Alguns jogadores gozam de excelente imprensa, façam o que fizerem. Ou mesmo que não façam coisa nenhuma.
Como os jogadores que mais me interessam são de longe os do Sporting, aqui ficam dois exemplos do que referi antes. Ambos colhidos na edição de ontem do Record.
Um apontamento sobre o nosso estreante guarda-redes, Franco Israel: «Não dá para formar opinião, mas causa boa impressão.» Sendo-lhe assim atribuída a "medalha de bronze" na habitual secção diária deste jornal.
O texto é disparatado: como é que se tem «boa impressão» de alguém cujo desempenho não deu sequer para «formar opinião»?
Outro apontamento visa Paulinho, atribuindo-lhe nota positiva (3 em 5) na partida de véspera frente ao Wolverhampton: «Muito trabalhador e empenhado a defender e pressionar os adversários, acabou por ter um trabalho invisível no ataque. (...) Pouco inspirado na área, deu, porém, soluções nos apoios.»
Como é que um avançado-centro é avaliado positivamente com «trabalho invisível no ataque» e se revela «pouco inspirado na área», onde devia fazer a diferença?
E o que significa «dar soluções nos apoios»?
Alguém descodifica esta prosa freitaslobista que enxameia a imprensa desportiva portuguesa, onde se escreve cada vez pior?
De qualquer modo, Paulinho não pode queixar-se do tratamento que recebe nos jornais. Mesmo «invisível», passa no teste.
Premonições, prever algo sem gastar muitas munições.
Foi isso que o polvo Paul fez no Mundial de 2010, acertou o desfecho de vários jogos.
Foi o que fez o nosso camarada/colega de blogue João Caetano Dias (ver postal abaixo) conseguiu prever há, precisamente, dez anos que Rúben Amorim era especial (era o único que sabia ler e escrever, em português, no Benfica de então).
João (jcd do blogue jaquinzinhos) não o escreveu mas, certamente, sabia que 10 anos depois, Rúben Amorim, como treinador do Sporting, seria considerado o Homem do Ano para todos os jornais desportivos.
Capa do jornal O Jogo no dia seguinte à primeira jornada da fase de grupos desta edição da Liga dos Campeões, a destacar a sapiência portista e a inexperiência dos Leões.
A página "Mentalidade Leonina" chama a atenção para a dualidade de critérios na capa do "Dia seguinte" d'A Bola.
Por acaso, até acho que estas capas estão adequadas e retratam muito bem a realidade.
Vejamos:
1. 15 de maio de 2018 foi efectivamente o dia mais negro da história do Sporting. Nunca nada semelhante se tinha verificado e nenhum Sportinguista quer ou admite a hipótese de algo tão negro voltar a ocorrer.
2. No outro lado da segunda circular está tudo tranquilo, preferem jogar rapidamente o lixo para debaixo do tapete e até aplaudem o novo gestor que, como diz Ricardo Araújo Pereira, faz parte da direcção que acompanhou LFV e logo, "há as hipóteses de [ser] cúmplice, conivente e a menos grave: a de totó".
Eu prefiro encarar a verdade. Foi mau, foi horrível, foi o dia mais negro e desejei muito que a justiça actuasse e fosse célere para podermos recomeçar. Jamais perdoarei o que fizeram ao Sporting.
Se do outro lado assobiam para o lado e batem palmas ao líder cumplice/conivente/totó, é lá com eles. Amanhem-se e boa sorte.
Em Março de 2018, Paulo Silva denunciou ao Ministério Publico que tinha sido mandatado, através de intermediários, para corromper árbitros de andebol e jogadores de futebol para favorecer o Sporting Clube de Portugal.
Com isto, André Geraldes e Gonçalo Rodrigues assistiram à devassa da sua vida pessoal e profissional. Por outro lado, o Sporting Clube de Portugal viu o seu bom nome “arrastado para a lama” e tentaram comparar-nos a todos os outros. Queriam fazer de nós “toupeiras” ou “fruteiras”. Só nós sabemos o que isto nos custou.
