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És a nossa Fé!

Rescaldo do jogo de ontem

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Geny muito cumprimentado pelos colegas após marcar o seu primeiro golo no campeonato

Foto: José Coelho / Lusa

 

Gostei

 

Do nosso triunfo num dos estádios mais difíceis. Fomos ao Bessa derrotar a turma axadrezada por 2-0 (um golo em cada parte do desafio). Vitória sem discussão numa partida emotiva, quase sem tempos mortos, com futebol de qualidade. Perante um adversário que já venceu o Benfica nesta Liga 2023/2024 e no mesmo estádio onde há um ano fomos derrotados (1-2). Comprovando assim, para quem ainda tivesse dúvidas, que estamos francamente melhor do que na época anterior. Cada vez mais embalados para o título.

 

De Pedro Gonçalves. Respondeu da melhor maneira, em campo, à infeliz e deselegante frase do seleccionador Roberto Martínez, que o acusou numa entrevista de ser um jogador «com azar». Rúben Amorim esteve bem, na conferência de imprensa de domingo, ao não alimentar lamúrias: limitou-se a incentivar o jogador a «melhorar, marcar golos, assistir e correr muito». Pedro assim fez: exibição de qualidade frente ao Boavista, culminando no nosso segundo golo, marcado com nota artística, de calcanhar, com assistência de Esgaio (85'). Imediatamente antes, no chão, tinha rematado ao poste. E logo aos 6' quase marcou, de livre directo - proporcionando grande defesa ao guarda-redes João Gonçalves. Demonstrou a atitude certa. E mantém uma contabilidade elevada: 61 golos em 106 jogos de verde e branco. Melhor em campo.

 

De Geny. Lançado como titular, correspondeu à confiança que nele depositou o treinador. Amorim facilitou-lhe a tarefa, mantendo-o com extremo direito, só com missão ofensiva, num desenho mais próximo do 4-3-3 (com Matheus Reis mais recuado) do que do habitual 3-4-3 - o que parece ter confundido Petit, treinador do Boavista. O jovem moçambicano pressionou e fixou os defensores adversários, baralhando marcações e abrindo espaços lá na frente. Sai deste jogo com boa nota, sobretudo pelo belo golo que marcou, aos 37', aproveitando um excelente cruzamento de Matheus a quase toda a largura do terreno. Foi a sua estreia como artilheiro no campeonato. Não custa vaticinar que terá sido o primeiro de muitos.

 

De Morten. Talvez a sua melhor exibição desde que chegou ao Sporting. Está mais solto, mais seguro, com maior precisão de passe, sempre de frente para o jogo. Fez boa parceria com Morita: completam-se bem no centro do relvado. Com o japonês tendo como missão central a distribuição de jogo e o internacional dinamarquês actuando sobretudo como médio de contenção. Ganhou a maioria dos duelos contra uma das equipas mais combativas do nosso campeonato. O segundo golo nasce de uma recuperação dele. Só foi pena aquele cartão amarelo tão desnecessário, por falta cometida aos 90'+7, no penúltimo minuto da partida.

 

Da nossa organização defensiva. Teve dois elencos, ambos resultaram. Primeiro com o habitual trio Diomande-Coates-Gonçalo Inácio: inabalável. Depois, com a saída de Coates aos 69', o jovem marfinense passou a central ao meio e St. Juste colocou-se à direita. Desempenho recompensado: a nossa baliza ficou incólume (Adán só fez uma defesa difícil, aos 83') no primeiro jogo desta Liga em que o Boavista permaneceu em branco. Temos de momento a segunda defesa menos batida do campeonato - sete golos, só mais um do que o FCP.

 

Da homenagem a Bas Dost ao minuto 28. Os adeptos leoninos, que compareceram em força no Bessa, prestaram um comovente tributo ao craque holandês neste momento da partida, em alusão ao número que ele usava no Sporting. Bas caiu, inanimado, num jogo da Liga holandesa disputado no domingo. Ainda hospitalizado, aguardando veredicto médico, já agradeceu os justos aplausos e o familiar cântico que lhe foram dedicados.

 

Da arbitragem de Nuno Almeida. Sereno e competente. Não atrapalhou, deixou jogar. Oxalá todos fossem assim.

 

De termos conquistado 25 pontos em 27 possíveis. Mais nove do que na mesma fase do campeonato anterior. Eficácia sem margem para dúvida. Marcámos até agora em todos os jogos. Aliás estamos há 17 jornadas seguidas a marcar.

