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És a nossa Fé!

Os golos de Amorim!

Há quem considere que o resultado num jogo de futebol passa a ser de goleada a partir de três golos de diferença. Mas há quem defenda que devem ser quatro a dita diferença entre os golos marcados e sofridos.

O curioso é que o resultado de três a zero, para muitos, pode não ser goleada, mas de quatro a um já é… No entanto a diferença de golos é a mesma.

Posto isto vou ter como matriz a diferença de três golos para considerar goleada. Assim, e em 25 jogos já realizados, o Sporting brindou os adversários com a diferença de três ou mais golos por oito ocasiões (quase um terço dos jogos).

Vejamos a lista das partidas realizadas:

jornada 5 – 3 - 0 ao Moreirense;

jornada 16 - 5 - 1 ao Estoril;

jornada 17 – 3 - 0 em Chaves;

jornada 18 – 5 - 2 em Vizela;

jornada 19 – 8 - 0 ao Casa Pia;

jornada 21 – 5 - 0 ao Braga;

jornada 25 – 3 - 0 em Arouca;

jornada 26 – 6 - 1 ao Boavista.

Depois fui ver os resultados do nosso adversário mais directo. Também ousou fazer oito goleadas contra apenas três do clube da Cidade Invicta. Neste último caso uma delas foi contra o nosso perseguidor.

Olho para estes dados e pergunto-me há quanto tempo isto não acontecia com o Sporting. Segundo li hoje parece que será necessário recuar meio século para se conseguir encontrar algo semelhante.

Agora a questão sacramental e que divide alguns sportinguistas: a quem atribuir o mérito destes resultados?

É fácil atribuir os louros ao ponta de lança sueco Gyökeres, a Pedro Gonçalves ou até mesmo ao Francisco Trincão ou em última instância partilhar o mérito pelos três. Só que nenhum deles, sem Rúben Amorim, conseguiria fazer da equipa o que ela é: uma poderosa máquina de fazer golos.

Rúben conhece hoje bem os seus homens. Conhece as características de cada um e sabe retirar deles o melhor. Mesmo quando estão cansados.

Posto isto e em termos meramente internos o Sporting é sem dúvida a melhor equipa portuguesa. Os outros podem até ter campeões do Mundo, da Lua ou de Marte, mas falta-lhes o espírito de grupo e de conquista como hoje tem a equipa leonina.

Mesmo quando as coisas não correm bem, como foi o caso em Bérgamo ou em Vila do Conde, a equipa não se desune e mostra que é sabendo ultrapassar os momentos menos bons que se pode encontrar o segredo das vitórias seguintes.

São estes os golos de Amorim e que a Liga não consegue contabilizar!

Rumo aos 100?

Com 9 jornadas por disputar, uma evidência parece certa: este Sporting da New Era 2.0 será, até à data, o mais demolidor deste século, no que ao campeonato nacional diz respeito.

A atual melhor marca, de 79 golos, conseguida na época de 2015/2016 sob a batuta de Jorge Jesus, vai ser facilmente ultrapassada.

Surge a questão de saber se a equipa conseguirá atingir a mítica marca dos 100 golos, sendo certo que ainda teremos pela frente confrontos com Benfica e Porto, as duas melhores defesas do campeonato.

Da minha parte, acredito que poderemos muito bem fazer essa história. Mais alguém alinha?

Rescaldo do jogo de ontem

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Apoio inequívoco das claques em Alvalade após derrota em Bérgamo: assim é que é

 

Gostei

 

Da goleada ao Boavista. Cilindrámos a equipa portuense em Alvalade. Foi o segundo resultado mais volumoso do Sporting até agora no campeonato em curso: 6-1. Valeu não apenas pela avalanche de golos, cinco dos quais no segundo tempo, mas por toda a exibição da equipa tão bem orientada por Rúben Amorim. Demonstrando a reacção mais adequada após o nosso recente afastamento da Liga Europa.

 

De Gyökeres. O melhor em campo, para não variar. Verdadeiro motor da equipa: joga e faz jogar, sempre de pé no acelerador. Reforçou o comando da lista dos artilheiros do campeonato com mais três golos. Aos 45' (o golo da reviravolta, que já tardava), aos 68' e aos 79', este de penálti - convertido de modo exemplar. Quarto jogo consecutivo da Liga a marcar: já a meteu lá dentro 36 vezes no conjunto da temporada, 22 no campeonato. E também já protagonizou 14 assistências - ontem mais uma, com inegável classe, para o golo de Nuno Santos. Números extraordinários: o nosso jogador mais caro de sempre vale cada cêntimo que custou ao Sporting.

 

De Paulinho. Uma das suas melhores exibições de verde e branco. Desta vez bisou. Aos 54', marcando o segundo golo - correspondendo de forma exemplar a um cruzamento perfeito de Geny. E a poucos segundos do apito final, aos 90'+5, num cabeceamento sem mácula após a conversão de um canto. E ainda é dele, num centro muito bem medido, a assistência para o golo inicial.

 

De Nuno Santos. Ressurgiu após um período de relativo apagamento. Em boa hora Amorim apostou nele como titular na recepção ao Boavista. Sai deste embate que alguns consideravam difícil com saldo muito positivo: um golo, apontado aos 88', e duas assistências. Notável o passe vertical aos 68' a que Gyökeres deu a melhor sequência. E foi ele a bater o canto que proporcionou o golo final de Paulinho, selando o resultado.

 

De Daniel Bragança. Cumpre, sem dúvida, a sua melhor época ao serviço do Sporting. Ontem actuou durante toda a segunda parte - por troca com Morten, talvez o único que pareceu ressentir-se da derrota contra a Atalanta - e mostrou-se em excelente forma. Oportuníssimas recuperações aos 62' e aos 72' que logo originaram ataques perigosos. Exímio tecnicista, muito eficaz a movimentar-se entre linhas.

 

Do regresso de Morita. Ausente em Bérgamo, devido a uma indisposição que o reteve em Lisboa, voltou ao onze. E foi pedra fundamental deste dilatado triunfo leonino. Na visão de jogo, na capacidade de recuperar bolas, no perfeito domínio técnico demonstrado em cada lance. Consegue estar em acção em diversas zonas do terreno. É dos jogadores que mais procuram e mais merecem o título de campeão em Portugal.

 

Da nossa reviravolta. Tendo sofrido um golo a frio, logo aos 3', soubemos reagir com firmeza e determinação: quase não voltámos a deixar o Boavista aproximar-se da nossa baliza, Israel não chegou a fazer uma defesa digna desse nome e eles só conseguiram um canto aos 90'+3. Protagonizámos uma reacção quase asfixiante à turma boavisteira, que só pecou pela conversão tardia do nosso primeiro golo. Na segunda parte, sobretudo, chegámos a ser brilhantes. Com uma entrada fortíssima, sempre a carregar no acelerador. Deu gosto ver este Sporting imparável, nada fragilizado pelo desfecho da partida anterior, em solo italiano. 

 

Do apoio inequívoco das claques. Com aplausos, cânticos, incentivos de todo o género. E dísticos que não deixam lugar a dúvidas: estão cem por cento com os jogadores, estão cem por cento com a equipa técnica. É para isto que servem as claques. Assim merecem também elas o nosso aplauso.

 

De ver o Sporting marcar há 34 jornadas seguidas. Sempre a fazer golos, desde o campeonato anterior. Reforçamos a nossa posição no topo das equipas goleadoras. Basta comparar: temos mais 15 marcados do que o Benfica e mais 25 do que o FC Porto.

 

Do nosso desempenho global em casa para a Liga 2023/2024. Treze jogos, treze vitórias. Invictos em Alvalade.

 

De mantermos a liderança isolada. Agora com 65 pontos. Mesmo com um jogo em atraso - que, caso seja vencido, deixará o principal rival quatro pontos abaixo de nós. Prossegue a contagem decrescente para a conquista do troféu máximo do futebol português. Vamos lá chegar.

 

 

Não gostei

 

De sofrer tão cedo. Foi um banho de água fria em Alvalade, aquele disparo indefensável de Makouta. Desde 2015 que o Boavista não marcava no nosso estádio.

 

De outro golo na nossa baliza. Temos agora mais sete sofridos do que o FCP, mais quatro do que o SLB. Nada de grave, mas é um aspecto a melhorar.

 

De termos esperado 42 minutos para empatar. Só aconteceu aos 45': tardou em excesso. O 1-1 registado ao intervalo era muito lisonjeiro para o Boavista, que já merecia então estar a perder, até por mais de uma bola de diferença. Acabaríamos por acertar contas na segunda parte.

 

Da ausência de Pedro Gonçalves. Os colegas cumpriram bem a missão em campo, mas o melhor jogador português do Sporting faz sempre falta. Infelizmente ainda não sabemos quando poderá estar de volta: continua afastado devido à lesão muscular contraída em Itália.

 

Do horário do jogo. Voltamos ao mesmo: partida iniciada às 20.30, numa noite de domingo. Só dá jeito a quem não precisa de trabalhar e a quem nunca vai ao estádio - alguns nem sequer se dão ao incómodo de assistir às partidas pela televisão, espreitam os resumos mais tarde e já lhes basta. Para esses pode ser em qualquer dia e a qualquer hora.

Leão dobra o Braga com goleada à chuva

Sporting, 5 - Braga, 0

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Eduardo Quaresma muito aplaudido na estreia como goleador ao marcar o segundo ao Braga

Foto: Filipe Amorim / Lusa

 

Foi um festival de golos em Alvalade. Uma vez mais. Aqueles que nos faltaram no recente encontro com o Braga na meia-final da Taça da Liga, disputada em Leiria, apesar das seis ou sete oportunidades claras que tivemos nessa partida quase de sentido único, desta vez aconteceram. E de que maneira: goleámos a turma minhota por 5-0, reeditando o resultado obtido no Sporting-Braga do campeonato anterior e a vitória pela mesma marca, também no nosso estádio e contra a mesma equipa, na edição da Taça da Liga 2022/2023.

A saúde do onze leonino é notória: vulgarizámos por completo o conjunto comandado por Artur Jorge. Entrada fulgurante dos leões, com pressão intensa sobre os visitantes, confinados ao seu reduto defensivo. Cedo este domínio se traduziu num golo: Trincão, aproveitando da melhor maneira um passe transviado perto da linha da grande área, tomou conta da bola e aplicou-lhe o tratamento adequado em remate cruzado e rasteiro, encaminhando-a para as redes. 

Estavam decorridos 8 minutos: começava a festa em Alvalade, anteontem com quase 40 mil espectadores neste jogo iniciado às 18 horas do Domingo de Carnaval. Sem que os do Braga tivessem qualquer motivo para rir. 

 

O segundo não tardou. E foi uma obra-prima: Eduardo Quaresma recuperou a "gordinha" lá atrás, junto à linha direita defensiva, e conduziu-a em ziguezague com nota artística campo fora, contornando todas as tentativas de intercepção. Na grande área braguista, a bola foi tocada para Pedro Gonçalves que tentou centrar já em desequilíbrio: sobrou para Edu, que prosseguira sem pisar o travão: com ela novamente nos pés, não perdoou: estreava-se assim como artilheiro na equipa principal do Sporting ao fim de 25 desafios como profissional de leão ao peito. O estádio explodiu de euforia. E o jovem jogador também: escutou aplausos prolongados, mais do que merecidos.

