Gyökeres tentou sem conseguir: ficou em branco contra equipa de Barcelos. A culpa não foi dele
Foto: Manuel Fernando Araújo / EPA
Este foi o jogo que apressou a inevitável queda de João Pereira, que vários de nós antecipámos aqui com a devida antecedência. Quase todos reconhecem agora que o ex-técnico da nossa equipa B - sem um minuto de experiência anterior no plantel principal nem habilitação para o efeito - nunca devia ter sido apresentado nos moldes em que o foi pelo presidente do Sporting. Nem estava qualificado para o efeito, nem tinha sido preparado para isso, nem revelou qualquer atributo que o recomendasse para o cargo.
João Pereira, logo na primeira declaração à imprensa, aludiu a «erro de casting», numa declaração que poucos entenderam. Estaria, no fundo, a falar de si próprio.
Como os números tornam evidente. Em oito desafios sob a sua orientação, a equipa principal do Sporting só conseguiu ganhar dois ao fim dos 90 minutos: goleada ao Amarante, equipa da terceira divisão composta por jogadores não-profissionais, e triunfo tangencial e muito esforçado em Alvalade ao débil Boavista que parece condenado à descida de divisão.
Nenhuma vitória fora de casa.
Alguns adeptos - cada vez menos - pareciam continuar a apostar nele, com fé cega nesta opção errada de Frederico Varandas. Mas nem árbitros, nem postes, nem infortúnio, nem jornalistas ou comentadores e muito menos a "pesada herança" de Amorim podem explicar a pobreza técnica, táctica, física e anímica da equipa principal do Sporting neste mini-ciclo que não deixa a menor saudade.
Impunha-se virar a página. E ela foi virada, creio que ainda a tempo. Mas só após oito pontos perdidos para o campeonato nacional, seis outros a voar para a Liga dos Campeões e a liderança da Liga 2024/2025 para já entregue ao Benfica, reeditando o pesadelo de Natais passados.
Todas as deficiências deste Sporting da brevíssima era João Pereira foram manifestas na nossa deslocação a Barcelos domingo passado, dia 22.
Incapacidade de criar dinâmicas, de ligar sectores, de jogar sem bola. Um central em má condição física, Eduardo Quaresma, escolhido para o onze inicial - e substituído ao intervalo por impossibilidade de continuar em campo. Um miúdo da B, Mauro Couto, passando à frente do inexperiente Edwards quando era necessário um criativo que desatasse o nó ainda com 12 minutos para jogar. Outro miúdo, João Simões, mantendo-se colado a Morten sem missão para romper linhas. Gyökeres perdido lá na frente, sendo quase só solicitado para jogo de cabeça, precisamente a menor das suas virtudes como atacante.
O onze leonino voltou a mostrar-se apático, triste, sem rasgo nem chama. Espelho afinal daquela alegada equipa técnica que se sentava no banco.
Chegou-se ao intervalo em branco: nenhuma verdadeira oportunidade de golo. Apesar do constante incentivo dos adeptos, presentes em grande número entre os cerca de 9 mil espectadores no estádio gilista.
Depois do intervalo, a equipa mostrou-se mais veloz. Mas a defesa adversária levou sempre a melhor. Aos 67', o guarda-redes Andrew voou para impedir o golo de cabeça de Harder, a passe de Trincão. Aos 81', o brasileiro voltou a brilhar esticando-se para desviar in extremis a bola tocada por Trincão que levava selo de golo.
Foi pouco, muito pouco.
Caiu o pano. Sobre um jogo de que não rezará a história. Foi apenas o quarto empate a zero do Sporting nas últimas 229 partidas - bem diferente da nossa goleada por 4-0, no mesmo estádio, há apenas oito meses, já na recta final do campeonato anterior.
Segundo jogo em branco, após a derrota em casa (0-1) frente ao Santa Clara.
Três jogos seguidos sem vencer fora de Alvalade - registo inédito nesta temporada.
Média de pontos acumulados nas últimas quatro partidas da Liga 2024/2025: apenas um. Doze em disputa, só quatro amealhados.
Israel (6) - Cumpriu, quase sem ser importunado. Bons reflexos aos 90'+4, a tiro de Félix Correia.
Eduardo Quaresma (3) - Missão de sacrifício pelo segundo jogo consecutivo. Saiu ao intervalo, com queixas físicas. Nem devia ter calçado.
Diomande (6) - Regressou ao onze titular, como se impunha. Domínio do jogo aéreo. Ganhou quase todos os duelos.
Debast (6) - Cortes eficazes as 17' e 44'. Qualidade evidente nos passes à distância. Serviu bem Gyökeres (18'), Araújo (36) e Geny (70').
Quenda (5)- Voltou à posição de ala direito. Excelente variação de flanco servindo Araújo, aos 10'. Menos bem em missões defensivas.
Morten (7) - Esteio no meo-campo, destacando-se em oito recuperações. Foi ele a orientar também as posições de alguns colegas. Controlou espaço, O melhor dos nossos.
João Simões (5) - Esforçado, mas insuficiente. Perdeu demasiadas vezes a bola. Abusa dos passes laterais. Tem muito a aprender com Morten.
Maxi Araújo (4) - Talvez funcione como extremo, não serve como ala. Acumulou más decisões. Chegou a escorregar quando transportava a bola. Tarda em impor-se.
Trincão (7) - Não está "morto", como disse Varandas. Apesar dos 2226' já jogados. Passe-assistência para Harder (67') e quase marcou ele próprio (81'). Fez Andrew brilhar.
Harder (5) - Quase marcou de cabeça, mas o guardião gilista não deixou. Pareceu peixe fora de água como interior esquerdo: não é Pedro Gonçalves quem quer.
Gyökeres (5)- Muito condicionado pelo médio Gbane, que tinha a missão de o vigiar. Foi contra ele que cabeceou aos 10'. Sem oportunidades flagrantes.
Matheus Reis (5) - Substituiu Eduardo Quaresma após o intervalo. Com maior capacidade de transporte.
Geny (6) - Rendeu Quenda aos 66'. Remate a rasar o poste (70'). Desequilibrou na ala direita, talvez devesse ter entrado mais cedo.
Mauro Couto (4) - Entrou aos 87', rendendo Araújo. Esquerdino à direita, com Edwards no banco, atrapalhou-se com a bola aos 90'+2 quando pretendia rematar. Nada acrescentou.
De outro tropeção no campeonato. Mais dois pontos perdidos, desta vez em Barcelos. Cem minutos de jogo não bastaram à equipa ainda sob o alegado comando de João Pereira para desfazer o nulo num estádio onde em Abril, com Ruben Amorim ao leme, tínhamos goleado por 4-0. Que diferença brutal entre as duas partidas, no mesmo palco e perante o mesmo adversário. O que mudou? Sabemos bem de mais.