 

De termos cumprido outro jogo sem perder na Liga. Se somarmos as 14 rondas finais do campeonato anterior às nove decorridas deste, são já 23 desafios seguidos sem conhecermos o amargo sabor da derrota na prova máxima do futebol português. Venham mais assim.

 

De ver o Sporting cada vez mais líder. Comandamos o campeonato. Mantemo-nos no topo há quatro rondas consecutivas. Somos a única equipa que ainda não sofreu qualquer derrota. Ampliámos a vantagem, estando agora ainda mais isolados no posto de comando. Beneficiando do empate do Benfica com o Casa Pia na Luz. Seguimos com mais três pontos do que os encarnados e a turma portuense, mais seis do que o V. Guimarães e já com mais oito do que o Braga. Para desgosto de uma minúscula falange de adeptos que anseia por desaires da equipa e tem como lema "quanto pior, melhor". Não acertam uma - nem sequer nisto.

 

 

Não gostei

 

De alguns golos desperdiçados. Desta vez a "fava" calhou a quatro: Gyökeres, estranhamente muito apagado, falhando emenda à boca da baliza (11'); Pedro Gonçalves, isolado por Edwards com um passe picado de excelente execução técnica (31'); Edwards, também só com o guarda-redes pela frente (53'); e Paulinho, incapaz de a meter lá dentro com Nuno Santos a servi-lo de bandeja (90'+2).

 

Do calafrio aos 77'. Quando o Boavista conseguiu introduzir a bola nas nossas redes. Os adeptos da casa festejaram, mas em vão. O golo acabou anulado pelo VAR: havia deslocação de 27 cm. 

 

De Trincão. Foi o último a entrar - só aos 86', substituindo Geny. Já com o Boavista acusando evidente desgaste fisico. Mesmo assim, falhou o drible nas duas vezes em que teve a bola nos pés. Atravessa um período de baixo rendimento já excessivamente prolongado.

 

Do péssimo estado do terreno. Chamar àquilo "relvado" é um insulto a qualquer relvado. Cada vez que alguém dava um pontapé na bola, saltava um tufo de ervas do lamaçal do Bessa.

 

Das tochas lançadas pelas claques. A Juve Leo e o Directivo XXI não têm emenda: obrigam o Sporting a pagar multas atrás de multas em todas as jornadas. Ontem forçaram a interrupção do Boavista-Sporting por vários minutos após arremessarem vários engenhos pirotécnicos... contra a nossa própria baliza, perturbando Adán. E contribuindo para lesar o nosso clube. São mesmo letais ao Sporting.

Pódio: Geny, Edwards, Daniel Bragança

Por curiosidade, aqui fica a soma das classificações atribuídas à actuação dos nossos jogadores no Olivais e Moscavide-Sporting, da Taça de Portugal, pelos três diários desportivos:

 

Geny: 19

Edwards: 16

Daniel Bragança: 16

Trincão: 15

Israel: 14

Paulinho: 14

Nuno Santos: 13

St. Juste: 13

Matheus Reis: 13

Neto: 13

Pedro Gonçalves: 12

Dário: 11

Morten: 10

Fresneda: 9

Gonçalo Inácio: 7

Esgaio: 6

 

Os três jornais elegeram Geny como melhor em campo.

O dia seguinte

Rúben Amorim entendeu, e muito bem, numa semana marcada por duas saídas tremendamente complicadas â Polónia e ao Bessa, aproveitar esta eliminatória da Taça de Portugal com o Olivais e Moscavide, equipa dos distritais, para alargar o plantel e testar um sistema táctico alternativo, já aflorado na pré-temporada, o 4-2-3-1.

Assim, o Sporting entrou em campo com (S=Suplente pouco utilizado, L=Vindo de lesão):

Israel (S); Fresneda (S), St.Juste (L), Neto (S) e Matheus Reis; Essugo (S) e Bragança; Edwards, Trincáo (L) e Pedro Gonçalves; Paulinho.

 

O jogo começou e logo Fresneda fez um penálti de principiante, o que rapidamente tornou a equipa uma “galinha sem cabeça”. Corriam todos muito, metiam todos o pé, faziam tudo depressa, ninguém geria o ritmo de jogo, e tudo espremido era muito pouco para o resolver, muito por culpa também da novidade do sistema táctico.

Fresneda, Essugo, Trincão e Pedro Gonçalves foram na primeira parte os elementos mais fracos, pouco ou nada do que faziam saia bem. Foi preciso Edwards cavar um daqueles penáltis que ele consegue muito bem obter, furar em velocidade, adiantar-se ao defesa e sofrer a falta por entrada fora de tempo do mesmo.

