Poucas dúvidas existirão que João Pereira foi um erro de casting tremendo de Frederico Varandas.
Não estando em causa a pessoa do nosso ex-jogador e treinador das equipas secundárias, a verdade é que num par de semanas conseguiu desbaratar uma parte substancial da herança de Rúben Amorim, nomeadamente a comunicação clara e assertiva, o modelo de jogo e o espírito de equipa.
De Amorim ficou o 3-4-3 e pouco mais. Mas o sistema táctico, sendo a base de trabalho duma equipa e da constituição do plantel, só por si não define a forma de jogar, ou seja o modelo de jogo, da equipa. Como se encolhe e organiza para defender, como se alarga e que recursos usa para atacar. E que ritmos utiliza nos diferentes momentos do jogo.
Não sei quantos jogos do Sporting de Amorim vi ao vivo em Alvalade e fora dele, tivemos o Covid pelo meio. Trinta por cento ou 40% talvez, não consigo dizer, se juntar a TV foram 99% (um não vi na altura e recuso-me a ver).
Acompanhei a evolução do modelo de jogo, o futebol de transições que nos deu o primeiro título, a "pinheirada" no Dragão que nos roubou o segundo, o malfadado ataque móvel do 4.º lugar, o upgrade físico que nos deu o segundo título, e a máquina oleada desta primeira metade da temporada que culminou no 4-1 ao Man.City e nos 4-2 ao Sp.Braga para uma saída em ombros do criador.
Fiquei estarrecido quando João Pereira, que integrou o plantel no ano do primeiro título, veio dizer na conferencia de imprensa que antecedeu o jogo com o Moreirense que: "Isso das ideias do outro treinador é difícil. Se tentar fazer isso, apesar do sistema ser parecido, não sei exactamente em que se baseava. Então, vou imitar uma coisa que não sei replicar, trabalhar?"
Até eu, que não joguei na equipa de Amorim, não tendo nível 4, nem 3, nem nenhum de treinador, fui percebendo muito bem as ideias dele e em que se baseava. Baseava-se na ocupação integral do terreno, na procura de espaços livres, na imprevisibilidade para o adversário, no saber onde perder a bola, no controlo do jogo.
Tudo aquilo que não vimos com João Pereira nestes dois jogos. Vimos uma ocupação do terreno deficiente, com uma molhada de jogadores na zona central, insistência em tabelinhas, uma lentidão a toda à prova, perdas de bola na zona central que originavam contra-ataques perigosos que conduziam a faltas que davam livres, cortes para fora e para canto e a cartões.
A própria gestão do plantel faz pouco sentido. Contra o Arsenal um lado esquerdo "ofensivo" Maxi-Edwards que foi facilmente ultrapassado, tendo Quenda do outro lado, contra o Moreirense um lado esquerdo "defensivo" Matheus Pereira-Daniel Bragança tendo Catamo do outro lado, que foi inoperante em termos ofensivos, e que ainda por cima lançou um dos três médios do plantel para o estaleiro.
Foi o que foi, mas importa agora olhar para o futuro e não deixar ir a criança com a água do banho.
Foram muitos anos sem ganhar nada de substancial no Sporting, com cada novo treinador a trazer o seu sistema táctico e o seu modelo de jogo (com o Jorge Jesus até veio o Octávio Machado...), a contratarem-se ou promoverem-se jogadores que serviam para um e eram prontamente descartados pelo seguinte. Na formação o importante era ganhar qualquer coisa no momento, não interessava que futuro os jovens iriam ter no Sporting.
Depois de várias épocas a apostar no modelo de formação centrado no jogador, finalmente o Sporting colocou as equipas principais (A, B e C/Sub23) a jogar no mesmo sistema táctico, de forma a permitir o treino em jogo dos mais novos nos conceitos e rotinas da equipa A.
A campanha na Youth League deste ano, onde seguimos em 2.º lugar, está a demonstrar a validade do conceito. Com 17 anos, Quenda e João Simões já pertencem ao plantel A, outros estão a caminho. Mesmo aprendendo a perder na complicada Liga 3, como aconteceu ontem na Tapadinha (0-3 com o Atlético).
Então existe aqui todo um trabalho bem feito, ao qual ainda tenho de juntar o scouting que descobriu Diomande, Gyokeres, Hjulmand, Debast e Harder, que demorou muito tempo a fazer e que não pode cair com a saída da estrutura de comando do futebol sénior, Viana, Amorim e respectiva equipa técnica.
Passarmos agora do "incapaz de perceber" João Pereira para alguém que percebe bem mas vem apostado em construir outra coisa qualquer à maneira dele destruindo o "edifício" existente não é solução.
A solução é vir alguém capaz de fazer evoluir o mesmo, e de fazer acreditar jogadores, sócios e adeptos numa nova fase de vitórias e sucessos. Fazendo crescer mais ainda o valor do plantel no ranking do TM.
Se Abel Ferreira é homem para isso não sei dizer. A corrida a pontapé que lhe fez o Bruno de Carvalho envinagrou-o no que respeita ao Sporting demasiado tempo.
Se haverá um treinador estrangeiro disponível tipo Boloni, inteligente, exigente, bom comunicador, com um estilo de liderança suave e agregadora? Também não sei.
