalmente, pela interrogação que faz grassar nas centenas de milhões de teleespectadores, "o que é que este tipo lhe está a dizer". Queiroz é muito experiente, sabe onde está (e esteve em vários Mundiais), sabe perfeitamente que isto não se faz. Ao Moutinho, à equipa portuguesa. Ao futebol em geral. Não é grave, mas é foleiro. Queiroz foi foleiro.
E depois a triste cena na conferência de imprensa. Ronaldo mereceu ser expulso? Estou certo que se fosse um qualquer Ahmadinejad a fazer aquilo ao nosso Nelito, ou a outro dos nossos meninos, todos gritaríamos "assassino!, é para a rua, sô árbitro". De facto o CR7 armou o braço, depois baixou-o, avançou e, foi mais forte do que ele, deu no outro. Sem grande gravidade. Mas ... Num jogo destes, onde jogou mal e algo desconcentrado (já num livre contra Marrocos me pareceu um bocado alheado), houve ali um nítido toque de "azedo" que nos custou caro. Pois o árbitro, convocado pelo VAR, lá foi ver e ... não teve coragem para o expulsar. Não conseguiu expulsar o CR7, num campeonato do mundo, ainda por cima por causa de uma coisa não verdadeiramente grave. E depois, e depois? Chamam-no via VAR para ver um lance limpo e não teve coragem para decidir outra vez para os portugueses. Já houvera um penalti (bem) marcado, já havia aquele salomónico cartão amarelo. Bem, decidiu repartir os males pelas aldeias - pois o penalti de Cedric foi uma vergonha. E se marca aquela patetice então teria marcado um penalti num livre anterior de Ronaldo - o iraniano saltou na barreira, deu-se de perfil com um braço não escondido, a bola bateu-lhe nele. Se é para isso, se um tipo recebe uma bola no braço cabeçeada a um palmo e meio de distância, vinda de cima e meio de costas, e se isso é penalti? Então, "se há imoralidade comem todos" ...
Em suma, a gente empatou por causa da patetice do CR7. Vamos jogar com o forte Uruguai e não com a soviética Rússia por causa da patetice do CR7. E não por causa do falhanço do penalti.
No final disto tudo Queiroz veio resmungar com o VAR, com a expulsão que não foi dada. Algo foleiro, ele treinou Ronaldo, poderia ter evitado pelo menos aquela ênfase toda, dizia a sua opinião e pronto. E depois atacou o VAR por um penalti (pelo menos um) que não lhe foi dado. Se calhar tem razão (se o tal Ahmadinejad desse na área ao nosso Nelito como o Cedric deu a um iraniano eu gritaria "penalti, gatuno, o sô árbitro é gatuno, fdp" e cuspiria os dejectos de tremoços). E tem toda a razão quando exige que as comunicações entre os árbitros e o VAR sejam audíveis (como no raguebi). Onde não tem razão nenhuma, e assim perdendo toda a razão no que disse, é em não reconhecer que aquela bola no braço não é penalti. E que assim o golo do Irão, o tal empate, veio de um erro, crasso. E que aí, também aí, o árbitro errou por influência das imagens recomendadas pelo VAR.
Ao fazer aquele estrilho todo, apelando à honra, ao carácter, à "verdade", etc e tal, e ao não ter tido a mera decência de reconhecer que o árbitro também falhara, e de que maneira, a seu favor, Queiroz foi muito foleiro. E desonesto. Mudando-me a ideia, ainda bem que foi eliminado! E ainda bem que os jogadores portugueses não o foram cumprimentar, como veio depois, pateta, lacrimejar. Não, não é um "homem contra uma nação, uma nação contra um homem" como clamou, qual tresloucado Quixote. É apenas um gajo pequeno na derrota (eliminação), ressabiado. Foleiro.
Boa sorte, Oceano. Em particular quando não ao lado do Queiroz, o Foleiro.
Valeu-nos aquele monumental disparo de trivela do Ricardo Quaresma, em quem enfim o seleccionador apostou como titular, para carimbarmos o passaporte para os oitavos de final deste Mundial da Rússia. Sabendo desde já que disputaremos no sábado esse decisivo desafio com o destemido Uruguai de Luis Suárez, Cavani, Godin e Betancur, que ontem cilindrou a selecção anfitriã por 3-0.
