Que jogue, seja no Benfica ou no Sporting
Foi o que veio dizer o pai de Gedson Fernandes ao Record de há dois dias.
Francamente não vejo qual o grande interesse que o Gedson possa ter para o Sporting. Felizmente com Palhinha, João Mário, Matheus Nunes, Daniel Bragança e Pedro Gonçalves temos um óptimo meio-campo, e na equipa B e nos sub23 estão mais alguns a bater à porta para entrar. Além disso, com este empréstimo em Inglaterra, ele deve estar a ganhar bem de mais para o que alguma vez demonstrou em campo. Devemos é olhar para quem temos cá dentro, os outros que tratem dos deles.
Mais do que outra coisa, o desabafo do pai do Gedson traduz o efeito devastador que o regresso de Jorge Jesus está a ter na formação do Benfica, especialmente naqueles jovens próximos do plantel principal e em busca de oportunidades para explodirem de rendimento e projectarem-se no mundo do futebol.
Enquanto o mestre da táctica se anda a babar com os dotes do seu "menino" Darwin Núñez, a ensinar o Cebolinha a defender, o Weigl a passar para a frente e não para os lados e o "afilhado" Gilberto a jogar futebol, alguns jovens já sumiram, vendidos ou emprestados, outros mais os pais e representantes andam inquietos e a fazer contas de sumir também, aquele sonho do Vieira de ter um Benfica europeu assente na formação não passou duma aldrabice para enganar a lampionagem. Diz Jorge Jesus que não tem dúvidas que o Nuno Tavares será o futuro defesa esquerdo da selecção portuguesa. E não tem mesmo. Por isso é que vai jogar o Grimaldo. Porque não tem dúvidas. E já sabemos que nunca se engana.
Nada que não tivesse acontecido também no Sporting. Com muitas coisas boas que inegavelmente tem, Jorge Jesus desperdiçou muito do talento formado em Alcochete que lhe chegou às mãos, Esgaio, Palhinha, Matheus Pereira, Demiral, Iuri Medeiros, Domingos Duarte e muitos outros tiveram poucas oportunidades, e contribuiu pelo seu desinteresse para o triste fim da então equipa B. Gelson Martins, Rúben Semedo e Rafael Leão foram as excepções.
Enquanto o Benfica anda neste carrossel de estrangeiros à moda do JJ, também o Porto, a sofrer do "síndroma do aspirador" Pinto da Costa, anda a vender tudo o que de melhor se formou dentro de casa, sem lhes dar qualquer oportunidade de se afirmarem na equipa principal.
O Sporting felizmente voltou à sua matriz formadora. Com Rúben Amorim dispomos não apenas cerca de metade do plantel preenchido por jovens da formação, mas também de uma ligação muito forte às equipas B e sub-23, com sucessivas chamadas dos melhores jovens aos treinos da equipa A. Tudo o que não acontecia com Jorge Jesus.
Por isso não me admiraria nada que jovens do vizinho do outro lado da segunda circular comecem a bater à porta do Sporting para poderem evoluir na recuperada Academia de Alcochete, construída por José Roquette, que veio dar condições infraestruturais à escola desenvolvida pelo mestre Aurélio Pereira, formador de jogadores de primeira grandeza, como Paulo Futre, Luís Figo e Cristiano Ronaldo.
Claro que, como dizia um nosso ex-presidente, a nossa Academia fica no meio "das vacas e dos bois", os nossos jogadores "nem com uma hora a pé estão junto do povo de Alcochete", mas pelo menos sabem que vão ter oportunidades para demonstrarem o que valem, como acontece com Nuno Mendes e companhia. Este sim, titular do Sporting e não a aquecer o banco, já devia ser o defesa esquerdo titular da selecção A, basta ver o que o médio adaptado Raphael Guerreiro sofreu frente a Coman na derrota da selecção frente à França.
SL