Gostei muito da goleada do Sporting, para a Taça de Portugal, no confronto com a simpática equipa amadora do Dumiense, do distrito de Braga. Não foi apenas a nossa maior goleada da época: há dez anos que não marcávamos tantos golos nesta competição - a última vez foi na vitória também em casa frente ao igualmente modesto Alba, por 8-1, em Outubro de 2013. E só há 35 anos conseguimos uma vantagem maior, quando cilindrámos o Alhandra por 11-0. Ontem os golos foram apontados por Neto (8'), Paulinho (28'), Trincão (46'), Coates (53'), Paulinho (58' e 70'), Nuno Santos (75') e Gyökeres (83'). Merecem destaque os de Neto, por estrear-se como artilheiro pelo Sporting, e de Trincão, por ser o primeiro que marca nesta temporada.
Gostei da exibição de Nuno Santos, para mim o melhor em campo. Está em metade dos nossos oito golos: três resultam de cantos marcados de forma exemplar por ele, além do que converteu de penálti, também de forma irrepreensível. Nota muito elevada para Paulinho: marcou três, o primeiro com nota artística (de calcanhar), e assistiu no de Trincão (igualmente de calcanhar). Destaque ainda para Gyökeres: entrou só aos 62', mas a tempo de assistir Paulinho no sexto golo, de sofrer o penálti do qual resultou o sétimo e ser ele a apontar o oitavo, em lance que construiu do princípio ao fim. Figuras da partida, tal como o capitão Coates, que ontem se tornou no estrangeiro com mais jogos disputados de Leão ao peito, igualando Polga: são já 342. Com uma diferença assinalável: o central uruguaio marcou até agora 33 golos pelo Sporting enquanto o internacional brasileiro apenas tem quatro no currículo leonino.
Gostei pouco que o treinador não tivesse proporcionado mais minutos a dois dos nossos jogadores menos utilizados: Dário e Eduardo Quaresma. O primeiro substituiu Daniel Bragança aos 62' (já vencíamos por 5-0), o segundo esperou pelo minuto 76 para render Coates (havia 7-0). Com pouco tempo, em qualquer dos casos, para se evidenciarem. Apesar de tudo, o jovem médio defensivo esteve muito bem na recuperação e no passe, protagonizando até lances de ruptura perante uma turma adversária já bastante desgastada. Eduardo, actuando como central à direita, não ultrapassou a mediana. Tudo indica que serão ambos emprestados em Janeiro.
Não gostei da ausência de Gonçalo Inácio, ausente por castigo deste encontro que nos coloca nos oitavos-de-final da Taça. Mas pelo menos isto permitiu-lhe estar pronto para o próximo confronto. Será nesta quinta-feira contra a Atalanta em Bérgamo. Entraremos segurmente com a máxima força, até porque Rúben Amorim decidiu poupar ontem vários jogadores nucleares: Adán (substituído por Israel), Diomande, Morita e Pedro Gonçalves não saíram do banco; Edwards só entrou aos 50'; e St. Juste nem foi convocado, devido a novos problemas físicos. Talvez recupere a tempo do importante desafio da Liga Europa.
Não gostei nada de ver menos de 19 mil espectadores em Alvalade, apesar de o desafio ter começado às 18 horas deste domingo, em claro contraste com os jogos do campeonato, sempre relegados para horários mais tardios. Valha a verdade que o facto de se tratar de uma partida contra um adversário do quarto escalão do futebol nacional - último classificado da série A do impropriamente chamado Campeonato de Portugal - não era grande chamariz, mas havia a expectativa de muitos golos, felizmente concretizada. Merece elogio a forte representação dos adeptos do Dumiense: havia cerca de 500, bastante efusivos, no topo norte do nosso estádio.
Hoje houve uma chuva de golos em Alvalade: vencemos o Dumiense por 8-0. Festival de futebol de ataque: estamos nos oitavos da Taça de Portugal.
Há dez anos que não marcávamos oito neste certame. Desde a vitória por 8-1 ao Alba em 20 de Outubro de 2013. Então com golos de Montero (3), Wilson Eduardo, Rojo, Capel, Vítor Silva e Slimani.
Os marcadores desta tarde vitoriosa no nosso estádio foram Paulinho (3), Neto, Trincão, Coates, Nuno Santos e Gyökeres. Sem espinhas.
Gonçalo Inácio, também ele protagonista de uma partida de sonho. Nesta terceira vez em que representou a selecção A, marcou dois golos. Ambos de cabeça, ambos a passe de Bruno Fernandes. Numa exibição irrepreensível que o torna sério candidato a titular de longa duração do onze nacional como central à esquerda.
Roberto Martínez prossegue o registo cem por cento vitorioso como comandante deste nosso percurso com vista ao Campeonato da Europa 2024. Seis jogos, seis triunfos, 24 golos marcados, nenhum sofrido. Nunca tal tinha acontecido numa campanha portuguesa para uma fase final de um Mundial ou de um Europeu.
Quem não compareceu no Estádio do Algarve e manteve o televisor desligado, perdeu um festival de futebol de ataque. Desmentindo todos aqueles que vinham criticando a equipa nacional. Por "jogar feio", com fio de jogo previsível e algo sonolento. Por faltar nota artística.
Nem sabem do que falam.
Para memória futura, assinalo a evolução do marcador. 12': Gonçalo Inácio. 17': Gonçalo Ramos. 33': Gonçalo Ramos. 45'+4: Gonçalo Inácio. 57': Diogo Jota. 67': Ricardo Horta. 77': Diogo Jota. 83': Bruno Fernandes. 88': João Félix.
Melhor em campo, sem discussão: o nosso Bruno. Revelação deste desafio, também indiscutível: o nosso Gonçalo.
Os birrentos que recusaram assistir ao jogo, acometidos de clubite aguda ou de aversão visceral à selecção, a esta hora já estarão arrependidos. Queriam futebol de ataque? Grandes exibições? Muitos golos? Houve tudo isto.
Quem viu, viu; quem não viu, tivesse visto. Parafraseando António Oliveira, que foi um grande sportinguista sem ter deixado de ser portista.
Chermiti cumprimentado por Trincão logo após marcar o quarto golo do Sporting
Foto: Manuel Fernando Araújo / Lusa
Gostei
Da goleada por 4-0. Fomos a Paços de Ferreira não apenas repetir a proeza da primeira volta em Alvalade (vitória por 3-0), mas ampliá-la. Viemos de lá com os três pontos - como nos competia - e um dos melhores resultados deste campeonato. Havia 2-0 ao intervalo.
De Trincão. Começou como avançado-centro e terminou na ponta direita, sempre em alto rendimento: está a melhorar de jogo para jogo. Marcou um grande golo (o terceiro, aos 62', coroando bom trabalho individual, assistiu noutro (o segundo) e só não a meteu lá dentro também aos 37' devido a enorme defesa de Marafona. Fez ainda um magnífico centro aos 79' que Pedro Gonçalves desperdiçou. Já contabiliza 12 golos nesta época - a mais produtiva da sua carreira. Melhor em campo.
De Nuno Santos. Dínamo da equipa, transformou o nosso corredor esquerdo num rolo compressor, criando várias situações de perigo. Começou muito bem, logo com um passe de ruptura para Pedro Gonçalves no minuto inicial. Momento culminante: o golaço que marcou aos 33', de chapéu, antecedido de uma simulação que fez sentar o guarda-redes. Candidato, desde já, a um dos melhores golos do mês na Liga 2022/2023.
De Chermiti. Destaque pela positiva apenas pelo golo que marcou, com assistência de Arthur: emenda preciosa no minuto final da partida (90'+3). Onze minutos em campo bastaram para facturar. É isto que se pede a um ponta-de-lança: eficácia a finalizar. Com apenas 18 anos, consolida a sua influência no plantel leonino.
De Matheus Reis. Também entrou apenas aos 82', mas foi quanto bastou para ser influente e conseguir imprimir acutilância no corredor esquerdo ofensivo. Impecáveis cruzamentos aos 85' e aos 87', a merecerem nota artística.
Da alteração táctica promovida por Rúben Amorim. Actuámos nos dez minutos finais com uma dupla de avançados: Paulinho e Chermiti, municiados por Arthur (pela esquerda) e Trincão (pela direita) e resguardados por Pedro Gonçalves alguns metros atrás, como médio ofensivo. Ensaio já a pensar na próxima época?
Do árbitro Nuno Almeida. Voltou a fazer uma arbitragem competente: critério largo, sem passar o tempo a interromper o jogo nem tentando ser o protagonista. Oxalá fossem todos assim.
Da festa leonina nas bancadas. Apoio entusiástico dos adeptos do Sporting nas bancadas do Estádio Capital do Móvel. Em certos momentos até parecia que jogávamos em casa.
De termos cumprido o 11.º jogo seguido sem derrotas. Vencemos Chaves, Estoril, Portimonense, Boavista, Santa Clara, Casa Pia, V. Guimarães, Famalicão e agora o Paços de Ferreira, empatámos com Gil Vicente e Arouca. Somos a equipa que está há mais tempo sem perder na Liga 2022/2023. Não sabemos o que é uma derrota desde o embate com o FCP em Alvalade. Temporada muito superior neste terço final em comparação com o terço inicial. Antes assim.
De encurtar a distância para o Braga. Beneficiando da derrota braguista anteontem na Luz, vemos agora a turma minhota quatro pontos à nossa frente - quando há três jogos para disputar. É muito difícil chegarmos ao pódio deste campeonato, mas não impossível. Há que apoiar a equipa sem reservas nesta frenética recta final.
Não gostei
Do Paços de Ferreira. Uma das piores equipas do campeonato português. Começou por nos oferecer o golo inicial, aos 7', num atraso totalmente disparatado de Luiz Carlos, com a bola ainda a embater no guarda-redes Marafona. A equipa anfitriã terminou o jogo só com um remate enquadrado (Adán não fez qualquer defesa) e sem cantos. Não admira que até agora apenas tenha conseguido 8 pontos em casa.
