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És a nossa Fé!

Adán ou Israel?

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Foto: Ricardo Nascimento / Record

 

Temos um problema sério. Mais um, nesta época que está a ser de pesadelo.

Agora, na baliza. 

Somando aos que já tínhamos na frente do ataque, no centro da defesa, na ala direita e na posição de médio defensivo - tudo preso com arames, tudo periclitante, tudo rezando para que as contínuas lesões não nos obriguem a ir buscar o substituto do substituto do substituto.

 

Mas o que mais me preocupa, no plano imediato, é quem vai actuar entre os postes.

Não me recordo, sinceramente, de nenhum outro desempenho individual tão desastroso de um guarda-redes do Sporting num só jogo - ainda por cima com a importância que este desafio em Marselha tinha.

Há que dizer as coisas sem subterfúgios nem rodriguinhos: foi uma vergonha. Algo totalmente inaceitável.

 

Neste contexto, questiono-me quem deve integrar o onze titular leonino na próxima partida, que vai disputar-se amanhã em Ponta Delgada.

Deverá ser o guarda-redes que nos enterrou em Marselha?

Deverá ser o seu frágil substituto, Franco Israel, sem qualquer rodagem nem experiência no futebol profissional?

Deverá ser André Paulo, incógnita absoluta que vai aquecendo o banco jornada após jornada sem jamais merecer a confiança do técnico seja em que jogo for?

 

É um problema muito complicado. Que deixo à consideração dos leitores.

Com duas perguntas:

- Quem deve defrontar o Santa Clara na nossa baliza?

- O Sporting deve trazer já outro guarda-redes, que esteja eventualmente sem clube? 

5... pontos de atraso

Quando queremos arranjar desculpas para os erros é muito fácil. E então no futebol é demasiado fácil. As coisas não correram bem no Dragão, claro que não. Agora, não culpem Adán por aquilo que aconteceu. Continuo a defender a ideia que transmiti a alguns companheiros destas lides, logo na altura da jogada, que o primeiro golo é precedido de uma falta de Taremi sobre Adán. Vi e revi por diversas vezes as imagens e Adán toca primeiro na bola e depois Taremi proporciona o contacto. Falta clara do avançado. O golo devia ser anulado e marcada falta contra o FC Porto. No lance do terceiro golo, Galeno foi mais rápido e Adán, aí, comete penalty. Agora, não culpem o nosso guarda redes dizendo, como alguns órgãos de comunicação já o fizeram, que a diferença entre as duas equipas esteve nos guarda redes.

Max

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Saber esperar é uma virtude.

Tivesse Luís Maximiano sabido esperar e a baliza do Sporting estaria hoje à sua guarda, numa fase absolutamente decisiva da carreira dele.

Preferiu rumar a um clube espanhol do fundo da tabela, que até acabou por descer à Liga 2, quando podia ser guardião titular do Sporting neste início da temporada oficial 2022/2023. Com 23 anos, idade apropriada.

Max devia ter aguardado.

Recordo que várias vezes alertei aqui para a necessidade de termos sempre a postos um bom guarda-redes suplente pois o que acaba de acontecer a Adán podia suceder a qualquer altura - e até há mais tempo.

A baliza leonina fica agora entregue a alguém ainda mais jovem que Max: Franco Israel, de 22 anos. Uma enorme e arriscada incógnita.

Que reforço para a nossa baliza?

Falemos então de guarda-redes. Não para pôr em causa Adán, um dos elementos mais consensuais do plantel leonino, mas para especular um pouco sobre reforços. Já a pensar na próxima temporada.

Na vossa opinião, quem deve o Sporting contratar para secundar o experiente guardião espanhol na nossa baliza? Deve ser jovem ou veterano? Deve ser recrutado em Portugal ou vir do estrangeiro?

Sugerem algum nome?

Ou pensam que estamos bem servidos com João Virgínia e André Paulo?

Out of Africa, fora dela

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Édouard nasceu em Montivilliers, França.

Bruce nasceu na África do Sul, Durban.

Édouard representou duas selecções nacionais africanas.

Bruce representou três.

Agora as perguntas (parece o quem quer ser milionário):

Em que ano Bruce ergueu a Taça dos Campeões?

Em que ano Édouard ergueu a Taça dos Campeões?

Quem foi o primeiro guardião africano a vencer a "Champions"?

Max já saiu

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Virar de página na carreira de Luís Maximiano: já assinou pelo Granada. Confesso que tenho pena de o ver partir. Mas ele queria jogar. Aos 22 anos, tem a legítima ambição de ser titular num campeonato competitivo. No Sporting estava tapado por Adán, um dos melhores guarda-redes que já passaram por Alvalade.