Ao intervalo, empatados, a decisão óbvia para mim teria sido regressar ao 3-4-3, fazendo entrar Nuno Santos e retirando Pedro Gonçalves ou Trincão, mas Rúben resolveu insistir no 4-2-3-1, trocando o pior em campo, Fresneda, por Catamo.

Continuando no mesmo registo, deixando muito a desejar, não há dúvida que Catamo resolveu o jogo. Marcou o segundo e assistiu para o terceiro. Trata-se de alguém em quem Amorim e o seleccionador de Moçambique apostaram forte esta época, e não há dúvida que tem subido de desempenho de jogo para jogo.

Com o segundo golo, finalmente entrou Nuno Santos, voltámos a ter o 3-4-3 do costume, e as oportunidades foram aparecendo e sendo desperdiçadas em série. Já no período de descontos, Daniel Bragança lá marcou o golo que tanto tinha tentado e falhado.

 

Além do resultado e da exibição convincente de Catamo, o que ficou de mais assinalável desta ida à Reboleira?

  1. O regresso auspicioso dum St.Juste que sem lesões a atrapalhar será sempre titular do Sporting, seja a defesa seja a ala pelo lado direito, à imagem de Matheus Nunes do outro lado.
  2. Israel e Neto prontos para serem chamados se necessário. Claro que com Neto e St.Juste em condições, Quaresma fica sem espaço no plantel. O seu desempenho no jogo com o Arouca também nada ajudou.
  3. Entre Hjulmand/Morita e Essugo/Bragança a diferença é enorme. Se calhar Essugo (que tem como empresário uma agência espanhola), com a idade que tem, deveria ir rodar para equipas da 1.ª Liga como foram Mateus Fernandes e Samuel Justo, e vir outro médio como Palhinha ou Ugarte.
  4. Fresneda foi a terceira opção do Sporting para lateral direito. Talvez seja o melhor dos três, mas também é três ou quatro anos mais novo do que os outros dois considerados. Vai precisar de tempo.
  5. Trincão a jogar atrás do ponta de lança é sinónimo de confusão. Impossível alguém saber o que vai sair dali, nem ele sabe, embala e logo se vê.
  6. Continua a ser preocupante, até escabroso, o número de lances que se perdem com um extremo em velocidade a entrar na área e ninguém oportunamente desmarcado atrás da linha de defesas adversários para receber o passe e encostar para o golo.

E agora? Ganhar quinta-feira na Polónia, em 3-4-3 e com toda a carne no assador.

 

E sobre o árbitro? Sem o auxílio do VAR que poderia dar um penálti a favor do Sporting por mão na bola, envergonhou os colegas que apitam na 1.ª Liga, a deixar jogar e não permitir palhaçadas. Uma mão na cara casual passou sem amarelo, como deveria sempre acontecer. Estou para ver a nota que lhe vai dar o DDT APAF Duarte Gomes...

SL

Quente & frio

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Daniel Bragança acaba de marcar o terceiro golo, confirmando vitória leonina na Taça

Foto. Rodrigo Antunes / Lusa

 

Gostei muito de Geny, o melhor jogador da terceira eliminatória da Taça de Portugal contra o Olivais e Moscavide que o Sporting foi hoje disputar ao estádio da Amadora. Após uma primeira parte medíocre, em que aquela equipa do quinto escalão do futebol português nos deu sempre boa réplica, o internacional moçambicano fez a diferença ao ser lançado por Rúben Amorim, para substituir Fresneda, logo no recomeço da partida. Uma troca que se impunha - e resultou sem a menor dúvida. Geny mexeu com o jogo, tornou enfim a nossa equipa dona e senhora do corredor direito. Domínio traduzido em golo aos 53': um grande remate de ressaca, indefensável, assinalando a estreia do jovem extremo como artilheiro da equipa A. E ainda foi ele a assistir no terceiro. Não custa prever que será uma das nossas estrelas da temporada em curso. Tem de jogar mais.

