Rúben Amorim num abraço apertado a Conrad Harder: despedida em grande do Sporting
Foto: Hugo Delgado / Lusa
Faz hoje uma semana, em Braga, aconteceu uma das mais saborosas vitórias do Sporting. Reviravolta com tintas épicas. A segunda em poucos dias após o extraordinário triunfo em Alvalade frente ao Manchester City, considerado melhor equipa do mundo, sob o comando de Pep Guardiola, o treinador com mais fama nos nossos dias.
Primeira parte fraca, com demasiados erros individuais e falta de dinâmica colectiva. A turma anfitriã foi superior nesta fase, marcando duas vezes. Assim chegou o intervalo: perdíamos 0-2. Mais de 20 mil espectadores na Pedreira - parte dos quais sportinguistas.
Para agravar a situação, o melhor jogador português deste Sporting que sonha com o bicampeonato lesionou-se. Sozinho: problema muscular. Estavam decorridos apenas 23 minutos quando Pedro Gonçalves se viu forçado a abandonar o relvado. Ia em lágrimas, sabendo que voltaria também a falhar uma convocatória da selecção nacional. Só regressará às competições em 2025.
Geny teve de aquecer com rapidez. Entrou aos 26' para interior esquerdo.
O intervalo fez muito bem aos nossos jogadores. Parecia outra equipa. Mais veloz, mais acutilante, pressionando o Braga, forçando os adversários a recuar, impondo a superioridade natural. Aí ficou patente a excelente organização colectiva leonina, reforçada por jogadores com inegável talento.
Debast já não regressou para a segunda parte: St. Juste rendeu-o. A equipa ganhou com a substituição, beneficiando também com as trocas de Maxi Araújo por Harder e de Daniel Bragança por Morita ao minuto 56.
Neste confronto no Minho em que disse adeus ao Sporting antes de rumar a Manchester, Amorim confirmou uma das suas maiores virtudes: saber ler o jogo. Muito mais do que a famosa "estrelinha" do treinador, isto explica a reviravolta. Que não tardou a ocorrer, operada pelos jogadores recém-entrados.
St. Juste, num cabeceamento ao poste, e Morita, aproveitando o ressalto em remate fulminante, começaram a reduzir aos 58'.
O Braga vencia ainda, mas estava encostado às cordas.
Foi ao tapete no minuto 81', com um disparo fortíssimo de Morten, a cerca de 30 metros da baliza. Golaço indefensável: Matheus foi incapaz de travá-lo. Sério candidato a golo do mês. O internacional dinamarquês, nosso capitão, estreou-se assim a marcar na Liga 2024/2025.
Faltava entrar em cena um compatriota de Morten: Conrad Harder. Deu festival em campo nos minutos finais, levando ao delírio a massa adepta leonina. Aos 89', num remate cruzado, fortissimo. E aos 90'+4, repetindo a dose e fixando o resultado: 2-4.
Fabuloso bis, com parte do estádio a ovacioná-lo e o resto em silêncio.
De imediato todos os jogadores rodearam o treinador que se despedia, num comovente e eloquente abraço colectivo a demonstrar a força do balneário deste Sporting campeão, mais forte que nunca.
Faz sentido: vamos com 32 jogos seguidos no campeonato sem perder. Nesta Liga, com 33 pontos em 11 jornadas, temos 39 marcados e apenas 5 sofridos. Média impressionante: 3,54 golos por jogo.
Amorim sorria, provavelmente já com saudades antecipadas. E também certamente com sensação de orgulho.
Pôs fim ao maior período da história do SCP sem vencer o campeonato. Foi o primeiro treinador do Sporting a triunfar na Alemanha (goleando o Eintracht). Foi determinante na nossa mais lucrativa venda de sempre, com a transferência de Ugarte (aposta sua) para o PSG. Deixa o plantel mais valioso de Portugal: 443,5 milhões de euros, segundo o Transfermarkt.
Tornou-se sportinguista entre nós. Devemos-lhe algumas das nossas melhores recordações desportivas de sempre.
Breve análise dos jogadores:
Israel (5) - Sofreu dois golos, aos 20' e aos 45': nada frequente nele. Mas está isento de culpa em qualquer dos lances.
Debast (2) - Há dias em que mais vale não calçar. Foi esse o dia para o belga. Ofereceu o primeiro golo ao Braga e marcou com os olhos no segundo, desconcentrado. Já não veio do intervalo.
Diomande (5) - Sentiu dificuldades notórias na primeira parte, mas impôs a voz de comando no segundo tempo, ajudando a blindar o nosso reduto defensivo.
Matheus Reis (5) - Titular em vez de Gonçalo Inácio, começou muito intranquilo, parecendo por vezes não saber o que fazer à bola. Melhorou no segundo tempo.
Quenda (7)- Um dos obreiros da reviravolta. Genial, um passe cruzado de 40m a isolar Gyökeres aos 51'. Serviu de aperitivo ao golo, iniciado 7' depois por ele, na marcação dum canto.
Morten (7) - Líder incontestado do meio-campo, muito atento às incursões adversárias. Destacou-se sobretudo no golaço que apontou aos 81' - a sua estreia como artilheiro nesta Liga.