Assim se foi para o intervalo sem que Adán tivesse sido importunado. Tinhamos a noção de que os três pontos estavam garantidos, mas aquele 2-0 sabia a pouco.

 

O Braga voltou do balneário a tentar finalmente discutir o jogo: durou cerca de 20 minutos esta veleidade. O Sporting, que fingira estar adormecido, voltou a carregar no acelerador, conduzindo ataques alternados pelos corredores laterais, baralhando as marcações dos minhotos, novamente empurrados para os 30 metros do seu reduto.

Aí voltou a brilhar Trincão, o melhor em campo. Tomou posse da bola na meia-direita e já não a largou, fintando dois adversários e atirando-a teleguiada para a zona do primeiro poste, onde Gyökeres rematou com êxito a meia altura, sem hipóteses para Matheus. O astro sueco voltava a brilhar, já sem José Fonte nem Paulo Oliveira a policiá-lo, aumentando o seu registo como rei dos artilheiros do campeonato.

Foi aos 71'. Bastaram dois minutos para a bola se anichar outra vez nas redes braguistas, desta vez muito bem encaminhada por Daniel Bragança, pouco depois de render Morita. «Só mais um!», gritavam os adeptos.

Nuno Santos fez-lhes a vontade aos 85' com um tiro de trivela, igualmente indefensável. Aquecendo ainda mais a chuvosa noite de Inverno no nosso estádio. 

 

Havia nas bancadas quem falasse em "vingança". Mas aconteceu algo maior do que isso: uma exibição de exuberante superioridade das nossas cores. Não demos a menor oportunidade ao Braga para medir forças connosco. Confirmando que o recente tropeção em Leiria foi mero infortúnio que não deixou marcas. 

Quem duvide, fará bem em espreitar a classificação do campeonato nacional. O Sporting segue em primeiro, em igualdade pontual com o Benfica (ambos com 52 pontos), mas menos um jogo disputado - o que faz muita diferença. 

E o Braga? Segue em quarto, com menos 12 pontos. Deve acautelar-se com o V. Guimarães, já a morder-lhe os calcanhares. Quase tão mal está o FC Porto, que ontem sofreu a primeira derrota de sempre em Arouca (3-2) e está agora 7 pontos abaixo do Sporting - que podem ser 10 quando se disputar finalmente o nosso desafio em Famalicão.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Partida relativamente tranquila para o guardião espanhol, que brilhou aos 62', protagonizando excelente defesa ao negar o golo a Álvaro Djaló quando vencíamos por 2-0.

Eduardo - Enorme capacidade de chegada à área braguista, excelente visão de jogo, atrevimento no melhor sentido. Estreia a marcar como profissional leonino. Mereceu por completo.

Coates - Desta vez só se destacou no sector recuado: lá na frente, nos cantos, não fez a diferença. Mas cumpriu com o zelo habitual na defesa. Cortes oportunos aos 34', 51' e 66'.

Gonçalo Inácio - Dobrou Nuno Santos quando este se adiantava no corredor esquerdo, fez parceria perfeita com Coates e inicia a construção do quarto golo com soberbo passe vertical.

Geny - Foi o primeiro a criar desequilíbrios pondo o Braga em sentido com várias acções de ruptura na ponta direita. Sem nunca descurar as missões defensivas enquanto manteve o fôlego.

Morten - Exímio no passe, olhando o jogo de frente, sem virar a cara à luta. E com capacidade de aparecer lá na frente, como quando sacou um livre directo aos 28' quase à entrada da área.

Morita - O menos exuberante do onze inicial, ainda a acusar algum desgaste da participação na Taça Asiática ao serviço do Japão. Irá com certeza recuperar a forma no próximo jogo.

Nuno Santos - Batalhador. Foi um dos principais obreiros da avalancha ofensiva leonina. Quase marcou aos 60, num remate cruzado que rasou o poste. Aos 85', meteu-a mesmo lá dentro.

Pedro Gonçalves - Rúben Amorim devolveu-o ao trio atacante. E foi lá que ele teve participação directa em dois dos golos - o segundo e o quarto. No essencial, missão cumprida.

Trincão - Sexto golo nos últimos cinco jogos da Liga. Foi ele a abrir a goleada em lance que construiu do princípio ao fim. Fez a assistência para o terceiro. Já convence até os mais cépticos. 

Gyökeres - Atacou a profundidade e deu largura ao ataque leonino, sem se deixar intimidar pelas marcações. Na primeira oportunidade de que dispôs, meteu-a lá dentro. À campeão.

Daniel Bragança - Aos poucos, vai-se tornando mais influente. Substituiu Morita aos 51': bastaram-lhe 12 minutos para marcar o quarto golo leonino. O seu quarto da temporada. 

Matheus Reis - Sempre jogador útil. Em campo desde o minuto 75', quando rendeu Quaresma, três minutos depois protagonizou grande corte pondo fim a uma situação de perigo.

Edwards - Substituiu Pedro Gonçalves aos 75'. Abusa dos lances individuais, tentando fintar meia equipa. Aos 90'+1, desperdiçou oportunidade de marcar o sexto.

Esgaio - Em campo desde o minuto 84, preenchendo o lugar de Geny. Entrou bem: no minuto seguinte centrou com precisão, dando início ao lance do quinto golo. Outro bom centro aos 90'.

Paulinho - Rendeu Gyökeres aos 84'. Sem pontaria, falhou cabeceamento em zona de decisão (90'). Em cima da linha final, assistiu Edwards de calcanhar: esteve quase a ser golo (90'+1).

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

Da goleada de ontem ao Braga em Alvalade. Aplicámos uma manita à turma braguista: terceira seguida na deslocação desta equipa ao nosso estádio. Num jogo que dominámos do princípio ao fim. Aproveitamento de quase todas as oportunidades de que dispusemos. Os golos foram surgindo em cadência alucinante para os minhotos de visita a Lisboa: por Trincão aos 8', por Eduardo Quaresma aos 18', por Gyökeres aos 71', por Daniel Bragança aos 73' e por Nuno Santos aos 85'. A melhor equipa em Portugal é hoje a nossa, sem a menor dúvida. Como esta partida comprovou: quinta goleada em 2024.

 

Da atitude da nossa equipa. A cada jogo, o Sporting mostra-se ainda mais consistente, confiante, motivadíssimo. Tanto no processo defensivo como ofensivo. Um colectivo cheio de força, cheio de vontade, cheio de energia anímica. Inquebrantável.

 

De Gyökeres. Muito marcado na primeira parte, em que raras vezes conseguiu exibir a qualidade do seu futebol, o sueco soltou-se na meia hora final e voltou àquilo que melhor sabe: marcar. Assinou o terceiro, num remate a meia altura que desfez por completo qualquer veleidade do Braga em conseguir levar um ponto de Alvalade. Tem números impressionantes: este foi o seu 16.º golo no campeonato e o 27.º em todas as competições da temporada. Consolida a sua posição, já indiscutível, de melhor jogador da Liga 2023/2024.

 

De Trincão. O melhor em campo. Grande exibição do avançado que teve formação futebolística em Braga (e por isso não festejou o golo) e confirma agora todas as qualidades que levaram à sua contratação. Voltou a marcar num lance iniciado por ele próprio com uma recuperação muito oportuna, abrindo caminho à goleada. E foi dele a assistência para o terceiro, num magnífico trabalho na meia-direita ofensiva, sentando dois adversários antes de cruzar para Gyökeres. Já leva seis golos marcados nos últimos cinco desafios do campeonato.

 

De Eduardo Quaresma. Exibição superlativa do nosso central à direita. Não apenas no plano defensivo, confirmando todas as qualidades evidenciadas desde o início do ano, mas sobretudo pelo fantástico golo que marcou - desde já candidato a um dos melhores de 2024. Jogada iniciada e concluída por ele, numa corrida de 70 metros em que foi queimando sucessivas linhas com a bola dominada e depois a apontou para o fundo das redes já dentro da grande área quando Pedro Gonçalves tinha ficado sem ela. Golo à ponta-de-lança - o seu primeiro como profissional do Sporting após 25 jogos. Mais do que merecido. Ao ser substituído, no minuto 75, recebeu calorosa ovação no estádio. 

 

De Nuno Santos. O corredor esquerdo foi todo dele. Tanto a atacar (quase sempre) como a defender. Anda a mostrar, de jogo para jogo, que tem valor para estar entre os pré-convocados para o Europeu de França. Exibição coroada com o quinto golo - um golaço, de trivela. Justificando aplauso.

 

De Gonçalo Inácio. Será talvez a última época dele no Sporting: vai deixar saudades. Outra exibição de grande nível. Controlou por completo a manobra defensiva da nossa equipa, acorrendo às dobras dos colegas sempre que necessário, vencendo todos os duelos individuais, destacando-se na precisão do passe na fase de construção. Num desses passes, deu início ao quarto golo. Cortes fundamentais aos 15' e aos 62'. Neutralizou Djaló no seu sector. 

 

De ver o Sporting transformado numa poderosa máquina de fazer golos. Somos, de longe, a equipa mais concretizadora: média de 2,79 golos por jogo na temporada. Reforçamos a primeira posição com o melhor ataque do campeonato: 58 golos marcados nas 20 jornadas que disputámos. Marcámos em todas as rondas da prova. E continuamos invictos no nosso estádio: 11 jogos, 11 vitórias. Melhor ainda: há um ano que não perdemos em casa para a Liga - desde 12 de Fevereiro de 2023.

 

De termos mantido as nossas redes intactas. Terceiro jogo consecutivo sem sofrermos golos, após os encontros em Leiria (3-0) para a Taça de Portugal e contra o Casa Pia em Alvalade (8-0). Balanço destas três partidas em números: 16 marcados, nenhum sofrido. É obra.

 

Do árbitro. Boa actuação de António Nobre, que valorizou o espectáculo evitando ser a figura mais em foco no relvado. Aplicou o chamado critério largo, à inglesa, sem exibir nenhum cartão. Gostava que no futebol português houvesse mais árbitros como ele.

 

Da festa nas bancadas. Quase 40 mil pessoas presentes nas bancadas do nosso estádio: 39.851. Quarta maior afluência de público da temporada, apesar da forte chuva que foi caindo, quase todo o tempo, nesta partida iniciada às seis da tarde de ontem - enfim um horário decente, com reflexo óbvio na bilheteira. Exceptuando as escassas centenas de adeptos do Braga, todos saíram satisfeitos. 

 

 

Não gostei

 

Do Braga. Equipa vulgar, sem criatividade, sem intensidade nem chama. Parece ter entrado em campo já derrotada. Criou uma única oportunidade de golo, que Adán impediu, aos 62', com magnífica defesa a remate de Álvaro Djaló. Nada mais.

 

De chegarmos ao intervalo só a vencer por 2-0. Sabia a pouco.

 

Do primeiro canto a nosso favor ter ocorrido apenas aos 54'. Podia e devia ter acontecido mais cedo. 

 

De voltar a ver Moutinho em Alvalade. Justamente assobiado cada vez que tocou na bola. Não merece outro tratamento, por ter feito o que fez. Ao contrário de outros jogadores agora no Braga que vestiram as nossas cores, como José Fonte (que fez sete anos da formação leonina), Borja e Paulo Oliveira, profissionais dignos de respeito.