Considero que não podemos cortar as asas aos jogadores. Uma coisa é eles merecerem oportunidades sem as terem por embirração de um treinador. Outra é ficarem a estagnar sem prazo de promoção à vista porque estão em segundo na hierarquia e o primeiro permanece em grande forma, com evidente benefício para a equipa, havendo só um lugar. Neste caso, para mim, acaba por ser um mal menor.

Acredito no entanto que não faltará quem pense de modo diferente. Daí abrir o debate sobre o tema. Como vêem esta saída do nosso Max?

A voz do leitor

«Difícil fazer um balanço de um guarda-redes que fez dois ou três jogos numa época inteira. Continuando Adán, o destino provável de Max na próxima época é voltar a ser suplente e voltar a fazer muito poucos jogos. Provavelmente fará sentido ter Max a rodar e a jogar noutro clube, isto se o treinador e o Sporting acreditam que é guarda-redes de futuro. Max de certeza que quer jogar mais. O Sporting tem vários guarda-redes na formação em idade de despontar. O clube terá de fazer escolhas se vir que algum dos guarda-redes “da casa” pode assegurar futuramente a titularidade das balizas do Sporting.»

 

João Gil, neste meu postal

Temo pelo futuro do jogador português

Texto de Vítor Hugo Vieira

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Por paradoxal que pareça, é quando temos uma das selecções mais fortes da nossa história que mais temo pelo futuro do jogador português.

Quantos guarda-redes portugueses são titulares regulares numa equipa de 1.ª divisão europeia? Seis ou sete? O mesmo para as outras posições, não serão muitos os jogadores portugueses para cada uma delas. Por acaso temos a sorte de hoje termos dois ou três muito bons para cada posição, mas é só, depois quase não há opções.

Olhe-se, por exemplo, para a posição de defesa-central, onde continuam a ser convocados dois trintões, porque, em boa verdade, neste momento, além deles, só há mais dois ou três com qualidade suficiente para ir à selecção.

Se olharmos para as equipas portuguesas, temos várias com apenas meia-dúzia de atletas nacionais no plantel, sendo o resto completado com sul-americanos e um ou outro de um país exótico. Aliás, não fiz a contagem, mas o Wolverhampton deve ter mais portugueses no plantel do que muitas das equipas da nossa 1.ª divisão. A última moda é encherem os plantéis de ingleses/franceses/espanhóis de 20 e poucos anos, vindos das equipas de reservas dos grandes [clubes] europeus. Como resultou bem em dois ou três desses jogadores, agora todos querem fazer o mesmo. Nisto quem se lixa, mais uma vez, é o jogador nacional.

 

Os escalões de formação são um deserto: fora dos três grandes e de uma ou outra equipa média (Boavista no passado, Braga e Guimarães hoje), quase não surgem jogadores que alimentem as suas equipas principais.

Serão assim tão fracos?

Os escalões de formação dos três grandes, que ficam com os jovens prometedores de todo o país, secam tudo à volta?

Preferem ir buscar brasileiros da quinta divisão, sacando umas comissões?

A Liga não acha que existem estrangeiros a mais, a tapar a evolução do jogador português?

Enquanto se forem ganhando Europeus graças a duas ou três Academias que fazem bem o seu trabalho, e não à existência de um projecto para o futebol português bem estruturado, está tudo bem?

 

Texto do leitor Vítor Hugo Vieira, publicado originalmente aqui.

Os nossos ídolos (37): Azevedo

Falar de ídolos, para mim, é simples: é falar de Manuel Fernandes.

Porém, nas “futeboladas” da minha infância, não era ele quem eu encarnava. Como a minha habilidade para 'jogar à bola' era pouca, não havia outra alternativa senão ser... guarda-redes.

Duas pedras, a três passos de distância, era a minha baliza, colocadas na estrada ou no recreio da escola, umas luvas “mal amanhadas” e aí estava eu.

Imaginava-me então uma outra figura do Sporting, aquele que o meu pai dizia ter sido o maior guarda-redes de todos os tempos: Azevedo! “Até de braço partido defendeu a baliza do Sporting”, dizia. Um Benfica - Sporting disputado a 17 de Novembro de 1946, soube mais tarde.

Procurei a crónica desse jogo, escrita por Tavares da Silva na revista Stadium. Este é o texto:

 

«(…) A partida emocionante de Lisboa!

