Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

És a nossa Fé!

Percepção e realidade

Ia comentar o texto anterior do Edmundo Gonçalves, mas como o comentário já ia demasiado longo, penso que ficará mais legível aqui.

O texto entre aspas refere-se extractos que retirei do texto do Edmundo.

"Esta equipa do Porto que deixou os mais experientes na bancada"

Vamos comparar os onzes do Sporting e Porto que jogaram no sábado com os onzes que jogaram no Dragão em 28 de Abril de 2024 para o campeonato.

Screenshot_2024-08-05-11-26-50-980-edit_com.google

Screenshot_2024-08-05-11-24-50-833-edit_com.google

O FC Porto joga, praticamente, com a mesma equipa, apenas com quatro alterações Wendell/João Mário, Pepê/Grujic, F. Conceição/G. Borges e Loader em vez de Evanilson.

Screenshot_2024-08-05-11-26-19-722-edit_com.google

Screenshot_2024-08-05-11-25-25-905-edit_com.google

O Sporting joga com guarda-redes e com toda a defesa diferente, com Gonçalo I., Geny e Morten em posições diferentes ou seja dos onze titulares desse jogo, apenas, Pedro G. e Francisco T. jogaram nas mesmas posições.

Culpa do treinador?

Basta recordarmos o jogo do Dragão, o FC Porto estava, confortavelmente, a vencer dois zero, com o Sporting a marcar dois golos perto do minuto 90. Puxando pela memória recordamo-nos que numa altura em que o mais provável era o terceiro golo do Sporting, Nuno Almeida, o apitador de serviço, expulsou Edwards, reviravoltas, remontadas, acontecem desde que os árbitros as permitam e as promovam como aconteceu no sábado.

"Alguns falam de um erro arbitral"

Eu falo Edmundo, até que a voz me doa. O fora-de-jogo é óbvio tem de ser assinalado é para isso que estão lá o bandeirinha e o VAR, o segundo golo do FC Porto é ilegal, ponto, portanto nem devia ter existido prolongamento.

"Debast e Vladan confirmaram o meu receio"

Não gosto desta pessoalização do (suposto) erro quando o mesmo não é feito para o mérito. Vladan ao contrário de Diogo Costa não fez nenhum passe para golo (já lá vamos) e no golo ocorrido no prolongamento que, como vimos antes, não devia ter existido, a culpa é de Mateus Fernandes que prensa a bola e lhe dá um efeito que a torna indefensável, o remate de Iván Jaime, provavelmente, nem acertava na baliza, que culpa tem Vladan do auto-golo do colega?

Quanto a Zeno concordo com a apreciação de Rúben Amorim, é um craque. Basta ver como foram obtidos os três golos do Sporting saem todos doo pés do central belga. No primeiro é Zeno que faz o passe teleguiado desde o grande círculo para Geny, o moçambicano perde a bola pela linha de fundo, é canto e o resto é história. O segundo golo nasceu duma recuperação de Zeno a meio campo descaído para o lado direito, a bola ressalta em Grujic, depois em Morita e pouco depois está no fundo da baliza. O terceiro golo é uma jogada magistral iniciada pelo melhor guarda-redes do mundo (espero que Martinez tenha estado atento) Debast intercepta a bola, coloca em Morten, Morten para Eduardo Q., Edu para Zeno que domina e de cabeça levantada, dá para Gonçalo, daí vai para Geny, depois para Pedro G., este toca para Viktor e depois é história, o melhor guarda-redes do mundo não consegue defender o remate dum miúdo de 17 anos que com a atrapalhção em vez de chutar para a baliza, remata contra o chão (modo irónico ligado). Parece que houve um guarda-redes que esteve mal neste jogo mas não foi o do Sporting.

O jogo de sábado já acabou, agora é limpar as lágrimas e seguir em frente, há muitos jogos e muitas competições para vencer.

O rumo certo

O Sporting Clube de Portugal, fundado a 1 de Julho de 1906, tem as suas origens no Campo Grande Football Club, que por sua vez teve a sua origem no Bellas Football Club. Tem como desígnio, tal como o formulou José Alvalade (José Alfredo Holtreman Roquette) ser um "grande clube, tão grande como os maiores da Europa"  através do "esforço, dedicação, devoção e glória" .

Assim, o Sporting nasceu no seio duma elite "endinheirada" lisboeta, não foi numa farmácia nem numa tasca, nem os seus presidentes anos a fio foram exactamente "gente do povo", nunca foi um clube popular no pior sentido do termo, de seguir o caminho da turba, de ganhar a todo o custo e em que os fins justificam os meios, de berrar contra os poderes instalados. Nunca o Sporting jogou em campo cedido pelo grande rival de Lisboa, mas o contrário até aconteceu. O grupo Stromp, formado por ex-dirigentes e/ou ex-atletas cooptados ao longo dos anos, representa bem esse Sporting dos fundadores. 

Mas esse Sporting dos princípios e dos valores, traduzidos depois nas camisolas vitoriosas nas competições e nas personalidades dos grandes campeões, atraiu ao longo dos anos homens e mulheres, ricos e pobres, de todas as raças e de todos os cantos do país e fora dele, pessoas como eu que lia pelo jornal emprestado e entrava em Alvalade pela mão dum sócio adulto cooptado na porta da entrada. Ainda agora na festa do título vimos a explosão de alegria de muitos moçambicanos anónimos pelas ruas daquele país onde foi criado o Sporting de Lourenço Marques.

