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És a nossa Fé!

Ecos do Europeu (23)

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A Inglaterra, no futebol, sofre um trauma profundo: não ganha nenhum título a nível de selecção principal desde 1966 - o Mundial do nosso descontentamento, em que estivemos muito perto de atingir a final mas tombámos no confronto decisivo frente aos ingleses, anfitriões nessa prova. 

Cinquenta e oito anos de jejum é muito tempo. A culpa não é dele, mas as críticas ao seleccionador inglês, Gareth Southgate, são constantes. Muitos ainda lhe cobram o facto de não ter concretizado um penálti no desempate contra a Alemanha na meia-final do Europeu de 1996 - já depois da chamada «geração de ouro» portuguesa ter caído nos quartos-de-final frente à República Checa.

Ficou-lhe daí a fama de pé frio. Acentuada há três anos, quando a Inglaterra perdeu a final, também nos penáltis, contra a Itália - no Euro "covid", realizado em 2021 com Cristiano Ronaldo a sagrar-se rei dos marcadores e autor de um dos mais belos golos do torneio. Logo houve gritos contra Southgate, exigindo a sua destituição. Como fosse dele a culpa por três jogadores (Rashford, Sancho e Saka) terem sido incapazes de converter os respectivos pontapés de penálti.

 

Este ano as críticas redobraram. Desta vez contra o excessivo calculismo e "resultadismo" (à Fernando Santos) da selecção inglesa, protagonizando um futebol pastososo e lento, nada espectacular. Nos três primeiros jogos só conseguiram marcar dois golos - Bellingham contra a Sérvia, Harry Kane contra a Dinamarca. O Eslovénia-Inglaterra terminou 0-0: deu vontade de dormir.

Contra a Eslováquia, Kane resolveu no prolongamento: vitória inglesa por 2-1. Nos quartos, exibição inferior frente à Suíça, mas sorte nos penáltis que decidiram o apuramento para a meia-final após 1-1 ao fim de duas horas (Saka empatou aos 80', cinco minutos após Embolo ter facturado pela Suíça). Foi apenas a segunda vez, na história dos campeonatos europeus, em que três partidas dos quartos-de-final se decidiram após os 90 minutos regulamentares.

 

Chegou-se enfim ao confronto com a Holanda em Dortmund. Quarta-feira, 10 de Julho. Quando já se sabia que Espanha será finalista deste Euro 2024. Quando já abundavam adeptos ingleses a clamar de novo contra o pé frio Southgate.

Aos 7', os holandeses adiantaram-se com um golaço de Simons: recuperou e disparou com força a mais de 30 metros: a bola rumou, imparável, ao fundo das redes. Um dos grandes golos do torneio.

Ao contrário dos restantes, em que as defesas se impuseram, este foi um jogo mais aberto, dando primazia aos ataques, ao ritmo de parada-e-resposta. Neste contexto, a experiência de Kane revelou-se fundamental: aos 14' foi carregado em falta numa incursão na grande área. Houve demora no vídeo-árbitro, mas quatro minutos depois lá foi assinalado o penálti, que o já veterano avançado inglês converteu com a frieza habitual.

Foden esteve prestes a aumentar a vantagem aos 23'. O desafio prosseguiu a ritmo intenso, nada bocejante. Aos 30', Dumfries, numa grande impulsão, cabeceou à trave: o 2-1 favorável aos holandeses esteve à vista. Dois minutos depois, Foden - novamente em evidência - voltou a brilhar num tiro ao poste. A defesa holandesa, marcando à zona, desguarnecia o centro, facilitando a vida ao dinâmico tridente ofensivo adversário.

O empate 1-1 ao intervalo sabia a pouco. Europeu com poucos golos, este.

 

Ambas as equipas regressaram algo apáticas ao relvado. Mas a pressão do relógio impôs-se: Simons quase marcou o segundo, aos 78', num remate picado. Pickford, com bons reflexos, impediu o golo.

No minuto seguinte, Saka meteu-a lá dentro, com assistência de Foden. Foi rebate falso: havia fora-de-jogo.

Aos 80', espanto geral: Foden e Kaen recebem ordem para sair. Deram lugar a Palmer e Watkins. E foram estes, precisamente, a construir o golo do triunfo. No minuto 90, quando já quase todos anteviam o prolongamento. O avançado do Aston Villa recebeu-a de costas e desferiu um remate cruzado, lateral, de ângulo quase impossível: a bola encaminhou-se para o poste mais avançado, passando entre as pernas de Stefan de Vrij. 

Já não havia tempo para os holandeses reagirem: a Inglaterra chegou à segunda final consecutiva. Defronta Espanha, indiscutível favorita, amanhã à noite. Southgate mantém a fama de pé frio. A verdade, porém, é que a selecção inglesa perdeu apenas um dos últimos vinte jogos oficiais em que participou. 

 

Inglaterra, 1 - Suíça, 1 (5-3 nos penáltis)

Holanda, 1 - Inglaterra, 2

A minha selecção é o Sporting

Sim, vibro muito mais com os êxitos ou inêxitos do Sporting, do que com os da chamada selecção nacional.

Não quero dizer com isto que não queira que a selecção ganhe sempre, ou que fique satisfeito quando não alcance os objectivos, nada disso.

O que me chateia é o aparente (ou evidente) favorecimento de alguns jogadores convocados pela condição da sua essociação a um empresário (Jorge Mendes), em detrimento da convocação dos que melhor estão no momento da competição que se vai disputar. Não tem sequer nada a ver com a convocação ou não com atletas que jogam e bem no Sporting.