Daniel Bragança (4) - Estranhamente apático, sem velocidade nem ritmo. Falhou no confronto com João Moutinho, perdendo a bola no segundo que sofremos. Saiu aos 56'.
Maxi Araújo (5) - Protagonizou bons cortes, aos 8' e aos 12', mas ainda lhe faltam rotinas no corredor esquerdo. O melhor que fez, na frente, foi atirar à malha lateral (43'). Saiu aos 56'.
Trincão (7) - Poucos como ele revelam tanta qualidade com a bola em espaços curtos. Já faz boa parceria ofensiva com Quenda à direita. É dele o passe para Harder no quarto do Sporting.
Pedro Gonçalves (3) - Noite azarada para o craque transmontano. Viu um amarelo aos 13' por protestos. Aos 23', esticou demasiado a perna e sentiu dor forte: foi substituído aos 26'.
Gyökeres (6)- Noite estranha: ficou em branco. Quase marcou, aos 51': Matheus travou-o. Falhou por pouco a emenda a centro de Geny (60'). Útil nos cartões: forçou três ao Braga (38', 45' e 68').
Geny (6) - Substituiu Pedro Gonçalves aos 56'. Ajudou a encostar a turma braguista às cordas, pressionando na meia esquerda. Remate forte aos 72', para defesa apertada do guardião.
St. Juste (7) - Substituiu Debast na segunda parte. Com larga vantagem, atrás e à frente. Cabeceamento ao ferro que deu golo na recarga (58'). Inicia o terceiro golo numa recuperação.
Morita (8) - Substituiu Daniel aos 56'. Era o dínamo de que a equipa precisava: saiu do banco para abrir a conta leonina. Transformado em "n.º 10", assistiu no terceiro golo.
Harder (9) - Entrou aos 56', substituindo Araújo. Viria a ser o protagonista do jogo - e o melhor em campo - ao bisar, aos 89' (passe de Morita) e aos 90'+4 (passe de Trincão). Está cada vez melhor.
Gonçalo Inácio (7) - Substituiu Matheus Reis no minuto 80. Tal como os outros suplentes utilizados, imprimiu qualidade e talento à equipa. Foi dele o passe para o golaço de Morten.
Da nossa vitória em Braga. Nova reviravolta no resultado, novo desafio épico em menos de uma semana. Após a goleada ao Manchester City em Alvalade, virámos agora por completo um resultado desfavorável na Cidade dos Arcebispos. Fomos para o intervalo a perder por dois-a-zero, mas no segundo tempo marcámos quatro, fixando o resultado: 2-4. Com golos de Morita (58'), Morten (81') e Harder (89' e 90'+4). Continuamos invictos. Continuamos imbatíveis.
De termos igualado o melhor início de campeonato de sempre. Onze jogos iniciais, onze vitórias, 33 pontos. Há 34 épocas que não começávamos tão bem, desde a temporada 1990/1991, com Marinho Peres. Rúben Amorim despede-se do Sporting, para treinar o Manchester United, deixando a equipa ainda mais bem colocada para concretizar o sonho que alimentamos há 74 anos: a conquista do bicampeonato nacional de futebol.
Do treinador. Comprovando o seu talento como técnico capaz de ler os jogos, Amorim fez as substituições que se impunham: trocou Debast por St. Juste no recomeço da partida e Daniel Bragança por Morita aos 56': a dinâmica alterou-se de imediato, com pressão total do onze leonino rumo à baliza adversária. A troca de Maxi Araújo por Harder, também aos 56', acentuou esta tendência: o Braga foi encostado às cordas. A substituição de Matheus Reis por Gonçalo Inácio, aos 80', contribuiu para acentuar a fluidez do nosso jogo. Não só vencemos: voltámos a convencer.
De Harder. Não chegou a estar 40 minutos em campo, mas merece ser apontado como o melhor dos nossos. Por ter bisado, em dois grandes remates de meia-distância - fortes, muito bem colocados, com clara intenção de a meter lá dentro. Aproveitamento máximo das oportunidades de que dispôs. Foi graças a ele que trouxemos três pontos de Braga. O empate saberia a pouco, ficaria aquém dos objectivos, deixar-nos-ia sem hipóteses de igualar (e depois superar) o recorde de melhor início de sempre da maior prova desportiva nacional.
Do golo de Morten. Daqueles de fazer levantar um estádio. Golaço - sem dúvida o melhor da jornada, um dos nossos melhores até agora. Este golo, num pontapé fulminante, pôs fim a um período inédito, prolongado por mais de 80 minutos: foi a primeira vez em que estivemos a perder neste campeonato. O capitão dinamarquês, em estreia a marcar nesta Liga, não foi importante apenas por isto: voltou a ser também comandante absoluto do meio-campo.
De Morita. Grande partida do internacional japonês: mudou o fio de jogo leonino mal entrou em campo, tornando a equipa mais veloz, mais objectiva, mais acutilante. Actuando numa espécie de "número 10", estava no local certo para apontar o primeiro golo, apenas dois minutos depois de saltar do banco: foi de recarga, na sequência de um canto muito bem apontado por Quenda e de um cabeceamento de St. Juste ao poste. Foi também ele a fazer o passe para o nosso terceiro golo. Exibição sem mácula.