 

Gostei de ver o Sporting seguir em frente, para a eliminatória seguinte da Taça de Portugal: já estamos melhor do que há um ano, quando fomos varridos nesta fase pelo modesto Varzim, do terceiro escalão. Também gostei do penálti cavado por Edwards, que ele próprio converteu, empatando o jogo aos 44'. E de ver Daniel Bragança estrear-se como goleador esta época ao converter o terceiro, emendando à boca da baliza aos 90'+4 e fixando o resultado: 1-3. Trincão também merece destaque: jogou e fez jogar, servindo Edwards (63'), Geny (69') e Nuno Santos (72'). O terceiro golo começa a ser construído por ele. Gostei igualmente do Olivais e Moscavide, que disputa o campeonato distrital de Lisboa: equipa muito bem orientada por Ricardo Barão, assumido sportinguista e filho de Francisco Barão, antigo campeão nacional com as nossas cores.

 

Gostei pouco de ver tanto desperdício na zona de finalização. É inacreditável como a baliza parece crescer, em certos momentos, para a linha avançada leonina mesmo defrontando uma equipa não-profissional. Acertámos três vezes na barra - por Trincão (13'), Pedro Gonçalves (20') e Edwards (53'). Na segunda parte, o perdulário Paulinho destacou-se como rei dos golos falhados: apanhado em fora-de-jogo aos 80', cabeceando à figura do guarda-redes Ruben (85'), inutilizando um excelente centro de Geny (86'), incapaz de acertar na bola (89'). Fez-nos sentir saudades de Gyökeres, que desta vez permaneceu no banco de suplentes.

 

Não gostei de Fresneda: falhou por completo na missão que o técnico lhe confiou. Incapaz de acertar movimentos com Edwards, precipitado, desposicionou-se com facilidade, cometeu um penálti totalmente escusado que nos custou um golo do Olivais e Moscavide, marcado logo aos 8' pelo veterano Fabrício, motorista da Uber. Estivemos a perder até aos 44' e só aos 53' chegámos à vantagem mínima - ampliada no último minuto da partida. Amorim lançou no onze titular, já a pensar no jogo de quinta-feira para a Liga Europa na Polónia, sete jogadores que não têm actuado de início: Israel (no lugar de Adán), St. Juste (Diomande), Neto (Coates), Dário (Morten), Bragança (Morita) e Trincão (Gyökeres), além de Fresneda (que rendeu Esgaio). Alguns não corresponderam à confiança que neles depositou o treinador - com destaque para o jovem espanhol e para Dário, que acusa ainda muita inexperiência, apesar de ter vindo da selecção sub-21.

 

Não gostei nada que nesta fase da Taça de Portugal os jogos permaneçam sem vídeo-arbitragem. Só isto explica que tenha ficado por marcar um penálti claro cometido por João Varela por mão na bola, aos 36'. Percebe-se que o árbitro de campo e o assistente não tenham visto, mas impunha-se a tecnologia para preservar a verdade desportiva. Hoje é difícil compreender - e tolerar - que a chamada "prova rainha" do futebol português mantenha esta mácula, como se fosse algo imprestável. Isto tem de ser revisto com a máxima urgência. Para evitar que se repita no próximo ano.

Génio do Catamo!

Não havia "nexexidade" de tanto sofrimento esta noite, mas é certo que para o Olivais e Moscavide foi o jogo da época. Depois o azar do defesa Fresneda que originou uma grande penalidade. Tudo para justificar o injustificável...

Todavia foi mesmo o génio do jogador moçambicano na segunda parte que originou a reviravolta do resultado na Amadora, com um belo golo e uma assistência para a confirmação da vitória.

É curioso que o meu amigo Pedro Correia há precisamente uma semana tenha colocado a questão de quais seriam, até agora, os três melhores jogadores do Sporting, tendo uma das minhas escolhas recaído sobre o Geny Catamo. 

Depois do que vi hoje no estádio da Reboleira, fico com a certeza de que Geny será brevemente um daqueles jogadores anormalmente cobiçados por outros clubes europeus, a exemplo do que aconteceu com o defesa Nuno Mendes.

Portanto mais um grande jogo de um génio em ascensão.

Os nossos jogadores nas Selecções

O fim de semana de jogadores Sportinguistas ao serviço das selecções foi excelente, tanto que acho que merece um pequeno destaque.

 

Tivemos várias estreias, nomeadamente as de Diomande e Hjulmand nas selecções A da Costa do Marfim e Dinamarca, respectivamente, e de Dário Essugo e Mateus Fernandes nos nossos sub-21.

Em termos de destaques individuais, Morita foi titular na vitória do Japão por 4-1 à Alemanha, Gyökeres marcou pela Suécia e Geny Catamo fez uma assistência por Moçambique.

Também as selecções portuguesas de sub-20, sub-19, sub-18 e sub-17 jogaram todas nos últimos dias, e todas contaram com vários jogadores do Sporting, demasiados para estar a enumerar.