Passada a festa do Jamor de 74, o Sporting teve de enfrentar as consequências económicas e sociais do 25 de Abril, que impediram que João Rocha, um empresário em ascensão na primavera marcelista, levasse a cabo o seu projecto SCP de tornar o clube financeiramente sólido e resiliente aos percalços desportivos. As relações contratuais dos clubes com os jogadores e as relações de poder nas instituições que comandavam o futebol foram quebradas. O que logo foi aproveitado por Pinto da Costa para corromper a arbitragem (quem quiser perceber como basta ler o livro "Golpe de Estádio" de Marinho Neves) e pilhar o nosso clube. Os primeiros a trocar de camisola foram os campeões de 73/74 Alhinho e Dinis, muitos outros se seguiram, entre eles Futre, Inácio e Eurico.

Manuel Fernandes e Vítor Damas souberam dizer não. E foi muito pelo grande capitão Manuel Fernandes que o futebol do Sporting continuou a ganhar campeonatos sob a presidência de João Rocha.

 

Chegados ao 118º aniversário do clube, podemos dizer que:

1) Ao longo dos últimos 50 anos tivemos dois tipos de presidentes,

- Os que se reviam no legado dos fundadores e nos valores diferenciadores que nos deixaram. 

-  E os outros.

2) Ao longo dos últimos 50 anos tivemos dois tipos de presidentes,

- Os que sempre consideraram Pinto da Costa como o grande inimigo do Sporting.

- E os outros.

3) Ao longo dos últimos 50 anos tivemos dois tipos de presidentes,

- Os que ganharam campeonatos nacionais de futebol.

- E os outros.

 

João Rocha, José Roquette (José Alfredo Parreira Holtreman Roquette), Dias da Cunha e Frederico Varandas foram/são uns. Depois existiram os outros.

Então, à luz da história, qual será o rumo certo para o Sporting Clube de Portugal? 

Ser fiel ao legado dos fundadores, ser competente na gestão do bem comum, combater todos aqueles que se queiram aproveitar do clube para as suas vaidades e projectos pessoais, recusar todas as formas de ganhar no campo ou de estar no clube por processos mafiosos (e no FC Porto percebemos bem quanto uma coisa e outra estão ligadas), privilegiar a antiguidade e a assiduidade, fazer do estádio, do pavilhão e de todo o local onde jogue o Sporting uma festa Sportinguista.

SL

13 e 15 de Maio de 1964: datas gloriosas

 

Datas gloriosas no historial leonino. Há precisamente seis décadas, o Sporting Clube de Portugal conquistava a Taça dos Vencedores das Taças. Derrotando em dois tempos o MTK, da Hungria. Primeiro na final disputada em Bruxelas, a 13 de Maio (que terminou num empate 3-3). Dois dias depois, na finalíssima em Antuérpia, que funcionou como tira-teimas: vencemos 1-0 e levantámos o caneco, ainda o nosso maior título futebolístico no plano internacional.

Honra aos heróis de 1964, felizmente vários dos quais ainda entre nós - como Hilário, Pedro Gomes, José Carlos, Mário Lino, Pérides e Figueiredo. Outros já desaparecidos do nosso convívio mas eternos na nossa memória, como Alexandre Baptista (falecido há poucas semanas), Joaquim Carvalho, Fernando Mendes, Géo, Osvaldo Silva e João Morais - autor do célebre "cantinho do Morais" que deu golo directo faz depois de amanhã 60 anos. Vale a pena recordá-lo a partir do 1:20 deste vídeo.

Esforço, dedicação, devoção e glória.

 

ADENDA: Um dos heróis dessa conquista foi Mascarenhas: 11 golos marcados, rei dos artilheiros nessa edição 1963/1964 da Taça das Taças. Também se distinguiu Figueiredo, com 6 golos.

Para adepto Campeão vestir!

Ontem ofereceram-me esta camisola.

20240429_155406.jpg 

Não imagino de onde veio, se é original da marca ou apenas uma cópia, apenas sei que na loja do Sporting não há disto à venda. Mas tenho pena!

Esta camisola só será vestida por mim quando o Sporting for campeão.

Digam o que disserem é uma camiseta que tem tudo o que é importante na história do Sporting: os fundadores, o símbolo, a cor, a data da Taça das Tacas, a frase: "um grande clube, tão grande como os maiores da Europa".

Uma vestimenta à Campeão!

Hitler, Churchill e Pinto da Costa

11.jpeg

Pinto da Costa foi entrevistado pelo jornal Marca onde, entre outros disparates, disse: "nunca bebi álcool", como se isso lhe desse uma superioridade moral. Se não bebia álcool qual a razão para passar as noites em prostíbulos, em bordéis e em casas de alterne? Ia beber água? Saía à noite, com amigos para ir beber água em casas de má fama?

22.jpeg

Hitler, também, não bebia álcool, nem fumava, para o fim converteu-se à alimentação vegan, isso fazia do austríaco uma pessoa, moralmente, superior?

33.jpeg

Por último Churchill, o bêbado, uma das pessoas a quem devemos a liberdade.

Se o abstémio da cruz suástica tivesse vencido a II Guerra Mundial o mundo seria muito diferente, para pior.

Hoje é o nosso dia da Liberdade, veremos se sábado, também, será o dia da liberdade na cidade do dragão verde.

Mártires de Marrocos

P-M.jpg

Não, não me refiro aos jogadores que ontem defrontaram e foram eliminados por Marrocos.

