Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

És a nossa Fé!

Hoje giro eu - Convicções

Tanto se tentou fragmentar a realidade, apontando os golos que o Sporting ia sofrendo numa caminhada avassaladora de 7 vitórias consecutivas, 30 golos marcados e 8 golos consentidos, que agora não temos nem defesa nem ataque e o "Keizerbol" (jogo pelo centro) foi substituído pelo "cruzabol" do passado do nosso descontentamento. Os laterais deixaram de fazer costa-a-costa e Gaspar trocou o incenso pelo "insonso" (insosso), o trinco está cego na escuridão da caverna onde se fez prisioneiro, Bruno Fernandes e Wendel (ou Miguel Luís) ficam permanentemente em inferioridade numérica e deixou de haver circulação pelo meio. Depois, também não ajuda não haver alternativa a Dost. Ainda se fosse o "Diaby a 7"... Agora, o 23, nem desordem cria nos adversários. Quando virá o dia em que seguiremos firmes nas nossas convicções, fazendo ouvidos moucos aos flautistas de Hamelin?

 

P.S. Alguém realmente acredita que a dinâmica da equipa em Guimarães e Tondela foi igual à que nos tinha habituado nos jogos anteriores? Keizer perdeu por desconhecimento do futebol português e manhas dos seus treinadores ou por uma adaptação (aculturação) ao futebol cá do burgo que descaracterizou em parte a sua dinâmica de jogo? O batalhão de defesas e de médios no banco nos últimos jogos dá-Vos que indicador? Pareceu-Vos que as 3 linhas do meio-campo estavam tão bem definidas como em partidas anteriores? Será que o facto de os laterais nos últimos jogos subirem menos obriga os alas a jogarem mais por fora e assim estarem menos bem posicionados para a transição adversária? Um último dado: na era Keizer, em 4 jogos estivemos em desvantagem no marcador. Nos 2 disputados em Alvalade demos a volta, nos 2 jogados fora perdemos.

Hoje giro eu - Keizer, o encantador de leões

As notícias de hoje indicam que Bruno Paulista, emprestado ao Vasco da Gama, e Tiago Ilori, anteriormente vendido ao Liverpool e actualmente no Reading, podem estar de regresso a Alvalade. A novidade primeiro estranha-se, mas depois começa a fazer algum sentido. Tal como Sérgio Conceição, que reabilitou jogadores como Marega, Aboubakar, Oliver Torres, Adrián Lopez ou Herrera, Marcel Keizer tem vindo a aproveitar futebolistas que já eram dados como descartáveis e a melhorar outros. Wendel, para quem o dialecto de JJ era mandarim e que, mais tarde, também não se enquadrou na táctica do pudim Molotov, de Peseiro, mostra-se agora perfeitamente fluente em flamengo. "Muttley" Acuña impôs-se como um lateral esquerdo que morde as canelas aos alas adversários e ainda arranja tempo para impulsionar o ataque com cruzamentos cheios de raiva, algo para o qual a oposição ainda não encontrou a vacina adequada (tentarem expulsar o homem todos os jogos não conta). Bruno Fernandes, o MVP, parece bom demais para ser verdade e Miguel Luís vai crescendo e até já marcou dois golos na sua época de estreia. Até os "patinhos feios" Diaby, Gudelj e Bruno Gaspar parecem melhorar: o maliano é o jogador de King do baralho leonino. Ele, que em 17 jogos com Peseiro e Tiago Fernandes jogou para nulos, já marcou seis golos (10 jogos) nesta nova era de (números) positivos; o sérvio, é apesar de tudo mais intimidador (By the way, faz lembrar um Jigsaw bonzinho que dá mais opções de vida do que de morte aos seus adversários) como um "6" do que como um "8", posição à qual não dá a fluidez necessária; finalmente, o português, embora continue a apresentar um futebol sofrível, descobriu agora inimanigáveis artes no bilhar, o que já garantiu à equipa uma carambola decisiva.

Com estes exemplos de sucesso, como resistir à oportunidade de dar um novo fôlego à carreira destes dois ainda jovens futebolistas? Ilori é um jogador que perde frequentemente a concentração nos jogos, mas tem algo que parece faltar aos nossos centrais: é supersónico na recuperação defensiva. Limados os pontos-fracos, um perfil assim pode permitir à equipa subir a sua zona de pressão, a partir de um bloco defensivo colocado alguns metros à frente. Também Paulista pode vir a ser importante. Originalmente um "6" que Jorge Jesus insistiu em ver como um "8", o brasileiro tem capacidade de transporte de bola e de passe à distância, necessitando de melhorar a sua intensidade defensiva. Ambos são bons projectos a carecer de desenvolvimento, razão pela qual as suas carreiras ainda não explodiram. Mas, dado aquilo que vamos conhecendo neste mês e meio, haverá melhor treinador do que Keizer para potenciar o seu talento? É que, a continuar assim, o holandês ameaça transformar-se num encantador de leões.

Marcel_Keizer sorriso.jpg

Hoje giro eu - Detalhes

No futebol, como na vida, muitas vezes o sucesso/insucesso depende de um detalhe. Por uns meros onze milímetros (bola vs linha de golo) o Liverpool não se adiantou no marcador no Etihad Stadium de Manchester, curtíssima distância que a ter sido eliminada deixaria a equipa da cidade dos Beatles mais perto do título inglês. Um pequeno pormenor que pode vir a fazer toda a diferença nas contas finais do campeonato. 

Se a invocação da sorte ou do azar é válida para este caso, já o ocorrido na recepção do Sporting à Belenenses SAD deveu-se muito mais a questões relacionadas com (in)competência. Assim, fui dar-me ao trabalho de cronometrar e medir os lances dos golos do Sporting e cheguei às seguintes conclusões: no primeiro golo, Diaby esteve dois segundos e vinte e seis centésimos parado, com a bola nos pés, na meia-lua da área da SAD vestida de azul, à espera da desmarcação de Bruno Gaspar, sem que nenhum adversário (entre os vários que tinha à sua volta) esboçasse a mínima intenção de lhe tirar a bola; finalmente, no segundo golo, Zacarya foi recuando dentro da área perante Miguel Luís, dando muito espaço (precisamente três metros e cinquenta e nove centímetros) para o fantástico remate do promissor médio leonino.

Se no clássico do Norte de Inglaterra podemos falar de um pormenor, no derby lisboeta a diferença fez-se de "pormaiores".  

manchester city liverpool.jpg

Hoje giro eu - Uma história (ím)par!