Tivemos ainda Gonçalo Inácio e Franco Israel, convocados mas não utilizados até ao momento.

Isto é tudo um indicador da atenção e valorização que vários seleccionadores dão ao Sporting.

Pode haver um seleccionador ou outro que valoriza mais os jogadores do campeonato saudita, ou de clubes que lutam para não descer de divisão em Inglaterra ou até jogadores que não jogam pelos seus clubes, mas isso é uma gota no oceano de jogadores que o Sporting fornece às selecções e não merece a nossa atenção.

Esperar até ao fim para fazer a festa

Sporting, 3 - Vizela, 2

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Pé-canhão do internacional sueco a marcar o segundo golo: estreia de sonho em Alvalade

Foto: José Sena Goulão / EPA

 

Lá tiveram as aves agoirentas de fechar a matraca. Andaram dois meses a desancar o novo ponta-de-lança leonino nas redes associais, piando contra o preço «demasiado caro» do internacional sueco e gozando à brava com o facto de o ex-avançado do Coventry vir da segunda divisão inglesa. Anteontem, sábado, comprovou-se esta evidência: o Championship é mais competitivo do que a primeira liga tuga. Gyökeres teve uma estreia de sonho no magnífico tapete verde de Alvalade, perante mais de 37 mil adeptos que o vitoriaram. Quem ansiava por um fracasso teve de enfiar a sanfona na bagagem de porão.

Bastaram 14 minutos para o nosso goleador fazer o gosto ao pé. Primeiro com o esquerdo, evidenciando soberbos dotes técnicos. Oitenta segundos depois, bisou - desta vez com o direito, em lance que ele próprio inicia, numa recuperação à saída da grande área. 

Delírio em Alvalade neste regresso aos grandes dias da festa do futebol após onze penosas semanas de ausência. Com o nosso megacampeão Carlos Lopes - muito aplaudido antes do jogo - a assistir na tribuna de honra do estádio.

 

Esta era a novidade mais ansiada: Gyökeres passou com distinção no teste de fogo real, após promissora aparição nos amigáveis da pré-temporada. Uma estreia em jogos oficiais de verde e branco que ele jamais esquecerá.

Nós também não. 

Na tribuna, outro reforço assistia com interesse à partida, no próprio dia em que chegou a Lisboa: o dinamarquês Morten Hjulmand, que ontem assinou contrato. É o nosso novo titular como médio defensivo - posição em que estamos absolutamente carenciados por ausência de um profissional experiente formado de raiz para este efeito. Ugarte já cá não mora.

 

Rúben Amorim, tantas vezes acusado de ser pouco inovador, deu estreia absoluta como titular a Geny na ala direita, concedendo-lhe liberdade para se projectar com ousadia na manobra ofensiva com Diomande atento às dobras na retaguarda. No miolo, um dos melhores médios criativos saídos da Academia leonina: Daniel Bragança, após longo calvário provocado por grave lesão que o afastou 15 meses dos jogos oficiais.

Sinais transmitidos pelo treinador de que confia nos talentos da casa. 

O corredor oposto ficou a cargo de Matheus Reis, enquanto Morita assegurava os equilíbrios defensivos em parceria com Daniel. Duo inédito que funcionou até ao intervalo, quando vencíamos por 2-0. Gyökeres ainda tentou o terceiro de cabeça, na sequência de um canto, mas o guarda-redes defendeu.

O sueco não foi importante apenas por se tornar a nova referência atacante do Sporting, permitindo à equipa esticar o jogo com maior rapidez desde o momento em que recupera a bola. Também se destacou pelo que fez jogar, articulando bem com os companheiros - Pedro Gonçalves posicionado à esquerda e Trincão à direita - como se já jogasse há muito em Alvalade. E confirmou-se: é um poço de resistência física.

Sem nunca virar a cara à luta até ao instante final.

 

Infelizmente a equipa foi tirando o pé do acelerador ao perceber que a vitória acabaria por sorrir sem demasiado esforço. Convicção reiterada pelo facto de o Vizela, ao longo de toda a primeira parte, só ter feito um remate enquadrado, para defesa fácil de Adán.

O panorama mudou na etapa complementar. Daniel já não regressou, por precaução física, na sequência de um embate de cabeça com Nuno Moreira, ex-colega da formação leonina. Para o seu lugar entrou Edwards, que pareceu replicar em campo o comportamento de Trincão: desligado da manobra colectiva, parecendo mais preocupado em recrear-se com a bola do que em servir os colegas, complicando mesmo nas situações mais fáceis. Ambos também com défice na pressão da saída de bola do Vizela, facilitando a tarefa à turma visitante.