Boa primeira parte da turma nacional, que soube trocar a bola num meio-campo onde Adrien se estreou também como titular - fazendo logo a diferença em intensidade, posse de bola e abertura de linhas de passe, combinando de olhos fechados com William Carvalho, autor do melhor passe longo do desafio, a isolar João Mário, que num toque de classe serviu Cristiano Ronaldo. Uma jogada logo aos 3' digna de ser vista e revista.
A pressão lusa foi intensa durante toda a primeira parte frente aos comandados por Carlos Queiroz, que em grande parte dos 45' iniciais se remeteram ao seu reduto defensivo, colocando-se quase todos atrás da linha da bola. Até que Quaresma fez em estilhaços essa estratégia ao marcar aquele grande golo, no último minuto regulamentar da primeira parte. Um golo em que tudo é perfeito, incluindo o passe inicial de Cédric e a fenomenal assistência de Adrien, com um precioso toque de calcanhar.
A história do segundo tempo foi bem diferente. E começou a ser escrita, na verdade, aos 53', quando Cristiano Ronaldo, derrubado em falta em zona proibida, decidiu imitar Messi e falhar - também ele - uma grande penalidade. Permitindo que o guarda-redes adivinhasse o lado para onde rematou.
Podia ser apenas um percalço. Mas redundou num descalabro exibicional da nossa selecção, que passou a jogar sobre brasas, cometendo faltas que nos podiam ter valido punições mais duras - numa delas Carlos Queiroz exigiu cartão vermelho a Ronaldo, que após visionamento do lance em vídeo-árbitro recebeu apenas o amarelo.
Os iranianos, dispostos a tudo neste duelo travado em Saransk, atreveram-se enfim: o perigo passou a rondar a nossa baliza, salva aos 58' por um espectacular corte de Pepe. As trocas renderam pouco ou nada, designadamente a saída de André Silva para a entrada do apagadíssimo Bernardo Silva e a mudança de João Mário por João Moutinho. Um sofrimento desmedido que culminou com um penálti favorável ao Irão castigando braço na bola de Cédric. Iam decorridos 93': Rui Patrício não conseguiu evitar. Os quatro minutos restantes do prolongamento decorreram com todos os jogadores de nervos em franja, até porque se disputava em simultâneo o Espanha-Marrocos, com sucessivas oscilações no marcador (resultado: 2-2), com reflexos na classificação final.
Foi um empate arrancado a ferros, que terminou com a equipa iraniana destroçada, fora deste Mundial. Espanha e Portugal seguem em frente. A estrelinha de Fernando Santos volta a luzir.
O melhor - Adrien. Estreia em grande no Mundial como titular repetindo a exibição de luxo do Euro-2016 e demonstrando que merece figurar no onze inicial. Pela forma como acelera o jogo português, como se articula com os colegas do meio-campo, como sabe abrir linhas de passe. Assistência primorosa para o golo de Quaresma.
O pior - Bernardo Silva. Passou ao lado do Europeu, por lesão. E parece estar a passar também ao lado do Mundial, tal como o seu ex-parceiro do Benfica Gonçalo Guedes, que desta vez ficou de fora e só entrou para queimar tempo. Actuou a partir dos 70' e nada fez que mereça elogio. Joga sem confiança, incapaz de um lance inspirador.
A partida disputava-se em Saransk, na Mordóvia, região russa que Gerard Depardieu escolheu para residir, trocando o imposto para ricos em França (75%) por uns meros 13%.
Fernando Santos é um homem justo, um meritocrata e, por isso, lançou Quaresma e André Silva de início, em detrimento de Bernardo e Guedes que têm passado ao lado deste Mundial. Portugal começou bem, a circular a bola com rapidez. Ronaldo lançou-se em velocidade entre três adversários e rematou com perigo. Pouco tempo depois, João Mário mostrou que a sua relação com o golo é semelhante à que um gato tem com a água.