As forças alinharam no Campo Grande da maneira que seguidamente indicamos, sob arbitragem de Carlos Canuto.

Benfica – P. Machado, Teixeira, Félix, Jacinto, Moreira, F. Ferreira, E. Santo, Arsénio, Júlio, V. Baptista e Rogério.

Sporting – Azevedo, Cardoso, Manuel Marques, Canário, Veríssimo, Barrosa, J. Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano.

A pugna ofereceu variados matizes: domínio de um, e logo de outro grupo; vitória a sorrir a um dos teams, para depressa se voltar para o outro. Ainda uma lesão de capital importância, levando Jesus Correia e Veríssimo para dentro das balizas.

Quando Canuto apitou para o começo – os leões desencadearam sem perda de tempo as suas ofensivas. Tal orientação denunciava o seu estado de espírito. Na realidade era ao Sporting, lògicamente [sic], que competia o assalto, devendo o Benfica, a coberto da sua vantagem, aguardar com serenidade o desenvolvimento do jogo. Mas, caso estranho!, os benfiquenses [sic] mostravam-se mais impacientes e sob mais viva influência nervosa, do que o seu adversário. Este jámais [sic] perdeu a cabeça, conservando sempre o cérebro a trabalhar. Mesmo nos momentos angustiosos, vide a fase de Veríssimo nas redes, os seus elementos souberam vigiar e coligar-se na defesa comum das redes.

Já o seu adversário não teve tacto para explorar a inferioridade numérica do antagonista, visto os seus elementos de ataque se embrulharem em frente das redes, traçando um futebol confuso em vez de espalhar o jogo pelas asas. Deste modo, os bons rematadores da linha atacante do Benfica não puderam aplicar com êxito os chamados golpes mortais. A bola encontrava sempre na sua trajectória o corpo de um jogador, ou num pé salvador de defesas.

Quando Azevedo reentrou incapaz de mover o braço esquerdo caído e inerte ao longo do corpo, o Benfica ainda fez o empate pelo lado desse braço, mas em seguida desistiu para mudar de rumo ao remate, proporcionando a Azevedo mais algumas defesas com a sua inconfundível rubrica.

Quando o empate parecia ser o resultado definitivo, o Sporting deu o golpe de teatro. Um remate de Albano, seguido de outro, também mortal, de Peyroteo, decidiram sem apelação o pleito.

O Sporting produziu excelente trabalho: equipa de ciência e de boa condição física. Sabendo como se realiza e tendo forças para realizar. A sua mecânica raramente foi destruída: na defesa, colocação de Barrosa no centro do terreno (3 backs); médio de ataque, e uma dianteira, rápida e precisa, forte e eficaz.

O Benfica encontrava-se num dia de má inspiração, dando alguns dos seus elementos a ideia de uma perturbação que não lhes deixava ver a sangue-frio as jogadas, por vezes fáceis, ou as manobras a fazer. A ligação ou colaboração, da defesa para a média, tornou-se deficiente pela necessidade da linha medular acorrer à frente, ao verificar a ineficácia da dianteira. Os interiores, perdidos no meio da confusão, também se esqueceram de dar à célula medular o auxílio indispensável, e dessa falha geraram-se fortes ataques sportinguistas.

Mas demos um golpes de vista à actividade dos jogadores, que é uma forma de fazer luz sobre o que se passou em campo. Comecemos pela equipa vencedora.

João Azevedo destacou-se como a figura central da partida. Meteu o público no bolso: primeiro com um punhado de defesas incomparáveis; segundo, pelo seu espírito de sacrifício. O seu regresso às redes, cheio de dores, justifica-se, pelo lado clubista, como chicotada moral no conjunto. E logo se viu o influxo.

Cardoso comportou-se como mestre que é, visão do lance antecipações magníficas. Manuel Marques, elástico, vivo, outro estilo, mas igualmente um valor. Barrosa, na feição de defesa, a que melhor se coaduna com as suas faculdades, transformou-se num elemento precioso. Importa aguardar o futuro. Canário construiu muito jogo, passando modelarmente. Veríssimo, quanto a nós, rendeu mais do que a sua média. Com espantosa energia nunca se considerou batido, e ao defender não se esqueceu de atacar.

Jesus Correia talvez mereça a classificação de elemento mais perigoso: jogada sóbria, mas invulgarmente rápida, e uma bola que merecia ser inscrita nos Tratado de técnica. Vasques, um dominador da bola, cumpriu a sua tarefa. Peyroteo, talvez com menos mobilidade, foi a ameaça de sempre; o seu alinhamento fortaleceu a equipa. Travassos evolucionou no campo com donaire, e sabendo o que fazia. Albano, mais sóbrio que de outra vezes, teve jogadas de excelente marca.