Cabazada histórica num hino ao futebol

Sporting, 8 - Casa Pia, 0

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Momento de celebração em Alvalade: acabava de marcar-se um dos oito golos contra o Casa Pia

Foto: Rodrigo Antunes / Lusa

 

Foi um jogo histórico. Basta olhar para o resultado: há meio século que não se registava um desfecho destes, em nossa casa para o campeonato. Temos de recuar a Fevereiro de 1974 para encontrar outro 8-0 como o de anteontem: nessa altura cilindrámos o Oriental, com cinco golos de Yazalde, já mítico craque argentino que no final dessa época se sagrou melhor artilheiro dos campeonatos europeus, tendo apontado 46 com a Verde e Branca nessa inesquecível competição em que a festa leonina se confundiu com a Festa da Liberdade. Recebeu justamente a Bota de Ouro pela proeza.

Desta vez não temos um argentino, mas um sueco. Craque também. De longe o astro maior desta Liga 2023/2024, que o Sporting comanda isolado há várias jornadas. Anteontem foi ele o melhor em campo, já sem surpresa. Surpreendente foi a amplitude do nosso triunfo face a um Casa Pia a que não demos a menor hipótese, do primeiro ao último momento da partida. A mais volumosa goleada desta Liga.

O vitorioso Viktor Gyökeres faz jus ao nome próprio: leva já 24 golos marcados nesta temporada - 15 só no campeonato. Mais dois do que a sua melhor marca anterior na carreira, ao serviço do Coventry, da segunda divisão inglesa. Agora marcou mais dois: novo bis de Leão ao peito. Primeiro aos 23', correspondendo da melhor maneira a um cruzamento milimétrico de Pedro Gonçalves; depois de penálti, aos 32', punindo falta cometida sobre ele próprio, numa das suas numerosas incursões na grande área casapiana.

 

Numa antítese clara do desafio anterior, frente ao Braga para a Taça da Liga, em que tivemos sete ou oito oportunidades de golo sem concretizar nenhuma, desta vez transformámos em golos quase todas quantas construímos. Tal como Viktor, também Coates (13' e 81') e Trincão (43' e 90'+4) bisaram, provocando saudáveis explosões de euforia nos mais de 32 mil espectadores presentes nas bancadas. Pedro Gonçalves (25') e Geny (64') completaram a contagem.

Selando o desfecho deste encontro de sentido único, autêntico hino ao futebol. Valorizado também pelo desempenho do jovem árbitro Helder Carvalho.

Uma cabazada, como se dizia antigamente. E pode continuar a dizer-se, sem problema algum. É expressão que faz todo o sentido perante o que se passou no tapete verde de Alvalade.

 

Com este triunfo, o Sporting mantém-se invicto no plano doméstico: dez desafios para a Liga 2023/2024 terminados da melhor maneira, todos com vitórias em casa. Continuamos no topo, com Benfica um ponto atrás e FC Porto já cinco ponto abaixo de nós. Reforçamos a liderança isolada também do nosso ataque, de longe o mais concretizador da prova: 53 golos já convertidos. Mais 11 do que o Braga, já num distante segundo posto. 

Outro dado relevante: temos um índice médio de 2,71 golos por jogo após 31 partidas oficiais já realizadas nesta época para quatro competições. Muito acima - vale a pena notar - do que ficou registado em 2020/2021, quando fomos campeões: 1,96 golos por jogo no conjunto das provas então disputadas. Números que revelam muito bem a grande evolução registada de então para cá sob o comando de Rúben Amorim. Já hoje um dos melhores treinadores de sempre do Sporting.

Quem ainda não percebeu isto, nada percebe de futebol. Ou padece de miopia talvez irreversível. No primeiro caso, poderá registar progressos. No segundo, infelizmente, talvez já não.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Foi uma das jornadas mais tranquilas, até agora, para o guardião espanhol. Quase se limitou a uma defesa fácil aos 49'. Manteve as nossas redes intactas: ninguém o perturbou.

Eduardo Quaresma - De repente, o miúdo ficou adulto. E de que maneira. Outra exibição segura, cheio de confiança. Ao minuto 25 já tinha protagonizado quatro cortes e recuperações.

Coates - Tornou-se o segundo defesa mais goleador da história leonina. Ao bisar contra o Casa Pia soma já 35 golos no seu currículo português. Iniciou a cabazada com golpe de cabeça certeiro.

Gonçalo Inácio - Vai-se especializando no início da construção lançando Gyökeres com passes longos, explorando a desmarcação do sueco. Interveio assim no golo 2. Dobrou bem Coates.

Esgaio - Tinha Eduardo Quaresma a resguardar-lhe a retaguarda. Mas nem assim o nazareno foi muito afoito no ataque. Pecou por défice ofensivo. Não interveio em qualquer dos golos.

Morten - Protagonizou um dos melhores momentos da partida ao fazer sobrevoar a bola, com classe, sobre a defesa casapiana, oferecendo o golo a Pedro Gonçalves. Cada vez mais influente.

Pedro Gonçalves - Ainda com queixas físicas, só fez a primeira parte. Exibição de luxo: marcou, deu a marcar (no segundo) e fez pré-assistência (no quinto). Com ele o nosso jogo é mais fluido.

Nuno Santos - Assistiu Coates no primeiro, marcando livre. Aos 30', recuperou uma bola em lance que daria penálti, fazendo túnel a Lameiras. Cobrou o canto que gerou o golo 6. Incansável.

Edwards - Mais discreto do que noutras partidas, ofereceu golo a Morten (38') que só o guardião Baptista impediu. Uma incursão sua, aos 43', esteve na origem do 5-0. Resultado ao intervalo.

Trincão - Uma das suas melhores exibições no Sporting. Bisou, marcando o nosso melhor golo do mês à beira do apito final. Foi ele a recuperar a bola no segundo golo. Útil de várias formas.

Gyökeres - Um espectáculo. Bisou, ultrapassando Banza como artilheiro-mor da Liga. Aos 90'+1 ainda ofereceu um golo a Paulinho e logo a seguir esteve quase a marcar ele próprio outra vez.

Daniel Bragança - Fez toda a segunda parte, substituindo Pedro Gonçalves. Quando a equipa já geria o resultado. Explorou com eficácia o espaço entre linhas. Ajudou a construir o golo 7.

Geny - Substituiu Esgaio (57'). Ausente durante um mês, voltou em forma. Sete minutos após entrar já assinava um golão - estreia a marcar em casa. E assistiu o capitão no penúltimo golo.

Paulinho - Rendeu Edwards aos 57'. Muito apagado. Falhou emenda, com a baliza à frente, aos 59'. Dominou mal a bola que Gyökeres lhe ofereceu já no tempo extra. Devia ter feito mais.

Matheus Reis - Entrou aos 81', rendendo Gonçalo. Tempo para protagonizar um grande cruzamento, sentando o defesa adversário e assistindo Trincão a fechar a contagem.

Dário - Substituiu Morten aos 86'. Entrou sobretudo para se despedir do público leonino antes do empréstimo ao Chaves no resto da temporada. Mas vai com bilhete de regresso.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

Da histórica goleada ao Casa Pia. Não vencíamos há meio século uma equipa para o campeonato nacional de futebol por 8-0. Tinha sido na excepcional época 1973/1974, quando conquistámos a dobradinha para assinalar o Ano Zero da liberdade em Portugal. Derrubámos então o Oriental (cinco golos de Yazalde, dois de Baltasar, um de Nelson, a 17 de Fevereiro de 1974). Ontem vencemos o Casa Pia pela mesma marca. Extraordinária marca, fantástico jogo, incrível superioridade leonina do primeiro ao último segundo da partida, que se prolongou até aos 90'+5. Com três jogadores a bisarem (Gyökeres, Coates, Trincão). Pedro Gonçalves e Geny também fizeram o gosto ao pé. Empolgando por completo os adeptos do Sporting, em maioria absoluta entre os 32.869 espectadores que tiveram o privilégio de ver esta partida ao vivo. Foi noite de festa em Alvalade.

 

De Gyökeres. Figura do jogo, sem sombra de dúvida. Excepcional jogador: não apenas (de longe) o melhor deste campeonato, mas também um dos melhores de sempre que já vestiram a Verde e Branca. Ontem passou a liderar isolado a lista dos artilheiros da Liga 2023/2024, ultrapassando Banza. Marcou o segundo, aos 23', solto de marcação defronte da baliza, e o quarto, aos 32', na conversão de um penálti que ele mesmo havia sofrido dois minutos antes. Mas não fez só isso: é ele quem saca o livre que gera o primeiro golo. Com pulmão gigante, aos 90'+1 ainda ofereceu de bandeja um golo que Paulinho desperdiçou e aos 90'+2 ainda tentou marcar mais um, inviabilizado por enorme defesa do guardião Ricardo Baptista.

 

De Trincão. O "patinho feio" anda a virar cisne. Quarto jogo seguido no campeonato a marcar (Estoril, Chaves, Vizela e agora este), correspondendo da melhor maneira à confiança que o treinador nunca deixou de depositar nele. Marcou o quinto, aos 43', e encerrou a conta já no tempo extra, aos 90'+4, assinando o mais belo golo da noite - talvez o melhor do Sporting no mês que chega agora ao fim. Tem garantida a titularidade.

 

De Coates. Nota elevadíssima para o nosso capitão. Foi ele a abrir o activo, cabeceando como mandam as regras na sequência de um livre muito bem convertido por Nuno Santos (14'). E marcou o sétimo, à ponta-de-lança (81'), correspondendo da melhor maneira a uma boa assistência de Geny. Há três anos que não bisava na Liga.

 

De Pedro Gonçalves. Só jogou a primeira parte - com 5-0 ao intervalo, Rúben Amorim decidiu poupá-lo, trocando-o por Daniel Bragança. Mas correspondeu às expectativas. Esteve envolvido em três golos: marcou o terceiro (25'), após Morten picar a bola sobre a defesa adversária, assistiu o internacional sueco no segundo e foi dele uma pré-assistência, para o quinto golo, num soberbo passe vertical para Edwards antes de a bola sobrar para Trincão. Segue com 11 golos e sete assistências na temporada. Merece aplauso.

 

Do regresso de Geny. Em boa hora voltou após a sua participação no Campeonato Africano das Nações, ao serviço da selecção de Moçambique, prematuramente afastada. Substituiu Esgaio aos 57' e deu finalmente vida ao corredor direito, fazendo a diferença. Marcou o sexto golos, aos 64', num soberbo remate em arco na sequência de um canto. E assistiu no sétimo. Missão cumprida: deu forte contributo para encostar o Casa Pia às cordas.

 

De ter visto cinco jogadores da nossa formação nesta partida. Eduardo Quaresma, Gonçalo Inácio e Esgaio foram titulares. Depois ainda entraram Daniel Bragança (fez toda a segunda parte) e Dário (rendeu Morten aos 86'). É outra aposta que vai sendo ganha: estamos no rumo certo.

 

Desta nossa quarta goleada em 2024. Sporting-Estoril: 5-1. Sporting-Tondela para a Taça de Portugal: 4-0. Vizela-Sporting: 2-5. E agora esta. Vinte e dois golos marcados, apenas três sofridos nestes quatro encontros. Vamos em marcha acelerada para a conquista do campeonato. E - espero - também para vencermos a Taça de Portugal com esta veia goleadora.