De qualquer forma, não será amanhã que alguém virá, e os jogadores não podem ficar ainda mais abandonados do que já estão, pelo que até lá não podemos embarcar no "napalm" mediático que letais, lampiões e morcões lançam sobre o nosso clube.
Apoiar a equipa, aplaudir os jogadores que correram, lutaram e sofreram para ultrapassar uma situação que não criaram, desejar a vitória em Brugges e em Alvalade a seguir, porque só assim se ganha a tranquilidade necessária para o passo seguinte, rumo ao futuro.
Provavelmente o jogo de ontem terá sido o último de Rúben Amorim ao comando da equipa de futebol do Sporting.
Sendo assim, foram quatro anos e meio dum trabalho de excelência a todos os níveis, nos títulos alcançados, na qualidade de jogo obtida, na valorização dos jogadores, na capacidade de liderança, enfim, em tudo mesmo.
De longe (de muito longe) o melhor treinador que passou pelo Sporting na minha existência como adepto de bancada. Transformou completamente o que era o futebol do Sporting, colocou-o ao nível que as classificações actuais da Liga e da Champions demonstram.
Essa mesma excelência está na origem da saída. Um dos maiores clubes do mundo, da pátria do futebol, com uma história incrível, uma base de adeptos fiel e apaixonada e uma capacidade financeira tremenda, aposta nele agora e já, para fazer o mesmo no Man.United que fez no Sporting. Com a ajuda do Bruno Fernandes e do Ugarte, mais o Dalot e o Lindeloff (terá sido ainda seu jogador enquanto júnior?) não tenho a menor dúvida de que o vai conseguir. Aceitam-se apostas sobre o número de jogos que fará até o seu nome ser cantado nas bancadas de Old Trafford.
Como não tenho a menor dúvida que não é desta forma que Rúben Amorim deveria sair do Sporting, deixando tristes e "descalços" jogadores, sócios e adeptos, a começar por aqueles que ontem, como eu, o aplaudiram ontem em Alvalade. Ele tem consciência disso, a conferência de imprensa de ontem demonstrou o seu incómodo, que terá sido agravado pela reacção negativa do plantel. De qualquer forma o aplauso ficará, um aplauso de reconhecimento e gratidão, mas a estátua não existirá. Essa fica para o Manuel Fernandes.
O Sporting Clube de Portugal está acima de qualquer treinador que o sirva. E a SAD estava a preparar-se para o dia de saída de Rúben Amorim.
João Pereira está há três anos a ser formado para o efeito, nos cursos de treinador e na prática das equipas sub23 e B. Todos conhecem o que foi como jogador, formado no Benfica, passou como sénior também por Gil Vicente, Braga, Sporting, Valência, Hannover e Trabzonspor, mas muito poucos o conhecem como treinador, desde logo porque não pode assumir o lugar de treinador principal. Muita coisa em comum com Rúben Amorim enquanto jogador: partilharam balneário e tiveram por vezes os mesmos treinadores, passaram pelas selecções jovens, foram internacionais A.
A informação que tenho é de alguém com uma postura cordata, diferente daquele jogador que recordamos e muito bem aceite pelos jogadores, mas pouco mais.
No fundo, João Pereira é alguém que nasceu Sportinguista. Olho para ele não como um Silas mas como um misto de Paulo Bento e de Rúben Amorim, discípulo de Amorim em termos do modelo de jogo. É uma aposta pessoal de alto risco do presidente Frederico Varandas, como foi a do próprio Rúben Amorim.
Desde vez não teve de ir a Braga aturar o "trolha" e não tem de gramar com a conversa do IVA.
(Alvalade, uma tarde desta semana. O que isto era, o que isto já é, o que isto pode vir a ser...)
Há seis anos o futebol do Sporting Clube de Portugal era falado pelo mundo fora pelos piores motivos possíveis. Um assalto à academia, agressões a jogadores, o "bom gigante" Bas Dost com um enorme penso na cabeça na enfermaria, o presidente acossado em pleno ataque de nervos. Todos queriam saber que raio de "far-west" era aquele na Europa civilizada.
Agora é falado pelos melhores. Um dos mais poderosos clubes de futebol do mundo, controlado por uma monarquia árabe, com ambições globais através do City Football Group, escolheu para sucessor do seu director desportivo catalão, ex-colega no Barcelona do melhor treinador do mundo, o director desportivo do Sporting Clube de Portugal.
Todos querem perceber porquê, e na explicação em todas as línguas do mundo vem todo o sucesso do "Sporting Lisbon" (como diz o New York Times) nas últimas temporadas. As compras e vendas, os encaixes financeiros, a academia Cristiano Ronaldo, o treinador Rúben Amorim, e os diversos craques do Sporting que podem ainda mais enriquecer o plantel do Manchester City.
Dificilmente o Sporting poderia ter melhor publicidade do que esta, num momento em que está disponível para vender uma participação minoritária na SAD, promove em Alcochete encontros de responsáveis da formação dos melhores clubes europeus, tem um projecto de transformação do estádio alinhado com os melhores, as duas equipas do clube estão bem posicionadas para passar à fase a eliminar da Champions / Youth League.