De alguns remates desperdiçados. Pedro Gonçalves destacou-se neste capítulo, permitindo cortes da defesa ou a intervenção do guarda-redes aos minutos 1, 25 e 49. Mas redimiu-se assistindo Trincão no terceiro golo. É o jogador com mais assistências na Liga: já são dez.
Festa dos nossos jogadores em triunfo categórico na Dinamarca: goleada leva-nos aos oitavos
Foto: Bo Amstrop / EPA
Gostei muito da nossa goleada (0-4) na Dinamarca. Aqueles que já rasgavam as vestes, antecipando uma eliminação antecipada do Sporting nesta pré-eliminatória de acesso aos oitavos da Liga Europa, confirmaram que não nasceram para ser zandingas. Foi um dia chato para os profetas da desgraça: após o empate 1-1 em Alvalade, fomos a Herning golear a briosa equipa local, que também conta com um Paulinho no seu onze-base. Este Paulinho deu-nos muito jeito ao fazer-se expulsar por acumulação de cartões aos 38': passámos a jogar contra dez, o que nos facilitou a vida. Mas dominámos quase o tempo todo uma equipa que, sem o fulgor de uma semana antes em Lisboa, revelou ter uma defesa de papel - o autogolo deles, que fechou a conta aos 85', foi digno dos "apanhados": guarda-redes longe da baliza, defesa Gaternmann a centrar para o guardião que lá não estava, bola a entrar calmamente enquanto os nossos festejavam.
Gostei de Pedro Gonçalves - homem do jogo, herói da partida. Aos 50', marcou o segundo - um golaço que merece ser revisto várias vezes. Um minuto antes já ameaçara com um disparo colocadíssimo, forçando o guarda-redes adversário à defesa da noite. O terceiro, aos 77', também é dele, beneficiando de um ressalto na defesa que traiu o guardião. Se fosse preciso, teria ficado demonstrado anteontem, nesta partida que nos colocou nos oitavos da Liga Europa, que o ex-Famalicão deve jogar sempre no trio ofensivo, onde sabe colocar-se muito bem entre linhas com inegável faro de golo. Já leva 16 nesta temporada ainda longe de chegar ao fim - e contabiliza sete assistências. Melhor em campo, melhor do plantel leonino em 2022/2023, estreante de luxo como artilheiro na Liga Europa neste embate em que dois dos golos nasceram de pontapés de canto. Estamos a aproveitar bem os lances de "bola parada".
Gostei pouco de algumas exibições. Gonçalo Inácio, reconduzido à ala esquerda dos centrais, alterna a precisão dos passes longos com lapsos momentâneos que o levam a comprometer o equilíbrio defensivo. Edwards, quando os primeiros dribles não resultam, fica meio desligado do jogo, sem compromisso colectivo. Adán, com boas defesas aos 17' e 63', voltou a repor mal uma bola aos 90' por excesso de confiança: o fantasma de Alvalade, no desafio da primeira mão, pareceu pairar ali por momentos. Morita, regressado há dias após demorada ausência por fadiga muscular, ainda não aguenta os 90 minutos: saiu aos 53'. Mesmo assim o japonês teve intervenção decisiva no primeiro golo, ao desviar de cabeça a bola ao primeiro poste enquanto St. Juste o completava no segundo e Coates surgia no meio, de cabeça, aproveitando o ressalto para a meter lá dentro pelo segundo jogo consecutivo. Aconteceu aos 21': virámos aí a eliminatória a nosso favor. Momento decisivo, com o capitão leonino a mostrar como deve actuar um ponta-de-lança. Apesar de ser defesa.
Não gostei do amarelo que Ugarte viu aos 73', infantilmente, ao ceder à provocação de um adversário, empurrando-o. Se fosse no campeonato português, em vez do amarelo poderia ter recebido cartão de outra cor. Mesmo assim, por acumulação, isto basta para o deixar fora da próxima partida, no dia 9, contra o dificílimo Arsenal. Atitude imatura e irreflectida do brioso médio defensivo: estes nervos à flor da pele, sempre prontos a estalar à mínima faísca, em nada contribuem para a estabilidade da equipa numa época que tem corrido muito abaixo do que todos pretendíamos. Sem novidade, voltei a não gostar de Paulinho: exibição apagadíssima, sem se libertar das marcações nem intervenção em qualquer dos golos. O melhor que conseguiu foi tocar com a ponta da bota, sem préstimo, num lance em que Nuno Santos o isolou com um passe quase milimétrico aos 67'. Outro jogo em branco, o que deixou de ser notícia.
Não gostei nada de Trincão. Continua a mostrar-se como uma espécie de corpo estranho no colectivo leonino. Rúben Amorim teve o bom senso de não o incluir no onze titular, onde Arthur figurou como ala esquerdo (e participação nos dois primeiros golos, num deles com assistência) e Esgaio foi ala direito (corte providencial, corrigindo erro de Coates, aos 32') na primeira parte, dando lugar a Bellerín no segundo tempo por já estar amarelado. O ex-Braga entrou aos 65', rendendo Edwards: teve quase meia hora para um passe de ruptura, uma tentativa de assistência, um remate, um lance que desse nas vistas. Nada. Parece atravessar uma fase de desmoralização total que o vai divorciando dos adeptos.
Morita, melhor em campo, marca o primeiro golo anteontem em Alvalade
Foto: António Cotrim / EPA
Rúben Amorim tem razão: o Sporting, nesta época, parece uma equipa bipolar. Capaz do pior e do melhor com poucos dias de diferença.
Voltou a acontecer nesta jornada de abertura da segunda volta do campeonato, quando recebemos o Braga na fria noite de quarta-feira. Poucos diriam - e este blogue serve de testemunho disso - que venceríamos com facilidade a turma minhota, não faltando até quem previsse uma derrota no nosso estádio. Quase ninguém vaticinou uma goleada.
Mas ela aconteceu mesmo. Derrotámos o Braga - que seguia oito pontos à nossa frente quando soou o apito inicial -- por marca concludente: 5-0. Repetindo a dose aplicada à mesma equipa 44 dias antes, em confronto também no estádio José Alvalade, para a Taça da Liga.
Desta vez faltavam-nos três titulares habituais. Por motivos diferentes. Porro já não está: acabou de transferir-se para o Tottenham, naquele que foi o segundo melhor negócio de sempre da SAD leonina com um futebolista do plantel. Paulinho esteve ausente por castigo: foi-lhe aplicada a pena de três jogos de suspensão na recente - e malograda - final da Taça da Liga frente ao FCP. Matheus Reis foi remetido ao banco de suplentes, talvez para ser poupado no plano físico: tem sido um dos jogadores mais utilizados.
Tinha tudo para dar errado, segundo os pessimistas do costume. Mas funcionou.
St. Juste foi titular, como central à direita - e cumpriu com nota muito elevada a missão que o treinador lhe confiou, permitindo a Gonçalo Inácio transitar para o lado esquerdo, sua posição natural.
Esgaio voltou a ser aposta, mais de dois meses depois, suprindo a ausência de Porro - e também cumpriu, a tal ponto que fez a melhor exibição desde que regressou ao Sporting, oriundo do Braga. Irrepreensível tanto a atacar como a defender.
A terceira surpresa, e sem dúvida a maior, foi a inclusão de Chermiti no lugar de Paulinho: aos 18 anos, este avançado formado na Academia de Alcochete estreou-se como titular entre os "grandes" - e cumpriu também, recebendo vibrantes aplausos dos 26 mil espectadores que anteontem compareceram no nosso estádio. Nasceu uma nova estrela leonina? Está, pelo menos, a caminho disso. O que é sempre motivo para celebrar.
Foi um desafio de sentido único, com avassalador domínio da nossa equipa perante um Braga irreconhecível. As ausências de Vitinha (transferido para o Marselha) e Ricardo Horta (lesionado) não explicam a abrupta quebra dos minhotos, que somaram erros defensivos e foram incapazes de progredir no terreno sem serem de imediato desarmados pelo nosso meio-campo. Ali brilhou a dupla Ugarte-Morita, reforçada por Pedro Gonçalves e Edwards, que recuavam para vir buscar a bola e mantê-la dentro do meio-campo defensivo do Braga.
O resultado ao intervalo (1-0) espelhava pouco o nosso domínio, concretizado num golo logo aos 9' por Morita, com assistência de St. Juste. O japonês ampliou a vantagem no minuto inicial da segunda parte, sossegando os espíritos mais apreensivos: a vitória já não nos fugia. E não iam faltando notas artísticas em Alvalade, como a assistência de Chermiti, de calcanhar, para o colega nipónico a meter lá dentro.
Os mais belos golos da noite foram o terceiro, marcado por Edwards aos 61', e o quarto, assinado por Matheus Reis aos 86', pouco depois de saltar do banco. Ambos com assistências de Pedro Gonçalves, que ia deambulando entre linhas, sem posição fixa no terreno. É assim que funciona melhor.
De tal maneira que ainda viria a ser ele a marcar o último. De penálti, já no tempo extra. Quando uma parte dos adeptos gritava por Chermiti e alguns outros por Esgaio, exigindo que fosse um deles a converter o castigo máximo. Pedro Gonçalves - rei dos goleadores leoninos - não deixou e fez muito bem. Homem-golo é mesmo assim: nunca se farta de a ver lá no fundo das redes. Assim aconteceu, para alegria de todos nós.
E até aqueles que momentos antes o assobiavam, estupidamente, se viram forçados a aplaudi-lo.
Como não ficarmos rendidos à melhor exibição do Sporting nesta temporada tão oscilante?
Como não festejarmos esta segunda "manita" ao Braga em mês e meio?
A segunda volta promete. Basta continuarmos a exibir-nos assim.
Breve análise dos jogadores:
Adán - Pouco trabalho. Limitou-se a duas defesas com grau de dificuldade médio, aos 71' e aos 84'. O guardião inseguro do jogo anterior não compareceu em campo. Ainda bem.