Durante esta semana ficámos a saber que nenhum dos supramencionados vai ser responsabilizado. Face ao exposto, exijo que a direção do Sporting Clube de Portugal tome as necessárias diligências para que isto jamais aconteça. Devem ser extraídas certidões, avançar com queixas-crime e pedidos de indemnização civil contra todos os que contribuíram para este ruido.
A foto é ilustrativa dos abusos de que fomos alvo. Temos de exercer de forma pedagógica o nosso direito.
A acreditar na imprensa de hoje o que aconteceu ontem no Bessa, Boavista 3 vs. Benfica 0, foi normal.
Não foi.
Antes deste jogo, o Boavista tinha dois jogos em casa, duas derrotas, seis golos sofridos, zero marcados.
Parece que palavras como: humilhação, descalabro, vergonha, desgraça e assim, estão reservadas para as goleadas sofridas pelo Sporting.
Vejamos alguns títulos, A Bola opta pelo título fofinho de: "Lição de xadrez"; Record: "A águia cai do pedestal"; O Jogo: "Boavistão tira águia do poleiro"; JN: "Pantera crava as garras"; CM: "Pantera trava voo da águia".
Nenhum destes jornais puxa para manchete o resultado, lendo alguns dos títulos até poderíamos pensar num empate.
Os do costume virão dizer que me preocupo mais com o Benfica que com o Sporting, a questão não é essa, às vezes, faz falta olharmos para além do óbvio, como dizia Sophia: "vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar" ou num outro registo, Zeca Afonso: "o faz falta é avisar a malta".
Um João, o João Pedro de Mação, no dia em que se tornou leão.
Outro João, profissional de televisão, num dia que o encheu de satisfação.
(pareço o António Aleixo, com menos talento, claro, eh, eh, eh)
Por último, não menos importante, pelo contrário, como escreve Ricardo Rodrigues (um abraço para o Ricardo, para todos os Ricardos deste país, a quem o "Estado" não deu quinze milhões de euros, que fazem jornalismo, jornalismo verdadeiro, em jornais como Abarca): «O mais importante traduz-se no olhar (...) de Nuno: "Fiquei muito feliz"».
Desde a sua fundação o jornal "A Bola" seguiu relativamente ligado ao Benfica. É pacífico dizer isso. Mas a tendência benfiquista, tanto por clubismo da maioria dos seus quadros como por opção comercial, em busca de maior aceitação popular, nem sempre foi de radical seguidismo à direcção daquele clube. Mas este seguidismo veio em crescendo nas últimas década. Hoje em dia é pungente. E ultrapassa a temática do clubismo, recai mesmo nas questões da democracia, seja a associativa desportiva seja mesmo a consideração do exercício democrático como molde do exercício da comunicação social.
O caso das ênfases noticiosas expressas no jornal de hoje é exemplar do estado a que chegou aquele jornal. Álvaro Cordeiro Dâmaso, presidente da mesa da Assembleia-Geral da SAD do clube, apresentou a sua demissão. Isto apenas três meses depois de Luís Nazaré, o presidente da mesa da Assembleia-Geral do clube, se ter demitido em ruptura com o presidente do clube. Para além desta sequência de demissões poderem indiciar algumas cisões no núcleo dirigente das instâncias do clube, uma tão importante demissão na SAD em momento coincidente com o anúncio de enormes investimentos no plantel futebolístico acontecidos em plena crise económica. Para mais, em breve acontecerão eleições no Benfica e já se alinham várias candidaturas.
Diante de tudo isto qual o relevo que o jornal "A Bola", lido maioritariamente por benfiquistas, dá a esta demissão no quadro da SAD? É ver esta primeira página de hoje, uma quase invisível nota no canto inferior esquerdo, numa capa dominada por meros rumores sobre contratações futebolísticas. Isto já nem é pungente, é mesmo a negação do jornalismo.
(Nota: a imagem pública de um clube é muito importante, mas não trocaria um título em qualquer modalidade por esta notícia. Infelizmente, para alguns sportinguistas notícias destas são mais importantes que títulos.)