Enquanto no Ethiad Stadium apenas existem General Admission Tickets, Season Tickets, Premium Seating e Hospitality Packages, que incluem o acesso a lounges e a "complimentary food and/or drinks" nós vamos ter Emerald, Platinum, Gold e Silver, com variantes Plus e Premium, e ainda mais bares e lounges. Se calhar o próximo a ir para o City não vai ser Rúben Amorim, mas André Bernardo, com os seus "pichts" e "power points", para ajudar a fazer o City 3.0.
E assim, num momento em que os dois rivais estão acossados com problemas que vão demorar muito tempo a resolver, processos judiciais, danos reputacionais, acusações mútuas entre os actuais e antigos dirigentes, claques em guerra civil, o Sporting segue tranquilo e unido rumo ao futuro.
O tal futuro sonhado pelo fundador: “Queremos que o Sporting seja um grande clube, tão grande quanto os maiores da Europa”.
Oxalá (do árabeInsha'Allah).
PS: Comentários do habitual cardume de sardinhas seguem directamente para adubo.
Esta frase é da autoria do nosso comentador habitual João Gil num dos últimos posts do Pedro Correia e não podia estar mais de acordo com ela.
O Sporting como clube e como SAD cresceu muito desportiva e financeiramente com este presidente, duma forma sustentada, não vou agora discutir tudo o que de bom e de mau Bruno de Carvalho conseguiu fazer antes dele, e dispõe agora doutra capacidade para realizar sucessos e enfrentar dificuldades.
Enquanto isso o Benfica segue numa corrida de prego (gasto) a fundo que vamos ver onde irá parar, e o Porto está a ser vendido a pataco devido a um buraco financeiro que importa camuflar, com os abutres a pairarem sobre a cadeira dum líder cada vez mais senil.
Mas essa capacidade do Sporting actual será tanto maior quanto os objectivos desportivos forem alcançados, ganhar campeonato e taça no futebol, assegurar a Champions do próximo ano, títulos nas modalidades também, tudo isso é essencial, tudo isso é glória, e nem vale a pena pensar no que acontecerá a seguir se isso acontecer e quem virá para prosseguir nessa jornada.
Há clubes que fomentam o desporto, que lutam pelo desportivismo, há outros clubes que até na data de fundação/fusão mentem.
Não temos de ter medo das datas, não devemos ter medo dos números
Cada um de nós, cada clube, é ele próprio e as suas (dele) circunstâncias.
No dia 25 de Abril de 2012 estava no Porto, uma cerveja dali, uma conversa daqui, uma futebolada, eis-me na Boavista; Porto vs. Sintra. Quer queiramos quer não (no grupo de amigos onde estava) pequenez da cidade vs. a imensidão do mundo.
O futebol feminino (tal como o futsal ou o futebol de praia) é um futebol sem graínhas, sem aditivantes, sem "lactose", por enquanto está puro.
Para quem gosta de futebol sério, de futebol a sério, dum futebol que não está aVARiado nem dominado pelo "calor da noite", amanhã, às 17H15, Sporting Clube de Portugal vs. Futebol Clube Famalicão.
Um futebol a nível nacional que, felizmente, ainda se disputa sem a perniciosa presença do Futebol Clube do Porto.
Se ainda não acompanham o Backstage Sporting, não sabem o que perdem. São vídeos curtos, produzidos pelo talento do André Igreja, com uma banda sonora escolhida a dedo e muito Sportinguismo.
Confesso que um dos rituais de cada jornada já é esperar pelo backstage no dia seguinte. O do jogo de ontem já saiu e pode ser visto aqui: https://youtu.be/GwrIDeOiPIg
Neste, dois detalhes chamam a atenção. O primeiro é que cada vez mais um jogo em Alvalade é um momento e um lugar de família e isso é bonito de ver. Tão bonito como o segundo detalhe: os abraços dos jogadores veteranos a dar força e coragem ao miúdo de 16 anos que vai entrar em campo pela primeira vez como titular da equipa campeã nacional. Estamos a construir futuro!
Cultura de exigência, provavelmente, passa por honrarmos os nossos melhores, Hilário é dos maiores exemplos vivos de sportinguismo e irmos passando para as novas gerações os valores do Sporting.
Fotografias de hoje, em Alvalade, a assistir aos treinos dos sub-7 das nossas escolinhas.
Sabemos que vivemos tempos de tremendo extremismo quando, a cinco meses das eleições, um grupo de pessoas ligadas ao ex-presidente tenta levar a Assembleia Geral um pedido de destituição dos actuais órgãos sociais.
O Sporting acaba de conquistar a sua primeira vitória na Liga dos Campeões. No campeonato está um ponto do primeiro lugar e já jogou contra Porto e Braga. Já para não dizer que começou a época vencendo a SuperTaça. E, para os mais distraídos, só se apura para jogar a SuperTaça quem vence a taça ou é campeão! No caso do Sporting, jogou na qualidade de campeão. Título que não conseguia vencer há 19 (DEZANOVE) anos. Pelo meio também venceu uma Taça da Liga. Fê-lo com jogadores como Nuno Mendes, Gonçalo Inácio, Eduardo Quaresma, Palhinha, Matheus Nunes, Tiago Tomás e Jovane Cabral. Contratações cirúrgicas e formação. Um modelo sustentável.
Nas modalidades, Portugal sagrou-se campeão mundial de Futsal com um plantel maioritariamente composto por jogadores do Sporting Clube de Portugal. Jogadores que também foram campeões nacionais e europeus (bi!). Jogadores como Zicky Té, Erick Mendonça e os irmãos Paçó. Jogadores que apareceram graças ao "desinvestimento" de que se acusou esta direção. Não foi desinvestimento, foi precisamente seguir o caminho sustentável da formação e que tão rapidamente deu frutos.