 

De ver o Sporting reforçar a posição como melhor ataque da Liga. Números extraordinários: 53 golos marcados em 19 rondas, enquanto o Benfica tem apenas 41 e o FC Porto está muito mais abaixo, só com 33. Há 39 anos que não tínhamos mais de 50 golos à 19.ª jornada, de longe a nossa melhor marca deste século. Serve para moralizar ainda mais a equipa. E também os adeptos.

 

De não termos sofrido nenhum. Outro aspecto muito positivo deste jogo que rondou a perfeição. Adán mal chegou a fazer uma defesa digna desse nome.

 

Da nossa liderança cada vez mais consolidade. Mantemos o comando da Liga 2023/2024, agora com 49 pontos. Pressionando todos os outros, que seguem há várias rondas atrás de nós. Está cada vez mais perto o objectivo final.

 

De Rúben Amorim. Após a derrota contra o Braga - por manifesto azar - para a Taça da Liga, o treinador incutiu aos jogadores mentalidade ganhadora, sem permitir dúvidas existenciais ou angústia competitiva de espécie alguma. Daí termos cumprido o décimo jogo desta época para a Liga em casa sempre a somar vitórias. Equipa campeã é mesmo assim. Por isso atingimos um marco que permanecia há 50 anos sem igualar, nesta que é apenas a terceira época do século XXI em que lideramos isolados o campeonato em Janeiro - as duas anteriores foram com Laszlo Bölöni em 2002 e com o próprio Rúben em 2021.

 

 

Não gostei

 

De não ver sequer St. Juste no banco. Parece que o holandês contraiu nova lesão. É tempo de a estrutura leonina reflectir sobre o futuro deste jogador, que vai passando ao lado de outra época desportiva.

 

Do cartão amarelo a Morten. Por falta fora de tempo, aos 38', quando já vencíamos por 4-0. Não havia necessidade.

 

Do corredor direito na primeira parte. Esgaio com muito menor dinâmica do que o titular da ala oposta, Nuno Santos. Melhorou com Geny em campo. 

 

Das ausências de Diomande e Morita. Continuam ao serviço das respectivas selecções: são dois titulares a menos. Mas Eduardo Quaresma e Daniel Bragança vão dando boa conta do recado.

Imparáveis no início da segunda volta

Vizela, 2 - Sporting, 5

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Coesão colectiva, alegria a jogar, moral em alta: terceira goleada em quatro jogos, desta vez em Vizela

Foto: José Coelho / Lusa

 

O Sporting começa a segunda volta do campeonato como terminou: em grande. Com a 23.ª vitória em 29 jogos já disputados desde o início da temporada. Mantendo o posto de comando no campeonato e aspirações intactas em todas as outras provas. Com um futebol de ataque como raras vezes nos recordamos. Impulsionado, em larga medida, por Gyökeres, que consolida o lugar - indiscutível - de melhor futebolista da Liga 2023/2024.

Futebol de ataque, sim. Comprovado com números, num registo impressionante: 76 golos marcados nestas 29 partidas, portanto com média de 2,62 por jogo. Muito acima do desempenho do Benfica (59 golos, com o mesmo número de desafios disputados) e do FC Porto (53 golos, idem).

Vendo a questão de modo mais abrangente: somos neste momento a quinta equipa com melhor índice goleador do futebol europeu. Só atrás do Leverkusen (3,15 golos por jogo), Fenerbahce (2,94), PSV (2,93) e Bayern de Munique (2,76). É obra.

 

Mérito de quem?

Do treinador, acima de todos. Rúben Amorim tem moldado este conjunto de jogadores à sua imagem e semelhança, transformando-o numa equipa coesa, inspirada, motivada. Imparável. Com um balneário que irradia optimismo, uma alegria de jogar que contagia as bancadas e capaz de pôr em sentido qualquer adversário, como bem se viu no clássico contra a turma portista em Alvalade.

Sábia combinação entre a dinâmica colectiva e o aproveitamento dos talentos individuais. Tudo isto ficou evidente no desafio de anteontem em Vizela, frente ao penúltimo classificado, que tanto trabalho nos tinha dado no embate da primeira volta (vencemos à tangente, por 3-2, com o golo vitorioso a surgir só nos instantes finais).

Dominámos do primeiro ao último som do apito. Com muita vontade de garantir os três pontos em pouco tempo. Mas, contra a corrente de jogo, sofremos um golo, nascido de livre a cobrar falta inexistente - decisão infeliz do árbitro André Narciso, péssimo sobretudo no capítulo disciplinar e nada auxiliado pelo vídeo-árbitro Rui Costa.

A perder desde o minuto 13, pressionámos ainda mais. Chegando a suceder o impensável: Gyökeres falhou um golo de baliza aberta, à queima-roupa, fazendo a bola subir para a barra, aos 18'. Mas adivinhava-se a todo o momento que o internacional sueco estava em dia sim: ia desatar o nó. E desatou mesmo. Empatando a partida aos 45'+7, quase no limite do tempo extra.

 

No segundo tempo acentuou-se a nossa pressão ofensiva. Com Trincão em alta rotação: deixou de ser o Trinquinho de jogos anteriores e despachou o segundo golo logo a abrir a segunda parte. Paulinho exibiu sempre confiança lá na frente, ja não só para arrastar defesas mas também para a meter no sítio certo. É dele o terceiro golo e ajudou a construir outros dois. Também Pedro Gonçalves se destacou, com duas assistências. 

O quarto foi apontado por Coates, em estreia como artilheiro neste campeonato - para compensar um erro individual que minutos antes o levara a perder a bola, possibilitando o segundo e último do Vizela. É o único problema que subsiste: ainda sofremos demasiados golos. Dezanove, só na Liga.

O jogo não terminou sem novo momento alto de Gyökeres, fixando o resultado com o seu quarto bis da temporada. Um espectáculo: acaba de igualar a sua melhor época de sempre, em que marcou 22 pelo Coventry. Agora atingiu a mesma marca, em apenas 25 jogos.

Resta acrescentar: entrámos em campo sem três titular habituais. Diomande, Geny e Morita continuam ausentes, ao serviço das respectivas selecções. Mas quase não se deu por isso. É outra forma de comprovar como o Sporting está forte.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Quase não foi incomodado. Não podia fazer nada nos dois golos sofridos: no primeiro, Esgaio falha a intercepção; no segundo, Coates perde a bola. De resto, noite tranquila.

Eduardo Quaresma - Está cada vez mais confiante - e o treinador contribui, apostando nele. Toda a partida como central à direita neste seu centésimo jogo como profissional (21.º pelo Sporting).

Coates - Esteve muito mal ao perder duelo com Essende que nos custou o segundo golo (63'). Mas redimiu-se marcando, à ponta-de-lança, o nosso quarto (72') na sequência de um livre.

Gonçalo Inácio - Exibe crescente maturidade. Não só na dinâmica defensiva, desta vez fazendo também de lateral para compensar avanço de Nuno Santos, mas também no passe longo.

Esgaio - Apático, deixou Soro movimentar-se à vontade no sector defensivo à sua guarda no lance de que resultou o golo inicial do Vizela. Défice também no capítulo ofensivo.

Morten - Imprescindível no controlo do corredor central, colando linhas. Atento nas acções de corte e recuperação, seguidas de passes verticais. Injustamente amarelado aos 16'.

Pedro Gonçalves - Médio muito activo no apoio da linha da frente. Soube trabalhar para a equipa. Assistiu nos dois últimos golos - o primeiro num livre marcado de forma exemplar.

Nuno Santos - Actuou como extremo, tendo Gonçalo a vigiar-lhe a retaguarda. Desta vez os centros não lhe saíram com a precisão habitual. Deu nas vistas com uma trivela aos 38'.

Trincão - Segundo jogo a dar nas vistas, destacando-se como um dos melhores. Exibição coroada com o segundo golo, ao minuto 46. E assistiu no terceiro, com excelente cruzamento.

Paulinho - Uma das suas melhores actuações da época. Recupera a bola no lance do primeiro golo, marca o terceiro impondo-se no jogo aéreo (57'). E viu outro talvez mal anulado (45'+1).

Gyökeres - De novo o melhor em campo: começa a tornar-se monótono. Sai de Vizela com um bis (45'+7 e 86'). Ninguém se entrega tanto ao jogo como ele, ninguém exibe tanta pujança física.

Daniel Bragança - Substituiu Morten aos 60'. Deixou marca de qualidade no jogo, em posição mais adiantada do que o dinamarquês. Participação decisiva no quinto golo.

Edwards - Substituiu Paulinho (79'). Ainda a tempo de protagonizar acção ofensiva que foi travada em falta já dentro da área. Devia ter sido penálti, mas o árbitro não viu e o VAR fingiu não ver.

Dário - Rendeu Pedro Gonçalves aos 90'+1. Entrou essencialmente para queimar tempo. Chutou para ninguém aos 90'+2, perdendo a bola de forma infantil.

Portelo - O brasileiro recém-contratado ao Leixões estreou-se na Liga 1 aos 90'+1, rendendo Coates. Entrou só para a equipa queimar alguns segundos com esta troca.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

De outra goleada leonina, a terceira de 2024. Desta vez em Vizela, no jogo que assinalou o início da nossa campanha na segunda volta da Liga 2023/2024. Vencemos por 5-2 a equipa minhota, superando a prestação face ao desafio inaugural deste campeonato, que terminou com a nossa vitória tangencial (3-2) em Alvalade, arrancada a segundos do apito final. Agora passeámos classe no estádio vizelense, exibindo superioridade e confiança, actuando quase sempre no último terço do terreno. Com todos os nossos avançados a marcar. E dois golos nascidos de lances de bola parada, algo que ainda há pouco tempo quase nunca acontecia.

 

De Gyökeres. Outra vez a figura do jogo, outra vez o melhor em campo. Já com 22 golos marcados de verde e branco, igualando a melhor marca de sempre da sua carreira quando ainda faltam disputar muitas partidas nesta temporada. Autêntico todo-o-terreno, sempre de olhos fitos na baliza, é um pesadelo para as defesas adversárias. Ontem voltou a demonstrar toda a sua pujança em campo. Mais dois golos marcados: o nosso primeiro, aos 45'+7, e o quinto, aos 86'. Participa na construção do segundo, baralhando marcações. Meteu a bola outra vez na baliza, aos 30', num golo anulado por duvidosa deslocação. E teve as redes à sua mercê, logo aos 18', fazendo a bola embater na barra - rara ocasião em que desperdiça uma oportunidade soberana de marcar. Confirma-se: após este seu quarto bis na prova, ninguém rivaliza com ele no título de melhor jogador deste campeonato.

 

De Paulinho. Voltou a marcar, pelo segundo jogo consecutivo. À ponta-de-lança, sem lugar a dúvidas. Foi dele o nosso terceiro, impondo-se no jogo aéreo e encaminhando-a para a rede de cabeça, na sequência de um livre. Interveio na construção do primeiro, ganhando também uma bola no ar. E aos 45'+1 viu um golo anulado por escassos 12 cm que levantam muitas dúvidas.