A minha aversão à selecção tem a ver com o statos quo que se instalou naquela institução que é de utilidade pública, mas que ao longo de anos é governada por gente umbilicalmente ligada quase exclusivamente  a um único clube. "Ah, mas são bons profissionais e isentos", dir-me-ão. Pois até dou de barato, mas nestas coisas da bola como noutras sem qualquer importância, à mulher de César não basta ser séria, certo? Aquilo é um ror de vice-presidentes e malta dos salamaleques a cheirar a galináceo, que deus ma livre!...

Quem perde o seu precioso tempo a ler o que por aqui vou escrevendo, sabe que o meu apoio à selecção se deve a Ronaldo. Se houver algum motivo maior que este, estou disposto a dirimir armas.

Não sei se Cristiano estará disponível para a qualificação para o Mundial e para nele participar, mas parece-me que a FPF não quererá deixar ir embora quem lhe enche os estádios e quem lhe enche os cofres com patrocínios, portanto cá continuarei a apoiar a selecção nacional do Mendes, nos intervalos. No tempo regulamentar, a minha preocupação é o Sporting, que está aí numa nova época, com um título para defender, esta sem o nosso capitão, que o infortúnio obrigou a que nos deixasse contra o desejo de todos, o próprio incluído.

Mais quanto ao resto, meus senhores, é para o bi.

E já agora, que ainda estou a tempo e como na camisola têm um leão e como eu sou do tempo do Cruijff e do Resembrink e de outros monstros da bola que se batiam que nem leões, que ganhe a Holanda, ou Países Baixos, ou o raio que aquilo se chama agora.

 

Ecos do Europeu (8)

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Dois jogos contrastantes. No primeiro, domínio total de Espanha: o país vizinho quer recuperar a hegemonia que manteve no futebol planetário entre 2008 e 2014, período em que venceu dois campeonatos da Europa e um mundial. 

O Espanha-Itália era um dos jogos mais aguardados deste Euro-2024. Mas poucos imaginariam tão grande disparidade entre os contendores. Foi total o domínio físico, táctico e técnico da selecção que veste de vermelho e detém o título da Liga das Nações conquistado em 2023 na disputa final contra a Croácia. Os espanhóis asfixiaram os italianos, actuais campeões europeus, travando-lhes quase todas as veleidades ofensivas. Ao intervalo, era abismal a diferença entre remates: nove para Espanha, um para Itália. A squadra azzurra não registava qualquer oportunidade de golo. Scamacca, estrela da Atalanta (e "carrasco" do Sporting na Liga Europa) quase não tocou na bola.

Parecia uma reedição da final de 2012, quando a Itália também foi ao tapete. Contei sete ocasiões de golo dos espanhóis, protagonizadas por vários jogadores que merecem ser campeões: Pedri, Fabián Ruiz, o ainda adolescente Lamine Yamal e sobretudo o enorme Nico Williams, nesta sua estreia numa fase final de um Europeu. Foi extraordinária, a actuação do avançado do Atlético de Bilbau naquela ala esquerda, que dominou por completo: capacidade de drible, precisão de passe, superioridade técnica. E esteve a centímetros de marcar um golo de bandeira, aos 70': a bola embateu na barra. 

Com apenas 21 anos, Williams é o jogador que mais se valorizou até agora neste certame. Contribuindo para conduzir Espanha aos oitavos-de-final. Neste confronto da noite de anteontem em Gelsenkirchen só admira como a vitória espanhola foi alcançada pela margem mínima, com autogolo de Calafiori, aos 55'. O quinto autogolo deste Europeu.

«Banho de bola», chamou-lhe a Marca. E com razão. Nuestros hermanos mereciam ter vencido por goleada. A grande figura do encontro revelou-se Donnarumma, com defesas impossíveis aos 2' (remate de Pedri), aos 25' (Fabián Ruiz), aos 58' (Morata) e aos 90'+2 (Ayose Pérez). Mas esta Itália onde ainda actuam seis campeões europeus de 2021 parece uma sombra do que já foi.

 

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Sem Mbappé, que não saiu do banco após ter partido o nariz no embate contra a Áustria, a selecção gaulesa teve nova exibição insuficiente, agora no confronto com a da Holanda, que de "laranja mecânica" tem pouco. Ou nada.

Na partida de ontem à noite em Leipzig, a nota dominante, mas pela negativa, coube a Griezmann. Com três perdidas incríveis - aos 4', aos 16' (aqui em parceria com Rabiot) e aos 65'. Domínio territorial não traduzido no resultado: o jogo terminou como começou. O primeiro empate a zero deste Euro-2024. Indigno de um torneio europeu.

Mesmo sem brilho, a Holanda até marcou - aos 69'. Mas não valeu, devido a fora-de-jogo posicional de Dumfries quando Xavi Simons a enfiou nas malhas. Algo muito semelhante ao golo de Morten invalidado a 3 de Setembro em Braga, para o nosso campeonato: Pedro Gonçalves, mesmo parado, estava demasiado próximo do guarda-redes, dificultando-lhe a visão e a manobra entre os postes.

Sed lex, dura lex: é assim também no futebol de elevadíssima competição. Ficaram em branco, talvez merecessem isso. Nós, espectadores, é que não.

 

Espanha, 1 - Itália, 0

França, 0 - Holanda, 0

A ver o Europeu (12)

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LOCATELLI, WIJNALDUM, BALE

Atenção a Itália, como já tinha escrito aqui: apresenta uma selecção fabulosa neste Europeu. Jogando ontem novamente em casa, no Estádio Olímpico de Roma, os italianos fizeram outra extraordinária partida, levando a Suíça ao tapete. Pela mesma marca que Portugal aplicou à Hungria.

