Fui habituando os leitores do "Fé" a escrever coisas resultado de alguma ponderação e amadurecimento, raramente publiquei aqui reagindo a quente. Podem os leitores concordar ou não com o que escrevo, mas em regra penso muito bem aquilo que publico.
Vou então tentar dissertar sobre a violência, neste caso no desporto e a propósito de uma situação grave, mais uma, eventualmente ligada a um acontecimento desportivo, para o caso um Sporting vs Porto em hóquei em patins, cujo resultado, do jogo, para o caso é irrelevante. Todos sabem e viram as imagens, não quero publicitar mais o acontecimento.
Esteve bem o presidente do Sporting ao demarcar-se a ele e ao clube de um crime perpretado por alguém que se diz sportinguista e que poderia ter terminado numa tragédia.
O presidente Frederico Varandas disse mais, disse que os clubes precisam do apoio do Estado para resolver esta chaga que alastra à volta do desporto. Concordo com ele, não deixando de acrescentar que há gente nestes grupos a quem o Sporting já deveria ter colocado um par de patins (já que estamos a falar de hóquei) expulsando-os de sócios, se o forem, e impedindo-os de frequentar os nossos recintos desportivos, o estádio e o pavilhão e, por razão evidente, a academia. No entanto, a maior fatia de responsabilidade não cabe ao Sporting e aos outros clubes, a responsabilidade maior é das autoridades que já deveriam ter tomado medidas sérias para impedir que situações destas aconteçam. E não é preciso inventar nada, basta copiar o que se fez e continua a fazer em Inglaterra, onde só assiste a acontecimentos desportivos quem ama o desporto. É chato ter as esquadras à volta dos estádios e pavilhões cheias de traficantes, energúmenos, gente violenta que só se desloca aos jogos para destilar ódio e tratar dos seus negócios escuros? Talvez, mas não pode ser o Sporting ou os outros clubes a responsabilizar-se pela ordem pública, porque todos sabemos que se não houver controlo policial dentro dos estádios só não entra um tanque de guerra. Se calhar porque ainda ninguém tentou.
Claro que repudio o que aconteceu. Mesmo que os atingidos sejam do mesmo calibre e fossem capazes de fazer o mesmo ou ainda pior, a violência é outro departamento, não é desporto, é um assunto do foro exclusivo do governo do país, do ministério da administração interna através das polícias, daquela coisa da juventude e desporto que já teve tantos a dirigi-la e nunca fez nada de relevante neste capítulo, e da Assembléia da República que terá de legislar em conformidade. E às federações, quanto a distúrbios dentro dos recintos, mas deixem-se das multas, que só lesam os clubes, vos enchem os cofres e não resolvem nada, no próximo jogo lá estarão eles outra vez, com a pirotecnia, com os assobios de very-light, com as macacadas. Juntem-se, as federações e o governo e a AR, e peguem o toiro pelos cornos, assumam que a obrigação de acabar com a desbunda é vossa, não obriguem os presidentes (alguns, alguns) a virem dar a cara em acontecimentos cuja responsabilidade maior não é sua nem dos seus clubes.
Tenham vergonha na cara, senhores governantes. Acabem de uma vez por todas com uma doença que pode matar o nosso desporto e os clubes. A responsabilidade será vossa!
Escolhi o sorriso de João Pina para ilustrar este texto.
O futebol já terminou, esta época. Um triunfo no Campeonato e outro na Taça de Portugal.
Agora é tempo de nos focarmos nas modalidades, o nosso clube, o nosso grande clube não é só futebol.
João Pina (como todos os sportinguistas sabem) é um símbolo da nossa formação, um símbolo do nosso hóquei em patins. O menino que com quinze anos já jogava na equipa principal do Sporting Clube de Portugal.
A Taça de Portugal em hóquei é nossa vamos tentar fazer o mesmo com o Campeonato.
Na próxima época vamos procurar alargar o feito a outras modalidades, precisamos de três coisas, dos jogadores certos, dos treinadores certos e da atitude certa.
Com esforço, com devoção, com dedicação estaremos mais perto da Glória, não só no hóquei em patins.