De termos sido incapazes de marcar ao menos um golo. Desde 5 de Abril de 2023 que não concluíamos um jogo com um empate a zero para a Liga portuguesa. Também em Barcelos, por coincidência.
Da nossa inoperância ofensiva. Duas oportunidades de golo em toda a partida - por Harder, aos 67', e por Trincão, aos 81'. Inviabilizadas por grandes defesas do guarda-redes Andrew, melhor jogador em campo. Muito pouco para uma equipa que mantém aspirações ao título. Quase nada.
Da nossa primeira parte. Lentidão de processos, falta de mobilidade, abuso até à náusea de passes lateralizados no meio-campo defensivo, incapacidade na criação de movimentos de ruptura e no preenchimento de espaços. Estéril "posse de bola". Chegou a dar sono. E provocou tristeza na grande maioria dos adeptos. O Sporting está irreconhecível.
Da entrada de Quaresma no onze. João Pereira teimou em incluí-lo entre os titulares. Erro: o jovem central acusou problemas musculares que já vinham de dois jogos anteriores, o que afectou muito o seu rendimento em campo. O técnico viu-se forçado a trocá-lo (por Matheus Reis) ao intervalo.
De Maxi Araújo. Vão-se sucedendo os jogos - e tarda em mostrar atributos que justifiquem a sua vinda para o Sporting, por um preço nada módico. Anteontem voltou a andar muito desaparecido do jogo, defendendo mal e atacando sem critério. Fez um bom cruzamento para Gyökeres logo aos 10' e depois eclipsou-se em movimentações inconsequentes no corredor esquerdo. Chegou a escorregar sozinho, algo que não se compreende.
De Mauro Couto. Incompreensível, a opção do técnico de deixar Edwards no banco para apostar aos 87' na entrada do ala esquerdino a jogar à direita (outro para a colecção). O jovem de 19 anos, oriundo da equipa B, quis mostrar serviço, mas sem conseguir. Aos 90'+2 atrapalhou-se sozinho com a bola, lá na frente, e falhou uma finalização em lance que parecia para os "apanhados".
De St. Juste. Figura aqui precisamente por não ter jogado. Numa equipa já muito fustigada por lesões, fez-se expulsar na partida anterior, encolhendo ainda mais as opções defensivas à disposição do técnico. Comportamento imperdoável: o holandês já não é nenhum garoto e tinha obrigação, muito mais do que outros colegas, de manter a cabeça fria para dar o exemplo. Infelizmente, fez ao contrário.
De ver Félix Correia contra nós. Esteve dez anos no Sporting, devendo toda a sua formação como futebolista à Academia de Alcochete. Um dia quis dar o passo maior do que a perna e recusou permanecer em Alvalade. Poderia ser hoje titular de leão ao peito, mas a ambição desenfreada virou-se contra ele. Consequência: anda a jogar no Gil Vicente.
Da equipa técnica. A mesma inoperância, a mesma incapacidade de reacção, a mesma deficiente leitura de jogo, a mesma ausência de ousadia, a mesma incompreensível gestão do esforço dos futebolistas. João Pereira queixa-se de jogar a cada três dias, mas voltou a não esgotar as substituições pelo terceiro desafio consecutivo.
De termos desperdiçado a larga vantagem de que dispúnhamos no final de Novembro. Ao quarto jogo do campeonato com João Pereira no banco, apenas quatro pontos conquistados em doze possíveis. Resultado: deixámos o FC Porto igualar-nos e o Benfica ultrapassar-nos na tabela classificativa. Desde Maio de 2023 que os encarnados não lideravam isolados o campeonato. A "pesada herança" recebida de Ruben Amorim foi desperdiçada em apenas um mês.
Gostei
De Morten, o melhor leão. Verdadeiro capitão de equipa, aquele que revela nervos de aço mesmo nos momentos mais complicados. Procurou sempre orientar os colegas - designadamente João Simões, de apenas 17 anos, seu parceiro no meio-campo - em movimentações com bola e sem ela. Dando ele próprio o exemplo: protagonizou oito recuperações.
De Trincão. Anda esgotado, o que não admira: ainda não falhou um jogo desde o início da temporada, já soma 2226 minutos. Mesmo assim foi tentando remar contra a maré, procurando soluções criativas para romper a muralha defensiva do Gil Vicente. Aos 78' chegou a introduzir a bola na baliza, mas não valeu porque o árbitro André Narciso havia apitado dois segundos antes para assinalar um penálti que afinal não existia (revertido pelo VAR em monumental trapalhada que volta a desacreditar a arbitragem). Três minutos depois, num remate cruzado de ângulo apertado, deu o rumo certo à bola, desviada in extremis para canto pelo guardião gilista.
De Diomande. Desta vez foi titular, o que faz todo o sentido. Não pode ficar de fora, excepto por castigo ou lesão: é o nosso melhor central do momento. Único com capacidade para comandar o reduto defensivo. Foi o que fez nesta partida, ganhando quase todos os duelos e articulando-se de forma eficaz com os companheiros.
Da boa "moldura humana". Quase dez mil espectadores num estádio com lotação máxima para 12 mil. Muitos dos que compareceram apoiaram sem cessar os nossos jogadores. E mesmo no fim foram escassos os assobios e os lenços brancos. Conclusão: de falta de apoio não pode esta equipa queixar-se.
Até agora, em oito jogos no banco, João Pereira só conseguiu ganhar dois aos 90 minutos. Contra o amador Amarante da terceira divisão (primeiro desafio pós-Amorim) e o falido Boavista, há dois anos proibido de contratar jogadores.
Neste mês e meio, só para a Liga, disputou quatro jogos, tendo vencido apenas um. Ontem empatou com o modesto Gil Vicente que havíamos goleado por 4-0, no mesmo estádio, para o campeonato anterior.
Doze pontos em competição, oito perdidos. Média: dois pontos atirados às urtigas em cada jogo. Merece registo? Claro que sim. Pela negativa.
Frederico Varandas tem certamente um plano para manter Pereira colado ao banco de treinador da equipa A. Mas é um plano tão oculto que ninguém consegue vislumbrá-lo. Talvez nem ele.
"A nível defensivo estamos muito mais fortes", declarou hoje João Pereira após empatar a zero com o Gil Vicente. No mesmo estádio onde no campeonato anterior goleámos por 4-0.
Tem razão. Agora, ao menos, conseguimos perder pontos sem sofrer golos. Será motivo para festejar?
Penso que foi a melhor exibição do Sporting com João Pereira, competente a defender sob a liderança de Diomande, mas não chegou para ganhar em Barcelos.
