Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

És a nossa Fé!

António Boronha, um dos nossos

Screenshot_2025-06-02-13-20-11-245-edit_com.androi

O António nunca teve uma espinha gelatinosa a abanar ao sabor do vento.

Não gosto de escrever sobre pessoas que morreram mas sinto-me obrigado, agradecido ao António.

Pela pessoa e pelo blogger que foi, pela capacidade que tinha de colocar o dedo na ferida e de sair com galhardia da luta. 

Tinha ódios de estimação, claro, como todos nós, tinha treinadores que admirava, Mourinho, por exemplo, passámos muitas horas a debater as (in)suficiências do setubalense.

Lembram-se da Taça Lucílio Baptista ser jogada no Algarve? A culpa foi do Boronha.

Lembram-se de Liedson com 32 anos ser convocado para o Mundial Mandela? A culpa foi do Queiroz.

António tinha, também, um espaço no Sapo, este.

Vou ter muitas saudades de debater e de trocar opiniões com o António, que a terra lhe seja leve.

Morreu o grande mestre

Há uns meses partiu o grande capitão Manuel Fernandes, agora o grande mestre Aurélio Pereira que foi o revolucionário da formação do Sporting, mentor da Academia de Alcochete.

Na Sporting TV ainda há pouco o ouvi falar do que foi e do que é a formação, da necessidade de confrontar os jovens com ambientes adversos, da focagem no jogador e não nos títulos. 

Curiosamente ou talvez não, Manuel Fernandes e Aurélio Pereira encontraram em Frederico Varandas o presidente que lhes deu o conforto e a dignidade que não tiveram com o presidente anterior, sem falar em pequenas histórias que ouvi e não posso confirmar.

Aurélio Pereira foi o scouter antes de haver scouting, atraiu para o Sporting muito talento, lançou as bases dos processos e valores do Alcochete de hoje com Tomaz Morais.

Os meus sentimentos à família, muito particularmente ao seu irmão Carlos Pereira.

O Sporting Clube de Portugal fica mais pobre. Mas o legado de Aurélio Pereira terá continuidade, estou certo disso.

SL

Descansa em paz, grande capitão!

Recordo-me de ver ao vivo um dos primeiros jogos de Manuel Fernandes, talvez o Sporting - Beira Mar, com a camisola do Sporting, acabadinho de vir da CUF, numa época de "vacas magras" e de forte assédio do Pinto da Costa aos jogadores "libertos" dos condicionalismos contratuais  que vinham do "antigamente", e que terminou com o 5.º lugar no campeonato.

E logo para fazer esquecer o "Chirola". Coisa pouca.

 

E se o rapazinho que ele era no princípio não deixava grande impressão, à medida que o jogo ia decorrendo vinha ao de cima o bom toque de bola, o passa e desmarca para receber, o passe para a baliza que dava golo. Foram 32 golos nessa temporada, e muitos mais anos a fio com a camisola do Sporting, antes e depois da vinda do seu parceiro Rui Jordão, e em duas épocas "malucas" com Big Mal e Roger Spry no V. Setúbal também com o seu parceiro, tendo encerrado aí a carreira. Na selecção nacional nunca teve o protagonismo alcançado no Sporting, onde foi capitão muitos anos, sempre leal ao clube e a João Rocha. Se calhar por isso mesmo.

 

Depois foi treinador no Sporting e em vários clubes, descobriu Oceano, deu a mão a José Mourinho, integrou a melhor equipa técnica de sempre do Sporting com ele, Bobby Robson e Roger Spry, era o director da melhor equipa B de sempre no tempo de Godinho Lopes com Oceano e Dominguez como treinadores quando entrou Bruno de Carvalho e sofreu a maior desconsideração pública de que me recordo no clube, ao ser denominado "o pior funcionário que já vi no Sporting."

Anos mais tarde a seita do ex-presidente ainda teve a falta de vergonha de se mobilizar para vetar a atribuição do nome de Manuel Fernandes a uma porta de Alvalade.

 

Com Frederico Varandas o Manuel Fernandes, tal como o mestre Aurélio Pereira, voltou a ter o reconhecimento que merece, passou a ser presença regular na tribuna e no comentário da Sporting TV. A visita ao hospital do presidente com Gyokeres com o troféu foi apenas mais um episódio de profundo respeito e homenagem a um grande ídolo do Sporting e a uma pessoa simples que deixa amigos em todo o lado.