No Benfica, julgamos que P. Machado não teve culpas nos golos. Talvez no terceiro… Mas a verdade é que os remates rápidos e potentes surpreendem e batem qualquer guarda-redes. Teixeira jogou francamente bem, de bom despacho de bola, sentindo e antecipação, com a desvantagem do seu companheiro (que talvez não seja defesa mas continue a ser médio!) se mostrar pouco certo e seguro, Jacinto apagou-se um pouco: sem iniciativa e menos feliz nas respostas que ordinàriamente [sic].

Moreira desenvolveu extraordinária actividade em certo período, mas em toada de defesa.

Francisco Ferreira despendeu energia a rodos: quando viu a altura a altura de atacar, lançou-se abertamente nesse caminho mas não teve acompanhantes. Espírito Santo não progrediu no terreno. Arsénio produziu lances de grande vivacidade, mas acabou, arrasado, físicamente [sic]. Júlio perdeu-se no meio da confusão geral. Vítor Baptista, rematou com oportunidade, colocação e força (o melhor dos rematadores!), a par de deficiências de posição. Rogério, de bons pormenores, decaiu um pouco, e raramente pôde perfurar a barreira adversária.

Carlos Canoto arbitrou com mão de mestre, consentindo o jogo forte e ousado, mas sem violências. Nem um só momento deixou de ter os jogadores na mão e manteve intacta a sua serenidade e a boa disposição que caracterizam as suas arbitragens. (…)» [*]

 

Curiosamente, mais tarde, na escola quando andava no 8.º ano, numa dessas futeboladas de recreio parti o meu braço direito, porém, ao contrário de Azevedo, não regressei à baliza… Nesse ano o meu ídolo, Manuel Fernandes, marcou 4 dos 7 golos ao Benfica.

 

[*] In. STADIUM, n.º 207, 20 de Novembro de 1946. p. 3

Alegria Máxima

Segundo a imprensa desportiva de hoje (vale o que vale), Luís Maximiano será a alternativa a Renan, sucedendo a Salin. Por ser um jovem da casa, com grande qualidade, é uma notícia que muito me alegra e desejo que em breve, seja o número um. Espero que seja verdade e que outros de igual perfil, como Thierry, Conté, Bragança ou Brás se lhe juntem.

Pesada herança

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Contratar um guarda-redes de 32 anos que foi seis vezes internacional por Itália mas não voltou a ser chamado para a selecção desde 2011 e chegou com seis quilos a mais ao Sporting dá nisto: cinco meses depois, sem um só jogo oficial disputado por Viviano com as cores da nossa equipa, a Direcção leonina apressa-se a desfazer o barrete enfiado por Bruno de Carvalho nos dias pré-destituição, quando já corria para lugar nenhum. Há heranças que convém renegar sem demora, antes que comecem a pesar de forma incomportável. Aqui o verbo pesar pode até ser usado no duplo sentido, literal e metafórico: é inconcebível pagar dois milhões de euros por um inactivo. O gordo, neste caso, não vai para a baliza.

Rui, Viviano, Salin, Renan, Maximiano

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Esta noite acompanhei na televisão a magnífica exibição do veterano Casillas, que defendeu um penálti aos 10', enchendo de confiança o onze portista, que a partir daí embalou para uma vitória folgada (por 3-1) frente ao Lokomotiv em Moscovo. Arrecadando 2,7 milhões de euros e qualificando-se praticamente para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

Enquanto via o jogo ia reflectindo na importância crucial de um guarda-redes na edificação de uma equipa com aspirações a títulos e troféus. E dei por mim a pensar que, embora tenhamos hoje quatro jogadores disponíveis para ocupar essa posição, todos somados não compensam a ausência de Rui Patrício.

As coisas são o que são. Não adianta iludi-las.

Hoje giro eu - O Guarda-Redes(*)

Se o objectivo (goal, em inglês) de um jogo de futebol é o golo - o equivalente a um orgasmo, para o bi-bota Fernando Gomes -, impedi-lo é o anti-climax, pelo que o guarda-redes é um desmancha-prazeres por natureza. Talvez por isso, as regras estabelecidas em 1848, na Universidade de Cambridge, não contemplavam a figura do "keeper", posição que só passou a existir em 1871. 