Refiro-me a outros, àqueles que tiveram alguma importância no Portugal medieval e que a propósito do jogo de ontem me vieram à memória.

Na hagiologia portuguesa foi relevante o culto aos Mártires de Marrocos, nomeadamente na região de Coimbra e no Mosteiro de Santa Cruz (o local onde verdadeiramente se pode dizer a frase salazarenta que consta no Castelo de Guimarães: “Aqui nasceu Portugal” – mas isso é história de outros quinhendros).

 

Mas quem eram estes Mártires?

Eram frades franciscanos enviados por Francisco de Assis em 1219 para a conversão dos muçulmanos e que se chamavam Beraldo, Oto, Pedro, Adjuto, Acúrsio e Vidal. Reza a história que este último, por ter adoecido, não chegou a entrar na Península Ibérica, pelo que não terá ascendido ao panteão católico da santidade. Os restantes chegaram a Coimbra, então a capital do Reino (dizem os mais coimbrinhas que continua a ser capital de jure) onde foram recebidos pela rainha Urraca (esposa do rei Gordo ou Gafo: Afonso II). Daí avançaram para sul, passando por Alenquer (não, não foram visitar a “Sãozinha de Alenquer”, essa só apareceria muito mais tarde na catolicidade popular portuguesa), onde foram acolhidos pela piedosa Sancha, irmã do rei que, por palavras reais, basicamente lhes disse para terem juízo.

Prosseguiram e chegaram a Marrocos, onde foram acolhidos por Pedro, não era o Apóstolo, era um homónimo irmão do rei de Portugal, que aí se encontrava por estar “às avessas” com o seu real irmão. Este repetiu-lhes as palavras de sua irmã, porém os frades fizeram ouvidos de mercador (neste caso mercador de almas) e continuaram na missão a que se propunham e iniciaram as pregações. É bem de ver que sofreram alguns reveses, os quais o infante português ia, como podia, livrando. Mas eles continuavam na sua prosélita missão, até o chefe-maior lá sítio – miramolim de seu ofício – se aborreceu e os mandou prender, julgando-os demover da sua missão. Em vão...

Assim que foram soltos, como pessoas cientes da sua razão, teimosos dizem outros, pregaram em praça pública que, como se está a adivinhar, não foi uma atitude muito ajuizada. Foram maltratados e levados, novamente ao chefe-maior lá sítio – miramolim de seu ofício – que se sentiu enfurecido face ao "pelo na venta" das respostas que estes frades lhe iam dando. E assim, talvez para não os ouvir mais, achou que seria melhor que ficassem sem cabeça. Assim o fez.

Os seus corpos foram recolhido pelo tal irmão do rei português, que acompanhado por um crúzio (não, não é o bolo), João Roberto de seu nome, trouxeram os restos mortais de volta para Coimbra. Conta a história que o local de destino seria a Sé, porém um milagre aconteceu: a mula que os levava fincou pé à porta do Mosteiro e, como uma mula teimosa, daí não saiu enquanto as suas portas não se abriram. Por aí ficaram… Bem, algumas ossadas foram mudadas para outros sítios, coitados dos santos católicos que têm os seus ossos espalhados por vários sítios.

 

Porém, isto não é o fim da história… claro que o culto a estes mártires faz-se em toda a cristandade, porém, como disse no início, foi em Portugal e em particular na região de Coimbra que foi mais relevante, estando hoje, contudo, esquecidos.

Dizia que não é o fim da história, pois estiveram na origem de um outro fenómeno: o do português mais conhecido de sempre em todo o mundo. Não, não se trata de Cristiano Ronaldo. Há um português mais conhecido, se bem que os italianos o queiram nacionalizar (um pouco à semelhança dos espanhóis quando Cristiano Ronaldo jogava no Real Madrid).

 

O episódio da chegada dos restos mortais destes frades a Coimbra e o seu exemplo foi motivo de inspiração a um cónego que estava, por esta altura, no Mosteiro de Santa Cruz: Fernando de seu nome e Bulhões de apelido. Este cónego resolveu abandonar este mosteiro, o seu nome e seguir o exemplo destes frades. Abraçou a Ordem dos Frades Menores, recém-instalada nos arrabaldes de Coimbra e aí tomou o nome de António.

 

O resto da história, a história de Santo António penso que conhecem…

 

Leitura complementar

Texto de Nélson Correia Borges, publicado no Correio de Coimbra n.º 4769, de 09-Jan-2020 e republicado no blog À cerca de Coimbra em 14-Jan-2020

Nike, igual a Vitória

(imagem de "Nike de Samotrácia" também conhecida por "Vitória de Samotrácia", presente no Louvre)

Como é público, o Sporting veste esta época equipamentos desportivos da marca americana Nike, em substituição da italiana (eu diria francesa) Macron, a qual ficará para sempre na história do nosso clube como sendo a marca de uma equipa campeã.

 

Inicia-se, pois, um novo futuro, vestido pela Nike.

Não vou fazer considerações sobre esta marca, vou recordar, tão só, o significado da palavra “Nike”, uma deusa da Grécia Antiga, o qual, queremos acreditar, possa ser um bom augúrio para o nosso clube.