Locatelli, médio ofensivo do Sassulo, teve uma partida de sonho: marcou os dois primeiros golos, aos 25' e aos 52'. Immobile, aos 89', fixou o resultado - tendo também já dois apontados no Euro-2021. A Suíça facilitou a missão italiana: passiva, sempre remetida à defesa, incapaz de um lance bem construído.

Décimo jogo seguido da squadra azzurra a ganhar, sem sofrer um só golo. Duas vitórias, com 6-0 no total, até agora no Grupo A. Grandes, enormes, jogadores: Spinazzola, Chiesa, Bonucci, Berardi, Jorginho. Já estão nos oitavos. Foram os primeiros a carimbar o passaporte para a fase seguinte deste Euro-2021.

 

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Também a Holanda transitou para os oitavos, já hoje. Clara superioridade da selecção laranja perante os austríacos. É certo que jogavam em casa, no estádio de Amesterdão, mas a equipa adversária mal conseguiu dar réplica. Desconfio sempre, aliás, das selecções que têm um defesa como principal vedeta - no caso austríaco, o capitão Alaba, prestes a estrear-se no Real Madrid. Foi dele, aliás, a melhor oportunidade dos visitantes, com um forte remate aos 81' que saiu ligeiramente ao lado. Mas também foi ele a cometer o penálti que facilitou a vitória holandesa, logo aos 9': decisão do vídeo-árbitro, instrumento decisivo para a verdade desportiva, como este certame tem confirmado.

Depay meteu-a lá dentro. Aos 67', Dumfries confirmou a vitória. Mas o astro do encontro foi Wijnaldum, médio do Liverpool: é um pilar da selecção, parece actuar no campo todo.

Dois jogos, duas vitórias, comando indiscutível do Grupo C: há que levar em devida conta esta Holanda. Longe do brilhantismo de outrora, mas com inegável eficácia em campo.

 

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Gareth Bale andou desaparecido no jogo inaugural do País de Gales, frente à Suíça. Mas reapareceu ontem, no embate contra a Turquia em Baku, onde foi pedra basilar. Os dois golos do triunfo galês resultaram de assistências dele: o primeiro numa parceria com Ramsey (42'), o segundo com magnífico desfecho, de Kieffer Moore (90'+5). 

Estes foram os pontos altos. Em contraste, Bale falhou um penálti atirando a bola para a bancada: acontece aos melhores.

A Turquia - desta vez com Demiral ausente do onze titular - fica quase de certeza pelo caminho. Com duas derrotas nas partidas disputadas no Grupo A. Cinco golos sofridos, nenhum marcado. Quem disse que a Hungria, que defrontou Portugal, era a equipa mais fraca do Europeu?

 

Itália, 3 - Suíça, 0

Holanda, 2 - Áustria, 0

País de Gales, 2 - Turquia, 0

A ver o Europeu (8)

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DOIS GRANDES GOLOS

O sal do futebol é o golo: por mais elaborados que sejam os esquemas tácticos, por mais técnica individual que revelem alguns jogadores, nada disto tem grande significado sem golos. 

Até agora, vi dois que merecem destaque. O primeiro foi ontem marcado por Yarmolenko, no Holanda-Ucrânia disputado em Amesterdão: o chamado golo de fazer levantar um estádio. Num remate em arco com o pé esquerdo para para o canto superior direito da baliza holandesa. Vale a pena ver e rever.

A Ucrânia perdia por 0-2, este tiro nas redes holandesas relançou o jogo: quatro minutos depois Yaremchuk estabelecia o empate, pondo a selecção laranja em sentido.

Tudo podia acontecer. Mas Dumfries, um defesa com vocação goleadora, encarregou-se de fixar o resultado aos 85', assumindo-se como figura do jogo. Grande segunda parte - a melhor, até agora, deste Europeu. Com todos os golos marcados neste período e resultado incerto até ao fim.

 

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Este golo foi memorável só durante 24 horas. Porque hoje surgiu outro que o destronou. E que se arrisca desde já a ser eleito o melhor do Euro-2021. Um espectacular chapéu enfiado com precisão cirúrgica, à distância de 45 metros, na baliza da Escócia. Que até jogava em casa, incentivada pelo seu público, em Hampden Park (Glasgow).

Autor desta proeza, aos 52': Patrick Schick, avançado do Bayern Leverkusen. Que bisou neste embate da República Checa com os escoceses: já tinha sido dele o golo inicial, marcado de cabeça, aos 42'. É desde já uma das grandes figuras deste Europeu, que está a registar bons confrontos. Não exigimos menos que isto no patamar máximo do futebol.

 

Holanda, 3 - Ucrânia, 2

Escócia, 0 - República Checa, 2

O FC Porto deve ser proclamado campeão?

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Começa a desenhar-se uma tendência: o coronavírus apressou mesmo o fim das competições futebolísticas europeias.

A 2 de Abril, a liga belga de futebol deixou-se de rodeios e anunciou o fim prematuro da temporada 2019/2020, quando haviam sido disputadas 29 jornadas: o Clube Brugge, que liderava o campeonato com 15 pontos de vantagem, foi declarado campeão, confirmando-se o Gent no segundo posto e consequente entrada na próxima Liga dos Campeões.

A 24 de Abril, foi a vez de a federação holandesa dar por finda a época 2019/2020. Neste caso adoptando um modelo diferente, como eu já tinha anotado aqui: sem atribuição de título de campeão, quando faltavam disputar nove rondas do campeonato. Com Ajax e Alkmaar em igualdade pontual no topo da classificação.