Quando os Cinco Violinos chegaram ao fim - o quinteto original, seguido da formação onde João Martins substituiu Fernando Peyroteo (despediu-se em 1949) - , o Sporting liderava o histórico de campeonatos nacionais ganhos. Já sem Jesus Correia, forçado a optar entre o futebol e o hóquei em patins aos 29 anos de idade, ainda vencemos o campeonato de 1954, completando uma sequência de 7 títulos conquistados em oito possíveis, com um tri (47,48,49) e um tetra (51,52,53,54). No final dessa temporada, o Sporting detinha 9 vitórias no Campeonato Nacional contra 7 do Benfica, ou, se considerarmos os Campeonatos de Portugal como "nacionais" (e os primeiros 4 Campeonatos da Liga como experimentais), um total de 13 triunfos contra apenas 7 do seu rival encarnado. Foi o fim de uma era e o início do ciclo mundialista, em que nunca falhámos a conquista da prova maior do calendário nacional durante 6 edições consecutivas do Mundial de Futebol (54,58,62,66,70,74), pese embora nada tenhamos ganho nos anos intermédios desse ciclo, o que levou a que a razão da progressão do nosso número de títulos até à Revolução dos Cravos tenha diminuído, permitindo ao Benfica destacar-se como a grande potência histórica do futebol português. Sobrepondo ao "efeito Cinco Violinos" o "efeito Eusébio", os nossos rivais da 2ª Circular tornaram-se os mais titulados de sempre, com a temporada de 1968/69 a marcar a passagem de testemunho. O Sporting falha, pela primeira vez em 24 anos, a conquista de um campeonato em ano de Mundial em 1978, naquilo que resultou num "boicote" involuntário - ao contrário do protagonizado pelo holandês Johann Cruijff, que se recusou a participar no certame por não concordar com o regime totalitário da Junta Militar do General Videla - mas volta a recuperar esse sortilégio em 1982, ano em que o Mundial se disputou em Espanha. Pelo meio, apenas mais um campeonato nacional: o disputado dois anos antes. Com o triunfo em 82, o presidente João Rocha completou o tri de vitórias em campeonatos nacionais em 9 anos de mandato. O pior veio depois: enfraquecido pela "entente" estabelecida entre o emergente Pinto da Costa e Fernando Martins, o Sporting (e o próprio João Rocha, que doente abandonaria a presidência leonina em 1986) não voltaria a ser futebolisticamente o mesmo, pese embora os esforços do presidente Sousa Cintra em criar boas equipas de futebol, o que nos poderia ter rendido títulos em 94 e 95. Terá valido ao clube, de forma a sobreviver a tantos anos de inêxitos, a visão de Rocha do ecletismo e as sólidas fundações que criou nas modalidades, algo que foi permitindo a sócios e adeptos respirarem e a mística se perpetuar. Técnicos como o Professor Moniz Pereira e atletas como Carlos Lopes ou Fernando Mamede escreveram a ouro páginas de glória do desporto nacional e do Sporting em particular, juntando-se a Chana, Livramento ou Joaquim Agostinho no panteão de grandes campeões sportinguistas. Mesmo quando sucessivas Direcções foram desmobilizando na aposta nas modalidades, o atletismo continuou a ser um motivo de orgulho para a nação leonina. Com o estrelato além fronteiras de Paulo Futre - o primeiro futebolista português a triunfar no estrangeiro - e, mais tarde, de Luís Figo e de Cristiano Ronaldo, o Sporting pôde hastear uma nova bandeira: a da sua Formação de futebolistas. Interrompido um interregno de 18 anos sem títulos no futebol (Inácio, 2000), o Sporting parecia ir ressurgir no novo milénio. O título de 2002, retomando a tradição de vitória em ano de mundial, mais reforçaria essa ideia, mas tal não passou de uma quimera e rapidamente o clube se viu estrangulado financeiramente fruto da acção conjugada de uma gestão do negócio futebol que o deixou à beira da falência e da megalomania de um projecto empresarial que conduziu a um super-endividamento. Desde aí, houve poucos sinais de retoma, os mais significativos dos quais terão ocorrido em 2005, com Dias da Cunha como presidente e José Peseiro como treinador, em duas temporadas com Filipe Soares Franco como presidente e Paulo Bento como treinador e durante o consulado de Bruno Carvalho, primeiro com Leonardo Jardim e , depois, na primeira época de Jorge Jesus, período em que as modalidades voltaram à ribalta mas onde o futebol voltou a falhar. 

 

Olhando para o histórico, importa dar relevo ao facto de em 36 anos apenas termos ganho duas vezes. Talvez isso ajude a explicar a razão do descontentamento dos "jovens turcos", das novas gerações, que sofrem com o facto de não ver o clube ser campeão, algo que é mais relativizado pelos mais velhos, os quais ou nasceram no período dos "Cinco Violinos" ou nas décadas de 60 e 70 onde o Sporting ainda ia ganhando. 

Outro dado histórico que não deixa de ser surpreendente prende-se com a maldição dos anos ímpares. De facto, olhando para os 22 títulos (18 Campeonatos Nacionais e 4 Campeonatos de Portugal), verificamos que apenas 6 ocorreram em ano ímpar. Mais, o último campeonato nacional ganho em ano ímpar ocorreu em 1953, ou seja, há 66 anos(!).

Assim como o Benfica tem a maldição europeia de Bela Guttmann, o Sporting tem a maldição dos anos ímpares. 

 

Se olharmos para as causas do nosso insucesso, as arbitragens tenebrosas dos anos 80 e 90 vêm-nos logo à ideia. Mesmo depois disso, o contexto nunca deixou de nos ser desfavorável. No entanto, agarrar-nos exclusivamente a isso, na minha opinião, será um erro a não incorrer. Atenção, creio que o clube deve estar atento e manifestar-se em sede própria no sentido de não ser prejudicado, mas penso que o essencial da nossa atenção deve estar voltado para dentro, daquilo que depende de nós. Se formos muito competentes, dificilmente nos abaterão. Reparem, vivemos uma época de esperança, marcada pela contratação de um técnico holandês que trouxe com ele uma ideia de futebol positivo que muito tem deleitado as bancadas. Estranhamente, esse facto não tem vindo a ser acompanhado pelo número de assistentes aos jogos em Alvalade. E não vale sequer a pena estarmos a falar nos descontentes com o afastamento de Bruno Carvalho, pois se este foi destituído e se não viu a sua condição de sócio com plenos direitos ser restituída foi porque uma maioria assim o decidiu. Assim, caberá (não só, mas também) a essa maioria mostrar que não é só forte na demonstração política e aparecer a apoiar a principal equipa do clube. Aliás, em boa verdade, essa missão deverá ser a de todos os sócios e adeptos, gostem ou não dos presidentes, do actual ou do(s) antigo(s), pois estes são conjunturais e só o clube é perene. Isto para dizer que, se nós, sportinguistas, somos os primeiros a deixar a equipa sozinha como podemos depois ter legitimidade de acusar seja quem for? Falemos agora dos jogadores: em Guimarães deixámos ficar 3 pontos que se podem vir a revelar decisivos nas contas do campeonato. Uma equipa que quer ser campeã não pode desperdiçar trunfos desta maneira. É evidente que os jogadores lutaram pela vitória, mas também foi notório que à frustração das coisas não estarem a correr de feição se sobrepôs algum desespero que só pesou em perda de discernimento. Ora, se queremos ser campeões, teremos de dominar os nossos estados de alma. Qualquer profissional tem dias em que não está inspirado, mas são exactamente esses dias e a forma como se consegue entregar ainda assim a "carta a Garcia" que marcam a carreira de um profissional de referência. Temos de ser mais frios e saber lidar melhor com as situações de pressão extrema. Em relação ao treinador, penso que deve continuar de ouvidos não voltados para o que diz a comunicação social. Tal como adeptos e sócios, aliás. A mim, pouco me interessa se sofremos 10 golos em 9 jogos, pois marcámos 34 golos nessas mesmas partidas. Essa é a realidade una e indivisível. Tudo o resto são fragmentos dessa realidade ou apenas percepções da mesma. Por isso, Keizer deve deixar também Sérgio Conceição ficar a falar sozinho quando diz que prefere ganhar 1-0 do que 3-2, até porque o ranking dos clubes portugueses na UEFA vem dar muito mais razão ao holandês do que ao nosso concidadão. É que há uma relação directa - que um dia aqui trarei - entre o número de golos marcados nos seis principais campeonatos nacionais pelos clubes classificados entre a quinta e a oitava posição e a posição de cada país no ranking uefeiro. O futebol luso só melhorará quando a sua intensidade de jogo subir e houver mais equipas a lutarem pelo golo, o objectivo ("goal" em inglês) do futebol. Com isto não digo que não devamos melhorar a nossa transição defensiva, aspecto que ainda Keizer não era nosso treinador e eu já apontava como uma debilidade, mas se perdemos em Guimarães não foi por sofrermos um golo, foi por não marcarmos no mínimo três (dois até bastariam) como de costume. E, certamente, tendo tempo para treinar os posicionamentos ofensivos (algo muito difícil quando não se fez a pré-época e se joga de 3 em 3 dias), no sentido de os jogadores estarem melhor posicionados para a reacção à perda de bola, esse problema há-de ser corrigido (não digo eliminado porque não nos podemos esquecer de que há sempre duas, quando não infelizmente três, equipas em campo). Agora, o que importa realçar das diferenças existentes entre o futebol de Jesus (já nem digo de Peseiro) e o de Keizer é que se ambos buscaram influências noutros desportos, então onde eu via a procura de profundidade e basculações típicas do andebol em Jesus, agora observo a preocupação com o domínio do centro do terreno e um conjunto de movimentos em triângulo que vão aproximando vários jogadores nossos à área adversária, que são influências, respectivamente, do xadrez e do rugby em Keizer.