St. Juste - Surpresa: foi titular. Surpresa maior: aguentou os 90' sem aparentar desgaste físico. Atento, veloz, interventivo na construção de lances ofensivos. Assistiu no primeiro.
Coates - Serenidade e segurança. Liderou a defesa sem sobressalto. Ao demorar a sair após ceder a braçadeira, viu o amarelo. De propósito, já a pensar no clássico da jornada 20
Gonçalo Inácio - Regressou à posição natural, como o mais esquerdino dos centrais, e cumpriu a missão que lhe estava confiada. Sobretudo nos passes longos, em que é exímio.
Esgaio - Voltou a ser titular enquanto substituto natural de Pedro Porro. Desta vez não ouviu assobios, mas aplausos. Bem merecidos. Reconquistou os adeptos com uma boa exibição.
Ugarte - Transborda energia e revela uma impressionante capacidade de trabalho. Dominou o meio-campo defensivo: os adversários viram nele um obstáculo intransponível.
Morita - Recuperou bolas, distribuiu jogo, venceu confrontos individuais. E marcou os dois primeiros golos, confirmando a vocação de artilheiro. O melhor em campo.
Nuno Santos - Menos exuberante do que em partidas anteriores. Mas foi dele o canto de que resultou o primeiro golo. Quase marcou aos 77': a bola, rasteira, saiu a rasar o poste.
Edwards - Exibiu classe, sobrepondo-se aos adversários nos confrontos individuais e ganhando faltas sucessivas. Iniciou o golo 2. O terceiro, marcado por ele, é uma obra-prima.
Pedro Gonçalves - Sempre muito útil na missão de ligar o meio-campo ao ataque e colocar-se entre linhas para baralhar a defesa. Nota muito elevada: um golo e duas assistências.
Chermiti - Estreia a titular aos 18 anos. Pressionou alto, ocupou bem os espaços, cabeceou para golo aos 21' (defesa difícil de Matheus), assistiu no segundo e participou no terceiro.
Tanlongo - Substituiu Ugarte (63'). Passa com critério, tem visão de jogo, sabe segurar a bola e movimentar-se sem ela. Parece ser mesmo reforço.
Trincão - Entrou aos 63', substituindo Morita. Foi talvez o mais apagado dos nossos jogadores anteontem. Atravessa uma crise de confiança que lhe afecta a prestação.
Fatawu - Manteve-se em Alvalade, sem ser emprestado. Entrou aos 77', rendendo Edwards. Encostado à linha esquerda, com incursões para o centro, conquistou penálti (90'+1).
Arthur - Em campo desde o minuto 77, substituindo Nuno Santos já com o resultado em 3-0. Desta vez não agitou o jogo, mas contribuiu para manter-lhe a consistência.
Matheus Reis - Os últimos, com frequência, são os primeiros. Sucedeu com ele: entrou aos 77', quando Coates saiu. Chegou a tempo de marcar um golaço que fez levantar o estádio.
Euforia em Alvalade: os festejos do segundo golo de Morita. Ainda viriam mais três contra o Braga
Foto: António Cotrim / Lusa
Gostei
De entrarmos da melhor maneira na segunda volta. Com uma goleada ao Braga: 5-0. Repetindo o que já sucedera a 19 de Dezembro, para a Taça da Liga. Duas manitas nestes embates com a turma minhota, que defrontamos pela terceira vez na actual temporada. Com 13 golos marcados e três sofridos: superioridade absoluta leonina.
Da atitude. O Sporting foi superior em todos os aspectos. Nos remates, nas oportunidades, no aproveitamento das bolas paradas, nos lances divididos, na reacção à perda de bola. Grande parte do desafio foi disputado no meio-campo braguista por impossibilidade de a equipa adversária se libertar da pressão alta exercida pelos nossos jogadores. Numa palavra: atitude. É preciso mantê-la durante toda a segunda volta agora iniciada.
De Morita. Grande exibição do internacional japonês, que foi sempre um médio com características ofensivas, entrando como segundo avançado na grande área do Braga. Numa dessas incursões marcou o nosso golo inicial, logo aos 9'. Noutra, mesmo a abrir a segunda parte, estava no local certo para aproveitar uma recarga, encaminhando-a para as redes. Foi aos 46': fazia assim o primeiro bis da sua carreira de futebolista. E sagrava-se como melhor em campo.
De Pedro Gonçalves. Soma e segue: leva já 11 golos e sete assistências neste campeonato. Voltou a fazer uma grande exibição, em movimentação contínua entre a linha média e o ataque, distribuindo jogo com uma personalidade cada vez mais vincada. Somou mais duas assistências (para o terceiro e o quarto golo) e fechou a contagem, de penálti, ao apontar o quinto golo aos 90'+3.
De Chermiti. Estreia a titular do jovem avançado, com apenas 18 anos, aproveitando a ausência de Paulinho por castigo. Cumpriu bem a missão que lhe foi confiada por Rúben Amorim. Assistência perfeita, com nota artística, de calcanhar para o segundo golo de Morita. E movimentação muito competente, arrastando a defesa adversária, no lance de que resulta o nosso terceiro, apontado por Edwards. Mostrou ao treinador que poderá contar com ele. Escutou aplausos bem merecidos em Alvalade.
De St. Juste. Enfim, conquistou os adeptos neste seu segundo jogo completo desde que chegou ao Sporting. Actuou como central à direita e cumpriu de modo exemplar a missão, anulando as escassas ofensivas do Braga numa exibição em que foi várias vezes à frente, articulando lances com Esgaio junto à linha. Veloz, acutilante. Assistiu (de cabeça) para Morita no golo inicial.
De Esgaio. Quem diria que o mal-amado ouviria sonoros aplausos e palavras de incentivo das bancadas? Titular para colmatar a saída de Porro, não se deixou atemorizar pelas críticas que tem recebido nem mostrou complexos por jogar no lugar do internacional espanhol. Bons cruzamentos aos 21', 25' e 59'. Isolou muito bem Pedro Gonçalves aos 66' num lance que quase resultou em golo.
De Edwards. Acrescenta classe ao jogo leonino. Imbatível nos confrontos individuais, pondo a cabeça em água aos defensores adversários. É também o nosso jogador mais vezes derrubado em falta ao infiltrar-se entre linhas. Iniciou o lance do segundo golo. E marcou ele próprio o terceiro: um daqueles de levantar o estádio, coroando deslumbrante jogada individual. Para ver e rever.
Do golo de Matheus Reis. Foi o quarto - e o mais vistoso. Aos 86', num remate em arco de fora da área, colocadíssimo, sem defesa possível. O brasileiro entrara nove minutos antes, rendendo Coates. Estreou-se a marcar na temporada 2022/2023, também ele com nota artística. Muito festejado por todos os companheiros.
De Rúben Amorim. Desfalcado de dois titulares (Porro e Paulinho), montou muito bem a equipa neste confronto com o Braga, surpreendendo com a inclusão de Chermiti como titular a avançado-centro. Todas as apostas dele foram ganhas. Recuperou um jogador (Esgaio), consolidou outro (St. Juste) e demonstrou toda a confiança num terceiro (Chermiti) que ainda pode vir a ser-nos muito útil. Confirma-se que tem estrelinha contra o Braga, sua antiga equipa: venceu como treinador sete dos últimos nove jogos que disputámos contra os minhotos.
Que Coates tivesse "limpado" cartões. Tapado com quatro, o capitão uruguaio retardou propositadamente a saída de campo ao ser substituído, acabando amarelado. Não defrontará o Rio Ave, em Vila do Conde, na próxima segunda-feira. Mas estará livre para a partida seguinte: o clássico Sporting-FC Porto, marcado para dia 12.
De Nuno Almeida. Nota muito positiva para o árbitro algarvio.
Que tivéssemos encurtado distância para o Braga. Mesmo assim, eles ainda estão cinco pontos à nossa frente, portanto com vantagem na corrida ao acesso à Liga dos Campeões.
Não gostei
Do horário do jogo. Continuamos a ser prejudicados face aos nossos principais adversários, novamente com uma partida iniciada às 21.15 (e o próximo Rio Ave-Sporting começará à mesma hora). O FC Porto, por exemplo, jogou às 19 horas no Funchal. É mais que sabido: os jogos com maior afluência de público são os que se realizam ao fim da tarde. Dai não surpreender que só estivessem 26.338 espectadores ontem em Alvalade.
Do Braga. Exibição paupérrima da turma orientada por Artur Jorge, que só uma vez (71') obrigou Adán a uma defesa apertada. É verdade que jogaram sem o melhor avançado (Vitinha, que rumou ao Marselha) e sem o melhor jogador (Ricardo Horta, que está lesionado). Mas isto não chega para explicar tão notório apagamento da equipa que segue em terceiro no campeonato.
Dos assobios a Pedro Gonçalves. Há coisas que não dá para entender. Uma delas foi esta: já no tempo extra, após Fatawu ter sido carregado em falta e o árbitro ter assinalado grande penalidade. Encarregado de a bater? Pedro Gonçalves, claro: é o rematador de serviço, demonstra grande confiança na marca dos 11 metros, lidera a lista dos nossos goleadores na Liga e quanto mais golos averbar mais se valoriza. Uma parte dos adeptos, sabe-se lá porquê, preferia que fosse Esgaio a marcar o penálti, mas o nosso n.º 28 - apoiado por Amorim - nem quis admitir tal hipótese. Escutou portanto uma enorme vaia, momentos antes de cumprir o castigo máximo com a eficácia de sempre. Quem o assobiou talvez até preferisse que falhasse. Cenas assim só acontecem neste "clube de malucos", como lhe chamava o outro.