O seu filho Tiago Fernandes, também ele já com um passado no Sporting que interessa sublinhar,  é testemunha.

 

Descansa em paz, grande capitão, em companhia dos teus amigos Rui Jordão e Vitor Damas. Para nós fica a imensa saudade dos teus jogos e dos teus comentários.

Viva o Sporting Clube de Portugal !!!

SL

Marinho Peres

MPeres.jpg

Morreu Marinho Peres, o "meu" primeiro treinador do Sporting.

Recordo-me de uma figura afável, de grande correção, e que muito me fez vibrar e sonhar com aquela meia-final europeia disputada taco a taco com o poderosíssimo Inter de Milão.

No plano doméstico, era o dealbar da equipa do Sporting formada por Figo e mais 10. Infelizmente, não deu para conquistar qualquer título.

Sairia no final da época de 91/92, sendo substituído por Bobby Robson.

Ainda regressou a Portugal, primeiro para treinar o Marítimo, cuja passagem confesso não me lembrar,  e depois para voltar ao "seu" Belenenses. Aí sim, recordo-me de ver Marinho Peres a comandar os "pastéis" e, novamente, a passear classe e cordialidade pelo futebol português.

Faço votos para que em Alvalade, na próxima segunda-feira, o público leonino homenageie Marinho Peres com uma muito sentida salva de palmas.

Tina, quem precisa de coração?

202305254825_115848.png

Se o coração pode ser despedaçado.

E de repente passaram quase trinta e três anos.

Uma senhora que nasceu em 1939 e nunca se agarrou à coitadinhice de ser mulher e negra, foi à luta e venceu.

Venceu utilizando duas armas poderosas, a voz e as pernas. Pernas todos temos, dir-me-ão, sim, umas têm a técnica de Trincão, outras ficam agarradas ao chão (António Silva). 

A vida como tu cantaste, tão bem, pode resumir-se a isto, Tina:

"Quando um rapaz conhece uma rapariga".

(e é preciso sorte, Tina, muita sorte, com os rapazes e com as raparigas que se atravessam na nossa vida)

Que a terra te seja leve, STTL.

O irredutível campeão

202301103810_130938~2.png

O guarda-redes que poderia ter sido uma personagem desenhada por Albert Uderzo.

O bigode improvável, a habilidade com os pés a colocar a bola à distância, a pausa para um cigarrito, durante os jogos, que um homem não é de ferro, a disponibilidade para mandar a equipa para a frente e fazer reposições de bola pela linha lateral, quando necessário.

Foi um dos meus ídolos e foi um dos "Nossos Ídolos", uma boa oportunidade para relermos o texto de Rui Rocha publicado neste "blog" no dia 10 de Julho de 2012, para ficarmos a saber quem acordou o ensonado húngaro porque o "Rochinha" merecia um abraço.

Ferenc Meszaros, que a terra lhe seja leve.

Rei Pelé, o melhor de sempre

Alguns adeptos mais jovens do futebol, que nunca o viram jogar, subestimam a importância decisiva de Pelé na expansão da modalidade em todo o mundo. Deviam perceber que, embora o desporto-rei tenha conhecido muitos génios, antes e depois dele, nenhum esteve à altura do brasileiro Edson Arantes do Nascimento, agora falecido aos 82 anos: ele foi o melhor de sempre. Único, desde logo, a sagrar-se tricampeão mundial - em 1958, 1962 e 1970. A partir daí, passaram justamente a chamar-lhe Rei.

Àqueles que o desconhecem, recomendo que vejam com atenção as duas finais em que Pelé participou. A de 1958, em Estocolmo (com apenas 17 anos!) e a de 1970, na Cidade do México (apogeu triunfal da sua carreira), reproduzida acima.

Exemplos supremos da arte do futebol. 

 

Leitura complementar:

Talvez a melhor selecção de sempre (13 de Dezembro)

Pelé e Garrincha: primeira e última vez (14 de Dezembro)

Um pequeno parêntesis

descarregar (1).jpg

Morreu hoje um génio do futebol português e mundial.

Tão precocemente e lembrando-nos que o que por aqui passamos são apenas umas férias, para uns agradáveis, para outros nem tanto.