Após esta entrada forte, o jogo tornou-se previsível. A equipa lusa voltou à lentidão de processos a meio campo que nos vem habituando. A excepção era Adrien, que ia ligando os sectores e criando alguma dinâmica. Numa dessas acções tabelou magistralmente, de calcanhar, com Quaresma e a defesa iraniana estendeu o tapete (persa) para a trivela do Mustang. Bola no ângulo superior esquerdo. Um golo magistral!
Na segunda parte, Portugal regressou a dominar as operações mas com pouca profundidade no seu jogo. Após uma penetração na área de Ronaldo, o VAR entrou em cena pela primeira vez. Penálti! Cristiano partiu para a bola e, para espanto de todos, mostrou que é humano. Aliás, o craque português não esteve feliz no jogo como se lhe faltasse uma concorrência do outro lado que o motivasse para ir mais longe.
Os iranianos nunca baixaram os braços, mas infelizmente Ronaldo e Cedric também não. Penso que o árbitro "trocou as voltas": à primeira, salvamo-nos de perder o nosso capitão e melhor jogador (segunda decisão do VAR); à segunda, penálti, forçado, contra (terceira decisão do VAR) e golo do Irão. Festa breve dos persas pois, quase em simultâneo, a Espanha empataria contra Marrocos, voltando a pôr os os pupilos de Queiroz fora do Mundial. Nos últimos minutos, os iranianos ainda podiam ter ganho mas o remate acertou na malha...lateral, apurando-se assim os portugueses para os oitavos-de-final, onde defrontarão o Uruguai, Sábado, em Sochi, no Mar Negro.
Em conferência de imprensa, Carlos Queiroz mostrou ainda haver sequelas do episódio "perguntem ao Queiroz", da África do Sul. Queixou-se de que só 3 jogadores portugueses o cumprimentaram e usou mil e uma vezes, numa longa narrativa, a expressão "elbow", referindo-se ao lance que envolveu Cristiano Ronaldo. A mim, soou-me a dor de cotovelo...
Adrien e Pepe foram os nossos melhores jogadores. Ricardo Quaresma foi o génio da lâmpada que soltou a magia esta noite na Mordóvia. Os restantes não deslumbraram, embora se registe a melhoria de Raphael Guerreiro. As entradas de Bernardo e de Moutinho foram mais para arrefecer o jogo. Guedes mal aqueceu, sequer.
E como tudo aquilo se tornou já passado há que pensar e sonhar o futuro. O imediato? Amanhã será o jogo da selecção nacional contra o Irão, no qual é preciso pelo menos empatar. E há isto de olhar para o Irão com simpatia, dado o destacamento português que o anima. Carlos Queiroz, figura fundamental no desenvolvimento do futebol no nosso país. Homem cuja importância não é suficientemente lembrada. Que nos deu grandes títulos, e numa era em que títulos colectivos eram miragens. Que depois tão maltratado em Portugal foi: sim, a gente pode continuar a resmungar contra aquela substituição do Paulo Torres (no 3-6, adianto para os mais novos). Mas foi indecente a forma como foi, bem depois, corrido da selecção, com intervenção do governo e tudo, e diante da mentalidadezinha de funcionário público autocrata daqueles "médicos" do serviço contra o doping. Há maneiras respeitosas de fiscalizar, há maneiras desrespeitosas de policiar. Queiroz (insisto, substituição do Paulo Torres à parte) tem uma carreira excepcional - quem ler a autobiografia de Ferguson fica até espantado com a dimensão e a densidade dos elogios que o grande treinador, verdadeiro ícone mundial, lhe faz. A relação dos portugueses com Queiroz é o caso típico de "santos da casa...".
E ainda por cima está por lá acompanhado pelo Grande Oceano, o sempre nosso capitão. A lembrar-nos, até, que os que fazem o Sporting são os atletas, de hoje e de antes. E convém lembrar isso.
Como estar assim contra o Irão?
O meu desejo, para o tal futuro imediato? Que a selecção empate o jogo. E que os nossos queridos vizinhos ganhem o seu jogo. Passaremos em primeiro lugar, seguindo para os jogos do "mata-mata" como dizia Scolari. E também os nossos Queiroz e Oceano. E que tenham o sucesso que lhes seja possível.