Porro, um dos dínamos da nossa equipa na goleada de ontem ao Braga
Foto: Tiago Petinga / Lusa
Gostei muito da goleada desta noite em Alvalade. Houve manita: o Sporting fulminou o Braga por 5-0. Passámos às meias-finais da Taça da Liga, afastando a turma minhota da competição. Resultado construído ao intervalo. Com golos de Gonçalo Inácio (5'), Paulinho (7'), Pedro Gonçalves (20'), Trincão (41') e Edwards (45'+3). Um festival de futebol de ataque, com excelentes passes, recepções orientadas, assistências e golos numa partida em que todo o nosso onze titular esteve em alta rotação, exibindo intensidade e classe. Nada fácil escolher o melhor em campo: elejo Edwards por ter conquistado dois penáltis - o primeiro convertido por Pedro Gonçalves, o segundo por ele próprio - e protagonizado os momentos mais vistosos de futebol ofensivo com o seu inegável virtuosismo técnico como interior direito, marcando o compasso do nosso ataque. Também Paulinho, Trincão, Porro e Nuno Santos justificam destaque numa partida em que o colectivo leonino funcionou como raras vezes temos visto nesta temporada. Correspondendo ao apelo que aqui lhes fiz.
Gostei que tivéssemos terminado mais um jogo sem sofrer golos. Foi o sexto consecutivo a vencer, para duas competições: registamos 23 golos marcados e apenas um sofrido nestas partidas. Só na Taça da Liga, título de que somos detentores há duas temporadas, levamos agora o melhor registo de sempre: quatro vitórias, com 18 marcados e nenhum sofrido. Demonstração inequívoca de saúde animica da nossa equipa. Conclusão óbvia: fez-nos muito bem esta interrupção do campeonato imposta pelo calendário do Mundial.
Gostei pouco da chuva muito forte que caiu ontem em Alvalade durante toda a segunda parte, prejudicando o espectáculo e contribuindo para a quebra de rendimento do Sporting, que no entanto foi superior ao Braga, sem a menor contestação, até ao apito final. Adán limitou-se a duas defesas, uma em cada parte do jogo. Não era preciso carregar mais no acelerador: o resultado estava construído ao intervalo. Também é verdade que nenhum dos suplentes esteve ao nível dos titulares: Jovane (por Paulinho, 71'), Dário (por Ugarte, 71'), Esgaio (por Porro, 76'), Arthur (por Trincão, 76') e Sotiris (por Edwards, 86').
Não gostei da fraquíssima assistência, com pouco mais de vinte mil espectadores nas bancadas - mas o alerta das autoridades para outra noite de temporal em Lisboa - embora sem impor a realização do jogo à porta fechada, como tinha sucedido no Sporting-Marítimo - contribuiu decerto para desmobilizar muita gente. Foi pena: esta goleada leonina merecia ter sido testemunhada por muito mais adeptos ao vivo.
Não gostei nada dos "olés" soltados por certos membros das claques e da habitual javardice a que alguns chamam "cânticos". Nada disto tem a ver com o espírito leonino. Alguns imbecis teimam em copiar os piores modelos. Acabam por não se distinguir deles - e talvez a intenção seja mesmo essa. Deviam todos juntar-se num recinto qualquer e entoarem os tais "cânticos" uns para os outros. Tão distantes de nós quanto possível.
Gostei muito da vitória tranquila do Sporting, na noite passada, contra o Marítimo. Triunfo que confirma a nossa presença nos quartos-de-final da Taça da Liga, a disputar segunda-feira, contra o Braga: somos bicampeões de Inverno, temos um título a defender. A qualificação estava assegurada, após os triunfos anteriores frente ao Farense e ao Rio Ave, mas nem por isso merece menor aplauso - até voltou a registar-se uma goleada, desta vez por 5-0. Cinco vitórias seguidas, algo para nós inédito nesta temporada. Com 13 golos marcados e nenhum sofrido só nesta competição.
Gostei de Paulinho, a figura da partida por ter marcado os três primeiros golos nas três primeiras oportunidades de que dispôs - aos 40", aos 15' e aos 31''. Eficácia total, com assistências de Arthur, Porro e Jovane. Há 22 anos que um jogador do Sporting não marcava três golos na primeira parte de um jogo: aconteceu em Agosto de 2000, por Acosta, contra o V. Guimarães. Também gostei das exibições de Porro (estreia a marcar de Leão ao peito nesta temporada, assinando o quarto golo, aos 73'), de Mateus Fernandes (estreante como titular e logo com uma assistência, num belo passe de ruptura para o lateral espanhol) e de Arthur (dinâmico ala esquerdo, em vez do habitual titular Nuno Santos, assistindo Paulinho no primeiro e centrando no lance que proporcionou o quinto, autogolo do infeliz guarda-redes Miguel Silva aos 86').
Gostei pouco de uma certa falta de emoção ao longo da partida, disfarçada pela vantagem muito dilatada que se verificou em campo. Isso deveu-se à ausência de público, à certeza de que o apuramento estava garantido e sobretudo à falta de réplica do onze adversário.
Não gostei do fraquíssimo Marítimo, que vai acumulando desaires: só venceu um jogo em 16 disputados até agora nesta época 2022/2023, segue em penúltimo no campeonato e parece condenado a baixar à Liga 2 após 37 anos no primeiro escalão do futebol português. Soma oito derrotas seguidas, com o pior ataque e a segunda pior defesa. Esta goleada certamente não lhe deu qualquer saúde anímica.
Não gostei nada que este jogo tenha sido ontem disputado à porta fechada, no estádio José Alvalade. A fazer lembrar a penosa quarentena imposta pela pandemia que já parecia interminável. Desta vez aconteceu em obediência aos alertas da protecção civil a propósito das enxurradas na região de Lisboa num dia em que choveu mais do que alguma vez aconteceu desde que há registos fiáveis. Foi um mal menor: pior teria sido o adiamento do jogo. E em primeiro lugar está sempre a segurança dos cidadãos, sejam adeptos de que clube forem.
Jogadores abraçados após goleada: a nossa terceira melhor prestação de sempre em Mundiais
Mais que nunca, os profetas da desgraça parecem condenados ao desemprego. A selecção portuguesa teve ontem um desempenho brilhante, no Mundial do Catar, goleando a Suíça por 6-1. Foi a nossa vitória mais dilatada de sempre em fases a eliminar de campeonatos do mundo, superando os 5-3 à Coreia do Norte em 1966. E coroando uma partida brilhante, com golos para todos os gostos, num jogo que encerrou com 2-0 ao intervalo.
O herói do desafio foi um estreante como titular na equipa das quinas: Gonçalo Ramos. Ponta-de-lança digno deste nome. Marcou três (17', 51', 67') e deu outro a marcar (55'). Mais ninguém conseguiu fazer o mesmo até agora no Mundial do Catar. Jamais esquecerá esta goleada que o teve como protagonista.
Mas outros estiveram em grande nível: Pepe, impecável a defender e marcando de cabeça o segundo golo (33'); Raphael Guerreiro (dono da lateral esquerda, autor do belo golo 4 e da assistência para o último, aos 90'+2); João Félix (sem golos mas com duas assistências, no primeiro e no quinto); Dalot confirmando-se como titular indiscutível da ala direita ao assistir no terceiro e impedir que a Suíça marcasse aos 38'; Bruno Fernandes, com outra assistência (para o golo de Pepe, a terceira que faz neste Mundial).
Rafael Leão desta vez entrou bem, a tempo de encerrar a contagem com outro grande golo. Também Otávio e William Carvalho merecem elogio.
Perante 83.720 espectadores, a Suíça - que vencera Camarões e Sérvia na fase de grupos - procurou travar a nossa manobra ofensiva nos primeiros minutos, mas acabou encostada às cordas, vergada ao peso da derrota. Faz a mala, de regresso a casa, seguindo o exemplo da medíocre selecção de Espanha, eliminada também ontem por Marrocos após 120 minutos em que foi incapaz de marcar um golo e de uma ronda final de penáltis em que não converteu nenhum.
A equipa das quinas, pelo contrário, confirma a presença nos quartos-de-final - algo que antes só nos aconteceu em 1966 e 2006. Sagrando-se desde já como uma das oito melhores selecções à escala planetária com a nossa terceira melhor prestação de sempre até ao momento. Vamos defrontar precisamente Marrocos no próximo sábado. Com a legítima ambição de atingirmos as meias-finais. Agora não nos contentamos com menos.
Caíram alguns mitos persistentes neste jogo. Que a equipa portuguesa "só ganha por sorte", que apenas vence "por influência da santinha", que Fernando Santos é "incapaz de pôr a equipa a jogar ao ataque", que "faz alinhar sempre os mesmos", que esta selecção "tem vocação para o empate". Ninguém diria: levamos já 12 golos marcados em quatro jogos - à média de três por desafio. E ontem Santos mudou oito jogadores em relação ao desafio anterior, frente à Coreia do Sul. Mantendo no onze inicial apenas três titulares do Euro-2016.
Acabou-se também o mito de que o seleccionador era "incapaz de deixar Cristiano Ronaldo no banco". Aconteceu isso, levando os que repetiam essa ladainha a enfiar a viola no saco. Ronaldo entrou apenas aos 73', quando quase todo o estádio pedia em coro que ele calçasse: rendeu Gonçalo Ramos, novo herói das quinas, enquanto Ricardo Horta e Vitinha substituíam Otávio e João Félix.
Ainda entrariam Rúben Neves (para o lugar de Bernardo Silva, 81') e Leão (substituindo Bruno Fernandes, 87'). Quando a vitória e a passagem à fase seguinte já estavam garantidas.
Vários marcos assinalados. O nosso melhor resultado na etapa mata-mata de um Mundial. Ramos, com 21 anos, o mais jovem autor de três golos num só jogo desde o Campeonato do Mundo de 1962. Pepe, com 39 anos, o segundo mais velho a marcar em desafios a eliminar de uma fase final após o camaronês Roger Milla em 1994.
Todos satisfeitos em Portugal? Quase todos. Resta um pequeno círculo de irredutíveis aziados incapazes de celebrar vitórias das cores nacionais. São aqueles que inventam qualquer pretexto para desejar desaires à nossa selecção.