Não chegou porque a equipa está visivelmente cansada, porque não existem rotinas atacantes nem combinações entre o ala e o interior do mesmo lado, porque não existe aquele sentido de contra-golpe que existia anteriormente com Amorim, porque o banco foi ocupado pelos miúdos da equipa B devido a lesões e castigos.
A equipa muitas vezes acelera desde trás e trava logo a seguir, deixando a equipa contrária posicionar-se e tornar tudo mais difícil. Em vez de atacar a profundidade e procurar o centro tenso, passa para trás e para o lado. Uma equipa previsível e fácil de anular.
Primeira parte desperdiçada pela circulação de bola lenta, com o defesa com melhor saída de bola fora de posição, João Simões muito abaixo do que já mostrou, e os dois alas desastrados na definição dos lances.
Segunda parte muito melhor com Debast na direita e Matheus Reis na esquerda, e é nestes pormenores que o João Pereira complica a sua vida e a vida do Sporting (porque insiste no Quaresma à direita à custa do Debast?), mais bolas em profundidade, mais ocasiões de golo, mais tudo.
Mas não chegou. Catamo entrou e foi melhor que Quenda, mesmo com aquele livre disparatado no final, Mauro Couto também, mas quando Edwards fica no banco e entra Mauro Couto, alguma coisa se deve passar. Ou então João Pereira ainda pensa que é o treinador da equipa B, os dois pontos não fazem falta, o objectivo é mesmo dar minutos aos miudos.
Depois veio o Tiago Teixeira e a impressão é a mesma. Dois pontos perdidos, devemos entrar no dérbi a perder com o Benfica, mas tudo calmo e tranquilo, sem stress. Também ainda não percebeu que não está na equipa B. E é assim que lida com os jogadores no dia a dia?
Enfim, muitas lesões, alguns castigos, más decisões. Faz pena ver tanto esforço para tão pouco.
Melhor em campo? Diomande, no seu melhor, e com ele não sofremos golos. Esteve no banco nos ultimos jogos porquê, João Pereira?
Arbitragem? Quando um árbitro corre a marcar um penálti quando a bola segue para remate para golo, e a decisão é revertida, vamos dizer o quê? São aquelas coisas APAF que só acontecem ao Sporting.
E agora? Ganhar o dérbi em Alvalade, o que sinceramente não vai ser fácil.
PS: Com João Pereira, e sem contar com o jogo contra o Amarante, foram 2V 1E 4D, 8-13 em golos. A melhor exibição foi a de hoje. Não chega. Uma enorme desilusão. Treinador precisa-se.
Após duas derrotas (com Santa Clara e Moreirense) e uma vitória tangencial e muito sofrida (com Boavista), João Pereira é hoje submetido a um quarto teste como orientador da nossa equipa profissional de futebol. Desta vez em Barcelos: vamos ali enfrentar o Gil Vicente a partir das 20.30.
No campeonato anterior, em Abril, fomos lá golear 4-0. Na senda imparável do título que seria nosso.
O que vai passar-se agora? Aguardo os vossos prognósticos.
Parabéns ao leitor Pedro Batista, único que acertou no singelo resultado do Famalicão-Sporting: 0-1. Os adeptos vão-se habituando a goleadas, a vitórias muito expressivas (foram 17 jogos seguidos a marcarmos mais de uma vez), e esquecem-se de que um triunfo fora, pela margem mínima, é um desfecho previsível e louvável.
Parabéns ao duo vencedor da mais recente ronda de prognósticos futebolístico: tanto o nosso leitor Paulo Batista como o meu colega Edmundo Gonçalves previram o 0-4 final do Gil Vicente-Sporting, acrescido da menção a Trincão como marcador de um dos golos (acabou por marcar dois).
Menção honrosa para o leitor Jô, que também anteviu o resultado embora sem acertar em nenhum dos artilheiros da nossa goleada em Barcelos.
Na última sexta-feira, o estádio do Gil Vicente foi anexado pelo Sporting, tornando-se num Alvalade II. Que ambiente, meus senhores!
E se no arranque da partida, o entusiasmo estava a 100%, com a rajada de golos nos primeiros minutos, rapidamente passou para os 200%. E assim se manteve ao longo da partida.
A cereja em cima do bolo foi, a determinado momento da segunda-parte, o lançamento de fogo de artifício, o que dobrou ainda mais o ânimo das bancadas.
Tudo muito bonito, portanto, a festa foi linda, só que...ainda não somos campeões.
Como assinalou abaixo o Pedro Correia, ainda faltam seis finais. E as próximas duas são absolutamente vitais. E estamos a falar do Sporting, que raras vezes se vê nesta posição nesta fase do campeonato.
É melhor serenarmos os ânimos. Quem soube esperar 18/19 anos para ser campeão, também saberá conter o entusiasmo e guardar-se mais umas semanitas.
Francisco Trincão marcou dois golos em Barcelos: melhor em campo, herói do jogo
Foto: José Coelho / Lusa
Nem parecia um embate entre as mesmas equipas que há um ano, no mesmo estádio, se saldou por uma medíocre prestação leonina, incapaz de conseguir melhor do que um empate a zero. Este Gil Vicente-Sporting confirmou, até junto daqueles mais reticentes em reconhecer tal facto, como o conjunto verde-e-branco da época em curso está a ser muito mais competente. Com os resultados que sabemos.
Foi em jeito de rolo compressor que o onze comandado por Rúben Amorim iniciou o desafio de sexta-feira em Barcelos, disposto a garantir os três pontos no prazo mais curto. Asfixiando à nascença todas as iniciativas da equipa anfitriã em libertar-se da sufocante pressão que lhe fizemos.
O desígnio estratégico concretizou-se com brilhantismo: ao quarto de hora já vencíamos por 2-0. Golos de Francisco Trincão (com o pé direito!), aos 7', escassos segundos após Morita ter feito a bola embater na barra. Duas oportunidades, um golo. Diomande ampliou a vantagem num cruzamento perfeito, após a marcação de um canto, com assistência de Pedro Gonçalves.
O entusiasmo nas bancadas era tão audível que até parecia estarmos a jogar em casa. Nada como as vitórias para cimentar a relação entre os adeptos e a equipa - e reconduzir as claques à função primordial que lhes deu origem: apoiar os jogadores.
Foi nesta atmosfera festiva que surgiu o terceiro golo. Novamente apontado por Trincão - herói da noite em Barcelos, sem dúvida o melhor em campo. Nascido num lance rápido, com bola ao primeiro toque, em tabelinha com Daniel Bragança - outra exibição de inegável qualidade no relvado minhoto. Aconteceu aos 31': ficava claro que a vitória já não nos fugia. Enquanto a turma da casa continuava sem possibilidade de invadir o nosso meio-campo.