Pedro Gonçalves recuou para 8 mas não fez parceria eficaz com Morita. Manteve-se muito encostado à linha dianteira, sobrando para o internacional nipónico, sozinho, o confronto com Diogo Nascimento e Bustamante. Estes foram municiando os alas que se projectavam.

Amorim começou por retirar Geny: Esgaio prometia mais solidez defensiva ao corredor direito. Mais difícil de entender foi a troca de Matheus Reis - autor da assistência para o primeiro golo - por outro jovem da nossa formação, Afonso Moreira, este em estreia absoluta na equipa A. Também com clara vocação ofensiva, contribuindo para ampliar os espaços onde o Vizela fazia circular a bola. 

 

Ao minuto 72', um colega de blogue que assistia comigo ao jogo dizia-me: «Vem aí um duche gelado.» Parecia que adivinhava: vieram mesmo dois golos de rajada, também com minuto e meio de intervalo - aos 75' e aos 77'. O primeiro por Essende, em três toques rápidos desde o guarda-redes, apanhando todo o nosso bloco defensivo desposicionado - incluindo Adán, que saiu mal na fotografia. O segundo por Nuno Moreira após inacreditável atrapalhação de Coates na saída com a bola.

Duche de água gelada, sim. Quando já se escutavam assobios bem sonoros no estádio e a equipa dava sinais de desnorte táctico, sem saber se privilegiava o ataque ou a defesa.

Recebeu então ordem do treinador para atacar em pressão altíssima no quarto-de-hora que faltava. Aí encostámos por completo o Vizela às cordas: o vulcão verde-e-branco reacendeu-se. Os oito minutos de tempo extra incutiram-nos ainda mais ânimo.

Nesta fase o Sporting chegou a actuar com três pontas-de-lança: Gyökeres, Paulinho (que substituíra o ineficaz Trincão) e Coates, também plantado na grande área. Os três acabaram por ter protagonismo, já ao minuto 90'+9: o sueco assiste de cabeça, o capitão vai ao choque com o central e a bola sobra para Paulinho, que à boca da baliza estica o pé direito e a mete lá dentro. 

 

Delírio generalizado na nação leonina: por uma questão de segundos, assegurámos a vitória, garantimos os três pontos na jornada inicial da Liga 2023/2024 e mantivemo-nos invictos perante o Vizela, que nunca pontoou connosco. Embora nos tenha dado muito trabalho: na época anterior só os vencemos também pela margem mínima (2-1 cá e ), com o desafio de Alvalade a culminar em triunfo só aos 90'+5, de penálti, convertido por Porro.

Em comparação com esse campeonato, já levamos dois pontos de vantagem: há um ano começámos mal, empatando em Braga

Os pessimistas do costume, que já tinham abandonado o estádio, perderam o melhor da festa

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Grande defesa a uma bomba de Nascimento aos 63. Mas teve uma hesitação fatal ao minuto 74, ao sair muito mal da área, facilitando o primeiro golo do Vizela.

Diomande - Batido no duelo com Nuno Moreira, no segundo golo da turma visitante. Mancha numa exibição que até aí denotava segurança, não apenas no processo defensivo.

Coates - Preso de movimentos, com falta de mobilidade. Fez alguns cortes à sua maneira, mas comprometeu no lance que origina o segundo do Vizela. No fim, ajudou lá na frente como pôde.

Gonçalo Inácio - Devolvido à posição adequada, como central canhoto, foi o melhor do trio defensivo nos passes longos. Mas não está isento de culpa no descalabro daquele minuto e meio quase fatal.

Geny - Noite de estreia, como titular, do jovem moçambicano formado em Alcochete. Começou bem, com projecção ofensiva, mas abusou dos dribles e denotou falta de automatismos a defender.

Morita - Com Ugarte agora ausente, coube-lhe ser médio defensivo improvisado. Recuperou muito, lutou pela posse de bola, articulou bem com Daniel. Na segunda parte, faltou-lhe parceria.

Daniel Bragança- Voltou 15 meses depois, após lesão. Organizou jogo, distribuiu com critério, não perdeu tempo com rendilhados. Saiu ao intervalo, contundido. A equipa ressentiu-se desta ausência.