Andam todo o tempo em contramão: só festejam se houver derrota. Felizmente vão permanecer uns dias longe daqui.
Primeira goleada da época. Em nossa casa, num jogo quase de sentido único em que o Sporting foi a única equipa a ambicionar a vitória perante um Portimonense que até se encontra ainda à nossa frente na classificação e que, já treinado por Paulo Sérgio, na época passada impôs uma derrota ao Benfica na Luz.
O trio móvel delineado por Rúben Amorim para a nossa frente de ataque voltou a dar boas provas. Com Edwards, Trincão e Rochinha - titulares da linha avançada - em contínuas mudanças de posição que foram baralhando e desgastando a defesa adversária.
Pedro Gonçalves recuou, colocando-se um pouco à frente de Morita no meio-campo, com Ugarte a ficar no banco de início, já a pensar no confronto em casa com o Tottenham, na terça-feira, para a Liga dos Campeões. Também Porro (rendido por Esgaio) e Matheus Reis (dando lugar a Nuno Santos) ficara fora do onze titular.
Estes jogos pós-rondas europeias costumam causar-nos surpresas desagradáveis devido ao acrescido desgaste físico e anímico dos futebolistas.
Desta vez sucedeu ao contrário. A vitória em Frankfurt por 3-0, três dias antes, funcionou como tónico suplementar para jogadores como Trincão e Nuno Santos, que ontem em Alvalade voltaram a ter sucesso ao procurarem o caminho da baliza. Marcaram na Alemanha e marcaram cá - Trincão bisando, aos 7' e 41', Nuno fechando a contagem: selou a nossa primeira goleada da época, fixando o 4-0 final aos 76'.
Destaque também para Pedro Gonçalves, que fez duas posições. Começou a médio e aos 54', com a saída de Rochinha e a entrada de Ugarte, avançou para interior esquerdo, posição em que mais rende. Foi já dali que marcou o terceiro, aos 72'. Também ele justifica destaque.
Elogio merecido igualmente para a nossa defesa, que já vai na terceira partida consecutiva sem sofrer golos. Amoreira (0-2), Frankfurt (0-3) e Alvalade nesta recepção ao Portimonense (4-0). Parece recuperada a solidez defensiva que tanto contribuiu para conquistarmos o campeonato nacional de futebol há 16 meses após 19 anos de jejum.
Isto apesar das alterações que o treinador se viu forçado a fazer neste sector. Primeiro trocando Gonçalo Inácio por Matheus Reis ao intervalo, depois designando Esgaio para central à direita, fazendo entrar Porro, quando Neto saiu por lesão. Problema acrescido para o técnico, pois St. Juste, o nosso outro central dextro de raiz, nem foi convocado pois lesionou-se contra o Eintracht.
Enfim, houve festa do futebol. Num jogo às 18 horas deste quente sábado de Verão, propiciando deslocações em família ao estádio, com a temperatura atmosférica a funcionar como aliciante suplementar.
Um espectáculo desportivo que merecia ser presenciado ao vivo por mais do que os 29 mil que lá estivemos. Há certamente coisas a rever na organização destes jogos, até porque a curva norte e a curva sul apresentavam grandes clareiras. É necessário dar atenção a isto.
Breve análise dos jogadores:
Adán- Voltou a exibir grande forma, na sequência do que já tinha demonstrado na partida da Liga dos Campeões. Fundamental para evitar o golo aos 24'.
Neto- Titular sem surpresa, face à ausência de St. Juste. Concentrado e atento às dobras a Esgaio. Alvo de uma falta dura, aos 48', teve de sair pouco depois.
Coates - A eficácia de sempre, como pêndulo da defesa. Desta vez arriscou pouco na saída com bola dominada. Tentou o golo de bola parada, ainda sem sucesso.
Gonçalo Inácio- Atravessa um momento de menor rendimento, revelando intranquilidade e errando passes. Amorim só contou com ele na primeira parte.
Esgaio - Titular como ala direito, deslocou-se para central a partir dos 54'. Cumpriu em ambas as funções, comprovando a sua utilidade no colectivo leonino.
Morita- Funcionou como verdadeiro pivô do nosso meio-campo, cabendo-lhe distribuir jogo e tapar linhas de passe aos de Portimão. Saiu aos 60', já a pensar no Tottenham.
Pedro Gonçalves - Começou a 8, com a missão de servir o trio dianteiro. Mas rende mais na frente. Foi já aí, aos 72', que fez o terceiro golo. E assistiu no quarto.
Nuno Santos- Anda muito motivado - isso nota-se no seu desempenho em campo. Criou desequilíbrios e tentou o golo, acabando por conseguir o quarto, aos 76'.
Edwards- Desta vez não marcou, mas participou nos lances que originaram os dois primeiros golos. É o mais imprevisível e crativo dos nossos avançados.
Rochinha- O menos exuberante do nosso trio da frente, mas revelando utilidade. Aos 41', fez um cruzamento letal assistindo Trincão no segundo golo.
Trincão- Jogou a partida inteira e parecia andar um pouco por toda a parte. O melhor em campo num jogo em que marcou dois e esteve quase a marcar outro (65').
Matheus Reis - Fez toda a segunda parte como central à esquerda, articulando bem com Nuno Santos. Sem necessidade de incursões ofensivas.
Porro- Esteve para ser poupado, mas acabou por entrar aos 54', com Neto lesionado. Dominou o corredor com a genica habitual. Assistiu Pedro Gonçalves no terceiro.
Ugarte- Substituiu Rochinha aos 54'. Entrou cheio de vontade de mostrar serviço e de procurar o golo. Quase o conseguiu, aos 65', com um disparo que raspou na barra.
Sotiris. Rendeu Morita aos 60'. Jogador dinâmico, com propensão ofensiva, voltou a demonstrar bom toque de bola e a impressionar as bancadas de Alvalade.
Paulinho.Após um mês de ausência na Liga, regressou entre aplausos, substituindo Edwards aos 60'. Precioso toque de calcanhar para Trincão aos 65'. Quase deu golo.
Da goleada. Vencemos em casa o Portimonense, equipa que nunca é fácil - a tal ponto que na época passada derrotou o Benfica na Luz e deu-nos muita luta em Alvalade, numa partida que vencemos por 3-2. Desta vez houve triunfo folgado e categórico: 4-0. Terceiro seguido, na sequência das vitórias fora contra o Estoril (2-0) para o campeonato e contra o Eintracht Frankfurt (3-0) para a Liga dos Campeões. Primeira goleada da época. Aposto que não será a última.
De Trincão. Ainda há poucos dias as redes sociais eram inundadas de supostos adeptos a rasgarem de alto a baixo este jovem e talentoso jogador indicado por Rúben Amorim, não faltando quem garantisse que ele não poderia ser considerado reforço. Trincão, que já marcara na Alemanha, voltou a fazer o gosto ao pé neste embate contra os de Portimão. São dele os nossos dois primeiros golos - aos 7' e aos 41', movimentando-se dentro da área à ponta-de-lança. E esteve quase a fazer outro, aos 65', travado pelo defesa Pedrão na linha de baliza. Melhor em campo nesta tarde em que se estreou a marcar pelo Sporting para o campeonato.
De Edwards. É o novo herói leonino. Ontem, mais duas preciosas intervenções em lances cruciais - é ele a centrar na movimentação de que resulta o primeiro golo e a recuperar na jogada colectiva que gera o segundo. Vários pormenores de classe que o definem como futebolista de fino recorte técnico. Quase marcou, num forte disparo aos 45'+2, para defesa muito apertada do guarda-redes.
De Porro. Forçado a entrar devido à lesão de Neto que obrigou o treinador a mexer na defesa, agitou logo o jogo, como é seu timbre. Aos 64', grande centro para Paulinho. Aos 72', cruzou para Pedro Gonçalves fazer o terceiro, "as três tabelas" com Pedrão. Está em grande forma.
De Pedro Gonçalves. Amorim voltou a tirá-lo da linha da frente, fazendo-o recuar de início para a posição 8. Voltou a confirmar-se que este não é o lugar ideal para ele, longe da baliza. A melhor faceta do artilheiro da Liga 2020/2021 surgiu a partir do minuto 54, quando avançou na sequência da saída de Rochinha. O ataque leonino tornou-se ainda mais acutilante com o ex-Famalicão na posição que mais prefere, a de interior esquerdo. Foi dali que cabeceou com força, levando Pedrão a fazer autogolo, traindo o guarda-redes que veio de Portimão. E ainda assistiu no quarto golo.
De Morita. Está transformado num elemento pendular do nosso onze. Crucial no desenho dos lances de ataque. Quase todos passaram por ele, sobretudo no primeiro tempo. Rigor geométrico, precisão de passe, visão de jogo, domínio do corredor central.
Das poupanças iniciais feitas por Amorim. Já a pensar no confronto da próxima terça-feira para a Liga dos Campeões, na recepção ao Tottenham, o treinador fez entrar para o onze inicial Esgaio, Nuno Santos e Rochinha. Ficaram no banco Porro, Matheus Reis e Ugarte, que acabariam por ser lançados durante a partida. Jogo a jogo, sim. Mas doseando o esforço físico do plantel. Comprovando que temos soluções no banco.
Da atitude de Sotiris. O jovem reforço grego voltou a causar boa impressão, desta vez na estreia em Alvalade. Entrou aos 60', para substituir Morita (poupado a maior desgaste também a pensar no Tottenham) quando já vencíamos por 2-0, e mostrou acutilância e dinâmica na ligação do meio-campo ao ataque. É voluntarioso e tem bom toque de bola.
Do regresso de Paulinho. Há mais de um mês que o nosso avançado não jogava em Alvalade. Ontem entrou aos 60', rendendo Edwards, voltando a demonstrar requinte técnico (passe de calcanhar dentro da área para Trincão que quase resultou em golo aos 65') e boas movimentações em linha diagonal, tornando a equipa ainda mais difícil de marcar lá na frente. Falta-lhe o golo: ainda não foi desta vez.