Imagine-se um estádio onde se "joga" à porta fechada, sem público, com som de "música ambiente" para evitar o silêncio e fotografias de adeptos nas bancadas para fingir que há gente a ver ao vivo.
Imagine-se um "jogo" em que os jogadores tudo fazem para manter distância física dos rivais em vez de procurarem o contacto, se abstêm de tossir, espirram sempre para a dobra do cotovelo, engolem o cuspo e fogem da bola para evitarem contagiar ou ser contagiados num lance dividido. Com receio permanente de que lhes sejam imputadas responsabilidades por opções que não tomaram, como está patente no ponto 1 do "código de conduta" elaborado pela Direcção-Geral de Saúde: se algo correr mal, a culpa será deles.
Eis a "nova normalidade" da terceira volta da Liga 2019/2020. Com regresso agora previsto para 4 de Junho, como anunciou Pedro Proença, alterando a data inicialmente apontada pelo primeiro-ministro e assinalando que se trata da "25.ª jornada".
Está equivocado: o que vai acontecer - se acontecer - será algo inteiramente novo. Com regras diferentes e sem a salvaguarda de elementares princípios da equidade desportiva, fundamentais para a credibilidade da competição.
Sou contra a realização desta "terceira volta", inédita no futebol português. Por ferir de forma grosseira a verdade desportiva. Na primeira divisão, ao estabelecer regras diferentes para os clubes (umas equipas jogarão nos próprios estádios e outras não voltarão a jogar em casa). Entre a primeira e a segunda divisão, ao aplicar critérios antagónicos para o desfecho das respectivas ligas profissionais (prolongando uma e anulando outra). E sobretudo ao nível do chamado "Campeonato de Portugal", como o meu colega João Goulão já escreveu neste blogue em termos inequívocos.
A situações idênticas aplicam-se princípios que não podiam ser mais diferentes. Perante o aplauso dos basbaques e com o monolitismo acrítico a imperar entre os colunistas da imprensa. Opinando em causa própria, quase todos defendem que o futebol "regresse", mesmo que as regras sejam mandadas às malvas.
Fariam bem melhor os clubes em montar estruturas desportivas que atenuassem os efeitos de uma potencial segunda vaga desta pandemia, estabelecer regras de competição em reforço da transparência e salvaguardar os seus direitos numa altura em que se aproxima o fim do vínculo contratual de muitos jogadores.
Acima de tudo, fariam bem melhor em rever de alto a baixo as suas precárias bases financeiras. O que vale para o conjunto da indústria futebolística, que tem movimentado fortunas muito mal distribuídas e tornou-se prisioneira de uma rede de intermediários sem escrúpulos. Estes agem como verdadeiros parasitas dos clubes ao ponto de lhes determinarem as prioridades orçamentais enquanto arruinam as carreiras de muitos futebolistas promissores, alvos de indecorosos leilões que mais parecem versões actualizadas das antigas "praças de jorna" para recrutar mão-de-obra.
E não adianta varrer a porcaria para debaixo do tapete: é cada vez mais evidente que o negócio não gera liquidez suficiente para manter tanta prosperidade de fachada e tanta ostentação postiça. Que sirvam de alerta peças jornalísticas como a da Eurosport, que há dias aludia ao FC Porto como «monumento em perigo».
Se este período de paralisia forçada imposto pela pandemia não serviu para reflectir sobre tudo isto, não serviu para nada.