 

Nike - «Filha de Palas e do Estige, irmã de Zelo (o furor), de Crato (a força) e de Bia (a violência), a Vitória (chamada Nike, pelos Gregos) pertencia à primeira geração dos deuses. Possuía na Acrópole de Atenas um célebre templo. Sempre associada à deusa Atena (Atena Nike). Geralmente, os artistas representam-na como uma mulher alada, trazendo na mão a palma e a coroa, guiando os deuses e os heróis no decurso dos seus feitos. Os Romanos, por seu lado, afirmavam que a efígie da Vitória tinha sido construída por Palante, herói epónimo da colina do Palatino, onde tinham edificado um templo em sua honra.» [1]

 

O símbolo desta marca comercial remete, precisamente, para as asas desta deusa, apresentando-a de uma forma estilizada.

Uma outra construção moderna da imagem desta deusa grega pode-se igualmente encontrar nas pequenas estatuetas presente nos veículos da marca Rolls Royce, denominada Espírito do êxtase.

 

[1] - Schmidt, Joël – Dicionário de mitologia Grega e Romana. Lisboa: edições 70, 1994. p. 271

 

 

Particularidades do título do Sporting

Como já foi referido, este título do Sporting teve a particularidade de ter sido obtido num ano ímpar. Desde 1953 que o Sporting não era campeão num ano ímpar. O que tem como consequència que desde 1954 (ano em que conquistou o tetra) que o Sporting não é campeão por dois anos seguidos. O bicampeonato tem que ser o principal objetivo para a próxima época, que tem que ser planeada a pensar nisso.

Analisando a história das classificações do Sporting, conclui-se que desde esse ano de 1954, a seguir a um título de campeão segue-se quase sempre um mau campeonato, com classificações abaixo do 2º lugar. A única exceção foi na época de 1971 - 2º lugar após o título de 1970. Desde esse tetracampeonato de 1954, só por três ocasiões o Sporting ficou dois anos seguidos (ou mais) acima do terceiro lugar: em 59/60 e 60/61 (dois segundos lugares), os referidos 69/70 e 70/71 e o bem mais recente "tetravicecampeonato" de Paulo Bento (e Soares Franco), entre 2006 e 2009, que eu sempre elogiei e sempre elogiarei. O título recém conquistado foi importantíssimo, mas mais importante (e mais histórico) será ser bicampeão em 2022. Toda a equipa terá que ser motivada para isso. E tem que haver estabilidade na equipa técnica e no plantel.

A propósito da equipa técnica: desde 1974, foi a primeira vez que o Sporting foi campeão tendo mantido um treinador da época anterior (pelo que foi dito, sem ter sido campeão). Desde então o Sporting só tinha sido campeão com treinadores estreantes, por vezes entrando mesmo com a época em andamento. E a maior parte das vezes os treinadores campeões não terminavam a época seguinte - por vezes, como Allison em 1982, nem a começavam. Foi esta tradição que Rúben Amorim veio quebrar. Esperemos que continue a contrariar a tradição e nos dê o bicampeonato.

Fazer história

img_920x518$2020_10_27_10_02_04_1771610.jpg

 

Sporting ciclotímico: não faltaram adeptos - até nas nossas caixas de comentários - a resmungar e reclamar após o Benfica-Sporting de sábado. Dizendo, entre outras coisas, que se perdeu uma excelente oportunidade para se "fazer história".

Alguns dos que agora resmungam, subitamente muito exigentes, são os mesmos que no início da época davam como garantido que seríamos ultrapassados pelo Braga e nos arriscávamos a discutir o quarto lugar com Paços de Ferreira e V. Guimarães.

Esses, apostados já em denegrir o treinador e os jogadores que repuseram o Sporting na rota dos títulos, acabam por dar razão a quem argumenta que o campeonato só conseguiu ser conquistado por não haver adeptos no nosso estádio.

Por mais que a equipa faça, nunca estão satisfeitos.

Antes criticavam João Mário porque jogava, agora criticam porque ficou no banco. Antes criticavam o técnico por não "dar oportunidades" a Daniel Bragança, agora criticam porque Amorim integrou o jogador no onze titular do clássico.

Só apoiam no fim de tudo, quando a vitória se consuma E mesmo assim, poucos dias volvidos, começam de imediato a denegrir a equipa campeã. Como se vê.

 

A esses, que queriam "fazer história" no penúltimo jogo de um campeonato já conquistado, tenho a dizer o que vai seguir-se.

- Fazer história é vencer o campeonato após o nosso mais longo jejum de sempre - que perdurou nas presidências de Soares Franco, Bettencourt, Godinho Lopes e Bruno de Carvalho.

- Fazer história é termos o mais longo período (32 jornadas) sem derrotas alguma vez registado no campeonato nacional. Sagrámo-nos campeões invictos.

- Fazer história é termos concluído 20 partidas (em 33 já disputadas) sem sofrer um só golo nesta Liga 2020/2021.

- Fazer história é liderar o campeonato isolados desde a jornada 6, como este ano aconteceu.

- Fazer história é chegarmos à Luz já campeões a duas jornadas do fim.

 

Tudo isto é fazer história.

Agora há que preparar desde já a próxima época. Tão bem como esta foi preparada.

Apoiando jogadores, equipa técnica e dirigentes do princípio ao fim. Apoiar só na linha da meta, como alguns este ano fizeram, não vale nada.

«pessoa que for achada a juguar a bola […] pagar de pena dous mil rs e da cadea»

No Arquivo Histórico Municipal de Coimbra está patente uma pequena exposição intitulada “D’este mal da peste, que Deus nos libre” sobre as pestes na cidade de Coimbra.