Creio que poderei incluir todos os autores do És a Nossa Fé na prestação da merecida homenagem e das condolências à família.

Desta vez o drible com que enganavas os adversários, não resultou.

Descansa em paz, Fernando.

Jorge Sampaio em Maputo

jsmoz.jpg

(Hilário, Chissano, Sampaio, ColunaAcúrsio, Eusébio, Vicente, Maputo, Abril 1997, fotografia de Jorge Brilhante)

Em 1997 o Presidente Jorge Sampaio visitou Moçambique, fazendo-se acompanhar de uma grande comitiva. A viagem foi uma assinalável sucesso, muito potenciando as relações entre os dois países, então ainda algo maceradas pelo processo de descolonização e pelos constrangimentos do subsequente processo político moçambicano. Nessa comitiva presidencial iam 4 futebolistas nascidos em Moçambique - também servindo de representantes simbólicos dos "4 grandes" clubes: Hilário, Acúrsio, Eusébio, Vicente. E, claro, logo se lhes juntou Mário Coluna, o "Monstro Sagrado" - então presidente da Federação Moçambicana de Futebol. 

Nesse momento tive o privilégio de acompanhar esse magnífico Quinteto. E desde então não só reencontrei algumas vezes o nosso Hilário e o "King", Eusébio, como tive o privilégio de criar amizade, não íntima mas bastante convivencial, com o "Monstro", Coluna. Conheci-os num almoço na popular cervejaria Piripiri, prévia a uma passeata pela Baixa da cidade na qual acompanharam o presidente Sampaio. Pude então perceber algumas das características do político: eu já vira Soares em Luanda, num notável desempenho patenteando uma extroversão verdadeiramente carismática. E viria a ver Cavaco Silva em Moçambique, num perfil público muito mais rígido, o qual sempre me pareceu muito mais o de um homem em luta com a sua timidez do que efeitos de uma concepção hierática da sua função. Sampaio era diferente, não exactamente um homem de rua ou de palco, pois não um carismático. Mas apresentando uma bonomia tão explícita que era recebida pela população como uma simpatia natural, à flor da pele. Assim encarnando a confiança.

Voltou a Maputo em 2001 para uma das cimeiras da CPLP, numa era em que estas congregavam mesmo os chefes de Estado. No nosso caso numa chefia bicéfala, pois para o efeito agregávamos o PR e o PM, naquele tempo Guterres. (Re)Vi Sampaio numa recepção à comunidade portuguesa, à qual acorreram cerca de 3000 pessoas. Enquanto ele circulava entre nós fui rodeado por vários compatriotas. Ocorrera-lhes que seria aquele o bom momento para fazer chegar ao presidente um ror de preocupações que tinham - impostos aos emigrantes, taxas de importação de veículos, apoios à comunidade, etc. E passara-lhes pela cabeça que seria eu um bom porta-voz para as colocar, dado que conhecia algumas das pessoas que ali o circundavam. Resisti, num "era só o que me faltava...", insistindo que "isso são coisas para colocar aos deputados, ao secretário de estado, ao cônsul..." mas não os consegui desiludir, insistentes num "vá lá, Zé Teixeira" e sem de mim se apartarem.

Passado algum tempo, mantendo-me eu de copo de vinho na mão e tasquinhando o queijo da serra e o presunto gentilmente disponibilizados, o Presidente Sampaio foi-se aproximando da nossa zona. Recrudesceram os patrícios nos seus incentivos à minha capacidade reivindicativa. Assim sendo, e ao estar aquele Grande Sportinguista já à distância de apenas duas braçadas roguei-lhe "dá-me licença?, Senhor Presidente, posso-lhe fazer um pedido?", ao que ele, arvorado com um sorriso aberto, logo ripostou "claro, em que lhe posso ser útil?".

"- Ó Senhor Presidente, por favor, use a sua influência para fazer as pazes entre o dr. Roquette e o dr. Luís Duque" (então desavindos na nossa Direcção). Riu-se, abertamente, elevando as mãos em sinal de impotência e ripostou "Ó Homem, isso está bem acima dos meus poderes...". E deixou-nos uma dúzia de palavras de circunstância, logo seguindo na sua ronda entre nós, aqueles milhares de convivas.

Os meus vizinhos, enfim, resmungaram um bocado comigo...

{ Blogue fundado em 2012. }

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D