Já ontem, o Governo de Paris dissipou as dúvidas que restavam: o campeonato francês não será retomado, à semelhança de todas as competições desportivas referentes à época 2019/2020. Estádios e pavilhões permanecerão encerrados até Setembro. Não haverá sequer desafios à porta fechada, como a liga francesa de futebol havia sugerido, entre 17 de Junho e 25 de Julho. Ficam por jogar dez rondas, quando o Paris Saint-Germain liderava por larga margem - vantagem de 12 pontos com um jogo a menos - sobre o Marselha, segundo classificado.  

Parece vir a ser diferente o desfecho em países como Alemanha (com o possível regresso do futebol no fim de Maio) e em Espanha (onde as competições talvez possam retomar-se na primeira quinzena de Junho, algo ainda incerto).

Quanto a Portugal, saberemos provavelmente na próxima quinta-feira. Mas nesta fase já poucos se admirarão que as partidas do futebol profissional tenham mesmo chegado ao fim, o que abrirá um rombo financeiro em todos os emblemas desportivos portugueses envolvidos na alta competição.

Como escrevi há mais de um mês no És a Nossa Fé, só antevejo duas opções: ou o FC Porto é proclamado vencedor ou não haverá título de campeão nacional na temporada 2019/2020.

Chegou a altura de vos perguntar qual destes cenários preferem. 

O exemplo holandês

Enquanto noutros países europeus a indecisão prevalece, a federação holandesa de futebol já desfez as dúvidas: a época 2019/2020 terminou sem chegar ao fim, o que invalida a atribuição do título de campeão nacional. Isto porque não havia garantia de que, em tempo útil, as nove jornadas que estavam em falta pudessem disputar-se em circunstâncias idênticas às anteriores. Qualquer outro cenário violaria as regras básicas de equidade da competição.

Compreendo, portanto, o que leva os holandeses a decidir: não haverá subidas nem descidas de divisão e o título de campeão fica por atribuir. Como se esta temporada futebolística nunca tivesse existido.

O pior, por vezes, acaba por ser a indecisão.

Mérito, talento e competência

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É o seleccionador nacional que já orientou a equipa das quinas em mais jogos do que qualquer outro antes dele.

Há três anos, em França, levou Portugal a uma conquista histórica: o Campeonato da Europa em futebol. Somos, ainda hoje, campeões em título.

Ontem, no Porto, venceu a segunda final europeia. Desta vez levando a nossa selecção a conquistar a Liga das Nações, prova que se realizou pela primeira vez - e em palco nacional, o que muito nos lisonjeia.

Não só vencemos: também convencemos. Cumprimos sem derrotas a campanha de qualificação no nosso grupo. Agora, na fase final, vencemos a Suíça (por 3-1) e a Holanda (por 1-0). Com três golos de Cristiano Ronaldo e um de Gonçalo Guedes.

Apesar destas evidências, ainda há muitos portugueses que se recusam a reconhecer mérito, talento e competência a Fernando Santos. Dizem que vence com sorte, recorre a esquemas hiper-defensivos, sem dar espectáculo. São os mesmos que gritam por Messi à passagem de Ronaldo ou que dão vivas a Guardiola quando avistam Mourinho. Isto deriva do típico masoquismo nacional: idolatramos compatriotas que perdem por sistema e detestamos aqueles que regressam a casa com títulos e troféus.

Recomendo aos detractores de Fernando Santos que neste Dia de Portugal revejam com calma e paciência a final de ontem no Dragão, em que dominámos a selecção holandesa, uma das melhores da Europa. E pergunto-lhes se depois disso ainda serão capazes de negar atributos ao engenheiro que conduziu a selecção à melhor etapa da sua história.

Tudo ao molho e FÉ em Deus - Uma Laranja amarga

Vêr a bola rolando sobre a relva num jogo da Selecção é natural, o que não é natural é vêr Rolando sobre a relva a jogar à bola pela Selecção. Mas não foi só o marselhês que esteve mal, visto que ao seu lado a Fonte secou. Acrescente-se a presença de André Gomes como trinco, de um ainda pouco rodado Adrien no centro do campo e de um(a) Cancelo(a) sempre aberto(a) às investidas holandesas e já não haveria seguradora que pudesse cobrir o risco de acidente. 

 

Portugal, ao contrário do que costuma ser a nossa atitude contra a Holanda, decidiu tentar assumir as despesas da partida, mas com as linhas muito distantes entre si acabou por facilitar o invulgarmente cínico jogo holandês, permitindo transições cirúrgicas donde resultaram três golos sofridos na primeira parte.

 

A segunda parte foi um pouco melhor, mas os golos de Ronaldo não apareceram, as trivelas de Quaresma continuaram no balneário e, para piorar a situação, do outro lado esteve um inspiradíssimo Jasper Cillessen a manter a sua baliza inviolável. Paradoxalmente, os melhores jogadores da nossa Selecção foram os que jogam em Portugal: Gelson Martins, incansável a fazer todo o corredor pós-expulsão de Cancelo, foi de longe o melhor e Bruno Fernandes tentou remar contra a maré. Nota positiva também para São Patrício que não sofreu qualquer golo  nesta dupla jornada helvética...

 

Derrota importante para recentrar os pés na terra e perceber que temos um longo trabalho pela frente. A defesa, nomeadamente a sua zona central, preocupa e muito. Volta Pepe!!! E, já agora, talvez não seja mal pensado o regresso de Éder. Embora falhe golos a 2 metros da baliza como André Silva, pelo menos tem a meia distância. E é talismâ! 