 

De Trincão. Outra grande exibição, como avançado a jogar na ponta direita. Coroada com um golo, o nosso segundo, quando estavam decorridos apenas 47'' da segunda parte. É dele também a assistência para o terceiro, com um cruzamento teleguiado para Paulinho. Já tinha assistido o mesmo colega no golo anulado por duvidosa deslocação, no tempo extra da primeira parte. Atravessa o seu melhor período desta época.

 

De Pedro Gonçalves. Poucos como ele trabalham tanto para o colectivo, sem vedetismos. Voltou a acontecer, desta vez em Vizela. Actuando como médio ofensivo, em apoio permanente do trio atacante, exibiu os seus pergaminhos técnicos e tácticos, pondo-os ao serviço da equipa. Distinguiu-se com duas assistências - cruzamento perfeito num pontapé de livre lateral para o quarto golo, marcado de cabeça por Coates aos 72', e para o quinto, num entendimento perfeito com Daniel Bragança, de quem recebeu a bola. Confirma-se como o melhor jogador português deste Sporting, agora com 46 pontos à 18.ª jornada da Liga.

 

Do regresso de Edwards. Foi bom ver o inglês de volta ao relvado, após síndrome gripal. Ainda longe da sua melhor forma, naturalmente. Mas não tardará a recuperá-la. 

 

De ver o Sporting já com o melhor ataque da Liga. Ultrapassámos o Braga como equipa mais goleadora: já temos 45 marcados, enquanto a turma minhota está com 42. Nos últimos quatro jogos (Estoril, Tondela para a Taça de Portugal, Chaves e agora este) marcámos 17, com apenas três sofridos. Mais: já lá vão 29 desafios desta temporada com o Sporting sempre a marcar. No campeonato, este registo ocorre há 26 rondas consecutivas. Mais ainda: há 40 anos que não tínhamos tantos golos à 18.ª jornada. Notável.

 

De outro marco superado por Rúben Amorim no Sporting. Foi a primeira vez que, como treinador leonino, venceu fora com cinco golos. O anterior triunfo do SCP por esta marca havia sido registado ainda com Marcel Keizer à frente da equipa.

 

 

Não gostei

 

Do golo sofrido aos 13'. Conta a corrente do jogo, num lance a frio, na única oportunidade da equipa visitada em todo o primeiro tempo e após livre em que nem sequer falta tinha acontecido. Foi a primeira vez, neste campeonato, que vimos a bola tocar-nos as redes durante a meia hora inicial de uma partida. Fica a impressão muito nítida de que pelo menos dois jogadores do Vizela estavam deslocados: é insólito, o critério de colocação de linhas do vídeo-árbitro Rui Costa. No mínimo.

 

De termos estado mais de meia hora a perder. O nó só foi desatado por Gyökeres (who else?) no tempo extra. Mas não por falta de tentativas da nossa parte. A pressão foi intensa, o nosso domínio foi total.

 

Do empate (1-1) que se registava ao intervalo. Resultado ilusório, em nada reflectindo o que havia acontecido no relvado. Com o Vizela incapaz de criar uma situação de perigo para além do lance fortuito do golo e quase sempre remetido aos seus 30 metros mais recuados.

 

De Coates. Marcou um golo, é certo. Num golpe de cabeça certeiro, muito bem servido por Pedro Gonçalves na cobrança de um livre. Mas enredou-se num disputa de bola em zona que estava sob o seu domínio, perdendo o duelo contra Essende. Esta falha individual do nosso capitão funcionou como inesperado brinde para o Vizela, que assim conseguiu o segundo golo, aos 63', sem hipótese de defesa para Adán. São já 19 golos sofridos neste campeonato.

 

Do amarelo exibido a Morten. O internacional sueco passou a jogar condicionado desde o minuto 16. Com total falta de critério do árbitro André Narciso, que poupou cartões dessa cor a jogadores do Vizela em dois lances muito mais aparatosos para travar Gyökeres. Arbitragem habilidosa, à portuguesa. É também por isto que os nossos apitadores continuam fora das convocatórias para os grandes palcos do futebol mundial.

 

Das ausências de Diomande, Geny e Morita. Continuam ao serviço das respectivas selecções, mas nem isso impediu o oitavo triunfo consecutivo do futebol leonino. Vai seguir-se o Braga, para a Taça da Liga, na próxima terça-feira.

Quente & frio

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Gyökeres e Pedro Gonçalves: ambos bisaram contra o Tondela para a Taça

Foto Lusa

 

Gostei muito da segunda goleada consecutiva do Sporting em poucos dias. Desta vez a vítima foi o Tondela, que já tínhamos vencido para a Taça da Liga em Dezembro. Desta vez, triunfo por 4-0: a vitória começou a ser construída muito cedo, logo aos 10'. Com um jogador em evidência máxima: Gyökeres, sempre ele. Bisou anteontem em Alvalade, numa noite muito fria e com chuva. Intervem na construção do primeiro com uma fantástica recuperação junto à linha final, marca o terceiro (de cabeça) aos 37' e é também ele a marcar o quarto, no primeiro minuto do segundo tempo, em lance que começa e termina nos seus pés. Melhor em campo, grande figura do jogo, grande figura da temporada: depois de ser substituído, aos 59', a partida entrou em toada morna, perdendo interesse. Enquanto a noite ficava ainda mais fria.

 

Gostei da prestação de Pedro Gonçalves. Está de regresso aos golos - e logo a bisar, tal como Gyökeres. Aos 10' meteu-a lá dentro, à ponta-de-lança. Aos 16' aproveitou da melhor maneira uma péssima reposição de bola do Tondela para se apoderar dela e encaminhá-la para as redes adversárias. Bom desempenho também de Daniel Bragança, suprindo a ausência de Morita, ao serviço da selecção nipónica: protagonizou recuperações com eficácia máxima, exibiu qualidade no passe curto ou longo, assistiu Pedro Gonçalves no segundo, interveio no terceiro com uma pré-assistência. Passes de qualidade irrepreensível para Paulinho (10') e Nuno Santos (56'). Destaque ainda para o guarda-redes Israel, neste seu sétimo jogo oficial pelo Sporting: impediu duas vezes o golo com vistosas defesas aos 8' (Rui Gomes) e aos 58' (Daniel dos Anjos). Nota muito elevada.

 

Gostei pouco que só estivessem 15.721 espectadores em Alvalade O adversário era uma equipa do segundo escalão, a noite invernosa não convidava a sair de casa, mas a verdade é que o Sporting atravessa o melhor momento da temporada, confirmado neste apuramento para os quartos-de-final da Taça de Portugal. Merecia mais público, por vários motivos. Eis dois deles: o jogo assinalou o regresso de Coates após quatro semanas de ausência forçada por lesão e foi outra oportunidade de vermos actuar o extremo Afonso Moreira, de 18 anos - uma das jovens estrelas da nossa Academia. Foi o nosso sexto triunfo seguido (após Sturm Graz, FC Porto, Tondela para a Taça da Liga, Portimonense e Estoril). Vencemos há dez partidas consecutivas no nosso estádio para várias competições. Registámos a quarta goleada da época (após Farense, Dumiense e Estoril) e desta vez não sofremos golo nenhum.

 

Não gostei da estreia de Rafael Pontelo, o central brasileiro que acaba de vir do Leixões. Lançado por Rúben Amorim seis dias após a chegada, o canhoto entrou no onze titular formando trio com Gonçalo Inácio (central ao meio) e Neto (à direita). Fez enorme asneira logo aos 8', perdendo a bola no sector à sua guarda: isto permitiu um perigoso ataque do Tondela que terminou com a bola a embater no nosso poste esquerdo após defesa aparatosa de Israel. Intranquilo, precipitado, transmitiu sinais evidentes de que ainda não está maduro para actuar na posição habitualmente preenchida por Gonçalo Inácio. Melhores dias virão.

 

Não gostei nada de Paulinho, uma vez mais. Não marcou, não assistiu, limita-se a arrastar defesas enquanto se passeia no último terço do campo, parecendo sentir alguma aversão pela baliza - algo estranho num avançado. Nesta partida falhou quatro clamorosas ocasiões de golo: aos 10' (esbanjando oferta de Daniel Bragança), aos 24' (na cara do golo), aos 52' (autêntico passe ao guarda-redes em vez de fuzilar) e aos 90' (inutilizando brinde de Trincão). Vai faltando a paciência para tanto desperdício, sobretudo por contrastar com a produção ofensiva de Gyökeres. Enorme diferença.

A nossa maior goleada deste campeonato

Sporting, 5 - Estoril, 1

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Gyökeres assistiu, Edwards marcou: duas figuras em destaque máximo numa grande exibição leonina

Foto Lusa

 

Havia algum receio, entre os adeptos leoninos, em torno desta visita do Estoril a Alvalade. Com alguma lógica: os canarinhos já tinham vencido o FC Porto no Dragão (em Novembro) e eliminado os portistas da Taça da Liga (em Dezembro). Carrascos de Sérgio Conceição em duas provas diferentes.

Mas foi rebate falso: a turma orientada por Vasco Seabra vergou-se desde o primeiro minuto ao domínio absoluto do Sporting num jogo que se saldou pela nossa quinta vitória consecutiva. E nona em casa neste campeonato, em que ainda não perdemos qualquer ponto na condição de equipa visitada.

Este domínio, note-se, ocorreu mesmo estando desfalcados de três titulares habituais: Diomande, Morita e Coates. Os dois primeiros agora ao serviço das respectivas selecções, enquanto o internacional uruguaio recupera de uma lesão que ainda o impediu de actuar.

 

As notícias sobre as supostas dificuldades que o Estoril poderia criar-nos eram manifestamente exageradas. O que se reflectiu no marcador: 5-1, mais duas bolas aos ferros (por Edwards e Trincão) e um punhado de oportunidades desperdiçadas do nosso lado. Desde a vitória por 5-0 ao Braga há onze meses, no campeonato anterior, não criávamos um resultado tão desnivelado. Com sete flagrantes oportunidades de golo. 

Foi a segunda maior goleada na Liga protagonizada por Rúben Amorim como treinador do Sporting. E a sua maior na prova agora em curso. Bem demonstrativa da saúde anímica de que a equipa goza quando falta apenas uma jornada para concluir a primeira volta da mais importante competição do futebol português.

 

Gyökeres desta vez não assistiu, mas fez três passes para golo e contribuiu para os dois restantes. Melhor jogador da LIga 2023/2024, vai construindo rapidamente a sua lenda em Alvalade. Quando partir, será lembrado por longos anos. 

É ele quem municia Edwards nos dois primeiros - fixando o 2-0 ao intervalo. No terceiro, ao contrário do que alguns imaginavam, acelerámos ainda mais o ritmo e o caudal ofensivo. Com golos de Pedro Álvaro (autogolo, desviando remate de Nuno Santos), Pedro Gonçalves e Trincão (também este com assistência de Gyökeres).

Já marcámos 37 neste campeonato - mais seis do que o Benfica, mais 14 do que o FC Porto. Revelando a maior veia goleadora à 16.ª jornada em campeonatos deste século. Só no de 1995/1996 conseguimos mais nesta fase da competição.

 

Tudo estaria perfeito se não tivéssemos sofrido um golo, aos 82' em lance de bola parada. O Estoril ficou-se por aí, mas há certamente algo a rever na nossa organização defensiva em jogadas como esta. 