Por falar em títulos europeus e em modalidades, o Hóquei em Patins foi também campeão europeu! A nível nacional, este ano, vencemos também campeonatos de Hóquei e Basket. Taças da Liga de Futal. Taças de Portugal de Basket e Vólei. E, já esta época, vencemos as SuperTaças de Futebol Feminino, Futsal, Basket, Ténis de Mesa e Goalball.
Vivemos o período mais vitorioso e com mais saúde da nossa centenária História. E, ainda assim, há gente que, movida a ódio e ressentimento, não se inibe de tentar criar mais uma crise. Talvez para que se volte àquele tempo de gritos e urros.
Tal como na vida, devemos ser intolerantes com os intolerantes. Que amanhã, dia 23 de Outubro, todos os sócios do Sporting passem pela Assembleia Geral e deixem bem claro se querem continuar a viver este período de grandeza ou se preferem voltar àquela altura de olhos raiados de sangue aos berros com tudo e com todos e que terminou como todos vimos.
Para mim, é claro, este caminho de prosperidade e sustentabilidade é a única possibilidade de termos um futuro.
Foi em 8 de Março de 2020 a estreia de Rúben Amorim como treinador do Sporting, numa tarde marcada por uma manifestação patrocinada pela Juveleo do lado de fora de Alvalade e um clima de insatisfação generalizado dentro dele, cavalgado e amplificado por aqueles que depois da manifestação entraram no estádio para acabar o que tinham começado fora dele.
Foi também o último jogo do Sporting com público no estádio. O futebol parou, os jogadores recolheram às suas casas e quando voltaram depararam-se com as bancadas vazias.
E com as bancadas vazias veio um novo Sporting, com um plantel renovado, assente na formação e a somar vitórias. Foram mais de 30 vitórias para apenas 4 derrotas, uma taça ganha.
Quando se planta uma árvore, temos de regar e amparar. Depois vai enraizar e encorpar, nessa altura já não precisa de nós. Com a equipa de futebol do Sporting é a mesma coisa: as bancadas vazias foram a sua água e o seu amparo, a tranquilidade que precisava para se focar em pôr em prática o que treinava, para crescer enquanto equipa. Mas mesmo agora, que já se encontra forte e viçosa, preparada para todas as intempéries, sente a falta do carinho e dos aplausos. Foi tempo demasiado sem eles.
Um dia destes, sócios e adeptos voltarão aos estádios. Se calhar duma forma mais controlada e protegida, com as claques obrigadas ao escrutínio das autoridades via cartão de adepto, com bilhetes e cartões de época nominais e de venda reservada aos clubes, acabando com a candonga organizada e o poder de alguns à custa de todos. Poderá ser uma boa oportunidade para devolver as bancadas às famílias e aos amigos, e varrer das mesmas aqueles que não fazem lá falta nenhuma, os que não vão lá para vibrar com o futebol e apoiar a sua equipa, mas para andar nas suas guerras, curtir à sua maneira e armar confusão.
O Benfica foi atirado borda fora do acesso à Liga dos Campeões pelo PAOK treinado por Abel Ferreira, apesar de a equipa grega custar oito vezes menos do que a de Lisboa. Derrotado em campo, o neobenfiquista Jorge Jesus apressou-se a fazer aquilo em que é exímio: exigir mais jogadores. Aproveitou a conferência de imprensa em Salónica para reivindicar mais um defesa e mais um avançado: sabe que Luís Filipe Vieira, em desespero perante o cenário de perder as próximas eleições no Benfica e de ser constituído arguido noutro processo-crime, lhe fará todas as vontades. Isto apesar de o SLB já ter contratado "reforços", com ou sem aspas, avaliados em 83 milhões de euros, sem ter vendido um só jogador. O que o torna no segundo clube europeu mais gastador neste primeiro mercado de transferências da era Covid, só ultrapassado pelo milionário Chelsea.
A fama deste treinador deve-se, acima de tudo, à sua capacidade reivindicativa: é incapaz de treinar um plantel barato - como fizeram, por exemplo, Leonardo Jardim e Marco Silva, que o antecederam no comando técnico do Sporting. Espreme ao máximo os recursos financeiros dos emblemas por onde vai passando, cada vez mais ao estilo toca-e-foge. Detesta a expressão "formar jogadores" e é-lhe indiferente qualquer perspectiva de lançar alicerces sólidos num clube, seja ele qual for.
Vendo os que ele ontem colocou em campo contra o PAOK confirma-se que em poucas semanas mandou às urtigas o "projecto formador" de que falava até há pouco o seu neopatrão Luís Filipe Vieira: os tais miúdos-maravilha saídos da incubadora seixalense ficaram no banco ou na bancada ou nem tiveram lugar no avião para a Grécia. De caminho, mandou às malvas o "projecto europeu" de Vieira, que ontem viu voar pelo menos 38 milhões de euros a que teria acesso só por disputar a Champions.
2
Para nós, sportinguistas, nada disto é novidade. Jesus passou três anos no Sporting a torrar dinheiro e queimar jogadores. Para vencer apenas um título: a Taça da Liga 2018, logo revalidada no ano seguinte por Marcel Keizer, técnico incomparavelmente mais barato.