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Nulidade

Alguém sabe dizer-me por que motivo um tal Cancelo alinhou hoje como titular da selecção nacional, fornecendo brindes sucessivos à Holanda, que nos derrotou por 3-0 em Genebra, num jogo de "preparação" para o Mundial, com paupérrima exibição do onze português?

O dito cujo conseguiu destacar-se ao ter responsabilidades directas nos três golos da Holanda e cometer faltas grosseiras que o levaram a ser brindado com dois cartões amarelos - e a consequente expulsão, ficando Portugal a jogar só com dez a partir do minuto 62. E assim sofremos a maior derrota a nível de selecção desde 2014.

Espero desde já que o seleccionador Fernando Santos o deixe sem bilhete de avião para a viagem a Moscovo. Meu caro Cédric: como é óbvio, a posição é tua.

Meteram a viola no saco

Alguns, por cá, apressaram-se a desvalorizar o trabalho de Fernando Santos à frente da selecção nacional considerando que o actual modelo de qualificação para o Campeonato da Europa, pelas facilidades inerentes, tornou quase obrigatória a presença de grande parte das equipas nacionais na fase final em França.

Gostava de saber como é que, neste contexto, tais sumidades comentam a ausência da Holanda do próximo Europeu, apesar de ter sido semifinalista do último Mundial. Mesmo com as tais facilidades, a outrora "laranja mecânica" ficou pelo caminho - algo que não sucedia desde 1984. Suprema humilhação: na jornada decisiva, os holandeses perderam em casa contra a República Checa.

Enquanto, pelo contrário, Portugal se qualificou por mérito próprio ainda antes de chegarmos à última jornada da qualificação. Lá tiveram os críticos de Fernando Santos de meter a viola no saco.

A ver o Mundial (30)

Escutei já hoje o que se disse ontem à noite nas televisões portuguesas sobre o Brasil-Holanda. Num dos canais - por sinal aquele que, de longe, pior trata o futebol - todo o espaço de comentário foi utilizado para pendurar Luiz Felipe Scolari no pelourinho. Um dos intervenientes chegou ao ponto de dizer que a conquista da Taça das Confederações em 2013, já com Scolari ao leme do escrete, foi péssima para o Brasil pois travou a indispensável renovação dos canarinhos, blablablablá patati patatá.

Ainda esperei que, numa lógica simétrica, todos quantos degolaram, vergastaram e lapidaram Scolari - tornando o treinador já não só o responsável máximo mas o responsável único dos desaires de uma equipa - saíssem em elogio e louvor do seleccionador holandês, Louis van Gaal. Nada disso: nem uma palavra sobre o tema. Os treinadores, na óptica do painel deste canal, só merecem menção pela negativa, nunca pela positiva.

 

Toda a linha de raciocínio deste programa de rescaldo e análise do encontro de ontem para a obtenção do terceiro lugar no pódio do Mundial decorreu em obediência à lógica do demérito brasileiro, sem invocação expressa (e mais que justificada) do mérito holandês.

Como se fosse por acaso que a Holanda se despediu do Mundial sem uma derrota.

Como se fosse por acaso que os holandeses tivessem renovado em grande parte a sua selecção, eliminada no Euro-2012 ainda na fase de grupos.

Como se fosse por acaso que Robben se sagrou o maior valor individual deste torneio, correndo em cada jogo como se fosse o último (e no Brasil-Holanda sofreu uma grande penalidade cometida por Fernandinho à qual o árbitro fez vista grossa, talvez para poupar a turma anfitriã a uma segunda goleada consecutiva).

 

Os erros grosseiros cometidos pelos brasileiros em campo foram igualmente escamoteados por estes comentadores.

Nem uma palavra sobre a falta cometida por Thiago Silva sobre Robben logo aos dois minutos (e que o árbitro, amiguinho, sancionou apenas com cartão amarelo quando devia ter exibido o vermelho).

Nem uma palavra sobre o absurdo alívio de David Luiz aos 17' que funcionou como assistência ao segundo golo holandês.

Nem uma palavra sobre as exibições apagadíssimas de Jo e Willian, os "reforços" que os críticos de Scolari mais vinham reclamando para o onze titular.

 

Toda a análise foi feita à luz da putativa obrigação do Brasil em sagrar-se vencedor.

Como se houvesse triunfadores antecipados em futebol.

Como se a Holanda não existisse.

O escrete comandado por Scolari sai do Mundial no quarto lugar. Como saiu em 1974, no Campeonato do Mundo que se seguiu à brilhante conquista do troféu Jules Rimet no México, ainda com vários jogadores titulares da conquista desse tricampeonato. E em melhor posição do que conseguiu a tão elogiada selecção de 1982, eliminada antes das meias-finais mesmo com o brilhantismo de Sócrates, Falcão e Zito.

 

Falar assim de futebol, sem critério nem memória, é demasiado fácil. Os cafés portugueses estão cheios de comentadores deste género: qualquer mediano olheiro televisivo pode recrutá-los lá.

A ver o Mundial (29)

Confirma-se: este será para os brasileiros um Campeonato do Mundo ainda mais traumático do que o de 1950, quando o escrete foi vice-campeão perdendo na final com o Uruguai. Um desfecho muito mais aceitável, apesar de tudo, do que esta hecatombe à beira do fim do segundo Mundial em que os brasileiros participaram na qualidade de anfitriões. Derrotados frente à poderosa Alemanha na terça-feira, novamente derrotados esta noite perante uma Holanda que foi superior do primeiro ao último minuto do desafio. Segundo desaire consecutivo do Brasil: dez golos sofridos, apenas um marcado.