Para finalizar, se formos mais fortes e exigentes connosco - adeptos, sócios, jogadores, treinador, presidente - estaremos mais próximos de tornar uma época inicialmente configurada como atípica numa temporada memorável. É que há que quebrar a maldição dos números ímpares e isso só se tornará possível se todos forem também ímpares na sua adesão, coerência, profissionalismo e amor ao clube.  

 

Um Bom Ano de 2019 para todos os portugueses e, em particular, para os Leitores e Autores do "És a nossa FÉ"! Para todos os sportinguistas, o desejo de um ano ímpar de glórias!

Hoje giro eu - O som do silêncio

Para mim, que desde tenra idade me habituei a identificar o Sporting com os futebolistas e atletas que semanalmente via representar o clube nos estádios, pavilhões e pistas deste país, este momento de crispação da massa associativa é particularmente doloroso. Primeiramente, porque é mais do que óbvio que o foco dos adeptos está deslocado do essencial, o apoio às equipas que ostentam o nosso símbolo no peito; em segundo lugar, porque o ruído insuportável e a radicalização de discurso das facções, com constante adjectivação, não auguram nada de positivo para o futuro; em terceiro, porque não há criação que perdure no tempo quando a motivação de base assenta no ódio e não no amor. 

Quando temos dúvidas sobre um caminho é sempre bom voltar aos "básicos". Os tempos de criança e as razões pelas quais fizemos uma escolha. Somos do Sporting pelo mimetismo da verde-e-branca, o sortilégio do leão rampante, os valorosos atletas que ao longo de gerações defenderam as nossas cores e protagonizaram gestas de glória. A grande maioria dos adeptos leoninos são moderados, não se revêem em posições extremadas (dos dois lados da barricada) de gente que pensa que, falando mais alto, melhor se faz ouvir. Como tal, e apelando à reflexão serena, inspirado pela versão que o Ministro da Cultura e das Artes australiano - um exemplo de como a criatividade pode ser usada para fazer passar uma mensagem - fez há dias sobre o imortal "The sound of silence", de Paul Simon e Art Garfunkel, aqui deixo o meu "O som do silêncio", que deve ser acompanhado pela música original. Com os votos de um Santo Natal para toda a familia leonina, com muita saúde e paz. Viva o Sporting Clube de Portugal!!!

 

"O som do silêncio"

 

"Olá, Sporting, velho amigo,

vim falar-te uma vez mais.

De momentos de eterna glória

e de percalços da nossa história.

A visão de que todos não serão demais,

quando cais e só se importam contigo.

 

Com as eleições, um novo rumo,

nasce esperança e fé em prumo,

mas viver num cerco permanente

é sinal de um clube decadente

 

E os meus olhos ainda choram

o facho daquela tocha ardente.

E toda a gente

rasgou o som do silêncio

 

A partir daí eu vi

cento e setenta mil ou mais.

Sócios falam sem dialogar.

Sócios ouvem sem nada escutar.

 

Há quem erga a voz

só p`ra emitir ruído,

um alarido.

Não dão voz ao silêncio.

 

Tolos nós que já esquecemos

que aquele ruído vai crescendo.

Logo nós que até já o vivemos,

não é o Sporting que nós merecemos.

Escutem, não gritem, dêem as mãos, em união.

 

Assim deve ser o Sporting!

 

Curvando-se e louvando,

o novo leão que rugia.

E os sinais mostravam o caminho,

todos os sócios davam o seu carinho.

 

E os sinais ecoavam

as palavras do Visconde escritas em letras de ouro,

desígnio vindouro,

não mais sussurradas em silêncio."

 

Hoje giro eu - Ranking GAP

As recentes derrotas de Cristiano Ronaldo nos prémios "The Best" e "Bola de Ouro", da FIFA e do France Football, respectivamente, reavivam a discussão sobre os critérios pelos quais um jogador deve ser avaliado. Embora os puristas do jogo continuem de alguma forma a renegar o que as estatísticas nos mostram e a observação contemplativa ainda se sobreponha à forma como os americanos, por exemplo, analisam um jogo, a verdade é que causa muita confusão que um jogador que venceu a Champions League e foi o melhor marcador dessa competição (15 golos), para além de ter feito um bom Mundial (4 golos), não tenha vencido os prémios de desempenho do ano. Com este recente encorajamento, cá continuarei a mostrar os indicadores ofensivos quantitativos dos jogadores do nosso Sporting, segundo o critério GAP que em tempos criei. Então aqui vai:

 

Nesta temporada de 2018/2019, o Sporting disputou até agora 20 jogos - 11 para o Campeonato Nacional, 2 para a Taça de Portugal, 2 para a Taça da Liga e 5 para a Liga Europa -, obtendo 14 vitórias (70%), 2 empates (10%) e 4 derrotas (20%), com 41 golos marcados (média de 2,05 golos/jogo) e 19 golos sofridos (0,95 golos/jogo).

 

A nível individual, eis os resultados (estatísticas ofensivas):

 

1) Ranking GAP: Bruno Fernandes (10,3,9), Bas Dost (9,1,0), Nani (7,5,3);

2) MVP: Bruno Fernandes (45 pontos), Nani (34), Bas Dost (29);

3) Influência: Bruno Fernandes (22 contribuições), Nani (15), Jovane (12);

4) Goleador: Bruno Fernandes (10 golos), Bas Dost (9), Nani (7);

5) Assistências: Nani (5), Wendel (4), Fredy Montero, Jovane e Bruno Fernandes (3).

 

De realçar que, desde que Keizer pegou na equipa, o Sporting disputou 3 jogos para 3 competições diferentes (Campeonato Nacional, Taça de Portugal e Liga Europa) e venceu os 3 jogos, com 13 golos marcados (média de 4,33 golos/jogo) e 3 golos sofridos (média de 1 golo/jogo). Bruno Fernandes e Bas Dost foram os goleadores de serviço deste curto período (4 golos cada), com a curiosidade de terem marcado em todos os jogos.

 

Ranking GAP (Golos, Assistências, Participação decisiva em golo):

 

  G A P Pontos
Bruno Fernandes 10 3 9 45
Bas Dost 9 1 0 29
Nani 7 5 3 34
Jovane Cabral 4 3 5 23
Fredy Montero 3 3 3 18
Diaby 3 1 0 11
Raphinha 2 1 4 12
Wendel 1 4 0 11
Acuña 1 2 1 8
Sebastian Coates 1 0 1 4
Jefferson 0 2 1 5
Ristovski 0 2 0 4

Hoje giro eu - Concílio leonino

O Sporting é hoje (outra vez) um clube desunido, desavindo com o seu passado recente, onde o ruído, o excesso e a intransigência se sobrepõem à reflexão, temperança e tolerância. Como em todos os períodos pós-revolucionários, estão ainda abertas chagas profundas entre sócios e adeptos em geral. Estas feridas advêm dos traumatizantes acontecimentos de Alcochete que levaram à destituição do antigo presidente, mas também da incontinência verbal que marcou o acto eleitoral subsequente. Ora, a pior coisa que se pode fazer numa situação destas é deitar sal em cima do problema, pois isso só irá aumentar a dor, a aflição ou a mágoa das pessoas e acentuará o mal que está instalado.