Não há volta a dar: o balanço de Jorge Jesus no Sporting é negativo. Sobretudo no menosprezo que revelou por jovens jogadores. Em três anos, lançou com regularidade na equipa principal apenas dois: Gelson Martins e Rúben Semedo. Daniel Podence estava em vias de se tornar no terceiro nas vésperas do assalto a Alcochete. Muito pouco, para honrar a matriz formadora do nosso clube.
A verdade é que Jesus deixou pelo caminho ou empurrou para a borda do prato jogadores como Ricardo Esgaio, João Palhinha, Matheus Pereira, Iuri Medeiros, Francisco Geraldes, Gelson Dala, Domingos Duarte, Ryan Gauld, Carlos Mané e Merih Demiral. Quase toda uma geração da formação leonina desprezada pelo "mestre da táctica". Vários deles não tiveram sequer oportunidade de jogar um só minuto sob a sua orientação na equipa principal. Teriam talvez de nascer "dez vezes", como o neobenfiquista chegou a dizer noutro contexto.
3 Agrada-me saber que esta aversão pelos miúdos oriundos da Academia parece ser coisa do passado. Confio em jovens como Luís Maximiano, Jovane Cabral, Eduardo Quaresma, Nuno Mendes e Joelson Fernandes como futuras figuras da selecção nacional. Aliás já com reflexos na mais recente convocatória para a selecção sub-21, em que o Sporting foi de longe o clube mais representado.
Quero ver estes - e outros, como Daniel Bragança, Matheus Nunes, Tiago Tomás e Gonçalo Inácio - com oportunidades reais, sabendo-se que o futuro começa a ser construído hoje e estes anos são decisivos para lançar carreiras. Faço votos para que esta geração de jovens jogadores consiga singrar de verde e branco, ao contrário da geração precedente.
Basta encontrarem o treinador certo, que aposte neles. Ou seja: que proceda exactamente ao contrário do que fez Jesus.
Chamem-me o que quiserem mas para mim estamos já na pré-época 2020/2021. Esta é, parece-me, a aposta e orientação da Direcção e da Equipa Técnica, e concordo com ela. Afinal, no final desta tão atípica temporada resta-nos deixarmos de fazer figuras tristes em campo, abandonando definitivamente o péssimo e errático jogo que durante meses, meses de mais, foi sendo praticado por um conjunto de jogadores, e substituirmos aquilo que tantas vezes nos envergonhou e exasperou por uma equipa de futebol com cabeça, tronco e membros. Uma equipa que saiba o que está a fazer em campo - que já tantas vezes o faz bem! Uma equipa que nos dê indicações que no futuro estará melhor. Uma equipa, enfim, que nos dê esperança e horizonte.
Antes de Rúben Amorim, e pegando na ilustração anatómica, cabeça não havia. Nem nos jogadores e treinadores, e menos ainda na massa adepta, que a perdíamos com os nervos a cada jornada de novo e repetido desaire e desnorte. Quanto ao tronco, esse, só o comum. Do qual quase todos partilhávamos que aquilo era tudo um desastre. E membros faltavam sempre aos nossos na hora do passe certeiro, do remate decisivo, no momento tão ansiado do chuto matador. Goleador.
Ontem, em Moreira de Cónegos, faltou-nos acerto, sim, é verdade, mas também o é que essa conclusão tiramo-la sem termos de recorrer a bitolas antigas de anos, décadas mesmo, mas porque temos já a bitola Amorim.
Como tantos, também não gostei de ver Wendel e Nuno Mendes no banco. Muitos defendem que em equipa ganhadora não se mexe. Outros sentenciarão que não é preciso aplicar a rotatividade no plantel.
Devo confessar que concordo com essas máximas, mas quando seguidas e aplicadas em tempos de casa arrumada e totalmente definida. Infelizmente, o Sporting ainda não está assim. Mas felizmente para lá caminha. Caminha, acredito e tudo farei para que assim seja, para alcançar vitórias de forma consistente e, por isso, natural. O desejado reencontro com o estatuto de clube grande ganhador.
Posto isto, aceito e aplaudo a experiência e até mesmo experimentalismo que Rúben Amorim tem realizado nas equipas que monta.
Há nele consistência. As equipas têm todas por base a formação. E esta aposta continuada e reforçada nos nossos principais activos é preciosa. É a que verdadeiramente nos dá futuro e inda rumo. É raro, muito raro, que ao discurso, às palavras se juntem os actos. O clube, esta direcção, disse-nos em tempos que iria apostar na Academia e suas muitas jóias e (depois de enganos e atrasos) está finalmente a fazê-lo.
Acreditando que não mais voltaremos a fazer figuras tristes esta temporada, convicto que no pódio ficaremos (fraco consolo!), espero e disso estou mesmo convencido que estas derradeiras jornadas estão já a ser a preparação de uma época vitoriosa.
Começámos 2020/2021 mais cedo que os outros. Tiremos proveito disso e assim sendo nem a incompetência (será só isso?) dos árbitros como os de ontem em Moreira de Cónegos nos impedirá de alcançar a glória que inscrevemos na nossa insígnia.
O Sporting apresentou ontem uma equipa cheia de futuro.