Gyökeres, incansável, procurava também o golo. Quase conseguiu, aos 38', num petardo em que fez pontaria à trave e a bola resvalou para as costas do infeliz guarda-redes Andrew, entrando na baliza. Ficou creditado como autogolo: foi o quarto desafio seguido do craque sueco sem a meter lá dentro. O que não invalida o seu excelente saldo da temporada: 37 golos apontados, 23 dos quais na Liga.
Construída ao intervalo, esta vitória robusta de há três dias permitiu-nos descansar com bola durante toda a segunda parte, já a pensar no desafio de amanhã em Famalicão. Que ninguém imagina vir a ser fácil. Deu para trocar Gonçalo Inácio por Coates, Pedro Gonçalves por Edwards, Trincão por Paulinho, Geny por Fresneda (enfim recuperado da prolongada lesão que o afastou dos estádios) e Daniel Bragança por Koba.
Quem mais brilhou, nesta etapa complementar, acabou por ser Israel. Que manteve a nossa baliza inviolada, numa aparatosa defesa a negar o tento de honra à turma gilista.
Levamos 127 golos marcados desde o início da temporada. E a sexta melhor marca goleadora de sempre na história do Sporting - e a melhor desde os tempos já muito recuados de Fernando Peyroteo. Marcamos há 37 jornadas seguidas. Reforçamos o comando isolado do campeonato, agora com 74 pontos - tantos quantos fizemos em toda a época anterior, quando ainda temos seis jogos por disputar. Cumprimos o 15.º desafio da prova sem perder. Cumprimos uma série de 17 jogos consecutivos a marcar pelo menos dois golos, tendo agora 83 na Liga. Tantos quantos o Benfica apontou em todo o campeonato 2022/2023.
Não admira, por isso, que nas bancadas do estádio barcelense surgissem várias tarjas onde se lia: «#ficaAmorim». Exprimem o desejo de todos os adeptos. Ou quase todos, para ser mais rigoroso. Há sempre algumas hienas no reino do leão.
Breve análise dos jogadores:
Israel - Exibe mais segurança de jogo para jogo. Não teve muito trabalho, mas quando foi chamado a intervir revelou brilhantismo, impedindo o golo gilista, aos 64'.
Eduardo Quaresma - Cumpriu, vencendo duelos enquanto se desdobrava entre central à direita e a posição de lateral, permitindo assim Geny actuar como extremo.
Diomande- Destacou-se como patrão da defesa, no lugar do onze que costuma estar reservado a Coates. Mas o momento alto foi lá na frente: marcou muito bem, de cabeça, o golo 2.
Gonçalo Inácio - Continua algo desconcentrado, errando mais do que nos habituou. Mas colocou a bola com critério. De um passe seu, ao desmarcar Pedro Gonçalves, nasce o quarto golo.
Geny - Desta vez não foi ele o herói. Nem sequer marcou. Mas soube criar desequilíbrios, mantendo a defesa adversária em sentido. À direita na primeira parte, à esquerda na segunda.
Morita - Temos de volta o talentoso médio que brilhou antes da mais recente chamada à selecção. Deu o primeiro sinal de vida numa bola ao poste (7'). Muito combativo nos duelos.
Daniel Bragança - Capitão inicial, compôs parceria perfeita com Morita, em sucessivas altenâncias de posição que dinamizaram o corredor central. Assistência perfeita no terceiro golo.
Esgaio - Com Matheus lesionado, comprovou a sua versatilidade alinhando como ala esquerdo. Devolvido ao corredor oposto na segunda parte, teve lapso defensivo que podia ter saído caro.
Trincão - Marcou duas vezes, o primeiro e o terceiro, e podia ter levado novamente a bola ao fundo das redes em remate que rasou a trave (19'). Cada vez mais influente. Melhor em campo.
Pedro Gonçalves - Imprescindível como titular, a colocar bem a bola e a desposicionar a defesa. Mais duas assistências: no segundo golo e no quarto - este com o pior pé. Ou o menos bom.
Gyökeres- Dele, os adeptos esperam sempre golos. Mas ainda não foi desta que quebrou o breve jejum. Esteve quase, no quarto golo: rematou à trave e a bola tabelou no guarda-redes.
Coates - Entrou aos 62', substituindo Gonçalo Inácio. Já quando a equipa fazia gestão de esforço, "descansando com a bola".
Edwards - Substituiu Pedro Gonçalves aos 62'. Continua errático, lento a decidir. Aos 89', de frente para a baliza, perdeu oportunidade de marcar o nosso quinto golo.
Paulinho - Entrou para o lugar de Trincão aos 70'. Sobretudo com a missão de segurar a bola e fixar defesas com as suas movimentações na linha avançada.
Fresneda - Em campo desde o minuto 70', rendendo Geny. Nunca tinha jogado tanto de leão ao peito no campeonato. Como ala esquerdo, de pé trocado. Perdeu três duelos.
Koba - Substituiu Daniel Bragança ao 78'. Melhor momento: bom transporte de bola no minuto seguinte. Mas continua a pecar por falta de intensidade.
O bom campeonato do Gil Vicente, a atual situação do Gil Vicente, o novo treinador do Gil Vicente, as perspectivas do Gil Vicente, a qualidade do plantel do Gil Vicente, o percurso daquele jogador do Gil Vicente com 37 anos, os conselhos ao meio-campo do Gil Vicente para melhorar o seu desempenho, o posicionamento dos defesas do Gil Vicente, os atacantes do Gil Vicente que a qualquer momento podem virar o jogo. O Sporting acaba a primeira parte a ganhar 4x0. Tá bem, mas continuando o relato: o Gil Vicente...
Não há dúvida que o dinheiro mais bem ganho é aquele que se poupa por não assinar a cloaca televisiva da SporTV.
De outra goleada. Caminhamos em ritmo acelerado rumo à conquista do campeonato, com sucessivos obstáculos derrubados. Desta vez foi em Barcelos, no mesmo estádio onde tínhamos empatado a zero na época anterior - e onde sofremos eliminação frente ao Varzim, na Taça de Portugal dessa época. Vitória por quatro golos sem resposta - toda construída antes do intervalo. Há mais de duas décadas que não conseguíamos tal proeza - desde 2001/2002, num desafio frente ao Paços de Ferreira. O Sporting soma e segue.
De Trincão. Está a fazer a melhor época no Sporting, confirmando que é mesmo reforço. Mais dois golos apontados: o primeiro, logo aos 7', de pé direito; o segundo (que foi o nosso terceiro), aos 33', correspondendo da melhor maneira a excelente abertura de Daniel Bragança. E ainda brilhou num remate, aos 19', que rasou a trave gilista. Melhor em campo, novamente. Já soma sete golos - nove no total da temporada - e sete assistências.