Os comentadores da RTP procuraram desde o início desvalorizar esta partida transmitida em directo pelo canal público, o que não faz o menor sentido. Ainda hoje todos celebramos o lugar de Portugal no pódio naquele saudoso Mundial de 1966. Além disso, estes desafios costumam ser mais emocionantes e ter mais golos do que muitas finais. Foi assim há quatro anos, por exemplo.

Perder, nem a feijões. E para o Brasil este desafio era mais importante do que a simples disputa do terceiro lugar no Campeonato do Mundo: era também a derradeira oportunidade de levantar a cabeça. A honra da selecção comandada por Scolari estava em jogo.

 

O seleccionador brasileiro fez seis mudanças no onze titular. Regressou o capitão Thiago Silva, que estivera afastado do encontro anterior por acumulação de cartões. Maxwell, Maicon, Ramires, Willian e Jo entraram de início. No banco sentaram-se Dante, Marcelo, Fernandinho, Bernard, Hulk e Fred. Neymar, lesionado, continuou de fora.

Não valeu de nada alterar a frente atacante, como reclamavam algumas das vozes mais críticas de Scolari: mesmo recauchutada, a linha ofensiva foi de uma inacreditável inoperância enquanto a defesa voltava a passar por inúmeros calafrios. O primeiro, logo aos dois minutos, resultou no primeiro golo holandês quando Thiago Silva derrubou Robben num momento em que o rapidíssimo número 11 só tinha Júlio César pela frente. Ficou a ideia de que o lance ocorreu ainda fora da área, mas o capitão brasileiro devia ter sido expulso. O árbitro argelino limitou-se a mostrar-lhe o cartão amarelo.

Van Persie converteu a grande penalidade. E aos 17' a Holanda marcava o segundo, apontado por Blind após jogada que teve início nos pés de Robben (que esteve nos três golos da sua equipa e voltou a ser o melhor em campo, confirmando-se como uma das grandes figuras deste Mundial).

Por momentos, instalou-se no estádio de Brasília o espectro de uma nova goleada. Até porque o segundo golo resultou de mais um clamoroso erro defensivo cometido por David Luiz, reeditando a lamentável exibição frente à Alemanha.

 

 Robben, uma das grandes figuras deste Mundial

 

Ficou evidente que a derrota anterior não resultou de um infortúnio de ocasião. Pelo contrário, deriva de graves problemas estruturais desta selecção brasileira, que voltou a exibir-se de forma desorganizada, assentando o seu jogo em inócuos pontapés para a frente e abrindo imenso espaço entre as linhas, logo aproveitado pela Holanda para exibir a sua enorme superioridade táctica.

Cada vez que os holandeses atacavam faziam-no de forma eficaz e organizada. O Brasil, pelo contrário, era um caos em campo com vários dos seus jogadores nucleares - novamente com destaque para David Luiz - a jogar fora das posições que lhes estavam confiadas. Um caos apenas contrariado pelo esforçado desempenho de Óscar, única cabeça lúcida no meio daquela anarquia. Merecia - ele sim - ao menos repetir o golo de honra que registou frente aos alemães. Mas convém assinalar: o primeiro remate com algum perigo para a baliza holandesa, apontado por Ramires, ocorreu quando já havia decorrido uma hora de jogo.

O escrete sai de cena sem honra nem glória: foi a selecção que sofreu mais golos. E nem sequer teve a dignidade de saber perder: toda a equipa recolheu ao balneário, recusando participar na entrega do prémio aos holandeses pelo terceiro lugar. Um gesto muito feio.

 

A Holanda - que já havia eliminado o Brasil na meia-final do Campeonato do Mundo de 2010 - sai de cabeça erguida deste Mundial, sem ter sofrido qualquer derrota. Balanço muito positivo: cinco vitórias e dois empates (tendo sido afastada pela Argentina por grandes penalidades), na sequência do brilhante apuramento, em que conseguiu nove triunfos em dez jogos, marcando 34 golos. Robben sai do Brasil como uma das figuras do torneio. E desta vez nem precisou do contributo de Sneijder, que assistiu à partida no banco por se ter lesionado enquanto fazia exercícios de aquecimento, momentos antes de entrar em campo.

Fez hoje um mês que o Mundial começou. E vai terminar amanhã, com a final entre Alemanha e Argentina. Por mim, só lamento que a Holanda não esteja lá. Merecia, sem qualquer dúvida.

 

Brasil, 0 - Holanda, 3

O outro Brasil

A Holanda ganhou nos últimos 40 anos a justificada fama de produzir um tipo de futebol que se conta entre os melhores do mundo. A fama refere-se, no entanto, a um jogo feito de habilidade, passe, posse, ratice... Não por acaso, já alguém a designou como "o Brasil da Europa". Este ano, porém, pela mão de um dos seus melhores treinadores, decidiu aparecer com uma coisa que parecia saída dos anos 90: trocas de bola entre os defesas, à espera de avanços da outra equipa que dessem para fazer uns contra-ataques. A Espanha foi a única a cair na ratoeira. Ninguém mais o fez. Resultado: ver a Holanda neste Mundial foi uma chatice pegada, culminando no Lexotan em forma de jogo de futebol (alô Luís Freitas Lobo) que foi a meia-final de ontem. Os holandeses, tal como os brasileiros, também são uns traumatizados: três finais, três campeonatos perdidos, dois dos quais quando jogavam o melhor futebol do Mundial. Deve-lhes ter passado pela cabeça, como aos brasileiros, que era assim que ganhavam, renegando o que sempre fizeram. Não ganharam. É bem feito.