Do ambiente no estádio. Havia 20.585 espectadores nas bancadas da Pedreira, mas em largos períodos da partida escutavam-se sobretudo os apoiantes do Sporting. O chamado "12.º jogador" mostra-se activo e influente como nunca: também nisto se vê a dinâmica de um clube que sonha ser bicampeão.
Da união da equipa. Mal foi marcado o quarto golo, os jogadores correram em direcção a Rúben Amorim envolvendo-o num forte, caloroso e prolongado abraço. Símbolo bem expressivo do saudável ambiente do balneário, onde coesão e união são muito mais do que simples palavras. Não podia haver despedida mais empolgante e comovente do melhor treinador de sempre do Sporting.
De termos disputado 32 jogos em sequência sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota (1-2) aconteceu na distante jornada 13 do campeonato anterior, em Guimarães, a 9 de Dezembro. E vamos com 20 triunfos nas últimas 21 partidas disputadas para a maior competição do futebol português.
De ver o Sporting marcar há 53 jogos seguidos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde Abril de 2023, perante o Gil Vicente (0-0). Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.
Do nosso desempenho nesta temporada oficial. Dezoito jogos disputados, 16 vitórias. São números que dizem quase tudo.
Do balanço após quase um terço da prova. Melhor ataque (39 golos), melhor defesa (só cinco sofridos), melhor goleador: Gyökeres. Desde 1973/1974 não facturávamos tanto nas primeiras onze rondas. Ainda não vencemos, até agora, por menos de dois golos de diferença. Temos a equipa mais forte do campeonato português, cem por cento vitoriosa. Perseguimos um objectivo cada vez mais próximo: a conquista do bicampeonato. Só faltam 23 jornadas.
Não gostei
Dos dois golos sofridos. Consequência da boa dinâmica inicial do Braga, que bloqueou os nossos corredores laterais, com Bruma e Ricardo Horta a entrarem à vontade na grande área perante a passividade do trio defensivo - sobretudo Debast, com responsabilidades em ambos os golos (20' e 45') por manifesta desconcentração. Não admira que o belga já não tenha regressado após o intervalo.
Da nossa primeira parte. Sem uma oportunidade de golo, sem um remate enquadrado. O melhor que se fez foi um remate de Maxi Araújo às malhas laterais. Para esquecer.
Dos dois cartões exibidos por protestos. Primeiro Pedro Gonçalves (13'), depois Diomande (80'). Os jogadores devem ter especial atenção às novas regras para evitarem ser amarelados desta forma. Mas o árbitro Luís Godinho não teve critério uniforme, poupando João Moutinho a um cartão que devia ter visto ao protestar de forma ainda mais exuberante.
Da lesão de Pedro Gonçalves. O melhor jogador português do Sporting viu-se forçado a sair, com forte dor muscular, logo aos 23'. Baixa para a equipa, baixa (de novo) para a selecção nacional quando já estava convocado para os próximos encontros da equipa das quinas. Esperemos que consiga recuperar nesta pausa do campeonato motivada pelos confrontos internacionais.
Da despedida. Desta vez é que foi: Rúben Amorim deixou de orientar a nossa equipa principal de futebol após mais três desafios suplementares em boa hora impostos por Frederico Varandas. Valeu a pena: vitórias sucessivas contra o Estrela da Amadora (5-1), Manchester City (4-1) e Braga (4-2). Que tenha a maior das sortes em Manchester. Bem a merece, após o excelente trabalho em Alvalade durante quatro anos e oito meses - a mais longa permanência de um treinador neste posto em cerca de oito décadas no Sporting.
- Ruben Amorim: O melhor treinador que vi no Sporting, virou o jogo com as mexidas que fez na equipa.
- Harder: Algumas equipas conseguem suster um nórdico goleador, mas muitas poucas aguentam com dois nórdicos goleadores.
- Hjulmand: que Golaço!
- Dr. Luís Freitas Lobo: Hoje teve uma prestação do nível "se é para isto vou deixar de pagar a merda da Sportv e meter pirataria". Que falta de isenção, que falta de capacida de análise, passou 89 minutos a elogiar o Braga, uma equipa que fez três remates no jogo todo e marcou dois golos, com muita sorte à mistura. Só quando o Sporting estava a ganhar 3-2 é que se ouviram plavaras positivas à exibição do Sporting, mas aí também eu sou um grande analista, se me limitar a elogiar quem está a ganhar.
- Carlos Carvalhal: Mais um da colecção de ressabiados com o Sporting. Ainda hoje deve achar que foi despedido injustamente, depois da época de sonho que fez em 09/10, um 4.º lugar a 30 pontos do 1.º.
- Toda a equipa do Braga. Para ver se aprendem que o futebol não é só dar cacetada e fingir que se sofreu uma falta assim que um adversário está por perto.
- Luís Godinho: Num jogo com bastante cachaporra da parte do Braga, conseguiu ainda assim dar mais amarelos por protestos do que por faltas cometidas. Não viu ainda um encosto de ombro a Trincão na área do Braga, em que o ombro do jogador da casa eram os dois braços e o ombro do Trincão era o seu peito, nem viu que Franco Israel foi atropelado por um adversário no lance do primeiro golo, estando no chão no momento do remate devido a isso mesmo.
Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Portimonense-Sporting, da Taça de Portugal, por quatro diários desportivos:
Harder: 27
Trincão: 22
Gyökeres: 21
Quenda: 21
Nuno Santos: 21
Bruno Ramos: 20
Debast: 20
Daniel Bragança: 20
Morten: 20
Esgaio: 19
Gonçalo Inácio: 18
Vladan: 18
Geny: 17
Fresneda: 13
Taibo: 1 *
Todos os jornais elegeram Harder como melhor em campo.
* Taibo esteve em campo poucos segundos, sem tocar na bola. O Record, mesmo assim, atribui-lhe classificação. Opção ridícula: nenhum outro jornal fez o mesmo.
Gostei muito do bis de Harder, ontem à noite, no estadio de Portimão. São exibições como esta que definem a qualidade de um jogador. O jovem dinamarquês, internacional sub-21, fez a diferença perante o conjunto que regista mais golos sofridos da Liga 2 ao marcar duas vezes, ambas em momentos decisivos: primeiro aos 40', com Nuno Santos a assistir de trivela, desbloqueando o empate a zero que persistia perante a dupla muralha do onze anfitrião; depois a três segundos do fim do tempo extra, aos 90'+4, dando a melhor sequência a um passe de Gyökeres. Assim fixou o resultado (1-2), conduzindo o Sporting à quarta eliminatória da Taça de Portugal e evitando um desgastante prolongamento de meia hora com desfecho imprevisivel. Seguimos em frente graças a ele, o melhor em campo.
Gostei da aposta de Rúben Amorim em mais dois jovens da formação lançados na equipa principal, embora só possa pronunciar-me sobre um. Refiro-me ao brasileiro Bruno Ramos, de 19 anos, que apenas com 2 minutos de actuação no Sporting B foi ontem titular como central à direita (com Debast ao meio e Gonçalo Inácio à esquerda). Sem inventar, cumpriu. Sem brilhar, foi útil. Sem dar muito nas vistas, transmitiu segurança à equipa. O outro foi o galego Lucas Taibo, também defesa, que aos 18 anos tem-se destacado na B. Este entrou após o segundo golo, trocando com Debast só para queimar tempo: nem chegou a tocar na bola.
Gostei pouco das dificuldades registadas para derrubarmos o autocarro estacionado nos 25 metros defronte da baliza da turma algarvia - que mais parece escola de samba de série B. Incapacidade de penetrar nas linhas (saudades do lesionado Pedro Gonçalves...) e de criar movimentos de ruptura. A lentidão de processos, a falta de domínio no jogo aéreo e a incapacidade de aproveitar cantos e livres ajudaram pouco ou nada. Quando finalmente conseguimos criar perigo, o guardião portimonense, Vinicius, resolveu com um par de boas defesas, negando golos a Harder (3') e Morten (30'). Valha a verdade que vários jogadores vinham de desgastantes participações em desafios das respectivas selecções - de tal maneira que alguns, como Geny e Gyökeres, começaram no banco, e outros, como Morita e Maxi Araújo, nem entraram. Foram poupados pelo treinador - ou foram poupando esforços por livre iniciativa - já a pensar no confronto da próxima terça-feira contra o Sturm Graz, na Áustria, para a Liga dos Campeões.
Não gostei de algumas exibições. Sobretudo de Gonçalo Inácio, muito intranquilo, perdendo a bola e falhando passes: anda irreconhecível. Também de Esgaio, em estreia como titular esta época: ala direito, nunca fez a diferença em missão ofensiva, preferindo tocar para o lado ou para trás. Sem esquecer Vladan, que ontem regressou à baliza após lesão. Num jogo em que teve pouco trabalho, atrapalhou-se numa reposição de bola, aos 83', desmentindo aquele que diziam ser o seu principal atributo: jogar com os pés. E voltou a encaixar mais um golo (o terceiro de leão ao peito), embora obtido de forma irregular.
Não gostei nada de confirmar que nesta fase da Taça de Portugal a vídeo-arbitragem continua ausente dos estádios. Com ela, nunca o golo algarvio validado por Helder Malheiro e o seu árbitro auxiliar aos 87', teria sido considerado legal. Chico Banza está em fora-de-jogo posicional interferindo claramente na jogada. Por aqui se percebe, ainda com maior nitidez, como a introdução do VAR foi uma conquista imprescindível para a verdade desportiva nos estádios de futebol.
Nestes jogos com equipas de divisões inferiores para a Taça de Portugal o objectivo será sempre passar a eliminatória alargando o plantel.
Foi isso que aconteceu ontem à noite num.estadio de Portimão repleto de Sportinguistas e com talvez o melhor relvado da Liga.
A eliminatória foi ganha nos 90 minutos. O plantel foi alargado com Bruno Ramos, Esgaio e Fresneda que precisavam demonstrar que podem ser úteis nesta temporada.
No resto, primeira parte de domínio total. Um golo marcado, dois ou três por marcar, sem qualquer oportunidade do adversário.
A segunda parte foi muito mais dividida. O Portimonense arriscou e o Sporting foi atrás. O jogo ficou muito mais perigoso.