 

O que se passou em Alcochete foi mau demais. Os sócios mostraram que queriam uma clarificação sobre o governo do clube. As coisas demoraram a acontecer e os Tribunais foram chamados a dirimir o diferendo. Houve uma assembleia geral destitutiva e os sócios, por esmagadora maioria, votaram na saída de Bruno de Carvalho. E seguimos para eleições, onde foi eleita uma nova Direcção presidida por Frederico Varandas. O problema é que se mudou a liderança mas não se virou a página. E porquê?

 

Eu creio que as coisas correram muito mal nos últimos 3 meses de Bruno de Carvalho. Tal acabou por fazer instalar a Lei de Murphy e levou ao descarrilar de toda a situação. Chegados aqui, é preciso dizer que do meu ponto-de-vista foi inconcebível esse último trimestre de presidência de Bruno e que isso, só por si, avalizaria a sua destituição ou derrota eleitoral. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Os excessos próprios da campanha eleitoral levaram à diabolização do antigo presidente, entretanto impedido de participar no acto eleitoral. Vários indicadores sobre a gestão da anterior Direcção foram adulterados ou, no mínimo, truncados. Desde a insinuação sobre irregularidades nas contas até à falácia da dívida a Fornecedores (onde se olvidou propositadamente que se tratava de planos de pagamento de transferência de jogadores, algo corriqueiro no futebol), passando pelo "buraco" das modalidades ou necessidades de financiamento. À boa maneira portuguesa misturou-se tudo, porque tudo valia para afastar o homem caído em desgraça. Comparações perfeitamente desajustadas foram feitas sobre o desempenho financeiro face às duas imediatamente anteriores Direcções e tudo o que de bom foi feito foi silenciado de uma forma quase estalinesca, como se se reescrevesse a história. Adicionalmente, uma e outra e ainda outra vez se tocou na ferida aberta de Alcochete. A detenção para interrogatório de Bruno de Carvalho foi recebida por muitos com regozigo. Testemunhos houve de que era "o melhor dia" das suas vidas. Mas não era o cidadão Bruno que estava preso e sim o ex-presidente do Sporting Clube de Portugal, e na vida estas coisas pagam-se no futuro, com juros bem mais elevados do que aqueles a que estamos sujeitos no empréstimo obrigacionista.

 

Na minha opinião, antes da união vai ser necessário promover o concílio da familia leonina. Para tal, será necessário muito equilíbrio, moderação, inteligência e bom-senso. Há que necessariamente reconhecer alguns excessos, algumas inverdades que foram proferidas, como primeira medida para acalmar as hostes. Nestas, não me refiro à claque que esteve na origem de tudo isto, obviamente, a qual tanto prejudicou o clube e que não deverá merecer nos tempos próximos qualquer concessão. Falo do adepto/sócio comum que se revia (e ainda se revê) em Bruno de Carvalho na presidência do Sporting. De cada vez que espalhamos boataria e falsidade sobre Bruno e sua equipa de gestão estamos a adensar a chaga, a deitar gasolina para a fogueira, a dar azo ao extremismo. Desumanidade cria desumanidade. No tempo do Bruno presidente como agora. Nesse sentido, creio que esta Direcção e restantes Orgãos Sociais têm dado alguns passos num caminho positivo. Mesmo enfrentando algumas críticas de inquisidores do anterior regime, julgo terem compreendido que a reconciliação seria o mais importante. Mais até do que Frederico Varandas, Francisco Salgado Zenha tem tido oportunidade, nas suas intervenções públicas, de desmistificar alguns labéus acusatórios, contribuindo assim para a pacificação do clube. Rogério Alves terá também feito algumas "démarches" de bastidores apaziguadoras. Mais passos terão de ser dados, mesmo sabendo-se que o calendário coloca para Dezembro uma assembleia geral onde se irão apreciar as sanções propostas/impostas pela Comissão de Fiscalização. 

 

Sendo certo que um clube de futebol, e o Sporting em particular, não é fácil de gerir, a liderança musculada de Bruno de Carvalho teve o fim que todos sabemos. Precisamos de paz. E de tempo, embora este no futebol não cure tudo, nomeadamente se os títulos não aparecerem. O bom futebol que a equipa agora orientada por Marcel Keizer vem apresentando, embora contribua para a união, pode não ser suficiente. De uma vez por todas temos de deixar para a Justiça aquilo que é da Justiça e seguirmos o nosso caminho. Andar para a frente. Virar a página. Sem termos de estar sempre a olhar para o retrovisor. A mim, envergonha-me a exposição pública constante, por maus motivos, a que vejo o clube sucessivamente sujeito. Muitas vezes regada a gasolina por sportinguistas, alguns deles sempre dispostos a maldizer o clube nas televisões em troca de trinta moedas de prata e sem arrependimento. Preocupa-me o que aconteceu anteontem e o que está a ser preparado para o futuro plebiscito, onde já se estão a arregimentar os lados das trincheiras. É preciso, portanto, pôr o clube em primeiro lugar. Regresso ao "virar de página": a coisa é relativamente simples e ou o conseguimos fazer com equidade e respeito ou seremos no futuro um rodapé das páginas do futebol português, um qualquer canto de "sportingados", "brunistas", "croquetes" ou "melancias", subdenominações que enegrecem a história gloriosa do Sporting, do qual não rezará a história. Eu prefiro um livro de ouro escrito por leões rampantes, a nossa única identidade. Têm a palavra todos os sportinguistas.

assembleia geral.jpg

 

Hoje giro eu - Não há coincidências

Ontem, em Alcochete, a equipa de juniores do Sporting recebeu e venceu o Vitória de Setúbal, tradicionalmente uma equipa forte neste escalão, por 5-0 (4-0 ao intervalo), em mais uma partida do campeonato nacional da categoria. Pouco antes, no mesmo local, em jogo a contar para a Liga Revelação, a nossa equipa de sub-23 havia batido o mesmíssimo adversário por 3-2. 

 

Mais do que os resultados em si, percebeu-se a motivação dos miúdos, subitamente tomados por um novo suplemento de alma. Jogadores muito promissores e que têm estado apagados, como Diogo Brás (1 golo e duas assistências), Bernardo Sousa (2 golos, a juntar aos 3 da semana passada) ou os mais velhos Elves Baldé (hat-trick) e Daniel Bragança apareceram em grande nível.

 

Creio estarmos a assistir aos primeiros sinais daquilo que denominaria como Efeito Keizer. Muito se tem falado no decréscimo de qualidade da nossa Formação e vários são os sócios a ecoá-lo, inclusivé aqueles que nunca viram um jogo da Formação, os que conciliam tal opinião com um saudosismo mais ou menos disfarçado a Jorge Jesus e ainda alguns politiqueiros com interesse evidente em espalhar a teoria do caos, mas creio que erramos ao abordar o tema numa perspectiva "bottom-up", em detrimento de "top-down".

 

Se do ponto-de-vista físico e táctico parece evidente que ficamos a perder face ao Benfica, é também verdade que continuamos a produzir jogadores com muita criatividade e liberdade para criar. Nota-se que o jogador encarnado é geralmente mais desenvolvido muscularmente, que tem outra leitura do jogo, mas os nossos continuam a ser mais desequilibradores e imprevisíveis. São, essencialmente, duas escolas de Formação diferentes que, apesar disso, têm um número de títulos praticamente equivalente nas camadas jovens nos últimos 5 anos. 