Não deixa de ser mero pormenor quando se triunfa por margem tão categórica como anteontem nos aconteceu. Com uma nota de optimismo suplementar: esta é apenas a oitava vez em que contamos só por vitórias os desafios disputados em casa para o campeonato. Em seis das anteriores ocasiões conquistámos o título: aconteceu em 1947, 1949, 1954, 1970, 1974 e 1980. Vai sendo tempo de voltar ao mesmo.

Desenha-se uma tendência. Em que todos acreditamos cada vez mais. Até alguns cépticos que aqui apareciam no início da época a resmungar com quase tudo. Esses ou mudaram de opinião ou foram pregar para outras paragens. Sem deixar saudades.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Atento, com bons reflexos, fez defesas seguras aos 20' e aos 70'. Negou o golo aos 78'. Nada podia fazer na recarga de Cassiano que aos 82' fixou o 5-1 final, reduzindo para o Estoril.

Eduardo Quaresma - Titular como central à direita, decidiu tudo com processos simples. Muito concentrado, respondeu com eficácia às investidas estorilistas pelo seu corredor.

Gonçalo Inácio - Supriu ausência de Coates, voltando ao onze. Assumiu-se sem complexos como patrão da defesa. Cortes preciosos. Só lhe faltou o golo, que tentou duas vezes (2' e 42').

Matheus Reis - Mais discreto mas não menos eficaz do que os seus colegas no trio de centrais. Melhor momento, aos 42': centro quase junto à linha final, para Gonçalo, com selo de golo. 

Geny - Titular antes de rumar a Moçambique, ao serviço da selecção. Grande recuperação aos 47'. Desperdiça ao atirar por cima (57'). Aos 71', passou da ala direita para a esquerda.

Morten - Outro regresso após um jogo de castigo. Passes a rasgar, verticais, de olhos lá na frente. Chegou para as encomendas como médio defensivo, desta vez sem Morita ao lado.

Daniel Bragança - Com o colega nipónico a representar a selecção do seu país, saiu-se bem como médio ofensivo titular. Grande desmarcação para Nuno Santos (26'). Não falhou um passe.

Nuno Santos - Impetuoso, às vezes em excesso. Nele, a emoção sobrepõe-se à razão. Provocou dois cantos disparatados (24' e 43'). Mas interveio, com sorte, na jogada do terceiro golo.

Edwards - Assistido a dobrar por Gyökeres, não vacilou: marcou os dois primeiros (21' e 45'+2). Rasou o poste num remate cruzado (33'). Mandou um petardo ao poste (75'). Grande exibição.

Pedro Gonçalves - Tirou do chapéu toda a construção do quarto golo, aos 69', conduzindo a bola muito bem dominada durante 25m. Quando já tinha recuado, actuando como médio.

Gyökeres - Assistiu (21', 45'+2 e 78'). Serviu num lançamento lateral Nuno Santos no que viria a ser o golo 3. E arrastou marcações no quarto. É já o rei das assistências do campeonato.

Trincão - Entrou aos 52', substituindo Bragança. Jogou na meia esquerda do ataque, posição em que mais rende. Marcou o golo mais vistoso, o quinto. Em estreia como artilheiro nesta Liga.

Neto - Substituiu Quaresma aos 71'. Manteve a nossa defesa isenta de sobressaltos usando a veterania como factor de segurança. Grande abertura para Paulinho aos 84'.

Dário - Rendeu Morten aos 71'. Vem exibindo mais confiança e maior destreza técnica. Grande recuperação aos 76', sublinhada com aplausos dos 37.400 espectadores.

Esgaio - Substituiu Nuno Santos aos 71'. Ajudando a fechar o nosso corredor direito, enquanto Geny transitava para a esquerda. Seguro, sem inventar nem improvisar.

Paulinho - Saltou do banco aos 81' para render Edwards. Aos 84' desperdiçou flagrante oportunidade de marcar, muito bem servido por Neto.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Gostei

 

Da goleada de ontem em Alvalade. Recebemos o Estoril, que estava em nono no campeonato. Mas não lhe demos a menor hipótese, mesmo tratando-se da mesma equipa que, com toda a justiça, venceu o FC Porto no Dragão em Novembro e no mês seguinte eliminou os portistas da Taça da Liga, sem margem para discussão. Mostrando ser de uma fibra muito diferente, o Sporting cilindrou ontem a turma estorilista, vencendo por 5-1. Foi, até agora, o resultado mais volumoso neste campeonato da  nossa equipa, que respira e transmite confiança. 

 

Da superioridade leonina. Entrada de leão do onze comandado por Rúben Amorim: começámos logo de pé no acelerador e mostrámos desde o primeiro lance ter enorme vontade de vencer para manter pressão máxima sobre os emblemas rivais - e resultou, pois logo a seguir o FC Porto voltou a tropeçar, desta vez empatando no Bessa. Tudo está resumido neste excelente título do SAPO Desporto: «Sporting passeia classe, goleia Estoril e segue firme no topo». Domínio absoluto à 16.ª jornada.

 

De Gyökeres. Novamente o homem do jogo, novamente o melhor em campo. Começam a estar gastos os adjectivos que definem cada actuação do avançado sueco, sem discussão a grande figura desta Liga 2023/2024. Desta vez não marcou nenhum dos nossos cinco golos, mas assistiu em quatro - num deles com as mãos, em lançamento da linha lateral (o terceiro, para Nuno Santos, aos 51'). Extraordinária exibição, extraordinário desempenho: é a pedra angular deste Sporting que vai caminhando, jornada a jornada, para se sagrar campeão nacional de futebol. Segue com 18 golos e oito assistências: é um craque.

 

De Edwards. Marcou o primeiro (e também o segundo) golo do futebol português neste ano civil recém-inaugurado. Estava lá, no momento certo e no local certo. Para encaminhar a bola na direcção correcta. Em ambas, assistido por Gyökeres (21' e 45'+2, no último lance da primeira parte). Alguns dirão que bastava empurrar, mas quantas vezes outros falharam golos cantados como estes? Esteve muito perto do terceiro em duas ocasiões: num remate cruzado a rasar o poste direito (33') e num embate ao ferro (75'). Justíssimo destaque.

 

De Gonçalo Inácio. Patrão da nossa defesa, impondo-se naturalmente como líder alternativo na ausência do capitão Coates, ainda lesionado. Logo aos 2' transmitiu aos adeptos o sinal do que iria passar-se ao cabecear em mergulho dentro da área estorilista em lance que poderia ter gerado golo. Preciosos cortes aos 3', 9'', 18', 38' e 45'+1. Impondo o físico e sobretudo a técnica, aliados à precisão exacta do momento da intervenção. Esperemos que permaneça em Alvalade após o mercado de Inverno: é um elemento fundamental no nosso onze nuclear.

 

De Eduardo Quaresma. Integrou um inédito trio de centrais titulares - com Matheus Reis à esquerda e Gonçalo ao meio. Passou com distinção no teste, confirmando que não necessitamos de reforçar a ala direita defensiva: ele próprio é o reforço. Limpou muito bem a área após canto que podia gerar perigo aos 25'. Cortes oportuníssimos aos 54' e aos 57'. Também se distinguiu no passe longo: excelente abertura para Nuno Santos, no flanco oposto, aos 34'. 

 

De Pedro Gonçalves. Grande jogo sem bola, arrastando defesas e baralhando marcações no seu constante vaivém entre linhas. Primeiro à frente e a partir dos 52', com a saída de Daniel Bragança, em missão mais recuada, complementando a acção de Morten como médio mais ofensivo. Foi já nesta posição que protagonizou fantástica arrancada no corredor central e disparou de meia distância, traindo o guarda-redes Carné: a bola roçou no poste esquerdo da baliza e encaminhou-se para as malhas estorilistas. Foi o nosso quarto golo, aos 69'. E o quinto dele nesta Liga 2023/2024.

 

Do regresso de Trincão aos golos. Parecia estar novamente em maré de azar quando fez a bola embater no ferro aos 75'. Mas marcou mesmo, três minutos depois (com assistência de Gyökeres) num soberbo remate cruzado, indefensável. Protagonizou dois outros lances de inegável classe, aos 77' e aos 90'+1. Temos o goleador de volta.

 

Do árbitro Cláudio Pereira. Se todos actuassem como ele ontem, a qualidade do futebol português seria claramente superior.

 

De ver o Sporting marcar em todos os jogos da Liga. Não apenas nesta: levamos 60 jogos seguidos sempre a facturar. Extraordinário registo, bem revelador da vocação ofensiva verde-e-branca. Por isso levamos já mais 14 golos marcados do que o FC Porto, que também disputou 16 partidas.

 

Da nossa folha limpa como equipa visitada. Nono jogo em Alvalade para o campeonato, nona vitória da temporada, desta vez com 37.400 espectadores nas bancadas. Não é fruto do acaso: somos ainda mais fortes em nossa casa.

 

De somarmos 40 pontos em 16 rondas. Apenas oito pontos perdidos - nas deslocações a Braga, Guimarães e Luz. A nossa segunda melhor classificação do século nesta fase da competição. Excelente augúrio para o que vai seguir-se.

 

 

Não gostei

 

De ver várias baixas na equipa. Sem Diomande e Morita (ausentes durante algumas semanas nas respectivas selecções) nem Coates (ainda com queixas físicas). Isto já sem falar no eterno lesionado St. Juste, novamente a passar à margem de uma época desportiva.

 

De Nuno Santos. Sobra-lhe em "atitude" (algo que por vezes parece o que não é) o que lhe falta em discernimento pontual. Aconteceu ontem, em duas ocasiões, ao provocar cantos de forma totalmente desnecessária, aos 24' e aos 43', quando nem estava pressionado por adversários. É verdade que após um remate seu a bola encaminhou-se para as redes estorilistas, mas apenas graças ao desvio no infortunado defesa Pedro Álvaro, aos 51', em autogolo. Exibição insuficiente em noite de gala leonina.

 

Do golo solitário que sofremos. Cassiano, livre de marcação, concretizou em recarga após embate na barra. Único lapso da nossa defesa em todo o encontro. Aconteceu aos 82', repondo alguma justiça no marcador: o Estoril mereceu este golo.

Quente & frio

 

Gostei muito da goleada do Sporting, para a Taça de Portugal, no confronto com a simpática equipa amadora do Dumiense, do distrito de Braga. Não foi apenas a nossa maior goleada da época: há dez anos que não marcávamos tantos golos nesta competição - a última vez foi na vitória também em casa frente ao igualmente modesto Alba, por 8-1, em Outubro de 2013. E só há 35 anos conseguimos uma vantagem maior, quando cilindrámos o Alhandra por 11-0. Ontem os golos foram apontados por Neto (8'), Paulinho (28'), Trincão (46'), Coates (53'), Paulinho (58' e 70'), Nuno Santos (75') e Gyökeres (83'). Merecem destaque os de Neto, por estrear-se como artilheiro pelo Sporting, e de Trincão, por ser o primeiro que marca nesta temporada.