Continuando a falhar oportunidades, o Sporting colocou-se a jeito. O Portimonense empatou da única forma que tinha para empatar, o Sporting repôs a justiça com uma combinação viking de luxo.
O pior do jogo foi a incapacidade nas bolas paradas ofensivas e defensivas que a equipa demonstrou com o patrão Diomande ausente. Mais um jogo passou sem o Sporting conseguir marcar de livre directo, já nem me recordo quando foi o último. Terá sido com Porro em Famalicão há 5 anos.
Melhor em.campo? Harder, um outro Gyökeres.
Arbitragem? Uma falta sobre Trincão por marcar que podia ser penálti, um fora de jogo por marcar que teria invalidado o golo do Potimonense, sem VAR e com licença para roubar. Um árbitro medíocre em mais uma medíocre arbitragem. Não se podia reformar como fez o Soares a Dias?
E agora? Rezar para que Hjulmand, Morita e Bragança não se lesionem. No resto a coisa está boa.
Conrad Harder festeja golo marcado na estreia a titular em Alvalade: temos um novo herói
Foto: Miguel A. Lopes / Lusa
Há estreias assim: ficam inesquecíveis. Não só para o estreante, mas para todos quantos testemunham esse momento privilegiado. Aconteceu anteontem, em Alvalade, com Conrad Harder, o nosso novo reforço vindo da Dinamarca. Era a primeira vez que integrava o onze inicial do Sporting, com mais de 43 mil pessoas no estádio. Mas nem assim o jovem de 19 anos se atemorizou: bastou um quarto de hora para metê-la lá dentro, destroçando a táctica da turma visitante, que vinha preparada para estacionar o autocarro frente à baliza enquanto vários dos seus jogadores se atiravam para o relvado simulando lesões.
Lá tiveram de virar a agulha ao encaixarem o tiro de Harder, disparado com intenção deliberada de a afundar nas redes, sem hipótese de defesa para o mexicano Ochoa, veterano de cinco mundiais de futebol. O estádio vitoriou o avançado que colmatou a fracassada contratação do grego Ioannidis: parece que nada perdemos com a troca.
Nascia um novo herói verde e branco, saudado pelos adeptos e muito fotografado. Sem falsas modéstias, Harder festejou à moda de Cristiano Ronaldo, imitando-lhe o gesto habitual quando marca um golo.
Iconografia perfeita: este Sporting com aroma nórdico parece cada vez mais robusto. Com três louros e nada toscos. Cada qual, à sua maneira, com vocação para estrela.
Conrad esteve muito bem, mas não eclipsou o craque maior.
Viktor Gyökeres voltou a bisar, destacando-se de novo como melhor em campo. Foram dele mais dois golos: aos 45'+4, com assistência de Morten, e aos 70', dando o melhor rumo a uma oferta de Trincão.
Esta equipa comandada por Rúben Amorim habituou-nos a resultados tão desequilibrados que um 3-0, a muitos de nós, já sabe a pouco. A exibição foi categórica, o domínio em campo foi evidente, a dinâmica colectiva foi notória. Por isso este desfecho só pecou por escasso.
Nem parecia que vínhamos dum jogo de Champions: dias antes havíamos recebido o Lille (vitória por 2-0). Também não parecia que tínhamos quatro titulares habituais lesionados: Vladan, Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio e Pedro Gonçalves não puderam dar o seu contributo. Mas neste Sporting 2024/2025 o conjunto continua a funcionar, mesmo quando as peças vão mudando. Voltou a acontecer.
Israel - três jogos seguidos sem sofrer golos - deu boa conta do recado entre os postes. O inédito trio de centrais composto por Debast, Diomande e Matheus Reis exibiu inabalável segurança, a tal ponto que o AVS foi incapaz de criar oportunidades de golo. O meio-campo esteve irrepreensível, com Morten a recuperar e Daniel Bragança a desenhar lances ofensivos. Quenda, muito mais maduro do que os seus 17 anos indiciam, assegurou o vaivém na ala direita enquanto Nuno Santos tomava conta do corredor esquerdo, com Matheus pronto para lhe acorrer às dobras.
Mas o melhor está lá na frente. Naquele trio dinâmico, sempre móvel, sempre a abrir linhas de passe, sempre a deixar a cabeça em água aos defensores adversários. Trincão à direita, Harder digno substituto de Pedro Gonçalves à esquerda, Viktor no meio. Abrem espaço para os colegas, arrastam marcações, alternam movimentos interiores com disparos de meia-distância, mostram-se confortáveis com bola e sem ela.
O resultado está à vista: comandamos isolados à sexta jornada. Somos a única equipa invicta. Temos 22 golos marcados - e apenas dois sofridos, igualando o ímpeto rematador do saudoso Sporting 1972/1973, onde Yazalde era ponta-de-lança de luxo.
Quanto tempo vai durar? Mais 28 jornadas, esperamos (quase) todos. Até o bicampeonato que nos foge há sete décadas deixar de ser mero sonho para se tornar realidade.
Breve análise dos jogadores:
Israel - Seguro, atento. Transmite tranquilidade à equipa. Outra partida sem sofrer golos.