 

O que eu penso ter acontecido nos últimos dois anos da Formação foi uma grande desmotivação. Havendo um fúnil demasiado apertado nos séniores e sabendo-se da pouca disponibilidade do treinador do nosso principal escalão em apostar em jovens, estes começaram a perder a fé em chegar lá acima. Viram o que aconteceu aos seus colegas hoje nos seus 22/23 anos, uma geração perdida de empréstimo em empréstimo, e perceberam que essa viria a ser a sua realidade brevemente, pois por muito que mostrassem tal nunca seria suficiente. A chegada de Marcel Keizer a Alvalade, técnico que não teve rebuço em reforçar a aposta que Peter Bosz, seu antecessor, tinha feito nas escolas do Ajax, tem tudo para ser o detonador de uma nova crença dos nossos jovens jogadores. Será por isso com renovada expectativa que Bragança, Elves, Brás ou "Benny" encararão o futuro próximo. Perspectivando oportunidades, certamente trabalharão mais e melhor. A vantagem de uma política desportiva alicerçada na Formação é essa e os nossos jovens jogadores saberão que a partir de agora, esforçando-se para isso, verão chegada a sua hora de provar ao mais alto nível. E os pais também terão isso em mente na hora de escolherem o clube que os seus filhos, ainda crianças ou adolescentes, irão representar. 

diogobras3.jpg

 

Hoje giro eu - Elasticidade dos Custos vs Resultados desportivos

O Sporting de Braga SAD irá apresentar, em AG, o Relatório&Contas referente à época desportiva de 2017/18. Segundo o Observador, nele constata-se que os custos com pessoal subiram para cerca de 19M€. Comparando com a Sporting SAD, verificamos que esta gastou com o pessoal cerca de 4 vezes mais (73,8M€) que a sua congénere bracarense, tudo isto para no final do campeonato conseguir apenas mais 3 pontos e uma diferença entre os golos marcados e os sofridos inferior em 6 golos. 

 

Como curiosidade, analisei também a temporada de 2015/16. Enquanto os bracarenses tiveram um custo de 12,5M€ com o pessoal, o Sporting gastou 48,8M€, ficando 28 pontos à frente e com uma diferença de golos superior em 39 golos.

 

Conclusão: os custos com pessoal da SAD leonina têm sido históricamente 4 vezes mais que os da homónima bracarense, mas a elasticidade dos resultados desportivos desportivos desta última face ao aumento dos custos foi bem maior. Bastou para isso aumentar os custos com pessoal em 6,5M€, o que lhe rendeu mais 17 pontos no final do campeonato. Já o Sporting, fez menos 8 pontos e gastou com o pessoal mais 25M€. Elucidativo!

 

Por tudo isto, quando oiço que cerca de 65M€ de orçamento para custos com pessoal é pouco para ser competitivo, dá-me vontade de rir. Ao que parece, há uma zona fronteira onde o orçamento produz uma diferença final na classificação, mas essa área está bem abaixo do que a generalidade dos adeptos pensa. Vejam-se os exemplos bracarense e nosso, quando Leonardo Jardim passou por cá. Não podemos é ter treinadores que permanentemente pedem cromos novos e andarmos sistematicamente a comprar jogadores para não serem utilizados, enquanto outros, da nossa Formação, são ignorados. Também, em vez de perdermos dinheiro permanentemente num "middle-market" de jogadores, onde a versão mais recente são as aquisições de Diaby e de Gudelj (investimento até agora de 8,5M€, fora salários), deveríamos investir, menos em quantidade e mais em qualidade, em jogadores de segmento alto como Bas Dost ou Jardel. Claro que, para isso, não podemos ter treinadores que querem sempre mais um jogador para cada posição, mesmo que já tenham duas ou três opções no plantel, chegando-se ao ridículo de termos neste momento nove jogadores com potencial para jogarem nas posições "6" e "8" e, ainda assim, parecer que nenhum serve. Não sendo isto claro para todos, nomeadamente para os decisores, e constinuando a resistir à mudança, um dia acordaremos a resistir à extinção, momento em que a perda de maioria do clube na SAD será dada como inevitável. Eu não quero isso!

Hoje giro eu - Levantar a cabeça

Num jogo feito de garra, rigor, perseverança e competência, o Sporting deslocou-se à Eslováquia para bater o até aí líder do grupo C da Liga dos Campeões de andebol, o Tatran Presov, por 30-27, com Frankis Carol (10 golos) em grande plano. Depois da derrota na Maia, frente ao modesto ISMAI, isto sim deu significado à expressão "levantar a cabeça".

 

No mesmo dia, Peseiro, em entrevista a "A Bola", diz que perdemos em Portimão por termos querido praticar um "futebol exuberante, ofensivamente avassalador". A isto chama-se não aprender nada com as derrotas. Também alega que Wendel tem imenso potencial, mas perde bolas em "zonas proibidas" (creio que se estaria a referir ao camarote dos jogadores). Por isso, o brasileiro (custou 8,7 milhões de euros) vai continuando a aprender nos treinos, enquanto em competição, o macedónio Ristovski, com bem menos cartel, vai (des)aprendendo a não fechar o espaço interior e a não compensar o central. Faz sentido! Finalmente, afirma que Coates tem "estrutura, estatuto para ser capitão, mas que prefere um português". Tudo bem, entende-se, embora Javier Zanetti - 15 anos como capitão do Inter de Milão - se possa estar a rebolar a rir, mas então por que raio é que Palhinha foi preterido a Petrovic e Geraldes teve de emigrar? Será que a condição de luso só terá relevância na questão da braçadeira, mesmo que depois o balneário seja uma babilónia de nações?

 

Hoje giro eu - Ciências

... E pronto, parece que o assunto de momento são os méritos da nova Comunicação do Sporting. Ao bom estilo português, como se não houvesse todo um mundo entre a verborreia desenfreada de antigamente e o silêncio dos inocentes (no original, "silence of the lambs", não confundir com "lamps"). Como se a linguagem corporativa, não apenas reactiva, quando centrada em nós e nas nossas realizações, não fosse uma ferramenta essencial da cultura de uma Organização, da sua coesão, no sentido em que pode motivar, entusiasmar e direccionar todos os que directa ou indirectamente com ela se relacionam para um objectivo comum, promovendo assim a união. Sendo um tema a merecer uma maior reflexão, não me vou alongar nele, até porque no domínio das ciências (e da administração) há outras realidades que me preocupam mais e que certamente também preocuparão uma Direcção que apanhou o comboio já em movimento, sem a oportunidade de delinear, desde o início, a sua própria estratégia para o futebol e de pôr o seu cunho pessoal no processo (importante ter isto presente), razão mais do que suficiente para não ser julgada precocemente. A saber:

  • Aritmética - à sétima jornada, estamos a 4 pontos do duo da frente (Benfica e Sporting de Braga), a 2 do FC Porto e a 1 do Rio Ave;
  • Estatística - somos apenas o sétimo melhor ataque e a oitava melhor defesa da Liga 2018/19;
  • Electromagnetismo - não existe magnetismo no nosso futebol, porque a corrente eléctrica é interrompida no meio-campo;
  • Mecânica - em Portimão, foi visível que em alguns jogadores a estática se sobrepôs à dinâmica;
  • Psicologia - em momentos determinantes, a equipa entra apática, como se tivesse receio de ser feliz. Foi assim, no final da época passada, na Madeira, no jogo dos 70 milhões (menos 25 milhões para nós, mais 45 milhões para o Benfica), assim foi Domingo em Portimão, jogo onde, imagine-se, até se viu jogadores a bocejar no campo. Se o ano passado, a razão apontada foi Bruno de Carvalho, este ano queixamo-nos do quê?;
  • Sociologia - o comportamento da Estrutura do futebol perante o meio envolvente e o processo que interliga colaboradores, atletas, sócios, adeptos e simpatizantes com o clube;
  • Economia - o modelo de sustentabilidade do clube, o qual vai ser testado na forma como a Direcção actuar no mercado de Inverno;
  • Finanças - chamado à colação devido ao constante fracasso do modelo de gestão, consequência de uma política desportiva sucessivamente desastrosa. Renegociação das VMOCs, empréstimo obrigacionista e rescisões são os temas mais urgentes;
  • Álgebra - falta uma teoria que explique a desconexão existente entre os números de investimento anual e a metemática que nos é apresentada ano-após-ano, de há 17 temporadas a este parte. E assim, sem sabermos onde falhamos, continuamos a persistir no(s) erro(s);
  • Investigação Operacional - Gestão de stocks: temos uma série de jogadores excedentários por colocar, que pesam na conta de exploração e não têm rendimento desportivo; Filas de espera: os anos que vão passando sem que consigamos chegar na frente - sem que uma qualquer Gertrudes desbloqueie o tráfego - que influenciam a nossa auto-estima e as nossas finanças;

 

Decerto, a econometria poder-nos-ia também dar pistas para a resolução dos nossos problemas. E, em última análise (desespero), o ocultismo, tão do agrado dos supersticiosos do nosso ludopédio. Sim, como diria a Alcina Lameiras, com a bola de cristal sobre a mesa, não negue à partida uma ciência que não conhece. É que eu não creio em bruxas, mas que as há, há...