 

Gostei da exibição de Nuno Santos, para mim o melhor em campo. Está em metade dos nossos oito golos: três resultam de cantos marcados de forma exemplar por ele, além do que converteu de penálti, também de forma irrepreensível. Nota muito elevada para Paulinho: marcou três, o primeiro com nota artística (de calcanhar), e assistiu no de Trincão (igualmente de calcanhar). Destaque ainda para Gyökeres: entrou só aos 62', mas a tempo de assistir Paulinho no sexto golo, de sofrer o penálti do qual resultou o sétimo e ser ele a apontar o oitavo, em lance que construiu do princípio ao fim. Figuras da partida, tal como o capitão Coates, que ontem se tornou no estrangeiro com mais jogos disputados de Leão ao peito, igualando Polga: são já 342. Com uma diferença assinalável: o central uruguaio marcou até agora 33 golos pelo Sporting enquanto o internacional brasileiro apenas tem quatro no currículo leonino.

 

Gostei pouco que o treinador não tivesse proporcionado mais minutos a dois dos nossos jogadores menos utilizados: Dário e Eduardo Quaresma. O primeiro substituiu Daniel Bragança aos 62' (já vencíamos por 5-0), o segundo esperou pelo minuto 76 para render Coates (havia 7-0). Com pouco tempo, em qualquer dos casos, para se evidenciarem. Apesar de tudo, o jovem médio defensivo esteve muito bem na recuperação e no passe, protagonizando até lances de ruptura perante uma turma adversária já bastante desgastada. Eduardo, actuando como central à direita, não ultrapassou a mediana. Tudo indica que serão ambos emprestados em Janeiro.

 

Não gostei da ausência de Gonçalo Inácio, ausente por castigo deste encontro que nos coloca nos oitavos-de-final da Taça. Mas pelo menos isto permitiu-lhe estar pronto para o próximo confronto. Será nesta quinta-feira contra a Atalanta em Bérgamo. Entraremos segurmente com a máxima força, até porque Rúben Amorim decidiu poupar ontem vários jogadores nucleares: Adán (substituído por Israel), Diomande, Morita e Pedro Gonçalves não saíram do banco; Edwards só entrou aos 50'; e St. Juste nem foi convocado, devido a novos problemas físicos. Talvez recupere a tempo do importante desafio da Liga Europa.

 

Não gostei nada de ver menos de 19 mil espectadores em Alvalade, apesar de o desafio ter começado às 18 horas deste domingo, em claro contraste com os jogos do campeonato, sempre relegados para horários mais tardios. Valha a verdade que o facto de se tratar de uma partida contra um adversário do quarto escalão do futebol nacional - último classificado da série A do impropriamente chamado Campeonato de Portugal - não era grande chamariz, mas havia a expectativa de muitos golos, felizmente concretizada. Merece elogio a forte representação dos adeptos do Dumiense: havia cerca de 500, bastante efusivos, no topo norte do nosso estádio.

Goleada em Alvalade

Hoje houve uma chuva de golos em Alvalade: vencemos o Dumiense por 8-0. Festival de futebol de ataque: estamos nos oitavos da Taça de Portugal.

Há dez anos que não marcávamos oito neste certame. Desde a vitória por 8-1 ao Alba em 20 de Outubro de 2013. Então com golos de Montero (3), Wilson Eduardo, Rojo, Capel, Vítor Silva e Slimani.

Os marcadores desta tarde vitoriosa no nosso estádio foram Paulinho (3), Neto, Trincão, Coates, Nuno Santos e Gyökeres. Sem espinhas.

Bruno e Gonçalo, protagonistas da goleada

Histórico 9-0 de Portugal ao Luxemburgo

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Gonçalo Inácio acaba de estrear-se como artilheiro da selecção: todos o cumprimentam

 

Jogo histórico, resultado inédito, partida de sonho de Bruno Fernandes, que marcou um golo e participou na construção de outros quatro. Na goleada de ontem da selecção portuguesa ao Luxemburgo por esmagadores 9-0. Em dez remates: aproveitamento quase total. O resultado mais dilatado de que há registo na equipa das quinas. Nunca antes tinha sucedido em 667 desafios disputados.

Gonçalo Inácio, também ele protagonista de uma partida de sonho. Nesta terceira vez em que representou a selecção A, marcou dois golos. Ambos de cabeça, ambos a passe de Bruno Fernandes. Numa exibição irrepreensível que o torna sério candidato a titular de longa duração do onze nacional como central à esquerda.

 

Roberto Martínez prossegue o registo cem por cento vitorioso como comandante deste nosso percurso com vista ao Campeonato da Europa 2024. Seis jogos, seis triunfos, 24 golos marcados, nenhum sofrido. Nunca tal tinha acontecido numa campanha portuguesa para uma fase final de um Mundial ou de um Europeu.

Quem não compareceu no Estádio do Algarve e manteve o televisor desligado, perdeu um festival de futebol de ataque. Desmentindo todos aqueles que vinham criticando a equipa nacional. Por "jogar feio", com fio de jogo previsível e algo sonolento. Por faltar nota artística.

Nem sabem do que falam. 

 

Para memória futura, assinalo a evolução do marcador. 12': Gonçalo Inácio. 17': Gonçalo Ramos. 33': Gonçalo Ramos. 45'+4: Gonçalo Inácio. 57': Diogo Jota. 67': Ricardo Horta. 77': Diogo Jota. 83': Bruno Fernandes. 88': João Félix.

Melhor em campo, sem discussão: o nosso Bruno. Revelação deste desafio, também indiscutível: o nosso Gonçalo.

Os birrentos que recusaram assistir ao jogo, acometidos de clubite aguda ou de aversão visceral à selecção, a esta hora já estarão arrependidos. Queriam futebol de ataque? Grandes exibições? Muitos golos? Houve tudo isto. 

Quem viu, viu; quem não viu, tivesse visto. Parafraseando António Oliveira, que foi um grande sportinguista sem ter deixado de ser portista.

Rescaldo do jogo de ontem

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Chermiti cumprimentado por Trincão logo após marcar o quarto golo do Sporting

Foto: Manuel Fernando Araújo / Lusa

 

Gostei

 

Da goleada por 4-0. Fomos a Paços de Ferreira não apenas repetir a proeza da primeira volta em Alvalade (vitória por 3-0), mas ampliá-la. Viemos de lá com os três pontos - como nos competia - e um dos melhores resultados deste campeonato. Havia 2-0 ao intervalo.

 

De Trincão. Começou como avançado-centro e terminou na ponta direita, sempre em alto rendimento: está a melhorar de jogo para jogo. Marcou um grande golo (o terceiro, aos 62', coroando bom trabalho individual, assistiu noutro (o segundo) e só não a meteu lá dentro também aos 37' devido a enorme defesa de Marafona. Fez ainda um magnífico centro aos 79' que Pedro Gonçalves desperdiçou. Já contabiliza 12 golos nesta época - a mais produtiva da sua carreira. Melhor em campo.

 

De Nuno Santos. Dínamo da equipa, transformou o nosso corredor esquerdo num rolo compressor, criando várias situações de perigo. Começou muito bem, logo com um passe de ruptura para Pedro Gonçalves no minuto inicial. Momento culminante: o golaço que marcou aos 33', de chapéu, antecedido de uma simulação que fez sentar o guarda-redes. Candidato, desde já, a um dos melhores golos do mês na Liga 2022/2023.

 

De Chermiti. Destaque pela positiva apenas pelo golo que marcou, com assistência de Arthur: emenda preciosa no minuto final da partida (90'+3). Onze minutos em campo bastaram para facturar. É isto que se pede a um ponta-de-lança: eficácia a finalizar. Com apenas 18 anos, consolida a sua influência no plantel leonino.

 

De Matheus Reis. Também entrou apenas aos 82', mas foi quanto bastou para ser influente e conseguir imprimir acutilância no corredor esquerdo ofensivo. Impecáveis cruzamentos aos 85' e aos 87', a merecerem nota artística.

 

Da alteração táctica promovida por Rúben Amorim. Actuámos nos dez minutos finais com uma dupla de avançados: Paulinho e Chermiti, municiados por Arthur (pela esquerda) e Trincão (pela direita) e resguardados por Pedro Gonçalves alguns metros atrás, como médio ofensivo. Ensaio já a pensar na próxima época?

 

Do árbitro Nuno Almeida. Voltou a fazer uma arbitragem competente: critério largo, sem passar o tempo a interromper o jogo nem tentando ser o protagonista. Oxalá fossem todos assim.

 

Da festa leonina nas bancadas. Apoio entusiástico dos adeptos do Sporting nas bancadas do Estádio Capital do Móvel. Em certos momentos até parecia que jogávamos em casa.

 

De termos cumprido o 11.º jogo seguido sem derrotas. Vencemos Chaves, Estoril, Portimonense, Boavista, Santa Clara, Casa Pia, V. Guimarães, Famalicão e agora o Paços de Ferreira, empatámos com Gil Vicente e Arouca. Somos a equipa que está há mais tempo sem perder na Liga 2022/2023. Não sabemos o que é uma derrota desde o embate com o FCP em Alvalade. Temporada muito superior neste terço final em comparação com o terço inicial. Antes assim. 

 

De encurtar a distância para o Braga. Beneficiando da derrota braguista anteontem na Luz, vemos agora a turma minhota quatro pontos à nossa frente - quando há três jogos para disputar. É muito difícil chegarmos ao pódio deste campeonato, mas não impossível. Há que apoiar a equipa sem reservas nesta frenética recta final.

 

 

Não gostei

 

Do Paços de Ferreira. Uma das piores equipas do campeonato português. Começou por nos oferecer o golo inicial, aos 7', num atraso totalmente disparatado de Luiz Carlos, com a bola ainda a embater no guarda-redes Marafona. A equipa anfitriã terminou o jogo só com um remate enquadrado (Adán não fez qualquer defesa) e sem cantos. Não admira que até agora apenas tenha conseguido 8 pontos em casa.

 

De alguns remates desperdiçados. Pedro Gonçalves destacou-se neste capítulo, permitindo cortes da defesa ou a intervenção do guarda-redes aos minutos 1, 25 e 49. Mas redimiu-se assistindo Trincão no terceiro golo. É o jogador com mais assistências na Liga: já são dez.

Quente & frio

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Festa dos nossos jogadores em triunfo categórico na Dinamarca: goleada leva-nos aos oitavos

Foto: Bo Amstrop / EPA

 

Gostei muito da nossa goleada (0-4) na Dinamarca. Aqueles que já rasgavam as vestes, antecipando uma eliminação antecipada do Sporting nesta pré-eliminatória de acesso aos oitavos da Liga Europa, confirmaram que não nasceram para ser zandingas. Foi um dia chato para os profetas da desgraça: após o empate 1-1 em Alvalade, fomos a Herning golear a briosa equipa local, que também conta com um Paulinho no seu onze-base. Este Paulinho deu-nos muito jeito ao fazer-se expulsar por acumulação de cartões aos 38': passámos a jogar contra dez, o que nos facilitou a vida. Mas dominámos quase o tempo todo uma equipa que, sem o fulgor de uma semana antes em Lisboa, revelou ter uma defesa de papel - o autogolo deles, que fechou a conta aos 85', foi digno dos "apanhados": guarda-redes longe da baliza, defesa Gaternmann a centrar para o guardião que lá não estava, bola a entrar calmamente enquanto os nossos festejavam.