Debast - Tem um talento especial para colocar bolas lá na frente. Foi assim que iniciou a construção do primeiro golo.
Diomande - Domina o jogo aéreo: ninguém o superou. Quase marcou de cabeça, aos 80': só Ochoa o impediu com espectacular defesa.
Matheus Reis - Substituiu Gonçalo Inácio como central à esquerda. Missão cumprida.
Quenda- Já é um dos principais marcadores de livres e cantos. Integra-se bem nas missões defensivas.
Morten - Assistiu Harder no primeiro golo e é dele a recuperação que origina o segundo. Honra a braçadeira de capitão.
Daniel Bragança - Um dos cérebros da equipa, fundamental na organização de jogo. Esteve perto de marcar aos 25'.
Nuno Santos - Tentou muito, esforçou-se o mais possível, mas poucos cruzamentos lhe saíram bem.
Trincão - Ochoa impediu-o duas vezes de marcar, aos 12' e aos 31'. Assistiu Gyökeres no terceiro.
Harder - Titular em estreia de Leão ao peito, superou todas as expectativas. Golo aos 15' e assistência aos 45'+4.
Gyökeres- Voltou a bisar. Com dez golos apontados em seis jornadas, superou a marca de Mário Jardel em 2002. Melhor em campo.
Maxi Araújo - Entrou aos 59', substituindo Harder. Anda com ganas de marcar: atirou ao poste (59').
Morita - Entrou aos 70', substituindo Daniel Bragança. Manteve o equilíbrio no meio-campo.
Geny - Substituiu Quenda aos 70': o essencial da tarefa estava cumprido.
Fresneda - Rendeu Matheus Reis aos 76', mas jogando como central à direita. Ainda procura o seu lugar na equipa.
Esgaio - Estreia na época: ouviu muitos aplausos quando entrou, aos 76', substituindo Trincão. Dois bons centros.
Em ano de Champions, poucos dias depois do Lille e com vários lesionados no plantel, esta recepção do AVS em Alvalade foi perfeita. Início de jogo muito forte, oportunidades a acontecer sem deixar o adversário respirar, um grande golo todo ele "nórdico" Debast-Hjulmand-Gyokeres-Harder, Trincão a falhar um golo certo, e Gyokeres mais uma vez a facturar antes do intervalo. Tudo isso com um jogo tremendamente competente, grande mérito da "coluna vertebral", Israel-Diomande-Hjulmand-Gyokeres.
E só pode ser assim, porque na 2.ª parte o desgaste fez-se sentir (Gyokeres à parte), o jogo colectivo passou a rasgos individuais, o AVS com equipa bem montada e organizada nunca deixou de lutar e meter o pé, as substituições serviram apenas para descansar os titulares e rodar os menos utilizados. E assim até Fresneda e Esgaio tiveram minutos que podem ser importantes mais tarde na temporada.
O resultado final foi 3-0 sem qualquer oportunidade de golo para o AVS e várias (muitas) para o Sporting dilatar o resultado.
Enfim, melhor do que isto nesta altura, e partindo do princípio de que Bragança e Trincão estejam bem, é impossível.
E se pensarmos na gestão do plantel, entre o Lille e o AVS entraram em campo todos os jogadores de campo do plantel não lesionados. Todos mesmo. Além destes só os da equipa B, alguns dos quais estavam no banco. O plantel é ou não curto? Bragança devia ter jogado hoje?
Melhor em campo? A jogar assim Gyokeres é sempre o melhor em campo, e nem vale a pena eu fazer a pergunta. Mas destacava o quarteto Israel-Diomande-Hjulmand-Gyokeres.
Arbitragem? O CA/APAF que venha explicar esta coisa da bola bater na mão dum defensor na grande-área. Se é conforme o árbitro, conforme o clube, ou conforme seja o que for que lhes vai pela cabeça. Fora isso, este árbitro foi incompetente na distinção entre jogo duro a disputar o lance e jogo faltoso para não deixar jogar, ou seja uma nulidade em termos internacionais e um perigo em termos da integridade física dos melhores jogadores, ou seja, dos jogadores do Sporting.
E agora? Recuperar as lesões e as mazelas. Porque o resto vem depois.
PS: Foi um domingo em cheio. No João Rocha a nossa equipa de andebol "amassou" a do Benfica por 38-22, repetindo a "cabazada" da Supertaça. Duas horas depois no Alvalade a nossa equipa de futebol ganhou tranquilamente por 3-0 ao AVS. E no intervalo lá tivemos no relvado a nossa equipa do andebol exibindo as taças conquistadas, Campeonato, Taça e Supertaça da época passada.
Conhecendo uma e conhecendo outra, é incrível a similitude e as coincidências. Desde logo treinadores "criados" nos rivais, que há muito perceberam as nossas fraquezas e muitas vezes ajudaram a nos derrotar, mas que tiveram a maior humildade em "vestir a camisola", em perceber o nosso ADN e tudo fazer para o potenciar. Depois a ideia de misturar "jovens lobos" identificados pelo scouting e avalizados pelos amigos aqui e ali, com internacionais experientes bem conhecidos, de forma a criar balneários unidos e um espírito de equipa muito forte, "onde vai um vão todos". Se formos ao pormenor, e deixando de parte a questão dos assombrosos filhos do Ricardo Costa versus a classe extra dum Gyokeres, a descoberta dum Diomande no Mafra ou a dum Moga no Varzim (?), a dum Pote no Famalicão e a dum João Gomes no Águas Santas, a promoção dum produto da formação como o Inácio ou o Salvador Salvador, os "sapadores" do plantel, os dinamarqueses/belgas/holandeses do futebol e os espanhóis do andebol, muita coisa encontraremos de similar. Até posso adivinhar que Israel vai ser no futebol aquilo que Kristensen já é no andebol, oxalá que sim.