Ontem, por um feliz acaso, encontrei Paulo Freitas, o nosso antigo treinador.
Está neste momento a jogar contra nós pelo apuramento para a final do campeonato. Por outro lado, consta que na próxima época será o treinador do nosso rival Benfica.
Mas nada disso belisca o meu enorme reconhecimento por este treinador que foi responsável pelos grandes feitos do hóquei leonino nos últimos anos e que devolveram a grandiosidade a uma modalidade muito querida no nosso ecletismo.
Por isso, apesar de já não ser nenhum garoto, arrisquei ir ao encontro de Paulo Freitas para agradecer-lhe, pessoalmente, pelas alegrias que me proporcionou enquanto sportinguista. Foi um cumprimento que me realizou.
Na minha modalidade predilecta logo a seguir ao futebol (o futsal ocupa agora ex-aequo esse lugar), os nossos rapazes deixaram fugir a Taça de Portugal para a nossa filial n.º 1 (ligação que há-de estar a completar 100 anos), o Sporting Clube de Tomar, num jogo electrizante, que terminou empatado a 4 golos no tempo regulamentar e empatado a 5 no prolongamento.
Nas grandes penalidades os meus conterrâneos foram mais eficazes e marcaram três, contra apenas uma dos rapazes comandados por Alejandro Domínguez.
É um facto que esta final ficou "meio" perdida com a péssima arbitragem no jogo do dia anterior, sábado, com o OC Barcelos, com as exclusões de Ângelo Girão e João Souto e também do treinador Domínguez, mas o Sporting de Tomar não é disso culpado, enfrentou o conjunto que o Sporting pôde apresentar e venceu.
Creio que nesta final se assistiu a um enorme jogo de hóquei em patins, sempre com incerteza no marcador e um resultado final que na minha opinião foi justo. Aqui fica a minha modesta homenagem aos atletas, ao corpo técnico e clínico e aos dirigentes desta humilde mas garbosa colectividade da cidade que me viu nascer.
O Sporting de Tomar venceu a primeira Taça de Portugal da sua longa carreira na modalidade. Aos nossos está reservado outro desafio já este fim-de-semana (jogamos amanhã às 21.00h com a AD Valongo), a conquista do título de campeão europeu e repetir os feitos de 2019 e 2021.
Esta é outra batalha. Que a cabeça esteja limpa e se acredite que, com gente competente e honesta no apito, as coisas correrão melhor.
Todos sabemos que o jornal desportivo sofre de uma doença grave (não, não estou a falar dos subsídios de Natal que terão ficado em atraso) – esta já é bastante grave, mas falo de outra doença tão grave e mais visível a todos: a benfiquite.
… alguém, de uma geração mais nova, que não conheça esta lenda do hóquei em patins mundial, ao ver a foto que ilustra a notícia fica com que ideia: Chana é o jogador que conduz a bola ou o que o observa?
Sporting revalida Taça Continental, derrotando o Lleida, anfitrião da prova, por 3-1. É o nosso décimo título europeu em hóquei em patins. E o 40.º título internacional do valioso palmarés leonino.
Foi um gosto vê-lo dentro do rinque, foi uma agradabilíssima surpresa fora do rinque.
Ficam os meus votos, sinceros, de que possa um dia voltar a fazer parte da realidade diária do Sporting e alguma pena, não só pela tomada de conhecimento da sua (previsível e esperada) saída mas também por me parecer que, por características muito específicas suas, há um Pedro Gil Gomez que não chegou a transparecer para o grande público.
ADENDA: Jornal Grátis (sporting.pt) Entrevista a Pedro Gil, páginas 20-21 Fotografia: da minha autoria, tirada em Portimão a 22 de Setembro de 2019.
Do futebol ao voleibol, do estádio ao pavilhão, das pistas aos tartans, das mulheres aos homens, do profissionalismo ao amadorismo, da SAD ao clube, uma coisa apenas existe, tal como foi sonhada pelos fundadores, o Sporting Clube de Portugal.