É verdade que a selecção da Grécia joga um futebol brusco e picotado e tem um treinador que lhes grita – vimos todos – “calma, car@#§&!”, comprovando a perfeita capacidade comunicacional do calão português. Mas os gregos são a mais nostálgica colecção de cromos deste Mundial; cada um deles ostenta o fácies proletário dos jogadores dos anos 50 e 60, como se tivessem sido recrutados nas docas do Pireu. Katsouranis está ao nível de selvajaria a que sempre nos habituou e Karagounis segue demonstrando a sua incompatibilidade com as lâminas de barbear e com as decisões dos árbitros. Eles são a perfeita reminiscência física do futebol de outrora, antes desta gentrificação feita de penteados espampanantes e palmadinhas nas costas.
É de lamento a eliminação da paradoxal selecção inglesa. Por uma vez não entrou em campo com aquele tradicional sense of entitlement de quem vem repor uma verdade histórica, nem encarou a derrota com o stiff upper lip presunçoso de quem acha que foi espoliado de direitos naturais. Os ingleses vieram jogar e fizeram-no com franqueza e elegância, tanto que perderam os dois jogos que necessitavam de ganhar aos pés da pragmática Itália e do furibundo Uruguai. É pena porque constituíam um agradável intermezzo ao futebol assanhado que veremos daqui em diante. Além de que a sua prematura eliminação redundará em grande rombo económico na indústria cervejeira mundial.
Em vez dos 90 e picos minutos da praxe os jogos da Argentina só têm 5’’ – os 5’’ de Messi. Da primeira vez foi o tempo necessário para partir a Croácia, da segunda venceu o Irão. No resto do tempo a selecção argentina troca a bola entendidamente à espera do instante em que o pequenote liga o botão, é uma espécie de desacelerador de partículas. Com isto, mesmo ostentando o pior treinador do certame (demasiados jogadores, demasiado bons, para fazer confusão a um táctico simples), querem ver que ainda chega à final?
Num ranking da revista Forbes do rendimento anual auferido pelos treinadores deste Mundial Paulo Bento está em 12º (nada a contestar) e o do Professor Carlos Queiroz, treinador do Irão, em 13º, com uma diferença de apenas €62.110 – menor que o preço de um Porsche. Diferença essa que daria singelo por dobrado em como não cobre a expropriação do fisco português a que Bento está sujeito. Ambos saíram no final da primeira ronda, Queiroz saiu felicíssimo por ter conseguido empatar um jogo em resultado da inovadora táctica do autocarro; Bento saiu acabrunhado por só ter vencido um jogo. Quem é o esperto, quem é?
Foi preciso chegar ao último jogo da fase de qualificação para descobrir a selecção que dá vontade de odiar. Consuetudinariamente reservado ao futebol panzer da Alemanha ou ronhoso da Itália, capazes de tirar do sério o adepto mais cerebral, desta vez a desonra a cabe ao sórdido Uruguai. Se Freitas Lobo viu 3 milhões de uruguaios a rematar com o pé de Suarez no golo contra a Inglaterra (uma imagem maior que o cinema, cujo máximo até hoje foi o filme “300”) então que não lhe tenha doído a dentada do mesmo Suarez em 61 milhões e 321 milhares de italianos por via do ombro de Chiellini. Felizmente os pigmeus da América Latina caíram aos pés do belíssimo James da Colômbia. Agora é preciso detestar outros – talvez o sorumbático Brasil, convencido que não precisa de jogar bem porque joga em casa?
Afinal o onze alemão não é nenhum papão: rima e é verdade. Isso ficou bem demonstrado esta noite, em Fortaleza. O Gana impôs um empate à selecção germânica e poderia mesmo ter saído vencedor do estádio Castelão: faltou-lhe um pouco mais de maturidade táctica.
O resultado acabou por ser lisonjeiro para os jogadores comandados por Joachin Löw. Porque em grande parte do encontro - designadamente nos primeiros 45' - os ganeses foram superiores. Em velocidade, em articulação colectiva, em ambição competitiva. No meio-campo muito bem povoado.