Ora o futuro é um fenómeno que na escala de tempo sportinguista costuma ser interrompido lá por Julho ou Janeiro quando os jogadores que o prometem são vendidos (em benefício do seu próprio futuro) para orgulho da nossa formação e proveito de quem os negoceia.
Presente é coisa que não abunda por aqui ao contrário do passado, que temos em excesso.
E estamos nisto há 20 anos, com uma breve suspensão em 2015 / 2016. Continuemos, portanto, a apostar no perpétuo futuro já que a esperança é a última a morrer (embora seja a primeira a emigrar).
Encheram-me a alma sportinguista e os olhos, o emblema do leão a cintilar e as listas verdes e brancas a brilhar. Um reforçado orgulho leonino que cedo transformou o estádio vazio numa enchente das antigas.
Podemos sorrir. Hoje e, seguramente, amanhã. É a minha convicção. Podemos esperar por vitórias. Muitas. Podemos, sobretudo, acreditar que vamos reconciliar-nos com a nossa equipa. No sentido em que vamos deixar de esperar dela o que ela não nos pode dar; porque dela receberemos o que ela nos pode e poderá dar. E isso é muito. Proporcional à dimensão dos talentos que temos na equipa e na academia é imenso. Estamos cheios de talento. Temos futuro.
Rúben Amorim é bom treinador e é um líder. Os jogadores gostam dele. Foi com ele, finalmente, que as palavras passaram aos actos e jogámos com as pérolas. Com os nossos verdadeiros activos. E eles, tal como o emblema leonino e as listas verdes e brancas, brilharam no Minho.
Em crescendo (porque assim vamos ver a nossa equipa) alinharam ontem em Guimarães: Eduardo Quaresma (18), Gonzalo Plata (19), Rafael Camacho (20), Matheus Nunes (21), Jovane Cabral (21), Max (21). Seis craques. Mais de metade de um onze!
Se isto não dá razão para esperança, não sei o que dará.
Acredito que Rúben Amorim vai formar uma grande equipa porque saberá potenciar o nosso DNA que, vimos ontem, está vivo e faz viver!
É a dar apoio a essa crença que dedicarei o meu sportinguismo. Quando houver eleições farei o meu juízo. Até lá não lutarei para que haja um sufrágio antecipado.
Sim, não vencemos. Sim, não foi uma exibição de encher o olho. Sim, temos um treinador que foi caro e não vence todos os jogos. Todas estas conclusões são óbvias e até justas. Mas não consigo deixar de sentir orgulho no meu/nosso Clube.
Foi dito que iria ser feita uma aposta na formação e que Rúben Amorim tinha sido contratado para potenciar jogadores e foi isso que vi ontem em campo. Matheus Nunes (21) e Eduardo Quaresma (18) fizeram o seu primeiro jogo pela equipa A. E que jogão de Eduardo Quaresma, diga-se! Jovane Cabral (21) foi o grande motor ofensivo da equipa e meteu quatro (4!) bolas de golo nos pés de Vietto e Sporar. Infelizmente só um entrou mas o princípio está lá.
Rafael Camacho (20), numa posição diferente, também deixou muito boas indicações. Com mais calma será um jogador top mundial.
Ainda na baliza esteve Max (21) e a primeira substituição foi Gonzalo Plata (19).
Há futuro para o Sporting. Por muito que isso doa a quem prefere a terra queimada.
No próximo dia 16 inicia-se um ciclo de conferências promovido pela Sporting com Rumo, uma iniciativa da responsabilidade de Agostinho Abade (ex dirigente) e Ricardo Oliveira, subordinada aos seguintes temas:
Governance 1 (16 de Junho, 19h00)
Moderador: Luís Marques; Comentadores: Ângelo Correia, Carlos Feijó, Diogo Lacerda Machado, Jorge Coelho, Pedro Mourisca e Ricardo da Silva Oliveira
Governance 2 (17 de Junho, 19h00)
Moderador: José Manuel Barroso; Comentadores: António Pires de Lima, João Duque, José Braz da Silva, Luís Filipe Meneses, Miguel Relvas e Samuel Almeida
Revisão Estatutária (23 de Junho, 19h00)
Moderador: António Sousa Duarte; Comentadores: Alexandre Mestre, José Eugénio Dias Ferreira, Rogério Alves, Rui Alexandre Jesus, Rui Januário e Sérgio Abrantes Mendes
Sustentabilidade Financeira (24 de Junho, 19h00)
Moderador: Henrique Monteiro; Comentadores: Agostinho Abade, Carlos Vieira, Eduardo Baptista Correia, Miguel Frasquilho, Ricardo da Silva Oliveira e Sérgio Cintra
Futebol e Modalidades (30 de Junho, 19h00)
Moderador: Rui Miguel Mendonça; Comentadores: Francisco Marcos, Luís Natário, Marco Caneira, Ricardo Pereira, Rui Oliveira e Bessone Basto
Estratégia Institucional e Segurança (7 de Julho, 19h00)
Moderador: Carlos Andrade; Comentadores: António Martins da Cruz, Carlos Anjos, Miguel Poiares Maduro, Miguel Salema Garção, Rui Calafate e Tomás Froes
Marca e Comunicação (8 de Julho, 19h00)
Moderador: Vítor Cândido; Comentadores: Carlos Miguel, Francisco Louro, Francisco Teixeira, Miguel Almeida Fernandes, Nuno Saraiva e Pedro Paulino
Ao contrário do que inicialmente se previra não haverá presença de plateia física, apenas os membros de cada mesa estarão reunidos presencialmente no Tagus Park. Haverá, contudo, oportunidade para participar a partir de uma sala virtual que obriga a registo prévio.