Hoje publica-se o nº 4 da revista "Mordaz", dedicado ao tema "Trabalho". Aqui partilho o meu texto que lá vem incluído, esperando não agredir a vossa paciência sportinguista, forma algo atrevida de utilizar este blog para divulgar a revista (gratuita), criada durante este período confinado. Apesar desta não ser desportiva, nem escrita apenas por sportinguistas:
O Amor não é um Labor
São Martinho do Porto, verão frio como sempre, é sábado, eu no quarto, já não no tempo de Verne ou Salgari pois agora de “Vampiro”s, ouço o transístor vermelho minha companhia e, na tarde desportiva, Orlando Dias Agudo promete grande notícia para dali a uma hora, e logo caio no alvoroço, será o rumor verdade?..., e depois vem o júbilo!, sim, o Senhor João Rocha resgatava Rui Jordão, salvaguardando-o em Alvalade, e eu adoro-o, ao Rui Manuel Trindade Jordão, paixão ganha, traição minha, no 3-5 d’antes, no jogo em que Jázalde, Hector Casimiro Yazalde, dito Chirola, casado com Carmizé, marcou cabeceando junto à relva, mas ali Jordão, então feiticeiro do Benfica, enfeitiçara(-me), ainda que em magnífico ano de campeões, esses que sei de cor, Damas, Manaca, Alhinho, Bastos, Carlos Pereira, Vagner, Nelson, Baltazar, Marinho, o tal imenso Jázalde, Dinis, os quais bateram o Porto no 16 de Março, jogo transmitido em diferido ao fim da tarde, coisa tão rara, devido a não sei o que se passou nas Caldas, mas que não pude ver, maldição, pois a minha mana parira e obrigaram-me a visitá-la, como não vi ali o tal seguinte 3-5, esse de quando o estádio todo, sem clubismos, se levantou a saudar Marcelo, o “tio” deste, mas, logo depois, também ao Chirola e ao Jordão, e não os vi porque o meu pai nunca foi de bola, nem lá ia, nem os meus irmãos, queques da vela e do “rugby”, e sozinho me ganhei sportinguista na 1ª classe, ano de opções em ecrã preto-e-branco, no Barça 4-Valência 3 e assim até ao Futre, no Arsenal 3 (2 golos do Charlie George, cabelo à Beatles)-Leeds 2, lá nas taças deles e, na nossa, num 4-1 ao Benfica, com o King, como o conheci décadas depois, a marcar, e nós (sim, naquele exacto durante fiquei “nós”) com Damas na baliza. Vítor Damas, eu quero ser assim homem como ele, e ainda disso não desisti, no campo mas mais até cá fora, como se barbeia, com Palmolive, e aquela voz, cava, e com ele aprenderei, e não na tropa, a fazer o nó da gravata, naquele algo descaída,
e por tudo isso sigo Agostinho na França, meu pai dando-me dinheiro para comprar “A Bola” para lhe ler as aventuras, ele gigante batendo-se com Ocaña, Merckx, Thevenet, até trepando mais que Van Impe, Tourmalets acima, “Tinô!”, “Tinô!”, por lá o cantavam, ao nosso herói, poderia lá eu então perceber o quanto o era de facto, até, bem depois, se morrer numa coisa menor, e nós a esperá-lo, em esquife, na volta ao José de Alvalade, devastado como nunca vi, e seguindo para o túmulo em estrada recoberta pelo nosso povo, num silêncio pesado como nunca ouvi, ledes a minha ainda dor disto?,