No catálogo desta exposição, na página 56, encontra-se transcrito uma deliberação, como medida de contenção – diríamos hoje, da Vereação de 1569, que proíbe que se jogue à bola, seja lá o que isso era antes do futebol – talvez o mais parecido seja o o “Calcio Fiorentino” (ver no Youtube).

 

«1569, Dezembro, 3, Vereação [fl. 147v]- E logo nesta camera se acordou e asemtou que nenhua pessoa va da cidade fora da bandeyra da pomte a juguar a bola e a pescar ao lomgo do rio por omde amdão as pessoas empedidas e asy no Arnado e aos olivaes d’alem do Castello, so pena da pessoa que for achada a juguar a bola ou a pescar ao lomgo do rio dito he, pagar de pena dous mil rs e da cadea, a metade pera os tapumes da cidade e a outra pera quem os acusa e mandarão que seja apre[fl.148]goado pelos logares [acostumados].[…]

[fl. 149v]- Aos sete dias do mês de Dezembro de mil e quinhetos e sessemta e nove deu sua fee Pero Fernandez como apregoara pelos lugares pubricos que nenhua pessoa de qualquer calidade que seja joge a bola nos olivaes e cemsiraeis d’alem da pomte, nem va a pescar da Lapa dos Esteos ate o Almege, nem a jogar a bareyra soma dous mil rs, a metade pera os tapumes desta cidade e a outra para quem os acusar, e asy pelo dito modo que nenhua pessoa joge bola nem bareyra no Arnado, des a pomte ate a Fontoura nem pesque dos tapumes da cidade, sob a dita pena e asy pelo dyto das cousas segimtes, da porta do Castello ate Aregaça, sob a dita pena, como foy acordado em camera e asynou aquy o dito Pero Fernandez, porteyro. João gonçavez de Sequeira, o sprevi. […]»

Pelé em Alvalade

Este comentário de Francisco Melo, sobre os 60 anos de Maradona, onde questiona se Pelé alguma vez vestiu “o manto sagrado”, despertou em mim curiosidade em verificar se isso alguma vez aconteceu.

Não encontrei nenhuma foto, mas encontrei a crónica do jogo que Pelé fez em Alvalade a 19 de Junho de 1959.

Aqui fica:

- | -

SPORTING, 2 – SANTOS, 2

OS «LEÕES» SÓ NÃO GANHARAM PORQUE FORAM INFELIZES

 

Quem ontem à noite se deslocou ao Estádio de Alvalade, por certo, não deu por mal empregado o seu tempo.

Se a partida não chegou a atingir, por parte dos brasileiros, o nível que se previa, deve-se o facto à boa réplica da turma «leonina» que em noite de inspiração, deve ter feito o séu melhor encontro da época.

Tecnicamente, não poderá negar-se categoria ao grupo brasileiro. O domínio de bola de todos os seus jogadores, a troca do esférico, a «presença» a meio campo, foram atributos que os sul-americanos denunciaram em larga escala. Simplesmente, nas disputas de bola e no perfurar a defesa contrária os brasileiros já se não apresentaram tão à vontade.

O motivo daqueles senões saltaram à vista por virtude da equipa «leonina», sem temor pelo adversário, jogou com o saber e jeito suficientes para neutralizar a acção dos «santistas». E, se uma das turmas houve que se mostrasse surpreendida, por certo foi a dos visitantes que não a lisboeta.

Durante o primeiro tempo, o Santos foi muito igual. Moroso, jogando muito para os lados, preferindo tentar romper pelo meio. Ao vagar com que os brasileiros puseram no jogo, respondeu o Sporting com uma vivacidade que não deveria, encontrar-se nas previsões, dos sul-americanos.

A defesa dos «leões» bem fechada, neutralizava, um a um os ataques, ao «relanti» do grupo de Pelé. Este e Coutinho, secundados por Álvaro, bera tentaram romper, no seu passe miúdo desfeitear o sector defensivo dos lisboetas, a que Julius emprestou uma colaboração que bem se casou cora a autoridade do «trio», Lino-Morato-Hilário.

Uma vez fechadas; as ofensivas dos brasileiros, o Sporting partia para o ataque. Apoiada, e bem, por Osvaldinho,. a linha atacante leonina, dava-se em se movimentar de tal modo que a defesa «santista» via-se e desejava-se para suster o seu ímpeto e desenvoltura.

Assim, apareceu o primeiro golo da partida, aos 13 minutos, num lance em que Hugo, com um toque subtil, colocou a bola ao alcance de Morais para este rematar vitoriosamente. O tento leonino, não chegando para quebrar o ritmo moroso do Santos, contribuiu, ainda, para que o Sporting, se mantivesse em plano de mais relevo, com o sector atacante, bem movimentado por Faustino, Fernando e Diego, a criar lances de perigo para as redes de Carlos, o guardião brasileiro. E, quando o intervalo chegou, a impressão causada pelo Santos não era de molde a justificar a fama de que vinha rodeado.

No segundo tempo, e enquanto as equipas apresentaram as mesmas formações iniciais, ainda o Sporting foi a de mais destacada iniciativa. O Santos, continuava, enervantemente moroso e os «leões» activos e mexidos a procurarem aumentar a marca.

E, o Sporting, fez o segundo golo. Morais correu pelo seu lado, passou Ramiro e de cima da «linha de baliza» centrou atrasado, por alto. Faustino, que seguiu o lance, em movimento, entrou bem de cabeça... e Carlos foi buscar o esférico ao fim da rede.