Será que para ser um excelente (e estes dois devem ser os melhores das últimas décadas) treinador do Sporting é preciso ter sido jogador dos rivais? Por diversos outros exemplos acho que não. Mas que parece ser um bom caminho para isso, lá isso parece...
Da nossa sexta vitória em seis jornadas. Continuamos a fazer o pleno: 18 pontos já conseguidos. Ontem, em Alvalade, derrotámos o AVS numa partida com domínio leonino do primeiro ao último minuto. Desta vez foi um triunfo por 3-0, sem que a turma adversária conseguisse uma só ocasião de golo. Superioridade total verde e branca, com inegável força colectiva. É assim que se conquistam títulos e troféus.
De Gyökeres. De novo o melhor em campo. Homem do jogo, o grande desequilibrador. Enquanto os outros vão ficando fatigados, ele exibe energia inesgotável. Voltou a bisar: fez o segundo golo, aos 45'+4, e fixou o resultado aos 70'. Antes, teve intervenção decisiva numa pré-assistência para a estreia de Harder como artilheiro de Leão ao peito. Leva dez golos marcados nesta Liga - mais do que toda a equipa do Benfica até agora. E marca há sete desafios consecutivos do campeonato português, igualando a marca de Yazalde em 1972/1973. Insiste em dar espectáculo: é uma máquina de jogar futebol.
De Harder. Estreia como titular do jovem avançado dinamarquês, com apenas 19 anos. Estreia de sonho: foi dele o golo inaugural, aos 15'. Festejou de forma surpreendente, à Cristiano Ronaldo. E é ele a assistir o sueco no segundo. Ouviu estrondosa e merecida ovação no estádio ao ser substituído, no minuto 59, com direito a "volta olímpica". Acaba de nascer nova estrela no firmamento leonino.
De Morten. O capitão vai-se tornando cada vez mais influente de jogo para jogo. Não só com bola mas também sem ela: domina o meio-campo, com atributos muito acima da média no plano técnico e sobretudo no plano táctico. Distinguiu-se com assistência no primeiro golo e uma recuperação providencial que deu início ao segundo.
De Trincão. Não marcou, mas assistiu - no terceiro. E foi sempre um dos mais combativos, um dos mais desequilibradores, pondo em sentido a defesa adversária. Está a cumprir a melhor época da sua carreira.
Do regresso de Esgaio. Foi pouco mais que simbólico, mas valeu por ilustrar a união desta equipa (que não deixa ninguém para trás), o momento em que ele entrou, substituindo Trincão (76'). Escutou fortes aplausos: deixou de ser o "patinho feio".
Da solidez defensiva. Com Israel no seu terceiro jogo seguido como titular entre os postes, acabamos de cumprir a quinta partida consecutiva sem sofrer golos. Mérito do nosso bloco mais recuado - desta vez com um inédito trio de centrais titulares: Debast, Diomande e Matheus Reis. E, naturalmente, também do guarda-redes: o jovem internacional uruguaio está a dar muito boa conta do recado.
De Ochoa. Pode parecer estranho, por ter encaixado três golos, mas incluo aqui o veterano internacional mexicano que já participou em cinco campeonatos do mundo. Só graças a ele o AVS não saiu de Lisboa goleado. Enormes defesas a remates ou cabeceamentos de Trincão (12' e 31'), Gyökeres (19') e Diomande (80').
De termos disputado 27 desafios em sequência sem perder na Liga. Marca extraordinária: a nossa última derrota (1-2) aconteceu na distante jornada 13 do campeonato anterior, em Guimarães, a 9 de Dezembro. E vamos com 16 triunfos nas últimas 17 partidas disputadas para a maior competição do futebol português.
De ver o Sporting marcar há 48 jogos seguidos. Sem falhar um, para desafios do campeonato, desde Abril de 2023, perante o Gil Vicente (0-0). Números impressionantes, próprios de um campeão em toda a linha.
Da nossa 20.ª vitória consecutiva em Alvalade.Todo o campeonato anterior, mais três rondas da Liga 2024/2025: há 70 anos que não nos acontecia algo semelhante. Saldo destas 20 partidas em golos: 65 marcados e apenas 12 sofridos.
De continuar a ver o Sporting sem perder em casa.Acontece há ano e meio, desde Fevereiro de 2023, quando o FCP nos venceu então. Não voltou a acontecer. São já 27 partidas sem derrotas para o campeonato no Estádio José Alvalade.