De Pedro Gonçalves. Sempre útil. Mesmo quando não marca, assiste. Ontem, mais duas assistências. Saiu dele o passe certeiro após um canto, rumo à cabeça de Diomande, para o segundo golo leonino, aos 11'. E assistiu Gyökeres no nosso quarto, aos 38', num tiro à trave que acabaria por levar a bola a resvalar nas costas do infeliz guardião Andrew - de luto por ter sabido horas antes a triste notícia do falecimento da mãe. Ninguém no Sporting trabalha com tanta competência entre linhas como o craque transmontano. Imprescindível.
De Diomande. Com Rúben Amorim a fazer gestão física do capitão Coates, coube ao jovem marfinense comandar a nossa linha defensiva - entre Eduardo Quaresma e Gonçalo Inácio, dois talentos formados em Alcochete. Funcionou sem problema. E com momentos de inegável brilhantismo, culminando no golo que marcou ao elevar-se mais alto do que os defensores da turma antitriã, num vistoso cabeceamento. A bola só parou no lugar certo: o fundo das redes.
De Daniel Bragança. Morten não jogou: estava castigado, com acumulação de cartões. Mas nem se deu pela ausência do craque dinamarquês. A sua posição estava bem preenchida com outro talento da Academia de Alcochete. Daniel Bragança, bom no passe e no transporte, conduziu bem as operações no corredor central, formando sólida parceria com Morita. Capitão da equipa até à entrada de Coates, aos 62', destacou-se nas recuperações e sobretudo na exímia assistência para o terceiro golo. Recebeu merecido aplauso ao dar lugar a Koba, aos 78'.
De Rúben Amorim. Terei de destacá-lo sempre pela positiva, presumo, até ao final do campeonato. Desta vez, confrontado com duas baixas no onze titular, voltou a adaptar-se da melhor maneira às circunstâncias deixando Geny como extremo, confiando a Eduardo Quaresma a dupla missão de ser central à direita e lateral na mesma faixa e remetendo Esgaio para a ala esquerda. Tudo funcionou num jogo em que já vencíamos com duas bolas de vantagem antes do primeiro quarto de hora. Isto permitiu ao treinador gerir a equipa no plano físico. Atendendo já ao próximo desafio: será em Famalicão, terça-feira, a partir das 20.15. Vai cumprir-se enfim o jogo que ficou em atraso.
Do nosso desempenho. Imparavel. A equipa transmite confiança, optimismo, alegria no relvado. Desenhando um futebol vertical, capaz de desposicionar os adversários com manobras ofensivas alternadas pelos corredores externos, súbitas variações de flanco e manobras entre linhas que condicionam o jogo rival. Com entrada fortíssima em campo, uma vez mais. «A equipa que faz da euforia a sua anti-depressão», como justamente titulou o Observador na crónica do jogo.
De Manuel Oliveira. Boa arbitragem: mal se deu por ele.
Do apoio nas bancadas. Havia mais de onze mil espectadores em Barcelos. Grande parte deles eram adeptos do Sporting, que incentivaram os nossos jogadores do princípio ao fim. Exibindo faixas muito apropriadas onde se podia ler «#ficaAmorim».
De já termos marcado 127 golos em 2023/2024. É o sexto melhor registo de sempre na história leonina. E o melhor desde os longínquos tempos de Peyroteo, na época 1946/1947.
Dos 74 pontos já conquistados. Igualámos a pontuação do campeonato anterior - quando ainda nos faltam seis partidas por disputar agora.
De ver o Sporting marcar há 37 jornadas seguidas. Sempre a fazer golos, desde o campeonato anterior - com uma série de 17 jogos seguidos a facturar pelo menos duas vezes. Reforçamos a nossa posição no topo das equipas goleadoras. Basta comparar: temos 83 marcados, já mais um do que o Benfica em toda a época anterior, seis rondas antes do fim da prova. Esta é a melhor marca de uma equipa na Liga, à 27.ª jornada, desde 1983/1984, igualando o SLB dessa época. E cumprimos o 15.º desafio consecutivo sem perder na Liga 2023/2024, com seis triunfos consecutivos. Na segunda volta, até agora, ainda só perdemos dois pontos - no empate em Vila do Conde.
Não gostei
Das ausências de Morten e Nuno Santos. Tapados com cartões amarelos, ficaram ambos fora deste confronto em Barcelos. Mas, em rigor, não fizeram falta. É um dos segredos do sucesso desta equipa tão bem orientada por Rúben Amorim: o conjunto funciona com eficácia sejam quais forem os elementos do onze titular.
De ver Gyökeres em branco. Quarto jogo consecutivo do internacional sueco sem marcar de leão ao peito. Nunca tinha acontecido. Mas ele bem tentou, com aquelas suas inconfundíveis arrancadas relvado fora, levando tudo à frente. Num desses lances, sempre sublinhados com aplausos, disparou um tiro que fez a bola embater novamente à barra - terceira vez nos últimos três jogos. Mas esta acabou por entrar, embora tabelando no guarda-redes gilista. Foi o nosso quarto golo de ontem. Olhando para o internacional sueco, percebia-se o seu desalento ao concluir que não lhe fora creditado.
Da falta de golos no segundo tempo. O resultado ficou construído aos 38'. A equipa baixou o ritmo na etapa complementar, como era previsível, e o jogo adquiriu uma toada mais monótona, com o Gil Vicente quase sempre incapaz de dar réplica. Só criou uma oportunidade de golo, aos 64', num remate cruzado que Israel defendeu com brilhantismo entre os postes.
De Fresneda. Pudemos enfim voltar a vê-lo algum tempo em campo: entrou aos 70', substituindo Geny. Mas o espanhol continua sem demonstrar as qualidades que levaram o Sporting a contratá-lo. Corre muito, mas perde a bola com facilidade. Assim aconteceu aos 77', 79' e 81'. Tarda em mostrar-se útil
De ver Félix Correia com outro emblema. O talentoso extremo foi formado em Alcochete, onde jogou até aos 19 anos. Depois forçou a saída, quis mudar de ares. Levaram-no para o Manchester City, onde nunca chegou a jogar; depois para a Juventus, onde só actuou uma vez pela equipa principal, durante sete minutos, numa partida da Taça italiana. Agora joga no Gil Vicente por empréstimo da Juve. Estranha forma de gerir a carreira. Podia ser um dos nossos, mas optou por nos virar as costas. Que lhe faça bom proveito.
Vendaval verde esta noite num campo sempre difícil, o do Gil Vicente, que combinou muito bem uma fortíssima vontade de vencer com uma capacidade táctica ao nível de excelência, aqui ou em qualquer lado. E assim é mesmo díficil segurar Rúben Amorim, até um observador inglês intoxicado com Super Bocks e aos tombos na bancada rapidamente percebe o "monstro" que ali está.