O Santos deve ter sentido o golo que alterava o marcador para 2-0, a favor dos lisboetas. Jair, entrou a substituir Fiote e a equipa brasileira , pareceu mais arrumada. O ataque tornou-se mais preciso, e embora um cansaço compreensível, dada a série de jogos que a equipa vem de disputar cm tão curto espaço de tempo, deu-se em lutar melhor, procurando rematar mais amiudamente.

Cerca do quarto de hora, Durval, correu pela direita, ultrapassou Hilário, centrando forte, a meia altura. Osvaldinho, virado para as suas balizas, tentou interceptar, mas a infelicidade levou-o a dar à bola o caminho do golo. Assim, chegou o Santos ao 2-1.

Já mais assente, a turma do Santos fez das fraquezas forças, e tornou-se mais profícua, com Jair a encher o rectângulo. E, a bola, perto da «grande área» do Sporting, passou a ser entregue a Pelé, para que este rematasse. Um, dois remates do campeão do Mundo e ao terceiro estava feito o empate. O poderoso atacante, recebendo o esférico de Jair, correu com ele, e rematou ao lado esquerdo de Octávio de Sá. Este, pareceu, por momentos, ter neutralizado com as mãos, o remate de Pelé, mas o esférico, prosseguindo, foi tocar as malhas. Estava feito o empate.

 

O TRABALHO DOS JOGADORES

JAIR SOBRESSAIU na equipa visitante

No conjunto, os brasileiros, embora revelando sempre perfeito domínio de bola, abusaram contudo das entradas menos leais, o que provocou alguns justificados protestos e constantes interrupções do jogo.

Uma e outra coisa, desagradaram completamente ao público que quase encheu o Estádio para ver em acção os paulistas e, especialmente, d «estrela» da companhia, o campeão mundial Pelé.

Este jogador não jogou, certamente, o seu melhor revelando, no entanto, excelente domínio de bola e desmarcares oportunas. Não fez muito o «internacional» brasileiro, mas o que efectuou fê-lo com consciência, e a poucos minutos do fim, com um potente remate, obteve. o golo do empate.

Após a entrada em campo do «veterano» JAIR, que empunhou a «batuta», o conjunto do Santos melhorou consideravelmente e viu-se então a acção do mestre. As suas paragens e entregas perfeitas entusiasmaram a assistência.

O jovem COUTINHO não actuou até final do encontro, mas o tempo' que esteve no terreno chegou para patentear as suas reais qualidades.

Foram, ainda, DURVAL, muito rápido com a bola, ÁLVARO bom dominador e PEPE, com esplêndido sentido de oportunidade os jogadores que completaram o ataque do Santos.

A defesa pecou, e muito especialmente PAGÃO, por jogo rijo, o que tirou brilho á sua actuação.

Na baliza, CARLOS esteve seguro e arrojado, mesmo quando saiu aos pés de Faustino.

 

FAUSTINO O MAIS DESTACADO NA TURMA DO SPORTING

OCTÁVIO DE SÁ - Irregular. Duas ou três saídas em falso. No segundo golo pareceu-nos mal batido, pois deixou-nos a impressão de que chegou a ter a bola nas mãos.

LINO - Não deu tréguas a Pepe, travando bom despique com o extremo brasileiro. E foi em maior numero os lances que ganhou do que os que perdeu.

MORATO - Colocação, rapidez e bom despacho. Um defesa-central de bom estilo e óptima presença.

HILÁRIO - Mais ousado do que os companheiros e acusando a categoria de Durval. Mas, no conjunto, foi uma permanente utilidade.

JULIUS - Um médio de alto a baixo. Boas dobragens e uma vigilância a Pelé a chamar a atenção.

OSVALDINHO - Tirando todo o partido da lentidão do ataque brasileiro, o n.º 6 dos «leões» atingiu plano de realce, quer na ajuda á defesa, quer no apoio ao ataque.

HUGO - Vivo, mas demorando um tudo nada a posse do esférico. Alguns centros de boa marca e um passe magnífico a Morais para este fazer o golo.

FAUSTINO - Bom domínio de bola, desmarcações a propósito e toques precisos, com o esférico em movimento. Um óptimo golo de cabeça. Elemento para vir a dar que falar.

FERNANDO - Movimentou-se bem, trocou a bola com a-propósito, mas parece abusar um pouco na retenção do esférico. Talvez remate pouco, mas joga muito.

DIEGO - Pontou q jogo do ataque e saiu-se bem. Ajuda aos médios utilíssima, cumprindo, cabalmente a missão.

MORAIS - Expedito e com boa velocidade. Ramiro, o defesa-direito adversário,. viu-se em dificuldade para o segurar. E, raramente o conseguiu. Fez o primeiro golo, derivando para o meio do terreno no momento próprio.

POMPEU - Jogou 10 minutos e no pouco em que interveio esteve certo.

 

 

ENTRE OS BRASILEIROS

O SPORTING «BATE DURO» E JOGA O FUTEBOL - diz PELÉ que está saturado

 

Extenuados e ainda vivendo as peripécias dp jogo, os brasileiros não deixaram de revelar a sua gentileza para com a Imprensa e Rádio, que invadiu os seus vestiários.