A ver o Mundial (28)

Prometia ser um confronto entre Messi e Robben, uma espécie de tira-teimas para avaliar quem esteve melhor no Campeonato do Mundo - se o holandês com três golos, uma assistência e um recorde pessoal de jogador mais veloz (com o registo de 31,6km/hora), se o argentino com quatro golos e duas assistências.

Não foi nada disso, afinal. Acabámos de ver no Arena Corinthians, em São Paulo, um dos desafios mais monótonos e entediantes do Campeonato do Mundo. Quase a fazer lembrar aquela final aferrolhada e medrosa entre alemães e argentinos do Mundial de 1990 em que ambos abdicaram por completo de qualquer vestígio do futebol de ataque - a pior de que há memória entre os adeptos do desporto-rei.

Basta dizer que ao longo de toda a partida desta noite, incluindo a meia hora de prolongamento regulamentar após o empate a zero aos 90 minutos, houve apenas cinco remates à baliza contrária feitos pela Argentina e só três concretizados pela Holanda. E nenhum deles, em boa verdade, levando verdadeiramente um indiscutível sinal de perigo.

 

Supremacia das defesas sobre os ataques neste Argentina-Holanda em que o jogador mais em foco acabou por ser Mascherano, defesa sul-americano? Sim. Mas mais que isso: foi um autêntico anti-clímax após o desafio de ontem, constituindo de algum modo a sua antítese. Por outras palavras: tanto argentinos como holandeses ficaram a tal ponto apavorados com os erros tácticos cometidos pelos brasileiros na meia-final frente à Alemanha que procuraram evitá-los a todo o custo, não arriscando um milímetro em soluções de ataque. A partida decorreu quase todo o tempo empastelada no meio-campo, com pequenas oscilações territoriais que em nada afectaram o cômputo geral. E se não fossem os penáltis finais aposto que ainda estariam naquele bocejante jogo do empurra no miolo do terreno, como se nenhuma das duas selecções quisesse verdadeiramente ganhar.

 

Recorreu-se portanto às grandes penalidades. E também aqui o seleccionador holandês, Van Gaal, se deixou de ousadias: enquanto no desafio anterior, frente à Costa Rica, fez avançar o terceiro guarda-redes do banco só para defender os penáltis (meta coroada de êxito, pois Krul travou dois, tornando-se uma das figuras do jogo), desta vez manteve em campo o titular, Cillessen, talvez para não ofender as bempensâncias do comentário ludopédico, que se haviam escandalizado com a fuga à pauta no embate do passado domingo.

Fez mal: os argentinos agradeceram. E lá irão eles à final do Campeonato do Mundo, frente aos alemães, depois de terem feito muito pouco para tanto destaque. Desta vez nem Messi, jogando em posições muito recuadas, deu um ar da sua graça.

Ocorrerá no próximo domingo a desforra argentina para vingar a derrota na final de 1990? Sinceramente, não creio. Há uma distância enorme entre esta mediana Argentina e a fulgurante Alemanha que acaba de golear o Brasil por números inéditos.

O melhor do jogo acabou por ser a evocação inicial da memória de Alfredo di Stéfano, um dos maiores génios de sempre dos relvados, falecido no fim de semana aos 88 anos. Lá no assento etéreo onde subiu, como versejou o nosso Camões, o grande campeão ficou certamente satisfeito com este resultado: há um quarto de século que a sua Argentina natal não chegava tão longe.

Como homenagem fúnebre não esteve mal.

 

Argentina, 0 - Holanda, 0 (4-2 nas grandes penalidades)

Que ganhe… o futebol!

Aproximam-se as meias-finais de um Mundial de futebol que colocou quatro das melhores equipas nesta fase (quase) final. Alemanha, Argentina, Brasil e Holanda vão digladiar-se entre hoje e amanhã para discutirem os dois lugares no Maracana. Um par de jogos que se prevêem muito emotivos e de resultado claramente incerto.

Neste Mundial não tive preferência por qualquer selecção (nem a portuguesa!!!) e nem agora penso nisso. Quem ganhar que o faça apenas com mérito e sem casos.

Curiosamente estas meias-finais resultaram em embates entre selecções europeias contra sul-americanas. Dois estilos de futebol assaz diferente, mas deveras atractivo.

O Brasil apresenta-se hoje sem Neymar nem Thiago Silva, mas nem mesmo estas condicionantes serão suficientes para retirar à equipa da casa algum favoritismo. Só que a Alemanha parece ser uma selecção imune aos estad(i)os de espírito. O treinador alemão conhece bem os seus recursos e sabe com o que pode contar. Disciplinada e assertiva, a selecção germânica tem jogadores com qualidade suficiente para num segundo resolverem qualquer partida.

Amanhã teremos então na outra meia-final duas equipas com percursos bem semelhantes, pois ambas ganharam todos os jogos dos seus respectivos grupos. No entanto a Holanda pareceu bem melhor tanto a nível futebolístico como a nível físico. A Argentina, por sua vez, tarda em convencer os adeptos do futebol da sua qualidade e não fosse Lionel Messi, provavelmente a equipa das Pampas já estaria de férias. E das duas uma: ou a Holanda ressente-se da última jornada com prolongamento e penalidades e a Argentina tem hipótese (mesmo sem Di Maria) de seguir em frente ou muito provavelmente os alvi-celestes vão discutir o terceiro e quarto lugares.

Seja como for perspectivam-se dois jogos de alta qualidade e com emoção a rodos.

Para mim só espero e desejo que o maior vencedor seja o apenas e só… o futebol!

 

 

Também aqui

A ver o Mundial (25)

Tudo está bem quando acaba bem.