Com os alas e os interiores de "pé trocado", o Sporting entrou com uma grande aceleração de jogo pelas zonas centrais e uma pressão muito forte sobre a defensiva contrária, que permitia depressa transformar recuperações de bola em remates ao golo. Depois o talento de Trincão fez o resto. Só foi pena a cabeçada de Gyökeres a centro milimétrico de Pedro Gonçalves ter batido na nuca do guarda-redes infortunado do Gil Vicente (aproveito para endereçar as minhas condolências ao rapaz).
Com 4-0 ao intervalo a segunda parte foi de gestão física, foram saindo os mais fatigados e entrando quem precisava de minutos, bola recuperada atrás era bola colocada em Gyökeres, mas a noite não era a dele.
Impossível desvalorizar uma vitória por 4-0 em Barcelos, independentemente da situação actual da equipa local, como impossível é também supor que em Famalicão vai ser assim tão simples, a equipa local vai entrar em campo com a lição bem estudada para fazer bem diferente do que fez o Gil Vicente.
Melhor em campo? Trincão, depois dele os outros todos que entraram de início.
Arbitragem? Desta vez não encontrou motivos para estragar o jogo, mas também não os inventou.
E agora? Onda verde em Famalicão na terça-feira, já com Hjulmand e Nuno Santos, e depois se verá em Alvalade.
Jogamos mais logo, a partir das 20.15, em Barcelos. Na expectativa de superarmos outro obstáculo na caminhada para o título, que (quase) todos ambicionamos.
Bem melhor do que no Gil Vicente-Sporting da época passada, que terminou com um empate a zero. «Nem parece que sonham com a Champions», intitulei aqui a minha crónica desse jogo. Sem esconder a minha decepção pela exibição e pelo resultado.
Parabéns ao nosso prezado leitor Leão do Fundão, veterano nestas lides. Só ele foi capaz de antecipar o resultado do Sporting-Gil Vicente da passada segunda-feira: 3-1. E ainda mencionou Viktor Gyökeres como marcador de um dos golos. Aqui só pecou por defeito, pois o sueco viria a bisar.
Internacional sueco está a ser a grande figura da equipa leonina e do próprio campeonato
Foto: Miguel A. Lopes / EPA
Temos sem discussão a melhor equipa actual do campeonato. Isso ficou claramente demonstrado nesta partida em que recebemos o Gil Vicente. Vitória indiscutível, com cinco golos marcados - embora apenas três tenham valido. Os dois restantes foram invalidados por deslocação milimétrica.
Pormenor que merece ser assinalado: todos estes golos, excepto um, saíram dos pés do nosso maior craque, aquele que é de longe o melhor elemento em acção nesta Liga 2023/2024: Viktor Gyökeres, o ponta-de-lança que já leva 15 golos marcados na temporada, além de cinco assistências. Por outras palavras: interveio em 20 dos 48 que temos registados desde o pontapé de saída desta época em que parecemos embalados para recuperar o tão desejado título de campeões nacionais de futebol.
O sueco marcou o segundo, marcou o terceiro, apontou os tais que acabaram invalidados por meia polegada ou perto disso. Excepção foi o nosso primeiro, os 43': autogolo de Pedro Tiba, defesa gilista que teve o azar de desviar a trajectória da bola disparada do pé "cego" de Nuno Santos - o direito. Ia para fora, mas a carambola encaminhou-a para o fundo das redes.
O nosso ala esquerdo festejou como se fosse dele e até teria motivos para isso, mas em estrito rigor foi o golo credenciado ao adversário. Justo castigo para um fiteiro que passou meio jogo a rolar no chão, fazendo ronha para deixar correr o tempo: o tal medíocre futebolzinho à portuguesa de que equipas como este Gil Vicente usam e abusam. O que ajuda a explicar por que motivo há cada vez menos países estrangeiros a seguirem as transmissões desportivas cá da terra.
Rúben Amorim montou uma equipa de tracção à frente, atacando no primeiro quarto de hora com cinco jogadores em simultâneo. O Gil Vicente foi resistindo a estas investidas como pôde, procurando esticar o jogo sobretudo através de Félix Correia, o seu melhor elemento - formado na Academia de Alcochete. Numa dessas incursões esporádicas, Gonçalo Inácio, desconcentrado, perdeu o controlo do lance e viu-se forçado a fazer falta. Desse livre, marcado da direita para o centro, resultou o golo da turma de Barcelos, aos 34''. Contra a corrente do jogo.
Estiveram a vencer durante 10 minutos. Até o chouriço de Nuno Santos restabelecer o empate.
Amorim aproveitou o intervalo para fazer grandes mudanças. De uma assentada saíram Esgaio, Nuno e Gonçalo. Entraram Geny, Matheus Reis e St. Juste. O nosso jogo tornou-se mais fluido, mais ligado, mais objectivo. Sem rodriguinhos nem redundâncias. Com uma palavra de ordem: municiar Gyökeres. O internacional sueco cumpriu: foi a figura do jogo, melhor em campo, cada vez mais indiscutível.
Coadjuvado por Edwards, partiu tudo lá na frente. Ambos bem escudados em Morten, eficaz recuperador. Foram as estrelas da segunda parte, redimindo a equipa de uma certa apatia que se instalara no primeiro tempo.
Até ao fim, só deu Sporting. O período crucial ocorreu entre os minutos 52 e 56, com o nosso ponta-de-lança a marcar o segundo e o terceiro, servido por Morten e Pedro Gonçalves. Consumava-se a reviravolta. Num desafio em que estivemos sempre mais perto de marcar o quarto e até o quinto do que o Gil Vicente de reduzir.
Embalados para o título?
Se não é, parece. Concluída esta jornada 12, lideramos isolados. Com mais dois pontos do que o Benfica e três do que o FC Porto. Só perdemos cinco até agora.
Segue-se a deslocação a Guimarães no sábado. Estamos confiantes, claro. Alguém duvida?
Breve análise dos jogadores:
Adán - Volta a sofrer um golo: é raro o jogo em que consegue manter as nossas redes intactas. Desastrado em várias reposições de bola. Está longe da forma revelada quando fomos campeões.
Diomande - Começou como central à direita, depois viria a jogar todo o segundo tempo do lado esquerdo. Mantendo, no essencial, o controlo do espaço à sua guarda. No dia em que fez 20 anos.
Coates - O não-português que até hoje mais vezes vestiu a camisola do Sporting. É caso para celebrar: são já 344 jogos. Toda a equipa vestiu camisola com assinatura dele. Justa homenagem.
Gonçalo Inácio - Andará a sonhar em excesso com outros campeonatos? Desconcentrado, quase irreconhecível, provocou a falta de que resultou o golo sofrido. Já não regressou do intervalo.