Inventar que existe um Sporting puro, o das modalidades, e um impuro, o do futebol profissional, é uma enorme estupidez. As modalidades sobrevivem com as quotas dos sócios, e os sócios não conseguem imaginar um futebol profissional que não consiga ficar nos três primeiros, temporada a temporada. Quando isso acontece, temos o Sporting em guerra civil, quaisquer sejam os resultados das modalidades.
Para mim existe apenas um Sporting. Um Sporting onde treinadores, capitães e jogadores das diferentes modalidades, homens e mulheres, se conhecem e se apoiam uns aos outros, um Sporting que modalidade a modalidade aplica a mesma receita: um grande treinador, uma estrutura de capitães à prova de bala, um grande peso da formação, alguns estrangeiros que fazem a diferença.
Depois do título europeu do futsal, aconteceu agora o do hóquei, com o título nacional do futebol profissional pelo meio. Glória para Nuno Dias, João Paulo Freitas e Rúben Amorim como treinadores. Glória para João Matos, Pedro Gil e Sebastián Coates como capitães. Glória para os jogadores que conquistaram os feitos.
Obviamente nem todas as modalidades estão no mesmo momento, se no basquetebol temos tudo para vencer no plano nacional, no andebol a pandemia tirou-nos um grande treinador e alguns dos melhores estão no fim de percurso no clube. Mas também no andebol se procura aplicar a mesma fórmula. Temos um base de jogadores da casa que entusiasmam, e é por aí que temos de ir.
Onde Vai Um Vão Todos. É um lema que serve para o futebol, mas também para o Sporting como um todo. Do futebol ao berlinde, a mentalidade tem de ser a mesma, a fórmula de sucesso também. O respeito por quem veste a nossa camisola e defende as nossas cores tem de ser o mesmo.
Se considerarmos a hora na terra de Pedro Gil, o nosso capitão, o Sporting dia 16 de manhãzinha venceu o Benfica e à tarde venceu o Porto e é campeão europeu.
Mais um triunfo com esforço, com dedicação, com devoção, só assim, no Sporting, conquistamos a Glória.
Fixem este nome: Ana Catarina Ferreira. Capitã da nossa equipa de hóquei em patins feminino, introduzida no Sporting em Junho de 2019. Em boa hora isso aconteceu: menos de ano e meio depois, já conseguimos não apenas enfrentar o Benfica - equipa hegemónica na modalidade, até agora - mas derrotá-lo na sua própria casa. Como se viu esta noite, com uma vitória histórica das hoquistas leoninas no pavilhão adversário, por 4-2.
Há sete anos que as encarnadas não perdiam para o campeonato: a última vez tinha sido em Junho de 2013. Esta invencibilidade, prolongada por 120 jogos, acaba de ser quebrada. Com um magnífico póquer da Ana Catarina, que esteve imparável neste dérbi. Foi ela a marcar todos os nossos golos.
Parabéns à equipa inteira. O hóquei leonino está em alta, agora também no feminino, cujo campeonato lideramos. Como no futebol, no futsal, no andebol, no basquetebol.
Ecléticos, como sempre. Tão grandes como os maiores da Europa.
Desde o dia em que cheguei que tento, sempre, ser um profissional o mais responsável possível para que estejam orgulhosos de me ter cá. Tenho de dar retorno com esforço, dedicação e devoção, tendo conseguido a glória.
O nome é-lhe, certamente, familiar. O rosto não será excepção e às suas palavras - extraídas de uma entrevista concedida ao Jornal Sporting a 18 de Outubro de 2018 - associará, provavelmente, entrega, garra e uma combatividade dentro do rinque que fazem de Pedro Gil Gómez uma referência incontornável para os adeptos leoninos. O que talvez não saiba é que este mesmo Pedro Gil Gómez, todo ele bravura reconhecida e temida no terreno de jogo, é também disponível e afável comunicador, no um para um, fora do rinque. Sem a presença de câmaras, vem à superfície uma faceta bem disposta que (muito) me surpreendeu. De tal forma surpreendida que, ao vê-lo sair do Pavilhão Arena (antes de a equipa rumar a Lisboa), braços esforçados na contenção de inúmeras garrafas de água e maçãs arrebanhadas da área reservada do pavilhão que distribuiu pelos pequeninos a quem não negou conversa, não fui capaz de reagir a tempo de imortalizar o momento. Na fotografia que se segue, avista-se apenas uma maçã (ombro esquerdo da criança de camisola branca) e a atenção que o exigente público lhe devotava. Sim, Pedro Gil regressou ao local do saque para averiguar a possibilidade de desviar algo mais que servisse de memorabilia. Parece que a ideia de sair de Portimão em pelota, não o agradou muito. Para vosso descanso, informo que nenhum sofá, mesa ou cadeira passaram à frente dos meus olhos.