Que não tivéssemos sofrido golos. Terceiro jogo seguido sem vermos tocadas as nossas redes, confiadas a um Adán que parece ter recuperado a sua melhor forma (defesa preciosa, aos 24', a remate cruzado de Gonçalo Costa com selo de golo). Equilibrámos o saldo das nossas contas na Liga 2022/2023: 12 golos marcados, oito sofridos. E vamos subindo na classificação, após o mau começo: estamos agora em quinto - à condição, pois as contas da jornada 6 ainda não fecharam.
Da hora do jogo. Excelente tarde de Verão, propícia ao futebol. A partida teve início às 18 horas deste sábado, permitindo a muitos pais levarem os filhos ao estádio. Pena haver só 29.782 espectadores em Alvalade, mesmo no rescaldo imediato da nossa primeira vitória de sempre na Alemanha para a Liga dos Campeões. Custa entender tão fraca mobilização. Há cada vez mais gente a trocar a bancada pelo sofá.
Não gostei
Da ausência de St. Juste. O central holandês não tem sido bafejado pela sorte neste início de prestação no Sporting. Depois de ter passado ao lado da pré-temporada por lesão num treino inicial, viu-se forçado a sair no desafio de Frankfurt devido a um problema físico que o deixou fora da convocatória para ontem.
Da lesão de Neto. Escalado para o onze inicial como central do lado direito, foi alvo de uma entrada muito dura aos 48', que o forçou a sair seis minutos depois (entrando Porro e passando Esgaio para central). Saiu a coxear e com lágrimas nos olhos, ovacionado pelo público. Oxalá recupere sem demora.
De Gonçalo Inácio. O que se passa com o nosso central que foi campeão em 2021? Voltou a entrar intranquilo, compondo o trio defensivo com Neto e Coates. Pisa muito a bola, demora a centrá-la, faz passes à queima, deixa-se envolver por adversários sem necessidade alguma. Lendo bem estas dificuldades, talvez potenciadas por algum problema físico, Amorim trocou-o por Matheus Reis ao intervalo.
Foi uma das melhores exibições da selecção nacional nos últimos anos. Na noite de ontem, em Alvalade - confirmando que o nosso estádio funciona como talismã da equipa das quinas. Cilindrámos a Suíça por 4-0 e poderíamos ter duplicado a goleada, tão deslumbrante foi a exibição portuguesa, com bola a circular ao primeiro toque, em progressão acelerada, numa demonstração viva de futebol de ataque. Perante o aplauso entusiástico de mais de 42 mil espectadores.
Figura da partida? O suspeito do costume: o melhor jogador do mundo. Cristiano Ronaldo bisou, aos 35' e aos 39', perante a visível emoção da sua mãe, presente na tribuna. Leva já 117 golos ao serviço da selecção - marca extraordinária num profissional que aos 37 anos regressou ao estádio onde começou a ser feliz, quase duas décadas volvidas.
Voltando a silenciar os idiotas que nunca perdem uma oportunidade de repetir que ele está «acabado» e «já deu o que tinha a dar».
Grandes exibições também de William Carvalho (que marcou o primeiro, aos 15'), Nuno Mendes, Rúben Neves e João Cancelo (que fechou a conta, aos 68', numa jogada de antologia, iniciada e concluída por ele).
Mas todo o onze nacional esteve muito bem. Segredo? O excelente desempenho colectivo potenciado pelas seis alterações que o seleccionador fez entre o desafio anterior, contra a Espanha (1-1), e este, que redundou na nossa maior goleada de sempre frente à Suíça. Que já tinha sofrido contra nós, fez ontem três anos, na meia-final da Liga das Nações. Com outra exibição sublime de CR7, autor dos três golos nesse triunfo por 3-1.
O nosso próximo desafio será na quinta-feira, também em Alvalade, contra os checos que ontem impuseram um empate (2-2) à selecção espanhola.
Feitas as contas, vamos em primeiro no grupo A. Uma vitória, um empate, cinco golos marcados e apenas um sofrido. E capazes de dar espectáculo, ao contrário do que alguns temiam. Os mesmos que aparecem sempre na hora dos desaires e se eclipsam quando há triunfo nacional. Como se tivessem vergonha de ser portugueses, algo que jamais entenderei.
Da nossa vitória clara no Jamor.Goleámos por 4-1 aquela aberração que responde pela sigla B-SAD. Num Estádio Nacional só com adeptos do Sporting.
Da nossa entrada com grande dinâmica ofensiva. Dois golos logo a abrir o jogo. O primeiro aos 11', por Paulinho, o segundo aos 17', por Porro. Ao intervalo, vencíamos por 3-1. A segunda parte começou com mais um golo, aos 47'. A partir daí, imperou a gestão da condição física dos jogadores, mas sempre a mantermos a posse de bola. Deu até para Rúben Amorim esgotar as substituições, ao contrário do que costuma fazer: trocou Porro por Gonçalo Esteves (52'), Matheus Nunes por Daniel Bragança (52'), Pedro Gonçalves por Tabata (58'), Nuno Santos por Vinagre (58') e Sarabia pelo estreante Edwards (71').
De Paulinho. Regressou aos golos. E logo a bisar. No primeiro, com Sarabia a construir para ele no lado direito, bastou-lhe encostar. O segundo, a abrir a etapa complementar, foi de excelente execução técnica, com assistência perfeita de Porro: golo de cabeça do avançado leonino. Faz-lhe bem ter a concorrência do recém-regressado Slimani.
De Porro. Voltou à titularidade e voltou às grandes exibições. Confirma-se como o melhor ala direito a actuar na Liga portuguesa e um dos melhores que jogaram desde sempre nesta posição no futebol do Sporting. Marcou um extraordinário golo aos 17' - indefensável bomba disparada de meia distância com o seu potente pé direito após assistência de Ugarte. E foi dele o passe para o segundo de Paulinho. Merece ser distinguido como melhor em campo.
De Sarabia. É um prazer ver jogar este titular da selecção espanhola, emprestado ao Sporting pelo Paris Saint-Germain. Tem classe, tem categoria, tem excelente técnica, tem apurada visão de jogo. E tem golo: marcou mais um nesta partida - o terceiro, aos 45'+1, após cruzamento de Nuno Santos, no seu terceiro jogo consecutivo a facturar nesta Liga 2021/2022. Já tinha assistido no primeiro, de Paulinho. Outra actuação de grande nível. Soma nove golos e oito assistências no Sporting.
De Gonçalo Esteves. Quando Amorim retirou Porro, decidindo poupá-lo a desgaste extra já a pensar na partida de domingo frente ao Famalicão, o miúdo que veio do Porto deu boa conta do recado. Vencendo sucessivos confrontos individuais, confirmando duas características fundamentais: intensidade e velocidade. E nem hesitou em tentar o golo: aos 83', concretizou um belo remate que rasou a trave. Por vezes faz-nos esquecer que ainda é júnior.
Da estreia de Edwards. O ex-internacional sub-20 inglês foi brindado com vibrante ovação dos adeptos neste seu jogo inaugural de verde e branco, recém-chegado de Guimarães. É um grande reforço, ninguém duvida. Terá tempo de assimilar os processos de jogo em Alvalade, sob o comando de Amorim. Fez bem o treinador em proporcionar-lhe minutos numa fase em que não pairava a menor dúvida sobre o desfecho desta partida no Jamor.
Da grande atitude da equipa. Futebol alegre e vertical, demonstrando que aquele período de mini-crise em que perdemos dois jogos (contra o Santa Clara nos Açores e contra o Braga em casa) está superado. O facto de nos termos sagrado campeões de Inverno, derrotando o Benfica na final da Taça da Liga, ajudou muito.
Da nossa regularidade na marcação de golos. Já levamos 35 jogos a facturar nesta época, até ao momento só ficámos uma vez em branco.
De termos aumentado a distância que nos separa do Benfica. Os encarnados, ontem derrotados na Luz pelo Gil Vicente (1-2), voltam a estar seis pontos abaixo de nós. E começam a ter o Braga à perna, ameaçando disputar-lhes o terceiro lugar.
Do árbitro Gustavo Correia. Deixou jogar, adoptando um critério largo, à inglesa, sem apitar sempre que um jogador se atira para o chão. Ao contrário de vários dos seus colegas, que param o jogo a todo o momento por supostas faltas que noutros campeonatos jamais mereciam o som do apito.
Não gostei
De termos sofrido um golo. Foi aos 21': belo golo de Camará, sem qualquer hipótese de defesa para Adán. Seis minutos depois, o nosso guarda-redes, com uma intervenção oportuníssima, impediu o B-SAD de fazer o 2-2: se tal não tivesse acontecido, o desfecho deste encontro talvez fosse bem diferente. A verdade, de qualquer modo, é que reforçamos a nossa posição como defesa menos batida do campeonato: apenas 13 golos sofridos em 20 jogos.
De Pedro Gonçalves. O que se passa com o nosso atacante, que brilhou no campeonato anterior e foi elemento essencial da conquista do título que nos fugia há 19 anos? Anda a rematar frouxo, um pouco perdido no campo, sem a mesma atracção pela baliza. É verdade que foi ele a iniciar o lance do terceiro golo, mas falhou dois que o Pedro Gonçalves de 2020/2021 teria concretizado.
De Vinagre. Continua a parecer um corpo estranho na equipa. Joga sempre da mesma forma, correndo colado à linha esquerda, faz sempre a mesma finta de corpo, cruza a bola sempre do mesmo modo e falha por sistema esses centros por ter deficiente noção das movimentações dos colegas na área. Desta vez esteve mais de meia hora em campo mas aproveitou-se pouco do que fez.
De mantermos cinco jogadores à bica. Sarabia, Palhinha, Porro, Esgaio e Pedro Gonçalves estão à beira de ser excluídos por acumulação de amarelos. Nenhum deles "limpou" o castigo. Esperemos que não venham a ser amarelados no próximo domingo, frente ao Famalicão, o que os impediria de comparecer no clássico do Dragão, marcado para o dia 11.