Da homenagem a Dona Elvira. Fervorosa sportinguista de 82 anos que perdeu a sua casa em Albergaria-a-Velha, tragicamente, no incêndio da semana passada. Convidada pela direcção sportinguista a comparecer em Alvalade, foi ovacionada antes do jogo - momento emotivo que nunca esquecerá. Depois das palmas, virá certamente a ajuda de que necessita para conseguir nova habitação. Nós, sportinguistas, sabemos ser solidários.
Do apoio do público. Mais de 43 mil espectadores compareceram ontem em Alvalade. Cifra que não engana: é fortíssima a comunhão entre equipa e adeptos. Cada vez mais sportinguistas acreditam na conquista do bicampeonato que nos foge há 70 anos.
Deste nosso início de época. Um dos melhores de sempre, sem sombra de dúvida. Os números confirmam: 22 golos marcados, apenas dois sofridos. Desde 1950/1951 que não facturávamos tanto nas primeiras seis rondas. Ainda não vencemos, até agora, por menos de dois golos de diferença. Temos a equipa mais forte do campeonato português. Quem ainda não percebeu isto deve viver noutro planeta.
Não gostei
Do resultado ao intervalo. Vitória escassa, por 2-0. Sabia a pouco, parecia insuficiente para tanto domínio.
De termos quatro titulares lesionados. Rúben Amorim não pôde contar nesta partida com Gonçalo Inácio e Pedro Gonçalves, além de Vladan e Eduardo Quaresma, que já estavam no "estaleiro". Sem esquecer St. Juste, Edwards e o jovem Diogo Pinto, também fora da convocatória por lesão. Mas cada ausência é sempre compensada por alguém pronto a saltar do banco sem que a equipa perca qualidade.
Da saída de Daniel Bragança com queixas físicas. Aconteceu aos 70'. Oxalá não esteja também ele lesionado.
Do árbitro Ricardo Baixinho. Poupou um penálti à equipa visitante num lance de evidente desvio da bola com o braço pelo defesa Fernando Fonseca em zona proibida, aos 32'. Mesmo alertado pelo VAR Rui Costa, manteve a decisão errada. Falhou neste lance crucial. E deixou em campo um sarrafeiro chamado Roux, que escapou duas vezes à expulsão. Se continuar assim, não lhe auguro grande futuro na carreira de apitador.
O jogo em casa com o FC Porto quase coincide com o fecho do mercado de transferências, admito que este postal possa ser recebido de forma acintosa, mas ele só tem actualidade e razão de ser publicado hoje. O resultado do jogo de amanhã não será certamente influenciado por aquilo que a seguir irão ler, se vos apetecer, que os jogadores já têm o modo "on" ligado e o seu foco passa por uma vitória conclusiva.
Ora vamos lá: O tridente que dirige o futebol, tendo-se dado bem com uma jogada de risco há ano e meio, com a contratação surpreendente e que se veio a revelar profícua, de Gyokeres, hoje o nosso jogador mais valioso, sem dúvida, apostou neste defeso numa jogada semelhante ao apostar como alvo num grego que enche as medidas do treinador Ruben Amorim. Confesso que, não acompanhando o futebol grego, nunca tinha ouvido falar do jogador, mas o tal tridente tem um capital de confiança justamente acumulado que nos permite a nós, sócios e adeptos, estar descansados. E por isso demos de barato a saída de Paulinho, jogador de créditos firmados, excelente jogador de equipa e um razoável, para bom, marcador.
Ao que parece o clube grego detentor do passe do jogador pretendido não está pelos ajustes e não aceitou as várias propostas do Sporting, o que, convenhamos, é seu direito.
O tridente que tantas alegrias nos tem dado no passado recente parece ter acreditado que, com maior ou menor pressão, o Panathinaikos acabaria por ceder e abriria mão de Ioannidis, que parece estar desejoso de vir comer uns pastéis de Belém.
Só que, como dizia a minha querida avó Matilde, "cagou-lhe o cão no carreiro", ou em linguagem entendível, "shit happens" e a primeira e ao que parece única opção, a um dia do fecho do mercado, estará gorada.
Vira-se agora o tridente para uma segunda opção, um jovem imberbe de 19 anos, que tem como valor de mercado 5M€, mas cujo leilão ontem ao final do dia já ia em 20M€.
Concluindo: "Deixámos" sair sem causar muitas ondas o Paulinho, um jogador feito e com provas dadas, com a promessa (e verificada necessidade) de o (ter que) substituir, de preferência por alguém com uma qualidade superior, que ao que parece o grego tem e que o jovem Conrad Harder (que está harder ou mesmo impossible) definitivamente não tem (até parece que já há acordo com o Brighton, leio nos jornais desportivos). Não vindo estes, já toda a gente entendeu que o Sporting está desesperado por um avançado e até mesmo no mercado interno qualquer aspirante a jogador do Sporting estará por ora muito inflaccionado. O capital de confiança, enorme, que Frederico Varandas, Hugo Viana e principalmente Rúben Amorim detêm, permitindo-lhes apostar numa jogada de risco, não lhes retira a responsabilidade do fracasso (se ele vier a acontecer, repito) de termos que ficar até Janeiro apenas com um avançado, com cinco jogos da LC até lá (dois serão já em Janeiro) para agravar a coisa.
Está feito o desabafo.
{ Blogue fundado em 2012. }
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