Assisti à distância, fiz o registo físico possível - à traição, glup! - longe de imaginar que um dia estaria a partilhá-lo com uma audiência alargada. Sportinguistas? Com Pedro Gil Gómez confirmei que a verdadeira beleza não é ditada pela onomástica, não se esgota na rigidez da simetria e perdura no tempo muito para além do que é visível aos olhos. A beleza dos gestos de Pedro Gil Gómez perdurará - acredito eu - na memória da pequenada desfocada. Segundo o pai do guarda-redes da equipa infantil local - camisola e meias brancas, calção preto - o filho, é do Benfica no futebol mas é do Sporting no hóquei. Tenho as minhas protecções autografadas pelo Girão e pelo Zé Diogo! - dizia-me, orgulhosa, a jovem esperança. Ai sim? Então agora, estás obrigado a ser o próximo guarda-redes da selecção nacional (nivelar por baixo, eu!?). Arregala os olhos, sorri em transe momentâneo, abre a boca: Woooow! O Woooow passou por mim, sem dar pela minha presença, acompanhado pelas meninas e antes de mordiscar o pitéu (maçã verde) que lhe calhou em sorte, sentenciou: O Pedro Gil, é mesmo fixe!
Concordo, Woooow, o Pedro Gil, é mesmo fixe. Talvez não saibas, Woooow, mas o Pedro Gil, faz hoje 40 anos, e, desconfio eu, continuará na tua memória daqui a outros tantos.
São estes pequenos apontamentos que aqui e ali, deixam marca de quem e como somos, e que me fazem crer que o Sporting jamais desaparecerá. São estes pequenos apontamentos que raramente chegam a grandes audiências, invisíveis aos sentidos da larga maioria de nós, que sedimentam e projectam o Sporting para o futuro.
Muito obrigada, Pedro Gil. Saiba que fiquei e estou genuinamente muito orgulhosa por tê-lo cá. Feliz aniversário e... até Setembro (espero eu).
Excertos de entrevista concedida ao Jornal Sporting a 18 de Outubro de 2018
Seis vezes campeão do mundo e considerado um dos melhores hoquistas da actualidade, que fase representa o Sporting na sua carreira?
Aos 36, quando vim para cá, percebi que chegava a um Clube que me dava condições a nível desportivo e de tudo o resto. Como digo desde o início, fiquei impressionado com a sua grandeza. Surpreendeu-me muito. Temos tantas modalidades, tantos atletas… é o melhor, tantos atletas… é o melhor Clube em que estive. Com esta idade, sentir isso, é importante, porque tento estar sempre num sítio que me motive e estou no melhor por onde passei. Estou agradecido por poder vestir esta camisola, que tem muito peso. Desde o dia em que cheguei que tento, sempre, ser um profissional o mais responsável possível para que estejam orgulhosos de me ter cá. Tenho de dar retorno com esforço, dedicação e devoção, tendo conseguido a glória.
Tendo já passado por diversos campeonatos e clubes, o que é que difere este dos outros?
Cada clube tem a sua mística, a sua forma de viver, mas o Sporting tem um sentimento muito especial, com o qual me identifico. Gosto de viver as coisas muito intensamente, tal como fazem os nossos adeptos. Essa, é a melhor parte. Quando estás num sítio onde sentes que vivem ao máximo o Clube, em que vêm aos jogos e te apoiam tanto no Pavilhão como na rua, faz valer a pena.
Entrevista concedida ao site maisfutebol a 27 de Maio de 2019