Deste inenarrável B-SAD. Vai descer de divisão no final da época, seguramente. Mas é penoso continuar a ver em campo onze jogadores que não são de nenhum clube nem formam uma verdadeira equipa, sob contrato de uma entidade sem nome nem emblema nem bandeira nem estádio nem sócios nem adeptos. Um abcesso no futebol português.
Gostei muito da goleada (0-4) do Sporting frente ao Leça, em Paços de Ferreira. Uma goleada que aqui exigi horas antes, enquanto adepto leonino, para ajudar a superar a derrota anterior, perante o Santa Clara. A equipa correspondeu ontem àquilo que eu esperava dela: quatro golos, dois em cada parte, domínio total do jogo. Era mesmo esta a nossa obrigação, atendendo ao facto de o adversário militar no quarto escalão do futebol luso, agora denominado Campeonato de Portugal. Para a vitória tão robusta contribuiu - tenho a certeza - o facto de Rúben Amorim ter voltado ao banco, já recuperado do coronavírus. Seguimos para as meias-finais da Taça de Portugal, único troféu que o actual treinador ainda não conquistou em Alvalade. Esta foi a nossa primeira vitória no ano civil agora iniciado. A primeira de muitas, todos esperamos.
Gostei da exibição de Tabata, de longe o melhor em campo. O brasileiro, ex-internacional olímpico, marcou dois grandes golos - o primeiro, aos 12', culminando uma excelente jogada individual, e o terceiro, aos 80', após cruzamento impecável de Esgaio - que já soma sete assistências de verde e branco. Quase marcou outro, aos 43', num belíssimo remate que proporcionou ao guardião do Leça a defesa da noite. E ainda fez uma assistência para o segundo, marcado por Matheus Nunes aos 31'. Merece, sem dúvida, mais oportunidades neste Sporting 2021/2022: estou certo que Amorim tomou boa nota do seu desempenho esta noite. Tal como terá gostado das actuações de Ugarte (magnífica, aquela recuperação de bola ultrapassando três adversários no início do segundo golo), Matheus Nunes (inegável qualidade na ligação entre o meio-campo e o ataque) e Nuno Santos (actuando desta vez como avançado e marcando o quarto golo aos 90'+2). Também merecem registo positivo Feddal e Gonçalo Inácio, ambos regressados. O primeiro de lesão prolongada, o segundo após ter testado positivo à covid-19.
Gostei poucode algumas exibições. Tiago Tomás, desta vez titular, esteve 90' em campo sem fazer um só remate enquadrado: outra oportunidade desperdiçada para mostrar o que vale, parecendo ter regredido face à época anterior. Vinagre, regressado ao onze inicial após longa ausência, continua a parecer carta fora do baralho: é uma espécie de corpo estranho nesta equipa. Ala esquerdo, actuou sem rasgo, sempre muito colado à linha, e desperdiçou vários cruzamentos - excepto o último, que funcionou como assistência para o golo de Nuno Santos, embora ainda tenha sofrido desvio num defesa do Leça. Também a exibição de João Virgínia - desta vez no lugar de Adán - deixou a desejar: não sofreu golos, mas teve duas saídas em falso e entregou uma bola em zona proibida por deficiente jogo de pés.
Não gostei da hora do jogo. Em noite fria de semana, com início às 20.45. Mesmo assim as bancadas estiveram animadas, com cerca de cinco mil espectadores, boa parte dos quais adeptos leoninos. Também não gostei da súbita lesão de Porro, quando já aquecia para entrar: Esgaio acabou por ser titular na ala direita, ao contrário do que fora anunciado uma hora antes do início da partida. Amorim aproveitou para descansar sete jogadores: Adán, Coates, Matheus Reis, Palhinha, Pedro Gonçalves, Sarabia e Paulinho (tendo este entrado aos 83', substituindo um Matheus Nunes já muito fatigado).
Não gostei nada que até esta fase da Taça de Portugal, segunda mais importante competição do futebol nacional, a vídeo-arbitragem estivesse ausente. Algo totalmente incompreensível, quando todos dizem pugnar pela verdade desportiva e é inquestionável que este instrumento se tornou decisivo para trazer transparência e equidade às decisões assumidas pelos árbitros de campo. Felizmente o desafio de ontem já contou com o VAR. Espero que na próxima edição da Taça os novos meios tecnológicos apareçam mais cedo nesta competição.
Esta equipa tem ganho quase tudo o que há para ganhar mas faltava-lhe um grande resultado numa noite europeia em casa.
O jogo de ontem [anteontem] foi como aquelas pomadas excepcionais. Degustam-se, apreciam-se, recordam-se, sem necessidade de muitas palavras.
Permita-me realçar dois pontos: os adeptos e a organização da equipa.
Desde a inauguração do estádio tenho Lugar de Leão, cativo durante 20 anos, e não me recordo de um apoio tão sustentado e sonoro durante todo o jogo. E não foi apenas ontem [anteontem]. Alvalade, com excepção das curvas, nunca foi particularmente ruidoso em matéria de decibéis, mas este ano vejo companheiros de sector, que durante anos e anos eram recatados e parcimoniosos na demonstração do seu apoio, a entoar cânticos.
Provavelmente um dos momentos mais marcantes deste jogo [Sporting-Besiktas] aconteceu logo aos 8 minutos quando Paulinho rematou ao poste. Em vez dos habituais ohhhhh e impropérios, ouviu-se um altíssimo e longo aplauso que galvanizou os jogadores e todo o estádio, e estendeu-se até ao apito final.
O segundo aspecto é a forma inteligente como Amorim gere o trabalho da equipa técnica, um pouco à semelhança do que acontece no futebol americano, salvo as devidas distâncias.
Em vez de “adjuntos” temos três treinadores, cada um responsável por todos os aspectos do jogo ofensivo, defensivo e situações especiais, supervisionados e coordenados por um treinador principal.
Os frutos deste modelo estão à vista: em movimentações cada vez mais criativas e interligadas, nas bolas paradas, corridas e na sincronização defensiva.
Dá gosto ver, por exemplo, o alinhamento a régua e esquadro da linha defensiva a 5, que joga de olhos fechados, e invariavelmente coloca os atacantes adversários em fora de jogo. Ou jogadas estudadas, como a do golo anulado a Pote no último jogo contra o Guimarães, das mais espectaculares que Alvalade já viu em muito tempo, entre Matheus Reis, Sarabia, Paulinho e Pote.
Os mestres da táctica (plural) moram em Alvalade.
Texto do leitor Rui Silva, publicado originalmente aqui.
No início desta campanha na Champions, eu questionava se o 3-4-3 de Amorim ia impor-se na Europa ou implodir. E depois da derrocada com o Ajax parecia-me que o Sporting tinha mesmo de encontrar um sistema alternativo, os dois médios eram impotentes para travar os ataques adversários e a defesa apanhava adversários embalados de frente. Era mesmo necessário mudar, se calhar um 4-3-3, se calhar um 3-5-2, assim não íamos a lado nenhum.
E Amorim... nada mudou. Fomos a Dortmund, e a jogar da mesma forma que jogamos nas competições caseiras equilibrámos o jogo e podíamos mesmo ter saído com um empate. Fomos a Istambul e conseguimos uma vitória rotunda. E ontem, em casa, com o mesmo campeão da Turquia conseguimos a maior goleada de sempre do Sporting na Champions.
Nada mudando, mudou muita coisa. A equipa melhorou muito, colectiva e individualmente. A coluna vertebral Adán-Coates-Palhinha-Paulinho estrutura cada vez melhor toda a manobra ofensiva e defensiva da equipa, e cria as condições para os criativos Sarabia, Pedro Gonçalves e Matheus Nunes poderem demonstrar toda a sua qualidade. A linha defensiva de 3+2 está tremendamente sólida, ficando muito difícil aos adversários conseguir ocasiões de golo e assim tranquilizando a equipa para os marcar.
Ontem, o jogo começou, o Besiktas tentou discutir o jogo mas a manta era curta, deixava espaço nas alas por onde os alas aceleravam e os interiores se desmarcavam a belo prazer. Paulinho ainda tentou insistir no desperdício, acertando nos ferros primeiro e permitindo uma boa defesa do guarda-redes noutro (aqui pareceu-me que quis assistir Pedro Gonçalves para o golo em vez de rematar), mas veio o penalti e com ele a equipa melhor ficou, e até ao intervalo foi um regalo ver o Sporting jogar e marcar. E Paulinho lá marcou mais um golão, depois dum lance todo ele da sua lavra, é mesmo incrível como acerta no mais difícil e falha no mais fácil. Se calhar porque... não nasceu com aquele instinto de ponta de lança. Mas que é um leão indomável em campo, um belíssimo avançado e é fundamental nesta forma de jogar do Sporting, isso só um cego é que não vê.
Depois do 3-0 e da excelente exibição da 1.ª parte, a 2.ª teria de ser de gestão física e psíquica, deixar o Besiktas fazer pela vida e aproveitar os espaços abertos para contra-atacar com rapidez e aumentar a vantagem. E foi assim que aconteceu, o quarto golo surgiu naturalmente numa incursão veloz de Matheus Reis, e com ele vieram as substituições. Sairam dois dos mais cansados, Paulinho e Matheus Nunes (este falhou nalgumas saídas de bola, mas esteve em passes fundamentais para alguns dos golos), para entrarem Bragança e Nuno Santos. Daí até ao fim já foi outro jogo, sem a mesma qualidade. Mesmo assim, os dois ainda tiveram uma oportunidade cada para aumentar a vantagem.
E agora como vai ser? É simples, ganhar ao Dortmund e depois ir ganhar ao Ajax, comigo na bancada num caso e noutro. Tem mesmo de ser assim. E se não for? Se não for lá teremos de ir para a eliminatória de acesso à Liga Europa, mas os 5,6M€, os 8-1 ao Besiktas e a subida no ranking da UEFA isso já ninguém nos tira.