A um canto, quase despercebido, deparámos com COUTINHO, o mocinho de 16 anos, já «estrela» do futebol carioca, revelou:

- Foi um jogo disputado com ardor e velocidade, que me agradou, pois o Sporting provou ter grande «team» e uma «torcida que o ajudou muito.

- O empate está certo?

- Um resultado que saiu assim, justo não é? Mas nós não jogámos lá muito bem. Porquê não sei. Mas são jogos uns atrás dos outros, não acha?

- Por que foi substituído?

-Saí porque tinha «reserva» para entrar. Pois tenho 16 anos e continuo a ser ainda «guri»...

-Conhece alguns dos seus compatriotas que alinharam pelo Sporting?

- Sim, o Faustino e o Fernando desde o Brasil. Foram até meus adversários lá... São bons jogadores e o Faustino deu espectáculo.

Passámos depois a PELÉ, o discutido .«crack»’ campeão do mundo, que 1 nos surpreendeu com a maneira fácil de se expressar. Começou por dizer acerca da partida:

- Foi um bom jogo, mie seria melhor se tivesse um árbitro á altura. Prejudicou as duas equipas e o jogo, por não deixar seguir bola.

E confessou a seguir:

- O resultado está justo. Futebol é assim mesmo. O Sporting «bate duro», corre muito e joga bastante futebol. Gostei muito de Diego, Osvaldinho e Faustino, este um bom jogador, que já conhecia «di lá...».

- A sua .exibição, Pelé?

- Não agradou. Estou saturado, três jogos por semana é muito...

- Diz-se que vai ingressar no Madrid, é verdade?

- Isso é uma conversa que saiu. Comigo não conversaram nada. É melhor ficar por aqui...

E, acrescentou:

- A minha profissão é «crack» e tenho família para criar - meu pai e minha mãe. Quero jogar na equipa que pagar melhor. Depois lutarei pela sua camisa...

Na cabina encontrava-se o treinador OTTO GLÓRIA, a quem pedimos para falar do jogo, o que logo acedeu, para dizer:

- O resultado está certo, atendendo àquilo que os grupos jogaram. O Sporting esteve melhor no primeiro tempo, mas o Santos revelou-se na parte final, sem dar uma ideia exacta daquilo que pode fazer.

E, prosseguindo:

- Os jogadores brasileiros sentem-se muito cansados e além disso o Sporting não deixou jogar, lutando com ardor e jogou mesmo bem.

 

NA CABINA DO SPORTING

A ENTRADA DE JAIR MODIFICOU O JOGO

- opinião do dr. Oliveira Martins

 

Assistimos .ao jogo ao lado de VADINHO, a quem , no final pedimos opinião. O brasileiro do Sporting expressou-se assim:

- Futebol é uma coisa de mistério. O Sporting merecia um resultado bem melhor, porque jogou bem.

E, referindo-se ao Santos:

- É uma equipa muito boa, mas não está jogando bem. Acredito que joguem mais do que mostraram hoje em Alvalade. Obteve um resultado honroso.

Já na cabina, ouvimos o dr. OLIVEIRA MARTINS, dirigente «leonino», que nos disse:

- Foi um espectáculo agradável, que só não ganhámos por infelicidade. A entrada de Jair, verdadeiro mestre da bola, veio modificar o jogo e dar «vida» ao famoso Pelé, que acusou a soma de jogos feitos nesta digressão do Santos à Europa.

Depois, ouvimos o treinador IMBELLONI, que foi rápido na análise ao jogo:

- Não posso fazer uma apreciação justa do Santos, depois da equipa fazer tantos joges... Não me deslumbrou, embora o jogo me tenha agradado e ache bem o resultado fina!

- Pelé e Coutinho?

- Não os vi. Jair é que é, sem favor, a «vedeta» do grupo.

Por fim, perguntámos a OCTÁVIO DE SÁ sobre os golos sofridos. O guardião «leonino» retorquiu:

- O primeiro resultou »de um golpe infeliz de Osvaldinho e, o outro, foi o Pelé quem o rematou, não me sendo possível evitá-lo por estar «tapado»...

- Quanto aos brasileiros?

- Mostraram muito cansaço. Jair e Pepe, melhores do que Pelé e Coutinho, que só se revelaram em certos pormenores do jogo. Quando tiverem a experiência de Jair, devem vir a ser um caso sério...

 

In.: Record, n.º 832, de 20 de Junho de 1959, p. 3

Aos vencedores foram oferecidas medalhas

2020-09-22 19.37.44.jpg

“Realizou-se domingo [14 de Setembro de 1902], na Quinta da Fonteireira em Belas, [Quinta pertencente à família Pinto Basto onde, por via do parentesco da minha avó paterna, eu passava umas divertidas jornadas em pequenino], o match de «Foot-ball» entre o Sport Clube de Belas [dos irmãos Gavazzo] e o Foot-ball Clube Peninsular, ficando este último a vencer por 6 goals contra 1. Aos vencedores foram oferecidas medalhas. O grupo vencedor compunha-se: goal-keeper, J. Lisboa; backs, E. Tito e F.G. Vieira; half-backs, E. dos Santos M. do Nascimento e Afonso Ortis; forwards, Abel Macedo, David Fonseca, C. Botelho, G.P. Basto e R. Pereira; refere, J. G. Vieira.

In “História do Sporting Club de Portugal" de Luís Augusto da Costa Dias com Paulo J. S. Barata – Contraponto

«Parece que já os estou a ver, diz o sr. Anastácio...