por isso segunda-feira me baldei às aulas, subi ao aeroporto, junto ao Luís, azarado pois corcunda, nem corria nem nunca correria, merda de vida estará a ter se ainda a tem, a acolher os campeões Aniceto Simões, o barbudo, Carlos Cabral, Mamede e Lopes, o gigante, por quem Mariano Haro, o às espanhol, esperara quando ele caíra na lama, caval(h)eiro como já não havia, ao invés do bárbaro Lá-ce Viren, o maldito, o dopado que tanta dor causou até ao nosso Lopes daquela maratona olímpica, majestoso, correndo pujante, erecto, nada como os desengonçados que vieram a mandar, “vai Lopes!”, “vai, campeão!”, na angústia até às lágrimas mesmo, mas também venerando Mamede, intuindo-o Príamo d’agora, semi-divino nas suas dúvidas e fraquezas, assim vero herói, pois falho como todos, como eu, que nem sequer cheguei ao topo …,
esse topo de Livramento, o mago, eu miúdo no pavilhão, esfuziante com Ramalhete, Rendeiro, Sobrinho, Xana e … Livramento, e o triunfo contra os inimigos espanhóis, então únicos, e depois obrigado a crescer, e nesse fervor descer às casas de bilhar, tão saudosas, SG Filtro e bejecas adornando-me da linhagem do Theriaga, que é nosso, e nessa névoa amando Big Mal, o do maior exemplo, pois champanhe, mulheres, charutos, jogo e … vitórias, rock n’roll para os nossos ouvidos, e nisto a vida escorreu, lesta, eu desapercebido disso, e o milénio acabou, fez-me largo trintão e só lembro na tv lá em Maputo de um autocarro estrada afora noite adentro, na via do Salgueiros a Alvalade, e a minha mulher, até surpresa, “andaste dias com um sorriso parvo” …
e há pouco, já cá, em casa do mano Bill num jogo qualquer, Benfica, Europa, sei lá, e mesmo no fim o tal golo de sempre, a derrota, claro, e após o belo manjar que ali é sempre, indo para o carro, a minha filha já adolescente resmunga “é sempre a mesma coisa, perdemos no fim”, e respondo-lhe “não é importante”, e ela devolve-me “ mas é uma chatice”. Sorrio e insisto “não é importante” e avante … Não lho disse, digo-lhe agora, se ela me ler, que não é importante pois não tem causa, nem razão, nem ganhos. É (como o) amor. Mas sem divórcio. Um arquétipo. E não um labor.
Hoje foi publicado no Correio da Manhã que o atleta do Sport Lisboa e Benfica Diogo Tavares foi detido ontem à tarde por falta de título de condução.
O Correio da Manhã faz uma pequena referência no canto superior direito da capa e na página final do jornal. Por outro lado, nenhum jornal desportivo considerou importante abordar este tema.
Ainda há uns meses, quando não estava a decorrer o estado de emergência, recordo as novelas Jovane Cabral e Wendel. Tantas foram as páginas de jornal e abertura de jornais.
Aparentemente, deixou de ser grave conduzir sem habilitação legal, mesmo durante um período onde todos são aconselhados a permanecer em casa.
Imaginemos que Bruno Fernandes havia sido transferido não do Sporting, mas de uma agremiação desportiva qualquer diferente.
Os jornais desportivos colocariam hoje fotos do jogador a apanhar toda a primeira página e nem estou a imaginar os epítetos com que seria brindado pela imprensa da especialidade. Seria naturalmente endeusado.
O problema é que Bruno Fernandes saiu do Sporting e não de outro clube qualquer.
Depois do golão deste fim de semana, que deu o empate ao Manchester United na visita ao Everton, o jornal a “Bola” informa num pequeno rectângulo na primeira página: “Bruno Fernandes volta a marcar”, enquanto o Record diz apenas “Bruno marca outra vez”. O Jogo nem se dá ao trabalho de informar.
Até nisto se percebe a pouca ou nenhuma consideração que a imprensa desportiva tem pelo Sporting.