E será fácil ganhar ao Dortmund, mesmo sem o (injustamente expulso) Hummels? Nada fácil mesmo, são a melhor equipa alemã logo a seguir ao Bayern, muito bem orientada, e com excelentes jogadores, a começar por Haaland. Mas quem vier a Alvalade por estes dias e com o apoio incansável de todos nós arrisca-se mesmo... a perder.
Gostei muitoda espectacular noite europeia do Sporting ontem em Alvalade. Goleámos o Besiktas, desta vez por 4-0 - no desafio de Istambul tínhamos vencido por 4-1. A primeira parte, que terminou com 3-0, foi uma das melhores da nossa equipa de que me recordo em muitos anos de competições da UEFA. Vencemos também no plano financeiro: estes dois triunfos asseguram 5,6 milhões de euros aos cofres leoninos. Garantimos desde já presença na Liga Europa. Mas continuamos com expectativas intactas em transitar para os oitavos da Liga dos Campeões: basta derrotarmos o Borussia Dortmund quando recebermos a turma alemã no próximo dia 24, aproveitando o facto de ter sido derrotada (1-3) pelo Ajax. Certamente o Sporting-Borussia contará com tanto público como desta vez, em que mais de 40 mil adeptos acorreram às bancadas incentivando a equipa do princípio ao fim.
Gostei do profissionalismo da nossa equipa: este era um jogo decisivo, em que só a vitória interessava. E entrámos em campo com essa atitude, decididos a marcar tão cedo quanto possível. Os golos foram aparecendo: aos 31', de penálti, por Pedro Gonçalves; aos 38', também marcado por ele, num remate muito bem colocado precedido de simulação; aos 41', por Paulinho; num disparo de meia-distância que fez levantar o estádio; e aos 56', por Sarabia, de pé direito, aproveitando da melhor maneira um ressalto em posição frontal. Pedro Gonçalves, que se estreou a marcar na Champions, regressa aos golos após um jejum de quase três meses: foi ele a sofrer o penálti e a construir excelentes jogadas que podiam ter inaugurado o marcador aos 8' e aos 10'. Merece, sem favor, o título de melhor em campo. Quando saiu, aos 72', escutou uma justíssima ovação - aliás à semelhança de Paulinho.
Gostei poucoque tivéssemos posto o pé no travão na meia-hora final, desperdiçando uma oportunidade soberana de ampliarmos o resultado, como o público ia pedindo e o próprio treinador também. Mesmo assim registámos a segunda goleada consecutiva na Champions e cumprimos uma série de 30 jogos sempre a marcar no nosso estádio para todas as competições - algo que não nos sucedia há 27 anos. Com este, já são sete desafios seguidos a vencer na temporada 2021/2022. E temos melhor quociente de golos (9-7) na comparação com o Borussia (4-8), o que pode ser fundamental como critério de desempate para prosseguirmos na Liga dos Campeões.
Não gostei de ver vários golos desperdiçados. Foram pelo menos três. Por Paulinho, que atirou ao poste aos 8' após excelente centro de Sarabia; por Daniel Bragança, que fez a bola rasar o poste aos 77'; e por Nuno Santos, ao rematar para fora quando estava isolado, aos 85'. Em qualquer dos casos, fizeram o mais difícil. Quase-golo aconteceu também, aos 48', quando Sarabia (outra exibição superlativa) fez a bola embater na barra. Também não gostei de ver sair Porro logo aos 17, por lesão: felizmente foi bem substituído por Esgaio.
Não gostei nada de continuar a ver uma parte da bancada sul despovoada. Ninguém frequenta aquela espécie de reserva de índios destinada àquilo a que o Governo atribuiu o nome de "cartão de adepto". Iniciativa totalmente fracassada, sem qualquer adesão. Aguardo que o secretário de Estado do Desporto, antes de cessar funções, anuncie o fim desta medida inútil que nunca devia ter sido tomada.
Goleada leonina em Istambul: acabamos de vencer lá 4-1. Golos de Coates (2), Sarabia e Paulinho. Salvo erro, nunca tínhamos marcado quatro fora na Liga dos Campeões.
Início complicado, com sonoro "inferno" nas bancadas, onde quase todos puxavam pela equipa deles. Mas o domínio foi inteiro do Sporting a partir do minuto 15: silenciámos os adeptos visitados nesta nossa primeira vitória desde sempre na Turquia.
Escrevo ainda em estado de euforia, por motivos compreensíveis: foi a melhor exibição europeia do Sporting de há vários anos para cá. Garante-nos três pontos na Liga dos Campeões - e o prémio monetário correspondente: 2,8 milhões de euros.
Da segunda goleada seguida, desta vez em Guimarães. Triunfo leonino frente ao Vitória minhoto, num terreno sempre difícil, e quase sempre sob chuva copiosa, o que em nada facilita a tarefa de equipas tecnicistas. Depois de termos dado quatro ao Tondela em Alvalade, repetimos a marca: 4-0. Com golos apontados por Nuno Santos (11'), Pedro Gonçalves (43' e 55') e Jovane (75'). No mesmo estádio onde há seis anos saímos derrotados por 0-3. Pormenor a destacar: todos os nossos golos nasceram de transições rápidas.
Da nossa entrada neste jogo. Pressão alta e fulgurante do Sporting no mesmo palco onde nos anteriores seis confrontos só tínhamos vencido um (em 2017/2018). Logo no primeiro minuto podíamos ter marcado duas vezes, primeiro por Sporar e logo a seguir por João Mário. Destaque para o disparo do campeão europeu, que foi bater com estrondo na trave.
Do onze titular. Rúben Amorim parece ter estabilizado o elenco-base da equipa: foi aquele que jogou desta vez de início. Com Adán na baliza; Neto, Coates e Feddal no tridente defensivo; Porro e Nuno Mendes nas alas; Palhinha e João Mário no meio-campo; Pedro Gonçalves e Nuno Santos como interiores ofensivos; e Sporar a ponta-de-lança.
De Pedro Gonçalves. Caminha, a passos largos, para se tornar um digno sucessor de Bruno Fernandes, confirmando-se como o melhor reforço desta temporada. Marcou mais dois, facturou sete golos em sete jornadas e figura já no topo dos artilheiros do campeonato. E ainda assistiu Nuno Santos a iniciar esta goleada em Guimarães. Novamente o melhor em campo.
De Sporar. Desta vez não marcou, mas revelou-se essencial na manobra ofensiva da equipa. De uma tabelinha sua com Porro nasce a assistência para o segundo golo. Cria desequilíbros lá à frente e mantém sempre em sentido os defensores contrários. A equipa melhorou bastante desde que passou a contar com ele a titular.
De Nuno Santos. Foi ele o primeiro a empurrar o Sporting para a baliza adversária, logo a abrir o jogo, ganhando a bola na velocidade. Notável a movimentação no primeiro golo, com a sua assinatura. É já o terceiro que marca de Leão ao peito. Não custa vaticinar que vários outros virão a caminho.
De João Mário. Primeira parte muito positiva do nosso médio criativo. Além do petardo à barra, destacou-se a criar lances ofensivos, com bom domínio técnico e segurança no transporte de bola. Numa dessas ocasiões, correu 50 metros com ela, galgando terreno e driblando adversários, dando assim início à construção do segundo golo. Quebrou na etapa complementar, acusando desgaste físico, sendo bem substituído aos 58' por Matheus Nunes, autor da assistência a Jovane no remate que selou a nossa goleada em Guimarães.
De Adán. O guarda-redes espanhol - outro bom reforço desta temporada - já merece destaque. Notável, a assistência que fez para o terceiro golo, com um passe longo a que Pedro Gonçalves deu a melhor sequência, lá na frente. Golo marcado com apenas dois toques na bola. Como de costume, transmitiu segurança à equipa. Grande defesa aos 22', a parar um livre apontado por Ricardo Quaresma. Saiu muito bem dos postes aos 64', anulando uma situação de perigo. É um dos principais responsáveis pelo facto de o Sporting ser neste momento a equipa menos batida do campeonato, com apenas quatro golos sofridos.
Da nossa dinâmica ofensiva. Este foi o nosso quarto jogo seguido a ganhar. Foi também a nossa quarta vitória consecutiva fora de casa na Liga 2020/2021 - algo que não acontecia à sétima jornada desde a época 1996/1997, sob o comando técnico do belga Robert Waseige. Somos a equipa com mais golos marcados: 19.
De terminar este jogo com cinco jogadores da formação. Mantém-se a aposta nos jovens oriundos da Academia de Alcochete: quando soou o apito final, estavam em campo Nuno Mendes, Palhinha, Jovane, Daniel Bragança e Tiago Tomás.
De continuar a ver o Sporting no comando da Liga. Desde Setembro de 2016 que não estávamos duas jornadas seguidas isolados no primeiro posto. Ficaremos assim pelo menos mais três semanas, devido à pausa para jogos das selecções. Neste momento temos mais quatro pontos do que o Benfica e mais nove do que o FC Porto, que ainda não actuou na sétima ronda do campeonato.
Não gostei
Do V. Guimarães. Prometia muito no início da época, exibindo até um vídeo algo ridículo com Quaresma montado a cavalo junto ao paço ducal. Reforçou-se com jogadores como Bruno Varela e Sílvio, que já foram do Benfica, e o ex-Leão Miguel Luís (que continua sem agarrar a titularidade). Mas está muito longe do brilho de outras épocas, algo bem reflectido nas estatísticas: até agora ainda só marcou um golo em casa, de penálti.
Das bancadas vazias. Cada vez acho mais incompreensível que as mesmas autoridades sanitárias que autorizam espectadores nas competições motorizadas, provas hípicas, circos, touradas, manifestações de várias tonalidades e até em jogos de futebol da selecção nacional e das equipas que disputam competições europeias persistam na interdição absoluta de público quando se trata de jogos do campeonato. Absolutamente deplorável, ver o Estádio D. Afonso Henriques assim deserto.
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