Esgaio - Começou bem, mais audaz nas incursões ofensivas do que nos habituou. Mas, amarelado aos 39', forçou o treinador a mandá-lo tomar duche mais cedo. A equipa não perdeu com isso.
Morten - Grande exibição do internacional dinamarquês, com 11 passes verticais de frente para a baliza. Vai-se tornando figura pendular do nosso meio-campo. Assistiu Gyökeres no segundo golo.
Morita - Complementou Morten da melhor maneira: andam a formar uma parceria muito eficaz. Trabalham ambos para a equipa, não para colherem aplausos fáceis da bancada. Assim é que é.
Nuno Santos - Com um remate de ressaca fora da área, com o seu pior pé, viu a bola embater num adversário e rumar caprichosamente para a baliza. Abriu o marcador. Mas saiu logo a seguir.
Edwards - Atravessa um dos melhores momentos no Sporting. Protagonizou vários lances de ruptura. Interveio no golo 3 com uma grande recuperação. Quase marcou aos 49'.
Pedro Gonçalves - Evoluiu bastante nesta partida, mas ainda longe da melhor forma: parece sofrer crise de confiança, continua sem marcar. Mas foi dele a assistência para o terceiro golo.
Gyökeres - É o "abono de família" desta equipa. Correu mais de 10km, sempre de olhos na baliza. Marcou quatro (só dois valeram), disparou a rasar o poste aos 86'. Lutou do princípio ao fim.
Geny - Jogou todo o segundo tempo, articulando bem com Edwards no corredor direito. Supera Esgaio na capacidade de criar desequilíbrios. Falta-lhe ainda alguma consistência táctica.
Matheus Reis - Rendeu Nuno Santos no segundo tempo. Mais contido, arriscando pouco, mas conferiu solidez ao bloco defensivo, atento às dobras a Diomande. Cumpriu no essencial.
St. Juste - Esteve em campo cerca de 20 minutos. Substituiu Gonçalo Inácio, ficando como central à direita. Mas o fantasma das lesões continua a persegui-lo. Saiu aos 67', com uma entorse.
Eduardo Quaresma - Entrou como solução de recurso, com St. Juste aleijado. Mais de meia hora em campo. Algum nervosismo. Nem tudo lhe saiu bem, mas o balanço da sua actuação é positivo.
Paulinho - Último a entrar, só aos 84': rendeu Pedro Gonçalves. Na prática, tocou duas vezes na bola. Aos 90'+4 roubou-a a Edwards e deu a impressão de tentar o golo, mas atirou para fora.
Depois da vitória de ontem em Alvalade o Sporting segue na frente da Liga, onde até agora só concedeu uma derrota e um empate, em jogos com Benfica e Sp.Braga onde só não ganhámos por arbitragens que em decisões muito duvidosas anularam jogos ou expulsaram jogadores nossos e engenho dos adversários / falta de sorte em momentos decisivos.
Obviamente que isso é mérito do grande treinador que temos, que só não é reconhecido como tal pelos idiotas letais da tal tasca que no estádio não sentam o respectivo. Isso ontem ainda foi mais óbvio, ele ganhou o jogo com as três substituições ao intervalo.
Até lá, o Sporting tinha o flanco esquerdo completamente inoperante muito por culpa dum nosso ex-jogador, apenas o direito conseguia produzir com Esgaio a centrar com precisão e Edwards naquelas incursões muito perigosas para a defesa adversária. Entretanto do quase nada, duma falta desnecessária de Inácio, o Gil Vicente marca um bom golo no seguimento de bola parada a que só um lance de sorte do Sporting, um remate de primeira de Nuno Santos que tabelou num adversário. E foram mesmo Inácio, Esgaio e Nuno Santos a sair ao intervalo.
Na 2ª parte, com St. Juste, Catamo e Edwards na ala direita o Sporting tornou-se um rolo compressor para o adversário, falhou o primeiro golo por Edwards, mas logo depois Gyokeres facturou duas vezes colocando o Sporting a ganhar por 3-1. Impressionante a reacção do Sporting ao 2-1, carregando no acelerador e expondo o momento de fraqueza do adversário.
E assim, aos 56 minutos, o jogo estava resolvido, as oportunidades para aumentar o score sucediam-se, e as oportunidades para que o árbitro através da amonstragem de cartões mostrasse que a APAF podia confiar nele também. Esgaio já tinha sido amarelado por um tackle sem sequer tocar no adversário, Inácio também. Depois foram Matheus Reis por razões que só ele sabe, Edwards num lance perto da área contrária, Coates num lance que nem falta era. Parecia que ganhava ao cartão, ou à exclusão de jogadores para o jogo seguinte. Mas pior que o árbitro foi o VAR, que chamou o árbitro sem ter certeza de que ele se tinha enganado, subvertendo grosseiramente o protocolo. Conseguiu anular dois golos ao Sporting e validado o do Gil Vicente por cms nas linhas colocadas, se calhar foi só azar do Sporting. Depois do VAR Rui Costa ter fechado os olhos a um penalti e uma expulsão a desfavor do clube da sua terra, parece que a APAF está decidida a nomear o campeão.
No meio disto tudo um Gil Vicente com alguns palhaços que caiam ao menor toque, e forçavam a paragem do jogo e a intervenção da equipa médica, a vergonha dum treinador e dum futebol português que o deslumbrado amigo do Bruno de Carvalho e por ele apoiado, Pedro Proença, faz por ignorar,
Mesmo assim, pior mesmo foi a lesão, mais uma, de St.Juste que tinha entrado muito bem no jogo. A entrada de Quaresma apenas veio evidenciar a enorme diferença de classe dum e doutro.
Melhor em campo? Gyokeres obviamente, mas depois Coates, Hjulmand e Edwards foram fundamentais na vitória alcançada.
E agora? Ir a Guimarães ganhar mesmo sem Coates e St.Juste, e com Inácio à beira do quinto amarelo. Mas tem que ser, e o que tem de ser tem muita força.
Gyökeres: nove golos em dez jogos que disputou até agora no campeonato. Ontem, mais dois
Foto: Miguel A. Lopes / EPA
Gostei
De Gyökeres. Melhor em campo, outra vez. Começa a tornar-se repetitivo: voltou a ser ele o dínamo, a criar desequilíbrios, a empurrar os colegas para a frente, a acreditar que a reviravolta era não só possível mas desejável, e havia que consegui-la tão cedo quanto possível. Assim fez: em quatro minutos (52' e 56') marcou dois golos, fixou o resultado em 3-1, valeu-nos os três pontos neste embate em Alvalade contra o Gil Vicente. E ainda marcou mais dois (9' e 67'), que não valeram por estar ligeiramente deslocado. Em dez jogos do campeonato, já tem nove golos na sua conta pessoal, além de cinco assistências. Um dos melhores pontas-de-lança que até hoje passaram por Alvalade.