 

 

Hoje giro eu - Longa se torna a espera

Há 17 anos, o Sporting vinha de uma época traumatizante. A temporada anterior tinha corrido mal, apesar do elevadíssimo investimento. Duscher e Vidigal haviam sido vendidos, mas em compensação entrariam 12 jogadores: João Vieira Pinto, Sá Pinto, Paulo Bento, Phil Babb, Horvath, Rodrigo Fabri, Dimas, Hugo, Bruno Caires, Kirovski, Rodrigo Tello e Alan Mahon. Este último, supostamente, para o lugar de Simone Di Franceschi, com o qual inacreditavelmente não havíamos accionado a cláusula de opção. Luís Duque entrara em choque com José Roquette e este demitira-se, subindo Dias da Cunha à presidência.  

 

Começava uma nova temporada e, com ela, uma nova era. O rigor financeiro substituía o despesismo e Miguel Ribeiro Telles e José Eduardo Bettencourt assumiam o futebol, saindo Duque. A necessidade de contenção financeira levara à não renovação de contrato com Schmeichel e Acosta, e Iordanov acabara a carreira. Bino e Edmilson, outros jogadores importantes no título de 1999/2000, também haviam abandonado. Dir-se-ia que estavamos mais fracos e vínhamos de um terceiro lugar no campeonato anterior, vencido pelo Boavista. 

 

As contratações não foram nada sonantes. Talvez as mais mediáticas tenham sido as de Marius Nicolae e de Rui Bento. Boloni, um romeno relativamente desconhecido como treinador (excelente antigo jogador), chega a Alvalade. Para agravar, apesar de termos começado bem (vitória por 1-0 frente ao Porto), à terceira jornada já registávamos duas derrotas: uma caseira face ao Alverca, outra fora, em Belém. Até que chega Jardel, proveniente do Galatasaray, num negócio que envolveu a cedência de Spehar, Horvath e Mbo Mpenza. Tudo muda! Boloni aposta decisivamente em dois produtos da Formação (Hugo Viana e Quaresma), que se revelariam, conjuntamente com João Pinto, assistentes privilegiados de Mário Jardel. André Cruz brilha a grande altura, com especial incidência na execução de bolas paradas e Nelson e Tiago, revezando-se, não fazendo esquecer Schmeichel, seguram bem as pontas na baliza. 

 

Foi há 17 anos! Desde aí, jamais encontrámos a fórmula certa. Tivemos mais 4 presidentes, mais de uma dezena de treinadores, centenas de jogadores e nada... Curiosamente, as épocas de contenção financeira (4 com Filipe Soares Franco e Paulo Bento, uma com Bruno de Carvalho e Leonardo Jardim) foram as melhores. Registo mais positivo, apenas com Bruno de Carvalho e Jorge Jesus, na temporada 15/16, mas aí já com um orçamento de cerca do dobro. Em contrapartida, a época do "cheque e da vassoura" foi a pior de sempre e a de orçamento mais elevado, a última, não deixa saudades por múltiplos motivos. Dá que pensar!  Será que, contra todas as expectativas, vamos interromper a seca de vitórias esta temporada, vencendo um título em ano ímpar, algo que nos escapa desde 1953 (há 66 anos)? É que já longa se torna a espera...

Hoje giro eu - Anatomia da Grei leonina

Era uma vez um clube. Mais do que um clube, um clã de irredutíveis leões, mestres na arte de resistência. A falta de presas dividira a tribo ao longo dos anos, a qual, esfomeada, se desunira. A coroa de Rei Leão há já gerações que passava de cabeça em cabeça e resistir, na esperança de um futuro de abundância, era a único elo que ligava estes leões. Tudo o resto era motivo de discórdia. Nesse transe, grassavam as incongruências: quem criticava o défice democrático do líder, ao mesmo tempo condenava os reparos que outros leões faziam à forma como a alcateia se (des)organizava na caçada e, se porventura, o leão procurava silenciosamente atingir os seus objectivos, logo os que anteriormente haviam afirmado que o excesso de rugidos espantava a caça se incomodavam. Quando o insucesso já era evidente, a alcateia dividia-se entre os que criticavam a táctica empregue e os que atacavam os que previamente haviam avisado de que correria mal. Para aqueles, estes eram uns desestabilizadores (mesmo que tivessem 8 milhões de euros de razão) e com isso tinham prejudicado a acção na savana. E assim se passavam os anos...

 

É claro que situações destas só ocorrem no reino animal. Os humanos, e em particular os sportinguistas, têm uma racionalidade que os leva a agirem para prevenir uma crise e a unirem-se quando esta se consuma. Em todo o caso, sobre o Sporting, versão 2018/19, gostaria de Vos dizer o seguinte:

  