 

Por tudo isto, existe uma não confessada má-vontade contra o guarda-redes, ele é um mal-amado. Se é perdoado a um ponta-de-lança perder um golo de baliza aberta, a um extremo falhar um drible ou um centro, a um médio errar um passe e a um defesa fracassar no desarme, nada é consentido a um guarda-redes. Se der um "frango" e daí resultar a derrota da sua equipa, bem pode efectuar uma mão-cheia de defesas impossíveis que nem assim será absolvido pelo tribunal dos adeptos.

 

Condenado a observar o jogo à distância, isolado, apenas com dois postes e uma barra como companhia, é como um prisioneiro solitário numa cela, sómente aguardando a sua própria execução. E quando lhe aparece um adversário sózinho pela frente e sai ao seu encontro, parece percorrer o corredor da morte (Dead man walking), à espera de um indulto de última hora. Isso talvez justifique porque o mais famoso guarda-redes de sempre (Lev Yashin) e alguns dos melhores da história do nosso Sporting (Azevedo, Carlos Gomes e Vítor Damas) escolheram se equipar de preto: o luto era adequado a quem sabia que a coisa, provavelmente, ia acabar mal.

 

Curiosamente, e em contra-ciclo, à medida que o futebol se foi tornando mais cinzento, cínico, burocrático, cerebral e os treinadores sacrificaram o objectivo do jogo à estratégia e à táctica, os equipamentos dos guarda-redes foram ganhando côr, como se agora acreditassem que tudo vai correr bem. Mas é um engano. Barbosa, arqueiro do Brasil no Mundial de 1950, batido pelo uruguaio Ghiggia na final, resistiu 50 anos como um condenado, tendo de conviver com desconsiderações várias, punido por adeptos, que até, certa noite, furtivamente, lhe colocaram a baliza daquele dia no Maracanã no seu jardim. Para que nunca se esquecesse! Meio-Século pagando por um crime que não cometeu (Barbosa foi considerado o melhor guardião desse Mundial), num país onde a pena máxima para qualquer tipo de crime é de 30 anos...

 

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 (*) só para desenjoar do quotidiano

 

Coitado do Beto...

 

... saiu do Sporting, onde era suplente do Rui Patrício, para poder jogar e assim lutar por um lugar na selecção para o próximo 'Mundial’.

Adivinho uma grande pressão por parte dos clubes e seus ‘avençados’, para que os outros guarda-redes escolhidos para essa prova sejam o Varela, do Benfica, e o José Sá, do Porto.

Vejo o primeiro golo que o Porto ontem sofreu e …

Parece que terá azar, o Beto, daí o meu lamento:

Coitado do Beto!

Um abraço, poderia ser ao sportinguista, mas prefiro que seja antes ao jogador com valor.

 

O fantasma da bola

Se no futebol há algo com que lido mal é com a questão de se usarem as grandes penalidades para se decidir um jogo. É certo que não tenho melhor solução para os empates, mas que não gosto, não gosto. Ponto final.

Seja como for, Rui Patrício tem sido um baluarte na baliza do Sporting e na selecção no que respeita às grandes penalidades. Ou esqueceram-se de 2016?

Posto isto parece-me um tanto absurdo que o Porto venha agora queixar-se da presença - talvez indevida, assumo - de Nelson Pereira, o treinador de guarda-redes do Sporting, atrás da baliza onde os penaltis foram marcados.

Eu percebo que quem perde - ou neste caso foi eliminado - pretenda arranjar desculpas para a coisa que correu menos bem. Curiosamente o Brahimi até rematou à trave e o Casillas também defendeu dois remates.

Terá sido tudo culpa de Nelson?

O blogue “O Artista do Dia” trouxe à superfície os penaltis de 2016 contra a Polónia onde Ruí Patrício defendeu um que ditou a passagem de Portugal à eliminatória seguinte. E não é que Nelson também lá estava… atrás da baliza a ajudar o Rui?

 

(Com a devida vénia ao Tweet do “Artista do dia”).

Faz toda a diferença

Tenho ouvido hoje equiparar o nosso Rui Patrício ao Casillas. Até em conversas de adeptos do Sporting.

"Ah e tal... defendeu dois penáltis. Mas o espanhol do Porto fez o mesmo."

 

Desculpem lá, mas não estão a ver bem o filme.

 

O Rui defendeu mesmo os penáltis marcados pelo Herrera e pelo Aboubakar.

Já o Casillas limitou-se a receber dois passes - do Coates e do William.

 

Não tem nada a ver. Faz toda a diferença.

{ Blogue fundado em 2012. }

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