Pelé e Garrincha: primeira e última vez
Este excerto que aqui trago é muito especial: foi a única ocasião em que Pelé (aqui com o número 10) e Garrincha (número 16) marcaram no mesmo jogo ao serviço da selecção do Brasil. Aconteceu no Mundial de 1966, em Inglaterra, contra a Bulgária - partida invulgarmente agressiva, com duras faltas de parte a parte perante a chocante tolerância do árbitro quando ainda não tinha sido instituído o sistema de cartões para penalizar jogo violento.
É também histórico por outro motivo: foi a última vez que o grande Mané Garrincha marcou com a camisola "canarinha". Ainda viria a disputar a partida seguinte, contra a Hungria (derrota 1-3), mas já não alinhou frente a Portugal (outra derrota, pela mesma marca).
Pelé e Garrincha tinham integrado a selecção bicampeã mundial em 1958 e 1962. O astro do Santos venceria o tri no México, em 1970. Mas o "anjo das pernas tortas", como lhe chamou Vinicius de Moraes, já não protagonizou essa conquista fabulosa: despediu-se da equipa nacional nos relvados ingleses, aos 32 anos.
Impressiona hoje ver esta despedida de um dos astros mais geniais e mais trágicos da história de futebol. A sucessão de dribles que eram sua marca inconfundível e a espectacular marcação do livre, de trivela, levando a bola ao fundo das redes.
Empolgante e comovente pontapé que lhe serviu de definitivo passaporte para a eternidade.