  1. José Peseiro teve a coragem de pegar numa equipa em cacos. Contrariando a ideia que eu tinha à partida, do meu ponto-de-vista, o treinador tem sido exemplar nos casos disciplinares. Nenhum jogador (como nenhum sócio) pode estar acima do Sporting Clube de Portugal e tal é válido tanto para um jovem (Matheus Pereira) como para um jogador consagrado (Nani). Se o treinador se impõe e castiga um jogador importante que infringiu as regras, a mensagem ecoa em todo o balneário. Assim tenha o suporte da sua Direcção (vidé o caso que envolveu Mourinho e Baía, aquando da passagem do setubalense pela cidade invicta);
  2. Não é dele a culpa de jogadores já com 23 anos (Palhinha e Geraldes) terem a ansiedade natural de poderem ser opção no clube, visto nunca o terem sido durante os últimos 3 anos (foram usados apenas para mascarar a péssima campanha de 16/17), mas a história dos jogadores quererem sair está claramente mal contada, porque um atleta com contrato só vai embora se o clube quiser ou se alguém bater a cláusula de rescisão. Em sentido contrário, crédito total a Peseiro pela aposta em Jovane, grande revelação até agora do campeonato;
  3. O clamor dos sportinguistas que pediam a utilização de Marcus Acuña como lateral esquerdo foi ouvido, o que não deve ser entendido como um sinal de fraqueza do treinador, mas sim como um acto de inteligência;
  4. É por demais evidente que o duplo-pivô não é um sistema de um candidato ao título, mas é justo dizer que ainda não surgiu um jogador que desse totais garantias na posição "8";
  5. Ainda assim, e enquanto esperamos por Sturaro - melhor hipótese para essa posição, embora também possa ser utilizado na posição "6" e até mesmo como lateral direito -, Wendel deveria ter sido mais testado e mesmo Bruno Fernandes poderia ter recuado no terreno, passando Nani (porque não temos Geraldes) para o apoio ao ponta-de-lança, opções que o técnico entendeu não tomar;
  6. É normal o descontentamento de quem não é resultadista e analisa o processo, dado o que se pode observar no relvado. Não é menos sportinguista quem toca na ferida do que quem prefere a ignorar. Já o ano passado, as criticas a JJ eram mal vistas porque íamos ganhando. No fim, foi o que se viu. E não vale a pena falar do jogo da Madeira, ou de Alvalade contra o Benfica, porque aí o título já tinha fugido. Por vezes, quem está demasiado perto não vê tão bem. O afastamento dá outra perspectiva das coisas e as críticas dos adeptos podem ser úteis desde que não ultrapassem os limites da urbanidade;
  7. Não se pode confundir estabilidade com situacionismo, da mesma forma que não se deve misturar descontentamento ou enfado com assobios;
  8. Sendo certo que o trabalho de Peseiro tem uma série de atenuantes "ex-ante", não nos podemos esquecer que somos o Sporting e que a exigência num clube desta dimensão é sempre o título de campeão nacional, mais a mais numa época, dir-se-ia, decisiva quanto ao futuro do clube como o conhecemos, à luz do desequilíbrio que uma nova não participação na Liga dos Campeões provocaria face aos rivais;
  9. A saída de Piccini não parece ter sido devidamente colmatada, pelo menos no que se refere ao capítulo defensivo. É certo que contratámos Bruno Gaspar, mas este, apesar de ter jogado num campeonato muito táctico como o italiano, parece dar mais que Ristovski apenas no capítulo ofensivo. O macedónio tem mostrado lacunas no posicionamento, preenchimento do espaço interior e acompanhamento das movimentações dos adversários (não pode ter os olhos só na bola), o que esteve na origem dos golos do Benfica (marcou João Félix de costas) e do Braga (não compensou devidamente a ida de emergência de Coates à lateral), para além de ter facilitado contra o Marítimo, em lance salvo "in extremis" por Acuña;
  10. Terminar o jogo contra o Marítimo com três médios defensivos é um excesso de zelo que, como tal, é mais prejudicial do que útil. Por razões conjunturais, estruturais e de estatuto. Conjunturais, porque a margem de dois golos e os cerca de 15 minutos que faltavam de tempo de jogo eram uma base confortável para dar tempo de jogo a elementos que se esperam poder vir opção atacante, no futuro; estruturais, porque dado o excesso de jogadores para as posições "6" e "8" (Battaglia, Petrovic, Gudelj, Sturaro, Wendel, Miguel Luís e até Bruno César, Bruno Fernandes e Acuña), não é crível que Misic, pelo que mostrou até hoje, venha a ter grande espaço no plantel, pelo que a sua utilização terá sido pontual e não a semente de algo que possa dar bons frutos mais para a frente; de estatuto, porque a história do Sporting não se coaduna com a imagem de que joga à clube pequeno, ainda mais quando não defronta o Real Madrid ou Barcelona, mas sim o Marítimo;
  11. Demasiado conservadorismo leva a poucos golos marcados. À sexta jornada, somos apenas o sexto ataque da competição. Com menos 2 golos que o Rio Ave, menos 4 que o Santa Clara, menos 5 que o Benfica, menos 6 que o Braga e menos 7 que o Porto. É que se a nossa estratégia passa por pensar jogo-a-jogo, então não nos esqueçamos que o objectivo do jogo é o golo;
  12. Ponto 12 como o do 12º jogador: sendo certo de que as exibições têm sido muito pouco conseguidas - e atenção que a forma é importante, na medida em que um bom espectáculo atrairá mais sportinguistas ao estádio, o que será importante, não só económicamente mas também como fonte de união -, fundamental será ganharmos o campeonato. Embora não se possa sempre pedir ópera, a generalidade das equipas campeãs tem momentos arrebatadores de bom futebol. (Isso, aliás, deveria fazer parte do nosso ADN de clube.) Para além de que, estou em crer, bons jogos ajudariam a sarar algumas feridas ainda abertas (lá está, a união não se pede, conquista-se com comportamentos). Em todo o caso, pese o aborrecimento ou tédio das nossas prestações, é importante, como nunca, que sócios, adeptos e simpatizantes estejam com o clube. É que, goste-se, ou não, do presidente, da equipa técnica, dos jogadores, nunca daremos a este grande clube na proporção daquilo que ele já nos deu: o imenso privilégio que é fazer parte de algo grandioso, as vivências, amizades, escape, alegrias e, também, algumas tristezas (sim, porque sem estas, como poderíamos valorizar a glória das vitórias?). VIVA O SPORTING !!!

Hoje giro eu - Ranking GAP

Nesta temporada de 2018/2019, o Sporting disputou até agora 8 jogos - 6 para o Campeonato Nacional, 1 para a Taça da Liga e 1 para a Liga Europa -, obtendo 6 vitórias (75%) e 1 empate (12,5%) e uma derrota (12,5%), com 14 golos marcados (média de 1,75 golos/jogo) e 5 golos sofridos (0,625 golos/jogo).

 

A nível individual, eis os resultados (estatísticas ofensivas):

 

1) Ranking GAP: Bruno Fernandes (4,1,3), Nani (3,1,0), Jovane (2,1,4);

2) MVP: Bruno Fernandes (17 pontos), Jovane (12), Nani e Raphinha (11);

3) Influência: Bruno Fernandes (8 contribuições), Jovane (7), Raphinha (6);

4) Goleador: Bruno Fernandes (4 golos), Nani (3), Dost, Jovane e Raphinha (2);

5)  Assistências: Fredy Montero e Ristovski (2), Bruno Fernandes, Nani, Raphinha e Jovane (1).

 

Conclusão: a um nível, aparentemente ao olho, ainda abaixo do da temporada de 2017/2018, Bruno Fernandes lidera 4 dos 5 parâmetros de análise das estatísticas ofensivas. Bruno contribuiu até agora para 57,1% dos golos leoninos. De destacar, também, o jovem Jovane Cabral, que contribuiu para 50% dos golos. Impressionante! Ambos os jogadores têm média superior à atingida por Bruno Fernandes (o mais influente) na temporada passada, onde esteve em 49,07% dos golos do Sporting.

 

Ranking GAP (Golos, Assistências, Participação decisiva em golo):

 

  G A P Pontos
Bruno Fernandes 4 1 3 17
Nani 3 1 0 11
Jovane Cabral 2 1 4 12
Raphinha 2 1 3 11
Bas Dost 2 0 0 6
Fredy Montero 1 2 2 9
Ristovski 0 2 0 4
Sebastian Coates 0 0 1 1

Hoje giro eu - o Sporting é "só" um

Sporting Clube de Portugal. Não de Lisboa, Carvalho, Godinho, Bettencourt, Franco, Cunha, Roquette, Santana, Cintra, Gonçalves, Freitas ou Rocha. Apenas Sporting. E de Portugal. O Vosso clube, o meu clube, o Nosso clube. 

 

Mais do que nos focarmos no que nos divide, temos de nos concentrar no que nos une. Desde logo, o que nos aproxima é a vontade de ver o clube prosperar e aquele amor que não se explica, sente-se. A maioria dos sócios e adeptos sportinguistas não são políticos, não têm pretensões de poder no clube, apenas querem que as coisas corram bem. Divisões existem sobre a forma de lá chegar. Pessoas, ideias, estratégia. Uns prefeririam ainda Bruno, a maioria escolheu Frederico ou João. Alguns privilegiariam a vertente desportiva, outros quereriam resolver o quanto antes a questão da cultura do clube. Muitos apostariam na Formação e no ecletismo, outros gostariam de obter resultados no imediato e de pôr as fichas todas no futebol. E também há quem defenda que isto só lá vai com a perda de maioria do Sporting na SAD.

 

Como sempre aqui tenho expressado, a união não se pede, conquista-se. Mas não é apenas à Direcção que cabe promover isso, é um desígnio de todos. Cada um, nas suas intervenções públicas, semi-públicas ou privadas, deve procurar encontrar pontos de encontro com outros consócios, em detrimento da exploração das fracturas que nos vão progressivamente afastando.

 

O Sporting tem um problema grave de crise de identidade. Qual é a nossa bandeira, o porquê de estarmos aqui, quais os nossos factores de diferenciação? Enquanto não resolvermos isto, e deveremos fazê-lo internamente, não saberemos qual o nosso posicionamento. E se não se conhece onde se está, como se poderá saber qual o caminho a percorrer para atingir o objectivo que se pretende? Por isso, de pouco valerá prometer conquistas. Primeiro é preciso definir o ponto de partida e apontar um trajecto para a glória.