Admito que me irritam um pouco as unanimidades na nossa imprensa (e no comentarismo) acerca da Premier League fazer jogos na quadra (Natal e Ano Novo) e isso ser “bom” e “positivo” e mais não sei o quê, porque os estádios estão cheios e tal e que por cá talvez se devesse fazer a mesma coisa. Irrita-me porque, nem que seja por momentos, estamos a colocar a nossa Liga a par com a evoluída e riquíssima Liga Inglesa, que tem, desde há muito, uma dinâmica própria assente na cultura de fairplay dos ingleses e na rule of the law que é enforced quando é necessário (por outras palavras, os ingleses têm dirigentes da Liga e da Federação com tom*tes que castigam duramente e depressa). Por cá, da imprensa ao comentarismo, passando por “dirigentes”, treinadores e jogadores, há zero de fairplay e tom*tes, além de termos uma massa adepta clubista e não desportiva, interessada em vencer a todo o custo. Veja-se “o caso do soco de Conceição”, uma novela estranhíssima, onde para mim ficou claro como aguardente o que se passou, apesar dos trinta por uma linha engendrados para que ficasse tudo turvo ou mesmo opaco como o mais forte dos cafés, ou seja, sem consequências nenhumas. Ou veja-se o caso do treinador que tem a sorte de todos os jornalistas adivinharem quando chega de viagem do Brasil e estão lá à porta e que parece que conquistou Marte, enquanto resolvia os problemas do Clima, da Fome no mundo e da cura dessa doença chata que é a Zona na viagem para lá e os problemas do estacionamento em Lisboa na viagem para cá. No país onde o clube que vence o prémio da melhor Academia do sistema solar compra a peso de ouro um alemão no primeiro dia do ano para uma posição para a qual tem vários jogadores, incluindo dessa Academia, ou onde um português que desde o Euro 2016 não faz um jogo de jeito, com uma exceção há semanas (no Mónaco) que mereceu amplo destaque de capa (!) em vários jornais; para não falar de outro português, avançado, cujo preço do passe foi irreal e que leva três ou quatro golos mas ainda assim é o melhor jogador do mundo, um dos melhores da Europa, até é porreiro descansar da bola uns dias, sobretudo da imprensa e do comentarismo. Um bom e leonino 2020!
O presidente do Sporting conseguiu negociar um treinador fora do olhar atento da imprensa para mágoa de muitos que estavam mal habituados.
Durantes três dias foram publicados mais de 10 nomes de possíveis treinadores, com alguns órgãos de comunicação a afirmar sem margem de erro, segundo as suas fontes, que o nome era o X e as negociações estavam a ser ultimadas. A verdade é que todos falharam. E o mais impressionante foi ver os comentadores profissionais a seguirem de perto todos os palpites e a meterem água à grande, além do ódio habitual para tentar desestabilizar.
Frederico Varandas tomou a primeira grande decisão do seu mandato e conseguiu fintar tudo e todos. Falta agora saber se o treinador é mesmo Marcel Keizer e o mais importante: o que pretende Varandas reestruturar no futebol verde e branco.
Quanto ao jogo de hoje contra o Santa Clara, a esperança é a de que o Sporting marque muitos golos de preferência com tanta subtileza como aquela que Varandas marcou na baliza da imprensa.
Autora desta expressão? Patrícia Cazón, a espanhola que na semana passada decidiu olhar nos olhos os jogadores ainda no túnel, em Madrid. Muitos sportinguistas ficaram impressionados com o que então leram (ver foto abaixo), sobretudo porque estavam frustrados com os falhanços que deram origem aos golos, e outro que não deu golo ao cair do pano.
A curiosidade fez-me pesquisar a mesma autora, hoje, após o jogo de Alvalade. E o que escreveu no As. Vale a pena ler. Fica o link:
La esencia rojiblanca quedó sobre la hierba del José Alvalade. Porque nadie sufrir como el Atleti, sobrevivir en el alambre. Es semifinalista pero tembló, tembló mucho en Lisboa, ante un gran Sporting. Estaba en el aire, en la semana europea, en esos tres minutos finales en los que el Sporting sólo era balones colgados sobrevolando a Oblak. Buscaba ese gol, el de la prórroga, ante un Atleti tembloroso. Lo intentaba Petrovic, Doumbia o Fernandes. Pero una vez el balón se fue fuera. Y otras, se topó con Saúl, con Savic, con Godín, hasta que el árbitro pitó y lo tres pudieron volver a respirar. Eran semifinalistas. Cuánto había costado.
Desde el túnel salieron los dos equipos formados como ejércitos. El Sporting sobre todo. Rui Patricio iba primero. Nada de bromas, pensando sólo en el balón. Jorge Jesús reforzó su equipo desde la alineación. Quería control, un tercer central, Pinto, por si a Coates y a Mathieu les daba por el show, como en el Metropolitano. Sólo había una manera de espantar la tormenta, no la que caía del cielo la otra, la del palco, desde el fútbol, con una remontada.