Matheus Reis - Cumpriu no essencial como ala esquerdo. Momento alto: cruzamento milimétrico para Gyökeres brilhar, no primeiro golo. Substituído aos 64', sem que se percebesse porquê.

Trincão - Regressa aos jogos do campeonato como se despediu do anterior: abusando do individualismo, com fintas e fintinhas. Faltou-lhe eficácia com bola. Devia ter saído mais cedo.

Pedro Gonçalves - Estreia infeliz nesta nova Liga. Nada lhe saiu bem: desperdiçou quatro oportunidades de golo. Rendeu pouco à frente, no primeiro tempo, e nada a meio, na segunda parte.

Gyökeres - Chegou, jogou e venceu. A massa adepta rendeu-se à mobilidade e ao poder de fogo do reforço sueco. Marcou dois golos, ajudou a construir o terceiro. Titular absolutíssimo. 

Edwards - Fez todo o segundo tempo, substituindo Daniel. A sua entrada forçou o recuo de Pedro Gonçalves. Pareceu algo displicente, quase desinteressado. Também ele a abusar das fintas.

Esgaio - Entrou aos 55' quando as pilhas de Geny já pareciam gastas. Menos desequilibrador do que o colega mas mais consistente no plano defensivo. Faltou-lhe ousadia na manobra ofensiva.

Paulinho - Rendeu Trincão (64'). Parecia mais do mesmo: segurou mal uma bola, atirou outra ao lado, deixou-se cair dentro da área. Mas, enfim, foi figura do jogo ao apontar o golo decisivo. 

Afonso Moreira - Estreia absoluta na primeira equipa após jogar no Sporting B. Entrou nervoso, com propensão atacante, mas também a abusar das fintas inócuas. Saiu a segundos do fim.

Neto - Esteve doze segundos em campo, rendendo Afonso Moreira já com o resultado feito e sem chegar a tocar na bola. Aparição algo insólita. Deu para ouvir aplausos.

Hoyo-Hoyo Geny Catamo!

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Hoyo-Hoyo Geny Catamo!

O moçambicano Geny Catamo estreou-se ontem pelo Sporting. E brilhou - ao que leio -, tendo sido fundamental no golo decisivo para a vitória - a 11ª consecutiva, e há 30 anos que o clube não tinha tamanha série no campeonato, só suplantada por uma sequência feita nos anos... 1940s.

Catamo tem 20 anos, foi formado no Maxaquene, veio para o Amora em 2018 e joga nos escalões juniores do SCP desde 2019. Ascende agora à primeira equipa, nesta tão bem sucedida era amorinesca, na qual tanto se acarinham e desenvolvem os jovens futebolistas. Melhor ambiente e melhor clube para a sua afirmação não poderia ter pedido. Que tenha muita saúde e muito sucesso é o meu desejo.

Hoyo-Hoyo Geny Catamo!

 

Rescaldo do jogo de ontem

Gostei

 

Do nosso triunfo esta noite em Alvalade. Espectacular reviravolta conseguida já na segunda parte, depois de termos estado a perder por 0-1 frente ao Portimonense entre os 21' e os 65'. Aos 84', vencíamos por 3-1. Pena termos sofrido um segundo golo, aos 90'+2. Faltava pouco mais de um minuto para terminar a partida. Mas vitória incontestada da nossa equipa.

 

Do nosso segundo tempo. Total domínio leonino, com três golos construídos em transições rápida, sem os momentos de apatia registados nos 45 minutos iniciais. A equipa veio do intervalo com vontade indómita de virar o jogo e manter-se no topo da classificação, aguardando agora o desfecho do FC Porto-Benfica de amanhã. Partimos com vantagem, seja qual for o resultado dessa partida. E temos, para já, garantidas 24 horas no comando isolado do campeonato.

 

De Paulinho. O homem do jogo. Noite de gala para o avançado que fomos buscar ao Braga: nunca tinha marcado sequer dois golos num mesmo desafio vestido de verde e branco. Desta vez marcou três - aos 65', 76' e 84'. Graças a ele, conquistámos mais três pontos: já amealhámos 44 neste campeonato. Tinha anteriormente demonstrado ser muito útil nas movimentações dentro da área, a fazer tabelinhas e a arrastar marcações. Mas desta vez o n.º 21 mostrou aos adeptos aquilo que todos pretendemos dele acima de tudo o resto: instinto goleador. Passou com distinção.