Para além da discussão acontecida no painel de cada dia e que será transmitida através da página Facebook e canal Youtube, haverá um ecrã gigante para onde passará a emissão sempre que um dos convidados/inscritos quiser esclarecer dúvidas. Quem estiver a assistir às transmissões no YouTube e/ou no Facebook poderá submeter perguntas que serão alvo de triagem e encaminhamento para o respectivo destinatário do painel.
É uma iniciativa aberta a todos os Sportinguistas e que se compromete a redigir um documento final que materialize a troca de ideias acontecida.
3 razões para NÃO acreditar no futuro do Sporting Clube de Portugal:
1. O nível de crispação no Clube não tem parado de crescer e muitos sportinguistas acreditam que a sua missão é insultar inimigos internos (croquetes, escumalha, etc);
2. O nível de crispação à volta do futebol, sobretudo entre SLB e FCP, inflama tudo à sua volta;
3. O sistema à volta do futebol - incluindo as estruturas das competições, a comunicação social e o próprio Governo - continua há anos a favorecer fortemente SLB e (menos) FCP:
3 razões para acreditar no futuro do Sporting Clube de Portugal:
1. Até à época 2018-19, o futebol do Sporting manteve presenças frequentes na Champions League e disputou títulos de campeão nacional;
2. Portugal ainda é Campeão da Europa de futebol, com uma equipa maioritariamente formada no Sporting Clube de Portugal e não tem parado de surgir talento;
3. Graças a grandes atletas - e grandes profissionais e sócios e adeptos leais que diariamente os apoiam, e às lições da nossa História e Cultura enquanto Clube - ainda somos a maior potência desportiva nacional.
A propósito de João Palhinha, António de Almeida reafirmava, no dia de ontem, a sua posição face ao desempenho da actual Direcção, da qual comungo plenamente:
«Frederico Varandas não pode continuar autista, ou percebe os sócios, ou tem de sair. Pela minha parte, não lhe quero dar mais benefício da dúvida, já lhe demos tempo mais que suficiente, ou mudamos de rumo, ou mudamos de presidente.»
Temo, contudo, que enquanto socialmente procuramos um novo equilíbrio no meio do caos trazido pelo coronavírus, a urgência que encontro (amos?) no esclarecimento da posição dos sócios, se esbata fatalmente. Estaremos, no Sporting, em paz? No rumo certo?
Há um rumo, sugerido por Tomás Froes, em artigo de opinião publicado no jornal Record que defende, aberta e frontalmente, a venda da SAD:
«Um caminho que se deverá iniciar com a venda da maioria do capital da SAD a um grupo de investidores, nacionais, que o deverão fazer por paixão clubística e simultaneamente como acionistas e gestores de um negócio que exige investimento (alto), competência (muita) e ADN (‘cheiro’ a futebol). Com um modelo de governance que deverá ser liderado por profissionais com elevado grau de experiência no futebol profissional. Sem olhar a nacionalidades ou preferências clubísticas, mas apenas e só aos seus CV e competência. Com um plano de investimento focado em talento, competência e profissionalismo, neste caso fora e dentro das quatro linhas. E com um plano financeiro que deverá estar comprometido com um plano estratégico a cinco anos e sustentado em três eixos. Portugal, formar! Europa, competir! Mundo, projetar.»
Há quem - para sempre parte desta casa - se oponha à venda da maioria da SAD, falo-vos de Pedro Azevedo que, de resto, já se assumiu disponível para encabeçar lista em futuras eleições para os órgãos sociais do Sporting Clube de Portugal.
«Simplesmente, sou frontalmente contra a perda de maioria da SAD por parte do Sporting. Desde logo porque seria um atestado de menoridade a todos os sócios do clube, também porque o Sporting que me deram a conhecer não é esse nem essa era a filosofia dos fundadores do clube, finalmente porque a simples mudança de mãos da gestão não significaria à partida a garantia de qualquer melhoria. Aliás, o que provocaria certamente seria maior endividamento e , caso a política desportiva continuasse no seu percurso de Titanic, seria o naufrágio total. E depois? Pedia-se ao Estado para nacionalizar o Sporting?»
Há, quero eu crer, quem mais no universo de adeptos, simpatizantes e sócios do Sporting Clube de Portugal, esteja disponível para constituir alternativa e sinta premência em agir.
Enquanto procuramos um novo equilíbrio no meio do caos trazido pelo coronavírus, há quem, muito legitimamente, use os instrumentos ao seu dispor para demarcar território. É neste espírito, que vos peço, Sportinguistas, que reflictam de forma fundamentada e que se posicionem. Muito para além desta caixa de comentários. No espaço cibernético de jornais desportivos. Em telefonemas para os Sportinguistas que reconheçam como alternativas válidas, às aqui enunciadas (projectos e pessoas). Para aquele jornalista realmente amigo, disponível para dar voz mediática à alternativa Pedro Azevedo. Através do envio de e-mail para os jornais desportivos, na qualidade daquilo que são, leitores atentos e interessados em ver consideradas todas as propostas apresentadas a favor do Sporting Clube de Portugal. Chamem-se os proponentes Pedro Azevedo ou John Doe.