Desde el primer balón, buscó el gol rápido. Agarrado a la bota de Gelson Martins, cada uno de sus eslalon era un latigazo, un miedo, un agujero. Avisó el Sporting, con un remate de Acuña que buscaba la escuadra y respondió Costa con un cabezazo en plancha que se fue a un palmo del palo y resultó estrella fugaz: tardaría el Atleti en volver por allí. El José Alvalade se sentía Roma, se sentía Madrid. Golpe a golpe, contra a contra, con autoridad, el Sporting fue encerrando a los rojiblancos. Coates quiso ser Manolas con un cabezazo que buscaba red, el miedo en cuerpo rojiblanco, pero esa la salvó Oblak. Se suspendió en el aire para sacarla con la yema de los dedos. Su mano milagrosa de cada partido. Ante sus ojos, su equipo se había deshecho bajo la lluvia. Sin chispa ni contras. Sin asistencias de Koke, sin control de Gabi, sin remates de Costa, sin juego de Grizi, fiado sólo a la guarida de sus guantes.
Esos mismos a los que Fredy Montero les encontró un resquicio. Fue después de que Jorge Jesús perdiera a Mathieu, y Lucas un golpe en el pómulo que en el descanso le dejaría bajo la ducha. Fue después de que Acuña se hiciera el enésimo llavero con Juanfran: Oblak falló por alto y Montero cabeceó en el segundo palo mientras Saúl y Savic se miraban. El marcador confirmaba el juego. El Atleti era un equipo atemorizado, miedoso y pobre, ante un Sporting agigantado sobre las recuperaciones de Bruno Fernandes y los pasillos que Acuña encontraba a la espalda de Juanfran. Nueve veces le disparó a Oblak sólo en la primera parte. Nueve.
Este sábado cumpriu-se o centenário de Peyroteo. Um enorme jogador que o tempo e, acima de tudo, a natural inexistência de um alargado arquivo fílmico, foi obscurecendo no panteão desportivo nacional. Justiça seja feita, os dois grandes jornais diários desportivos assinalaram a efeméride. Melhor o "A Bola" do que o "Record". Mas o esforço foi demasiado: nesta noite lá está no sítio do "A Bola" que Jonas (um excelente jogador, sem qualquer dúvida) ultrapassou, sei lá em quê, Peyroteo.
A pequenez nota-se nisto. E não há nada a fazer. A partir de determinada e jovem idade já não se cresce.
Há muito que não compro nem leio jornais desportivos e que não vejo programas sobre futebol ou outra qualquer modalidade desportiva, os jogos a que assisto na tv, ou é com comentários em inglês, ou se calha a ser numa das pantalhas nacionais, é sem som, portanto meus amigos, a recomendação é-me indiferente.
Aliás, parece-me que os sportinguistas são suficientemente sagazes para perceber o que devem ou não fazer em relação à comunicação social, sem precisarem que lhe apontem o "balde".
Não me incomodam os ditos "blackouts" e parece-me até que o presidente não terá mais que ido a reboque das caixas de comentários da blogosfera leonina. Sinal de que está atento e de que, se o não fez até agora, telo-á feito agora de forma ponderada. Não sei se asisada, mas se querem saber, é para o lado que eu durmo melhor.
Quero que fique claro que nada me move contra os jornalistas. Neste mundo cão onde vale tudo, nem todos têm arcaboiço para manter a coluna direita e pôr comida na mesa ao mesmo tempo. Percebo-os, contudo não os apoio. Sou a pessoa que me conhece melhor e dificilmente me agacharia perante qualquer sinal de condicionamento em qualquer actividade. Já sofri por isso, muito, sei o que é estar na "prateleira" meses, anos. Mas repito, não os condeno.
Já os jornais e as televisões e as rádios e quem dirige a sua linha editorial, é "outro número de obra", fia mais fino. A esses, parafraseando Boris Vian, irei cuspir-lhes (vos) nos túmulos. No entanto, a palha que diariamente estampam nas notícias só a come quem quer e eu palha, só de Abrantes.