... a bola é posta em jogo e os nossos avançam como leões!

Coates (1) recebe a bola e passa a Quaresma (2), Quaresma (2) dribla Alex Teles (3) que se estende ao comprido e passa a Nuno Mendes (4), Nuno Mendes (4) recebe a bola e passa a Wendel (5), Wendel (5) passa a Plata (6), Plata (6) centra e Jovane (7) completamente isolado, corre para a baliza e chuta, golo!

Golo!”. E derruba o tampo da mesa.

“Ai meu Deus, que aconteceu? Mas que foi isto?” diz a sua mulher Carlota ao entrar de rompante na sala.

“Foi o senhor Anastácio que meteu um golo.»

 

-----

(1) - Canário no original. (2) - Travassos no original. (3) - Guilhar no original. (4) - Vasques no original. (5) - (Wendel) Albano no original. (6) - Jesus Correia no original. (7) - Peyroteo no original.

 

Operário e futebolista assassinado pela própria mãe

21792879_Ghv2K[1].jpg

 

Hoje, dia 1 de Maio, celebra-se o dia do trabalhador.

Há um sinónimo de trabalhador que me interessa, especialmente, operário (do latim operor; trabalhar, ser eficaz, produzir).

A imagem que ilustra este texto foi obtida hoje perto do Largo da Princesa, Belém, um espaço geográfico que os pés descalços de José conheceriam.

Um operário vestido de azul ganga durante a semana e vestido de azul com a cruz de Cristo no domingo.

Estreou-se na equipa principal do Belenenses num jogo contra o Benfica com apenas 16 anos recentemente completados. A quinze minutos do final o Belenenses perdia por 4-1, mas, a equipa deu a volta ao resultado e venceu por 5-4. José Manuel Soares tornou-se de um dia para o outro um ídolo popular.

Entre 1926 e 1931, transformou-se na maior estrela do futebol português do seu tempo. Avançado felino, tem o recorde de golos num só jogo - 10 ao Bom Sucesso - e quando se estreou pela selecção portuguesa com dois golos à França, com meros 18 anos, "foi o delírio" nas "ruas mais pobres de Belém", como lemos em A História do Futebol em Lisboa: "representava a alma do Bairro, o seu orgulho e a sua vaidade." O momento de maior glória chegaria com a participação portuguesa nos Jogos Olímpicos de 1928.

No dia do primeiro jogo, com o Chile, uma multidão encheu as ruas no centro de Lisboa, lendo as edições especiais dos jornais, ou observando o painel no Rossio onde a partida foi acompanhada num directo pré-televisão, com um homem, em contacto com Amesterdão, assinalando com um íman e com a precisão possível os avanços e recuos da bola no campo.

Portugal vence 4-2, ele marca e é decisivo nessa e na vitória seguinte, frente à Jugoslávia. A contestada derrota com o Egipto no terceiro jogo [um golo invalidado a Portugal] não maculou em nada o seu prestígio,  estrela maior do futebol de então; nos campos era um ídolo, fora dele, um simples operário no Centro de Aviação Naval do Bom Sucesso.

Como depreendemos pelo título foi a mãe que o matou, num dia de infelicidade, a solidariedade da bairro operário em que viviam (é interessante pensarmos em Belém como um bairro operário) funcionou e a pobre senhora que, apenas, trocara o sal por soda caústica* para fazer uma sopa, nunca foi acusada de nada embora os vizinhos soubessem o que acontecera.

Chamava-se José, passou para a posteridade como Pepe, um operário que morreu por comer sopa.

*a soda caústica era utilizada em conjunto com areia para "arear" tachos e panelas, é muito semelhante ao sal e a sua ingestão é mortal.

Bibliografia: https://www.publico.pt/2011/08/28/jornal/dois-bairros-e-uma-bola-uma-historia-de-futebol-22756853

http://blogoexisto.blogspot.com/2006/10/lenda-do-pepe.html

O Sporting não precisa de heróis

José de Pina descreve, e muito bem, a alucinação em que alguns Sportinguistas vivem, acreditando que o Sporting só nasceu em 2013. Já antes, desde sempre, o Sporting sempre foi grande! E, desde sempre, houve gente a lutar contra o sistema que se instalou no futebol nacional.

O Sporting não precisa de heróis, muito menos de Dons Sebastiões. O Sporting precisa é de todos os seus adeptos a pensarem no Sporting e não divididos entre o "Sporting de A" e o "Sporting de B". Sporting há só um, o Clube de Portugal!

 

Andou ao engano

confuso-na-vida.jpg

 

Um ex-presidente do Sporting veio dizer que o Sporting Clube de Portugal sempre foi uma monarquia e só fez uma pausa entre 2013 e 2018. Curiosamente também disse que foi durante esse período que mais se enalterceram os valores do Sporting.

Ora, se o Sporting sempre foi uma monarquia com todos esses defeitos, de que serve enaltecer os valores definidos pelos "nefastos" monarcas?

Durante esta quarentena tem-se visto muitas fotografias das campanhas europeias do Sporting com o velhinho José de Alvalade cheio. Inclusivamente ganhámos uma Taça europeia no "tempo da monarquia".

O Sporting, com as suas qualidades e defeitos, nasceu em 1906 e desde então sempre foi enorme. Querer reduzir a sua grandeza ao período pós-2013 é um periogoso reescrever da história. Se não percebeu isto, andou claramente ao engano.

{ Blogue fundado em 2012. }

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D