 

De Nuno Santos. Grande partida do nosso ala esquerdo que neste jogo actuou quase sempre como extremo. Tem intervenção directa nos três golos do Sporting - o primeiro com assistência directa. Mentalidade competitiva e pulmão inesgotável. Pena a grande maioria dos cruzamentos dele terem sido desperdiçados por falta de sequência na área do Portimonense. Merece ser titular sem favor algum.

 

De Matheus Reis. Teve um mau momento ao marcar involuntariamente na própria baliza, dando vantagem ao Portimonense, quando tentava ir à dobra de Gonçalo Inácio, batido em velocidade num fulminante contra-ataque. Mas não revelou qualquer fragilidade psicológica decorrente desse lance: pelo contrário, voltou a rubricar outra excelente exibição. É ele a sacar o cartão vermelho a Pedro Sá, que travou à margem da lei do jogo uma perigosa condução com bola do brasileiro. E é ele também a iniciar o lance do golo 2, com um passe vertical muito bem medido. Começa a tornar-se imprescindível.

 

De Daniel Bragança. Saltou do banco aos 55', rendendo Palhinha, e fez a diferença. Com clarividência na condução da bola, exemplar visão de jogo e grande capacidade de queimar linhas, funcionou como talismã da equipa. Com ele em campo, todo o colectivo melhorou. É ele a iniciar o nosso primeiro golo.

 

Da estreia de Geny. O jovem moçambicano, com apenas 20 anos, vestiu pela primeira vez a verde e branca numa partida do primeiro escalão. Confirmando como Rúben Amorim confia nos jogadores formados na Academia leonina. Entrou aos 59' para o lugar de Esgaio, quando a equipa ainda estava a perder, e deu nas vistas com os desequilíbrios que foi criando no flanco direito, apesar de ser esquerdino. Momento alto: o livre directo que conseguiu aos 72'. Descomplexado, mostra confiança na condução da bola. 

 

Do Portimonense. A equipa algarvia deu-nos boa réplica em Alvalade e foi recompensada com dois golos, algo que não sofríamos há oito meses em casa, para o campeonato. Foi uma digna vencida. Convém não esquecer que o onze comandado por Paulo Sérgio já impôs uma derrota ao Benfica, na Luz, nesta Liga 2021/2022.

 

Do árbitro António Nobre. Não quis ser a estrela da partida, adoptou um critério largo na avaliação dos lances, ajuizou bem nos momentos capitais. Em perfeito contraste com o habitual desempenho de muitos dos seus colegas.

 

Da nossa 11.ª vitória consecutiva na Liga. Igualamos um recorde já com mais de 30 anos, alcançado na época 1990/1991, quando Marinho Peres era o nosso treinador. Amorim soma e segue, mantendo-se invicto enquanto treinador do primeiro escalão nas partidas disputadas em casa.

 

De ver o Sporting marcar há 29 jornadas seguidas. É um prazer redobrado ver esta nossa equipa em campo. Segura atrás, criativa a meio, eficaz à frente.

 

De terminar 2021 sob o signo das vitórias. Ano encerrado com dupla chave de ouro: este triunfo contra o Portimonense no futebol e a concludente vitória por 7-2 frente ao Benfica que pouco antes nos havia garantido a 10.ª Supertaça de futsal

 

 

Não gostei

 

Da primeira parte. Praticamente não construímos uma oportunidade de golo neste período. Vimos o Portimonense adiantar-se no marcador e ainda desperdiçar um segundo quando Nakajima dispara um petardo muito bem colocado que Adán desviou com brilhantismo, fazendo a bola embater no poste.

 

De Matheus Nunes. Foi talvez o nosso elemento mais apagado. Falhou passes, acusou falta de dinâmica, revelou-se incapaz de fazer a diferença nas acções ofensivas. Muito abaixo do que tem demonstrado noutros jogos.

 

Dos dois golos sofridos. Já não estávamos habituados. Foi a primeira vez que se registou tal facto nas competições internas desta temporada. Com a agravante de o primeiro ter sido autogolo.

 

De só ver cerca de 21 mil adeptos em Alvalade. Consequência directa das mais recentes medidas governamentais, que forçam quem queira ir ao futebol não apenas a apresentar um certificado digital de vacinação completa anti-covid mas também a fazer um teste PCR ou um teste rápido de antigénio antes de comparecer no estádio - além do uso obrigatório de máscara e da medição de temperatura. Tudo conjugado para manter um número máximo de pessoas em casa, evitando que assistam a espectáculos desportivos. Uma vez mais, o futebol como suspeito. Quando não existem normas similares nas fábricas, nos transportes públicos, nas grandes superfícies ou nos centros comerciais. 

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