 

Gostei de Pedro Gonçalves - homem do jogo, herói da partida. Aos 50', marcou o segundo - um golaço que merece ser revisto várias vezes. Um minuto antes já ameaçara com um disparo colocadíssimo, forçando o guarda-redes adversário à defesa da noite. O terceiro, aos 77', também é dele, beneficiando de um ressalto na defesa que traiu o guardião. Se fosse preciso, teria ficado demonstrado anteontem, nesta partida que nos colocou nos oitavos da Liga Europa, que o ex-Famalicão deve jogar sempre no trio ofensivo, onde sabe colocar-se muito bem entre linhas com inegável faro de golo. Já leva 16 nesta temporada ainda longe de chegar ao fim - e contabiliza sete assistências. Melhor em campo, melhor do plantel leonino em 2022/2023, estreante de luxo como artilheiro na Liga Europa neste embate em que dois dos golos nasceram de pontapés de canto. Estamos a aproveitar bem os lances de "bola parada".

 

Gostei pouco de algumas exibições. Gonçalo Inácio, reconduzido à ala esquerda dos centrais, alterna a precisão dos passes longos com lapsos momentâneos que o levam a comprometer o equilíbrio defensivo. Edwards, quando os primeiros dribles não resultam, fica meio desligado do jogo, sem compromisso colectivo. Adán, com boas defesas aos 17' e 63', voltou a repor mal uma bola aos 90' por excesso de confiança: o fantasma de Alvalade, no desafio da primeira mão, pareceu pairar ali por momentos. Morita, regressado há dias após demorada ausência por fadiga muscular, ainda não aguenta os 90 minutos: saiu aos 53'. Mesmo assim o japonês teve intervenção decisiva no primeiro golo, ao desviar de cabeça a bola ao primeiro poste enquanto St. Juste o completava no segundo e Coates surgia no meio, de cabeça, aproveitando o ressalto para a meter lá dentro pelo segundo jogo consecutivo. Aconteceu aos 21': virámos aí a eliminatória a nosso favor. Momento decisivo, com o capitão leonino a mostrar como deve actuar um ponta-de-lança. Apesar de ser defesa.

 

Não gostei do amarelo que Ugarte viu aos 73', infantilmente, ao ceder à provocação de um adversário, empurrando-o. Se fosse no campeonato português, em vez do amarelo poderia ter recebido cartão de outra cor. Mesmo assim, por acumulação, isto basta para o deixar fora da próxima partida, no dia 9, contra o dificílimo Arsenal. Atitude imatura e irreflectida do brioso médio defensivo: estes nervos à flor da pele, sempre prontos a estalar à mínima faísca, em nada contribuem para a estabilidade da equipa numa época que tem corrido muito abaixo do que todos pretendíamos. Sem novidade, voltei a não gostar de Paulinho: exibição apagadíssima, sem se libertar das marcações nem intervenção em qualquer dos golos. O melhor que conseguiu foi tocar com a ponta da bota, sem préstimo, num lance em que Nuno Santos o isolou com um passe quase milimétrico aos 67'. Outro jogo em branco, o que deixou de ser notícia.

 

Não gostei nada de Trincão. Continua a mostrar-se como uma espécie de corpo estranho no colectivo leonino. Rúben Amorim teve o bom senso de não o incluir no onze titular, onde Arthur figurou como ala esquerdo (e participação nos dois primeiros golos, num deles com assistência) e Esgaio foi ala direito (corte providencial, corrigindo erro de Coates, aos 32') na primeira parte, dando lugar a Bellerín no segundo tempo por já estar amarelado. O ex-Braga entrou aos 65', rendendo Edwards: teve quase meia hora para um passe de ruptura, uma tentativa de assistência, um remate, um lance que desse nas vistas. Nada. Parece atravessar uma fase de desmoralização total que o vai divorciando dos adeptos. 

Segunda "manita" em mês e meio

Sporting, 5 - Braga, 0

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Morita, melhor em campo, marca o primeiro golo anteontem em Alvalade

Foto: António Cotrim / EPA

 

Rúben Amorim tem razão: o Sporting, nesta época, parece uma equipa bipolar. Capaz do pior e do melhor com poucos dias de diferença.

Voltou a acontecer nesta jornada de abertura da segunda volta do campeonato, quando recebemos o Braga na fria noite de quarta-feira. Poucos diriam - e este blogue serve de testemunho disso - que venceríamos com facilidade a turma minhota, não faltando até quem previsse uma derrota no nosso estádio. Quase ninguém vaticinou uma goleada.

Mas ela aconteceu mesmo. Derrotámos o Braga - que seguia oito pontos à nossa frente quando soou o apito inicial -- por marca concludente: 5-0. Repetindo a dose aplicada à mesma equipa 44 dias antes, em confronto também no estádio José Alvalade, para a Taça da Liga.

Desta vez faltavam-nos três titulares habituais. Por motivos diferentes. Porro já não está: acabou de transferir-se para o Tottenham, naquele que foi o segundo melhor negócio de sempre da SAD leonina com um futebolista do plantel. Paulinho esteve ausente por castigo: foi-lhe aplicada a pena de três jogos de suspensão na recente - e malograda - final da Taça da Liga frente ao FCP. Matheus Reis foi remetido ao banco de suplentes, talvez para ser poupado no plano físico: tem sido um dos jogadores mais utilizados.

 

Tinha tudo para dar errado, segundo os pessimistas do costume. Mas funcionou.

St. Juste foi titular, como central à direita - e cumpriu com nota muito elevada a missão que o treinador lhe confiou, permitindo a Gonçalo Inácio transitar para o lado esquerdo, sua posição natural.

Esgaio voltou a ser aposta, mais de dois meses depois, suprindo a ausência de Porro - e também cumpriu, a tal ponto que fez a melhor exibição desde que regressou ao Sporting, oriundo do Braga. Irrepreensível tanto a atacar como a defender.

A terceira surpresa, e sem dúvida a maior, foi a inclusão de Chermiti no lugar de Paulinho: aos 18 anos, este avançado formado na Academia de Alcochete estreou-se como titular entre os "grandes" - e cumpriu também, recebendo vibrantes aplausos dos 26 mil espectadores que anteontem compareceram no nosso estádio. Nasceu uma nova estrela leonina? Está, pelo menos, a caminho disso. O que é sempre motivo para celebrar.

 

Foi um desafio de sentido único, com avassalador domínio da nossa equipa perante um Braga irreconhecível. As ausências de Vitinha (transferido para o Marselha) e Ricardo Horta (lesionado) não explicam a abrupta quebra dos minhotos, que somaram erros defensivos e foram incapazes de progredir no terreno sem serem de imediato desarmados pelo nosso meio-campo. Ali brilhou a dupla Ugarte-Morita, reforçada por Pedro Gonçalves e Edwards, que recuavam para vir buscar a bola e mantê-la dentro do meio-campo defensivo do Braga.

O resultado ao intervalo (1-0) espelhava pouco o nosso domínio, concretizado num golo logo aos 9' por Morita, com assistência de St. Juste. O japonês ampliou a vantagem no minuto inicial da segunda parte, sossegando os espíritos mais apreensivos: a vitória já não nos fugia. E não iam faltando notas artísticas em Alvalade, como a assistência de Chermiti, de calcanhar, para o colega nipónico a meter lá dentro.

 

Os mais belos golos da noite foram o terceiro, marcado por Edwards aos 61', e o quarto, assinado por Matheus Reis aos 86', pouco depois de saltar do banco. Ambos com assistências de Pedro Gonçalves, que ia deambulando entre linhas, sem posição fixa no terreno. É assim que funciona melhor.

De tal maneira que ainda viria a ser ele a marcar o último. De penálti, já no tempo extra. Quando uma parte dos adeptos gritava por Chermiti e alguns outros por Esgaio, exigindo que fosse um deles a converter o castigo máximo. Pedro Gonçalves - rei dos goleadores leoninos - não deixou e fez muito bem. Homem-golo é mesmo assim: nunca se farta de a ver lá no fundo das redes. Assim aconteceu, para alegria de todos nós.

E até aqueles que momentos antes o assobiavam, estupidamente, se viram forçados a aplaudi-lo.

Como não ficarmos rendidos à melhor exibição do Sporting nesta temporada tão oscilante?

Como não festejarmos esta segunda "manita" ao Braga em mês e meio?

A segunda volta promete. Basta continuarmos a exibir-nos assim. 

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Pouco trabalho. Limitou-se a duas defesas com grau de dificuldade médio, aos 71' e aos 84'. O guardião inseguro do jogo anterior não compareceu em campo. Ainda bem.

St. Juste - Surpresa: foi titular. Surpresa maior: aguentou os 90' sem aparentar desgaste físico. Atento, veloz, interventivo na construção de lances ofensivos. Assistiu no primeiro.

Coates - Serenidade e segurança. Liderou a defesa sem sobressalto. Ao demorar a sair após ceder a braçadeira, viu o amarelo. De propósito, já a pensar no clássico da jornada 20

Gonçalo Inácio - Regressou à posição natural, como o mais esquerdino dos centrais, e cumpriu a missão que lhe estava confiada. Sobretudo nos passes longos, em que é exímio.

Esgaio - Voltou a ser titular enquanto substituto natural de Pedro Porro. Desta vez não ouviu assobios, mas aplausos. Bem merecidos. Reconquistou os adeptos com uma boa exibição.

Ugarte - Transborda energia e revela uma impressionante capacidade de trabalho. Dominou o meio-campo defensivo: os adversários viram nele um obstáculo intransponível.

Morita - Recuperou bolas, distribuiu jogo, venceu confrontos individuais. E marcou os dois primeiros golos, confirmando a vocação de artilheiro. O melhor em campo.

Nuno Santos - Menos exuberante do que em partidas anteriores. Mas foi dele o canto de que resultou o primeiro golo. Quase marcou aos 77': a bola, rasteira, saiu a rasar o poste.

Edwards - Exibiu classe, sobrepondo-se aos adversários nos confrontos individuais e ganhando faltas sucessivas. Iniciou o golo 2. O terceiro, marcado por ele, é uma obra-prima.

Pedro Gonçalves - Sempre muito útil na missão de ligar o meio-campo ao ataque e colocar-se entre linhas para baralhar a defesa. Nota muito elevada: um golo e duas assistências.

Chermiti - Estreia a titular aos 18 anos. Pressionou alto, ocupou bem os espaços, cabeceou para golo aos 21' (defesa difícil de Matheus), assistiu no segundo e participou no terceiro. 

Tanlongo - Substituiu Ugarte (63'). Passa com critério, tem visão de jogo, sabe segurar a bola e  movimentar-se sem ela. Parece ser mesmo reforço.

Trincão - Entrou aos 63', substituindo Morita. Foi talvez o mais apagado dos nossos jogadores anteontem. Atravessa uma crise de confiança que lhe afecta a prestação.

Fatawu - Manteve-se em Alvalade, sem ser emprestado. Entrou aos 77', rendendo Edwards. Encostado à linha esquerda, com incursões para o centro, conquistou penálti (90'+1).

Arthur - Em campo desde o minuto 77, substituindo Nuno Santos já com o resultado em 3-0. Desta vez não agitou o jogo, mas contribuiu para manter-lhe a consistência.

Matheus Reis - Os últimos, com frequência, são os primeiros. Sucedeu com ele: entrou aos 77', quando Coates saiu.  Chegou a tempo de marcar um golaço que fez levantar o estádio.

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