 

A cultura de um clube mede-se pela sua capacidade em resistir a tudo o que de menos bom gravita à sua volta. Numa cultura forte, existe um elo identificador entre todos os colaboradores, atletas e sócios, os quais absorvem os valores da Organização. No Sporting, a cultura é fraca e isso permite sermos diariamente influenciados negativamente por tudo quanto vem de fora. Sem filtros, completamente à mercê, como os acontecimentos recentes bem o demonstraram. Então, como resolver isto? Em primeiro lugar, e retomando o início do texto, temos de pensar num Sporting uno. Que começa pela abolição dos termos "sportingados", "brunistas" ou "croquettes", os quais só multiplicam a nossa identidade e, por isso, dividem e, assim, minam a nossa coesão. Depois, é preciso chamar e ouvir os sócios, as suas opiniões. Nesse sentido, o Sporting deve afirmar-se como um clube do Renascimento, com uma capacidade criadora, reformadora, de mudança de paradigma (o status-quo) e que valorize todos os seus associados, com respeito pela integridade das competições, o objectivo de promover um desporto melhor, mais justo, equilibrado e íntegro, tudo assente numa cultura de exigência (que deve ser correctamente implementada), mas também de excelência. Nunca, em circunstância alguma, deveremos importar modelos que funcionem com outros, mas que não respeitem a nossa idiossincrasia e/ou os nossos valores e que criem um choque com o que são os valores tradicionais sportinguistas. Como em tempos disse, a cultura de uma organização desportiva não pode estar nos antípodas do que é a personalidade e o carácter dos seus colaboradores, atletas e sócios/adeptos.

 

Concluindo, se é certo que o caminho se faz caminhando, primeiro é preciso saber onde estamos. Caso contrário, andaremos a caminhar para nada, perdidos e, provavelmente, cada vez afastando-nos mais do objectivo pretendido. Procuremos então situar-nos, através do nosso GPS (glória, princípios, sustentabilidade), sabendo que esse é o passo necessário para a afirmação da nossa cultura, leoninidade, do nosso Ser Sporting . Viva o SPORTING !!!

emblemaSCP.jpg

 

Hoje giro eu - Ranking GAP

Nesta temporada de 2018/2019, o Sporting disputou até agora 5 jogos - 4 para o Campeonato Nacional e 1 para a Taça da Liga -, obtendo 4 vitórias (80%) e 1 empate (20%), com 10 golos marcados (média de 2 golos/jogo) e 4 golos sofridos (0,8 golos/jogo).

 

A nível individual, eis os resultados (estatísticas ofensivas):

 

1) Ranking GAP: Bruno Fernandes (3,1,2), Nani (3,0,0), Dost (2,0,0);

2) MVP: Bruno Fernandes (13 pontos), Nani (9), Jovane (8);

3) Influência: Bruno Fernandes (6 contribuições), Jovane (5), Nani e Montero (3);

4) Goleador: Bruno Fernandes e Nani (3 golos), Dost (2);

5)  Assistências: Fredy Montero e Ristovski (2), Bruno Fernandes e Jovane (1).

 

Conclusão: a um nível, aparentemente ao olho, ainda abaixo do da temporada de 2017/2018, Bruno Fernandes lidera 4 dos 5 parâmetros de análise das estatísticas ofensivas. Bruno contribuiu até agora para 60% dos golos leoninos. De destacar, também, o jovem Jovane Cabral, que contribuiu para 50% dos golos. Impressionante! Ambos os jogadores têm média superior à atingida por Bruno Fernandes (o mais influente) na temporada passada, onde esteve em 49,07% dos golos do Sporting.

 

Ranking GAP (Golos, Assistências, Participação decisiva em golo):

 

  G A P Pontos
Bruno Fernandes 3 1 2 13
Nani 3 0 0 9
Bas Dost 2 0 0 6
Jovane Cabral 1 1 3 8
Raphinha 1 0 1 4
Fredy Montero 0 2 1 5
Ristovski 0 2 0 4
Sebastian Coates 0 0 1 1

Hoje giro eu - O Guarda-Redes(*)

Se o objectivo (goal, em inglês) de um jogo de futebol é o golo - o equivalente a um orgasmo, para o bi-bota Fernando Gomes -, impedi-lo é o anti-climax, pelo que o guarda-redes é um desmancha-prazeres por natureza. Talvez por isso, as regras estabelecidas em 1848, na Universidade de Cambridge, não contemplavam a figura do "keeper", posição que só passou a existir em 1871. 

 

Por tudo isto, existe uma não confessada má-vontade contra o guarda-redes, ele é um mal-amado. Se é perdoado a um ponta-de-lança perder um golo de baliza aberta, a um extremo falhar um drible ou um centro, a um médio errar um passe e a um defesa fracassar no desarme, nada é consentido a um guarda-redes. Se der um "frango" e daí resultar a derrota da sua equipa, bem pode efectuar uma mão-cheia de defesas impossíveis que nem assim será absolvido pelo tribunal dos adeptos.

 

Condenado a observar o jogo à distância, isolado, apenas com dois postes e uma barra como companhia, é como um prisioneiro solitário numa cela, sómente aguardando a sua própria execução. E quando lhe aparece um adversário sózinho pela frente e sai ao seu encontro, parece percorrer o corredor da morte (Dead man walking), à espera de um indulto de última hora. Isso talvez justifique porque o mais famoso guarda-redes de sempre (Lev Yashin) e alguns dos melhores da história do nosso Sporting (Azevedo, Carlos Gomes e Vítor Damas) escolheram se equipar de preto: o luto era adequado a quem sabia que a coisa, provavelmente, ia acabar mal.

 

Curiosamente, e em contra-ciclo, à medida que o futebol se foi tornando mais cinzento, cínico, burocrático, cerebral e os treinadores sacrificaram o objectivo do jogo à estratégia e à táctica, os equipamentos dos guarda-redes foram ganhando côr, como se agora acreditassem que tudo vai correr bem. Mas é um engano. Barbosa, arqueiro do Brasil no Mundial de 1950, batido pelo uruguaio Ghiggia na final, resistiu 50 anos como um condenado, tendo de conviver com desconsiderações várias, punido por adeptos, que até, certa noite, furtivamente, lhe colocaram a baliza daquele dia no Maracanã no seu jardim. Para que nunca se esquecesse! Meio-Século pagando por um crime que não cometeu (Barbosa foi considerado o melhor guardião desse Mundial), num país onde a pena máxima para qualquer tipo de crime é de 30 anos...

 

carlos gomes.jpg

 (*) só para desenjoar do quotidiano

 

Hoje giro eu - Ranking GAP

Novo ano, renovadas expectativas, o Sporting disputou até agora 4 jogos, todos realizados para o Campeonato Nacional. Temos 3 vitórias (75%) e 1 empate (25%), com 7 golos marcados (1,75 golos/jogo) e 3 golos sofridos (0,75 golos/jogo).

 

A nível individual, eis as classificações (estatísticas ofensivas):

 

1) MVP: Nani (9 pontos), Bruno Fernandes (7), Bas Dost e Jovane Cabral (6);

2) Influência: Bruno Fernandes (4 contribuições), Nani e Jovane (3);

3) Golos: Nani (3), Bas Dost (2), Jovane e Bruno Fernandes (1);

4) Assistências: Ristovski (2), Bruno Fernandes e Jovane (1);

5) Ranking GAP (medalheiro): Nani (3,0,0), Bas Dost (2,0,0), Bruno Fernandes (1,1,2).

 

Ranking GAP (Golos, Assistências, Participação decisiva em golo):

 

  G A P Pontos
Nani 3 0 0 9
Bas Dost 2 0 0 6
Bruno Fernandes 1 1 2 7
Jovane Cabral 1 1 1 6
Ristovski 0 2 0 4
Sebastian Coates 0 0 1 1
Fredy Montero 0 0 1 1
Raphinha 0 0 1 1

{ Blogue fundado em 2012. }

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D