A Alemanha apresentou-se demasiado lenta e previsível, revelando algum cansaço. Parecia ter fé de que a vitória lhe sorriria a qualquer momento, sem necessidade de transpirar muito. Pura ilusão. A rapidez, a combatividade e a técnica individual dos ganeses surpreenderam os germânicos e empolgaram o público nas bancadas, claramente a puxar pela equipa que veio de África.
É certo que competia aos ganeses a iniciativa do ataque: uma derrota afastava-os irremediavelmente do Mundial. Isso podia tolhê-los, mas não: foi um repto que funcionou como motivação acrescida para esta selecção, talvez a melhor do continente africano.
Alerta, Portugal: não vai ser nada fácil derrotar os ganeses, até porque também precisarão de vencer para seguirem adiante. Por este motivo, entendo mal que Paulo Bento estivesse a dar uma conferência de imprensa em Manaus à mesma hora a que decorria o Alemanha-Gana. Não seria muito mais útil acompanhar o jogo em directo?
Nos 45 minutos iniciais, o melhor alemão foi o guarda-redes Neuer. Isto diz tudo sobre o desempenho da equipa, incapaz de criar uma oportunidade de golo apesar dos esforçados sprints de Özil.
A segunda parte foi empolgante - do melhor que tenho visto neste ou em qualquer outro Mundial (e é já o 11º que acompanho, jogo a jogo). Com dois golos quase consecutivos do Gana (marcados por Ayew e Gyan) que viraram o resultado. O espectro da derrota, após a goleada imposta a Portugal, forçou Löw a tirar do banco a sua arma secreta: Klose. Que dois minutos depois, na primeira vez em que tocou na bola, marcou o golo do empate. O seu 15º golo em fases finais de campeonatos do mundo, em que participa desde 2002. Acaba, portanto, de igualar Ronaldo na lista dos melhores marcadores de sempre.
Há momentos que decidem a sorte e a sina de um desafio. Este foi um deles.
E regresso a Portugal: é necessário aproveitarmos da melhor maneira os pontos fracos que os africanos revelam - alguma inconsistência defensiva, aliás bem patente na forma como a Alemanha marcou o primeiro golo, com Götze a movimentar-se como quis entre os centrais. Naquele espaço, Cristiano Ronaldo pode fazer o mesmo. Ou melhor.
Atenção também ao corredor direito ganês, cujo lateral é Afful, um defesa que não parece vocacionado para incursões ofensivas.
Mas antes há que derrotar os Estados Unidos: é já amanhã. Um passo de cada vez.
À tarde, em Belo Horizonte, ocorreu um escândalo e ia acontecendo outro no Argentina-Irão.
O quase-escândalo foi o zero a zero registado aos 90 minutos: os argentinos deixaram-se surpreender pela muralha defensiva da selecção do Irão, comandada por Carlos Queiroz, e sofreram alguns calafrios em lances de contra-ataque fortuito dos adversários. Um nó quase cego que acabou por ser desfeito pelo único argentino capaz de fazer a diferença pelo seu talento insuperável: Lionel Messi. Aos 91', aproveitando a única nesga de espaço que lhe foi concedida em todo o encontro, disparou um golo indefensável, perfeito tanto em técnica como em força. Um golo que apetece ver e rever. O segundo do astro do Barcelona, após o da vitória tangencial contra a Bósnia-Herzegovina.
O escândalo verdadeiro foi mais um penálti que ficou por marcar. Um penálti claríssimo, contra a Argentina.
Cumpriu-se o ritual, em dose dupla. De novo a equipa prejudicada foi a considerada mais fraca. De novo um erro escandaloso do sérvio Milorad Mazic, o mesmo árbitro que já tinha feito vista grossa ao derrube em falta de Éder na grande área alemã. Queiroz queixou-se. E com razão.
Felizmente, apesar dos árbitros incompetentes, este continua a ser um bom Mundial.
Alemanha, 2 - Gana, 2
Argentina, 1 - Irão, 0
Messi: dois jogos, dois golos
{ Blogue fundado em 2012. }
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.