De Edwards. Voltou a fazer a diferença, com a sua qualidade na condução de bola, infiltrando-se na grande área sempre com perigo, como aconteceu aos 16'. Desta vez não marcou, mas deu a marcar: passe para possíveis golos de Gyökeres (aos 9', anulado por fora-de-jogo) e Pedro Gonçalves (45'+2, falhou por pouco na finalização). Esteve ele próprio prestes a marcar, aos 49', levando o guarda-redes gilista a fazer a defesa da noite, em voo.
De Morten. Excelente nas recuperações, aos 63' e 85': vai refinando a qualidade exibicional de jogo para jogo. Também na precisão do passe vertical: distinguiu-se ao assistir Gyökeres no segundo golo. Melhora também, a olhos vistos, na condição física: desta vez aguentou os 90 minutos sem acusar cansaço. Um dos elementos imprescindíveis do onze titular.
Das substituições ao intervalo. Rúben Amorim nem hesitou: havia que acelerar e melhorar o jogo. Esgaio, já amarelado, deu lugar a Geny, que trouxe mais acutilância à ala direita. Gonçalo Inácio, talvez o nosso pior em campo, foi tomar duche mais cedo, entrando St. Juste para central - e passando Diomande da direita para a esquerda. Nuno Santos (que aos 43' até fez o remate do primeiro golo, que por capricho da sorte Pedro Tiba desviou para as redes gilistas) cedeu lugar a Matheus Reis, mais regular no processo defensivo, para compensar o adiantamento do moçambicano no flanco oposto. Resultou. A equipa foi muito superior no segundo tempo
Do 344.º jogo de Coates entre nós. O capitão uruguaio foi distinguido de modo especial pelo facto de se ter tornado no estrangeiro que até hoje mais vezes envergou a verde-e-branca. Toda a equipa jogou desta vez com a sua assinatura estampada nas camisolas. Bonita homenagem a um dos nossos melhores centrais de todos os tempos. Ele bem merece.
Do regresso de Eduardo Quaresma. Rendeu St. Juste como central à direita. Muito concentrado, cumpriu a missão que lhe estava destinada, nomeadamente na cobertura a Fujimoto, um dos mais perigosos da turma de Barcelos. Bom desarme aos 70'. Bom corte aos 80'. Foi apenas o seu terceiro jogo oficial da temporada. Merece mais.
De vencer. Sexto triunfo consecutivo em casa nesta Liga 2023/2024: continuamos imbatíveis em Alvalade. E quarto desafio, nestas 12 jornadas, em que chegamos à vitória depois de termos estado a perder - excelente sintoma de tenacidade e robustez psicológica.
De ver o Sporting isolado no comando do campeonato. Recuperámos a liderança, aproveitando o empate do Benfica em Moreira de Cónegos. Seguimos com 31 pontos à 12.ª jornada - mais dois do que os encarnados e três do que os portistas. Somos claramente a melhor equipa em competição, quando entrámos já no segundo terço da prova: apenas cinco pontos perdidos até agora.
Não gostei
De sofrer um golo aos 34'. Aconteceu na primeira vez em que o Gil Vicente chegou perto da nossa baliza: a defesa leonina voltou a tremer em lance de bola parada. Com Adán, uma vez mais, a surgir algo hesitante na fotografia: podia ter feito melhor entre os postes. Mas reagimos bem à desvantagem: fomos para cima deles e marcámos dez minutos depois. Ao intervalo, 1-1. Antevia-se uma segunda parte largamente dominadora para o Sporting. E assim foi.
De Gonçalo Inácio.Voltou a ter um lapso que afectou a equipa: abordou com displicência um lance na nossa meia esquerda defensiva, acabando por fazer uma falta desnecessária. Desse livre resultou o golo solitário do Gil Vicente. Ia-nos custando cara, a desconcentração do central canhoto. Fez bem o treinador em substituí-lo ao intervalo. Uma forma de lhe mostrar que tem obrigação de fazer muito melhor.
Da primeira parte. Chegámos ao fim do primeiro tempo sem conseguirmos, em estrito rigor, um único remate enquadrado. O domínio territorial e a chamada "posse de bola" não se reflectiram em produção ofensiva de qualidade. E até o golo que nos sorriu só se tornou possível porque a bola tabelou num defesa. Na etapa complementar, o nosso desempenho foi muito superior: oito remates e dois golos.
Do cartão exibido a Coates. Amarelado aos 75', o nosso capitão vai ficar fora do desafio de sábado em Guimarães: foi o quinto amarelo que recebeu até agora. Esta é a parte má. A parte boa é que limpa os cartões para poder ser titular na partida seguinte: o clássico contra o FC Porto, a disputar em Alvalade.
Da lesão de St. Juste. Mais uma: desta vez foi uma entorse. Entrou ao minuto 46, só esteve cerca de 20 minutos em campo. Acabou por ceder lugar a Eduardo Quaresma, aos 67', saindo a coxear. Quanto tempo ficará agora afastado dos relvados?
Do horário tardio. Este Sporting-Gil Vicente terminou quase às 22.30, em véspera de dia laboral. Nada de novo, como sabemos. Mesmo assim, havia 33.712 espectadores a assistir ao vivo ao jogo nesta noite fria - mais de Inverno do que de Outono. Sinal inequívoco de que a militância leonina não abranda. Agora, com a nossa equipa de novo no comando, a nação leonina vai redobrar de entusiasmo, faça chuva ou faça sol.
Outro jogo à noite, para não se perder a tradição de nos empurrar para os horários mais tardios. Logo, às 20.15, recebemos o Gil Vicente. Depois de o FC Porto ter vencido sem problema o Famalicão fora de casa (0-3) e o Benfica ter tropeçado em Moreira de Cónegos (0-0).
Na época passada, em Setembro, vencemos 3-1. Sem problema. Com golos de Morita (16'), Pedro Gonçalves (22') e Rochinha (82'). Num jogo assinalado pela estreia do internacional japonês como artilheiro leonino. Outra estreia foi a de Marsà, que pouco depois se eclipsou sem deixar rasto. «O jovem catalão, apenas com 20 anos, correspondeu à confiança que nele depositou o treinador: exibiu segurança, maturidade e bom domínio técnico. É dos pés dele que tem início o segundo golo do Sporting, com uma soberba abertura de 50 metros», escrevi sobre ele aqui. O que terá acontecido para ser escorraçado de Alvalade? Mistério...
Pior foi a nossa deslocação a Barcelos, há oito meses. Empatámos lá a zero. «Nem parece que sonham com a Champions», foi o meu desabafo pós-jogo, logo em título.
Como será agora? Aguardo os vossos prognósticos para este Sporting-Gil Vicente.
{ Blogue fundado em 2012. }
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