A Holanda foi muito superior à Costa Rica no desafio dos quartos-de-final disputado em Salvador. Merecia passar à fase seguinte, o que aconteceu - embora só com recurso aos pontapés de grande penalidade pois o empate a zero persistiu após mais de 120 minutos de jogo.

A Costa Rica, que chegou a jogar em 5-4-1, estacionando um autocarro à frente da baliza brilhantemente defendida por Keylor Navas, também tem motivos para estar satisfeita: regressa a casa sabendo que chegou mais longe do que em qualquer outra fase final de um Campeonato do Mundo e revelou ao planeta futebol um punhado de jogadores de grande talento: Christian Bolaños, Bryan Ruiz, Gamboa, Celso Borges, Giancarlo González, Tejeda (que impediu um golo holandês desviando a bola na linha de baliza), Umaña (que ia marcando um golo já no prolongamento) e Júnior Díaz (que devia ter sido expulso por jogo violento), além do guardião Navas, que joga no modesto Levante e poderá ser um reforço do FCP.

O melhor deste desafio, que decorreu morno e entediante durante mais de uma hora, aconteceu quando se aproximava do fim: nessa altura os holandeses decidiram enfim aplicar a sua melhor arma, que é a velocidade. As corridas estonteantes de Robben pela ala direita iam partindo os rins à linha recuada costarriquenha (ou seja, à equipa quase inteira) e as bolas paradas que partiam dos pés de Sneijder levavam sempre o selo de perigo (duas delas foram travadas pelos postes).

Quando se percebeu que o apuramento só seria resolvido com a marcação de penáltis, o seleccionador holandês, Van Gaal, tomou uma decisão que fez os puristas da bola abrir a boca de espanto: mandou sair o guarda-redes titular, Cillessen, fazendo entrar o suplente Krul só para defender as penalidades. Uma aposta de alto risco que se revelou certeira: Krul defendeu os remates de Bryan Ruiz e Umaña, o que bastou para qualificar a Holanda.

Na meia-final de quarta-feira os holandeses terão de defrontar uma selecção argentina que se desgastou muito menos na eliminatória que lhe coube. Em futebol de alta competição, sobretudo quando é disputado sob a temperatura a que tem decorrido este Mundial do Brasil, estes pormenores contam muito. Messi e companheiros têm motivos para sorrir.

 

Costa Rica, 0 - Holanda, 0 (3-4 nas grandes penalidades)

Bom, ainda há algum interesse...

A minha preferida nesta fase, a Holanda, continua em prova.

Não é por nada, são ainda recordações daquelas fabulosas equipas dos anos setenta e do futebol total de Cruiff, Neeskens, Rensenbrink, Rep e companhia.

E também porque aquela camisola, apesar de laranja, tem um enorme... LEÃO!

Pela garra demonstrada, até parecem os nossos na ultima época...

Agora espera-os a Costa Rica. Não é fácil, mas as meias estão mesmo aí.

A ver o Mundial (19)

Três minutos, à beira do fim, ditaram uma das mais impressionante reviravoltas em jogos do Campeonato do Mundo. Em benefício da Holanda contra uma das equipas-sensação da prova: o México de Herrera, Guardado, Aquino, Guillermo Ochoa e Rafa Márquez. Com arbitragem de Pedro Proença.

Foi um jogo muito calculista, disputado com extrema lentidão na primeira parte, na tarde húmida, viscosa e soalheira de Fortaleza. Com o técnico mexicano, Miguel Herrera, a vencer o duelo táctico nesse período da partida ao montar a sua equipa com um dispositivo eficaz, impedindo as habituais cavalgadas ofensivas dos holandeses. Foi recompensado logo a abrir o segundo tempo quando o México pareceu embalado para a vitória com um golo de Giovani dos Santos em que o guardião Cillessen pareceu mal batido.

 

A partir daí, a supremacia táctica coube ao treinador holandês. Herrera mandou recuar demasiado as linhas, defendendo o resultado tangencial quando ainda havia mais de 40 minutos para jogar. Por sua vez Van Gaal trocou Van Persie, hoje marcadíssimo, por Huntelaar: a partir daí, e pela primeira vez neste desafio, a Laranja Mecânica fez jus ao cognome, comandando as operações. Poderia até ter chegado à vitória mais cedo: uma defesa extraordinária de Ochoa aos 57' travou-lhe o passo na sequência de um canto marcado por De Vrij. Depois, aos 74, o excepcional guardião mexicano impediu Robben de chegar ao golo.

Mas a pressão holandesa era fortíssima: adivinhava-se o empate a qualquer momento. Que chegou enfim aos 88', com um potente remate de Sneijeder, aproveitando uma bola de ressalto. Três minutos depois, já no período complementar, Robben voltou a ser protagonista de um lance polémico dentro da área mexicana: aparentemente, Rafa Márquez prendeu-lhe o pé de apoio em zona proibida. Pedro Proença não hesitou, apontando para a marca de grande penalidade.

Já aos 44' um lance semelhante - culminando com outra queda de Robben, derrubado por Andújar - motivara fortes protestos holandeses, aos quais o árbitro português fez orelhas moucas. Desta vez tudo foi diferente: Huntelaar, chamado a converter o penálti, não falhou. Herrera protestou contra Proença, como lhe competia, mas a meu ver sem razão.

 

Já não havia tempo para reagir. Caía o mito Ochoa - até ao momento, o melhor guarda-redes do Mundial. Caía a selecção mexicana. Mas de pé, com o orgulho de quem se bate sem temor até ao fim. Merecia ter seguido em frente. Mas esta Holanda, já se percebeu, está imparável. Até onde chegará?

 

Holanda, 2 - México, 1

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