Não sei se os sócios decidirão ser tempo de PAz. Sinto, contudo, que a aparente paz que se vive, está podre.
O Sporting? Pela parte que me toca, estará de pedra e cal.
O recuar final? Absolutamente estratégico, acreditem. Típico leoa sabida: marco posição e, logo de seguida, deixo-te acreditar que quem manda, és tu, querido.
O presidente Frederico Varandas foi há dois dias entrevistado no jornal da noite da TVI. O que era anunciado pela própria estação como um entrevista onde seriam abordados diversos temas, entre eles a política de contratações, a venda de Bruno Fernandes, a planificação desta época, limitou-se a ter um tema único, durante os cerca de vinte minutos que o presidente Frederico Varandas teve disponível no jornal da noite de um dos canais com maior audiência na televisão portuguesa. O presidente Frederico Varandas resumiu a realidade do Sporting a um tema. Alguém acredita que se por um acaso o actual presidente conseguisse resolver este problema, o Sporting teria pela frente épocas de sucesso desportivo e financeiro? Claro que não. Aliás o tema das claques, da sua violência, dos seus actos criminosos, não é exclusivo do nosso clube, bem pelo contrário. É um problema transversal da sociedade portuguesa e que reflecte em muito essa mesma sociedade. É por isso um tema que extravasa um clube e os seus dirigentes. Não se compreende assim que o presidente Frederico Varandas queira tomar a rédea de um problema do qual é apenas uma das vítimas, em que pela cargo que ocupa, representa o clube, nos representa. Um presidente do Sporting, pela dimensão que o nosso clube tem, deve conseguir perceber que neste caso concreto, a responsabilidade na sua resolução cabe inteiramente ao poder político e judicial. É ao governo, às autoridades policiais e judiciais que o presidente do Sporting deve pedir responsabilidades. Nestes cerca de dezasseis meses que leva de mandato o presidente Frederico Varandas não teve ainda tempo de solicitar uma audiência ao primeiro-ministro? Ao presidente da república? Ser recebido por um desconhecido secretário de estado, sem qualquer autoridade na tomada de qualquer decisão, só nos mostra que o presidente Frederico Varandas não percebeu, ainda ou de todo, o cargo para o qual foi eleito.
Ao Sporting cabe apenas identificar os membros das claques que prejudicaram de forma concreta o nosso clube e, de acordo com os estatutos, expulsá-los de sócios. Para tudo o resto o clube não tem instrumentos oficiais e legais para resolver o que quer que seja. Por tudo isto pede-se ao actual presidente do Sporting que entregue a quem de direito este problema e que se centre na gestão do clube.
Mas, infelizmente, pelo histórico desta direcção, já percebemos que porventura este presidente quer mesmo continuar a cavalgar este tema e apenas este tema. Cavou uma trincheira e está a tentar abafar as justas críticas de que a sua direcção é alvo. Se Bruno de Carvalho extremou e radicalizou muitos dos adeptos seus apoiantes, Frederico Varandas está a seguir o mesmo caminho, ou estão comigo ou estão contra mim e com as claques. Alguma comunicação social já foi atrás desta fraca versão do "dr. coragem" tecendo loas de herói a Frederico Varandas. O que eu como sócio e adepto do Sporting gostaria de saber é qual o plano, se o tem, para inverter a situação catastrófica do nosso clube. Se para a próxima época os custos com pessoal vão reduzir de forma drástica, se vamos ou não apostar na formação ou se pelo contrário vamos voltar a seguir o modelo desta época. Se os FSE's vão ser efectivamente escrutinados e fortemente reduzidos. Se existe, se há alguma política concreta relativa aos sócios, aos núcleos, qual a política para conseguir inverter a notória redução das assistências no estádio?
São apenas poucas questões, mas muito mais importantes para a vida e para o futuro próximo do nosso clube, do que o problema das claques.
Olhando para tudo o que nos tem acontecido e para o "estado a que isto chegou" e aos proto-candidatos que se adivinham, é um luxo ter alguém como João Benedito disponível e interessado em ser presidente no futuro.
João Benedito tem menos duas ou três falhas estruturais do que Frederico Varandas.
A mais óbvia é saber comunicar (é articulado, tem nexo, a mensagem é eficaz o timming perfeito), outra será o sentido de humildade de ter assumido desde o início de que precisa de uma equipa que lhe limite lacunas e de nunca se ter posto a jeito, colocando a fasquia onde sabia que nunca teria condições de chegar.
Hoje pela primeira vez em muito tempo vi alguém do universo leonino ser copiosamente elogiado e sem que tal se deva a ter enxovalhado a direção ou outrem. Marcou muitos pontos João Benedito no campeonato virtual dos valores seguros, na reserva do clube para um futuro melhor.
Finalmente, mesmo imaginando que os resultados desportivos não fossem muito diferentes, a verdade é que seria muitíssimo mais fácil manter o apoio a um presidente com o perfil e capacidade de comunicar de João Benedito.
Na pior da hipóteses, o presidente seria um amortecedor da ansiedade e não um acelerador do desespero.
Na melhor, bom, na melhor dependeria da competência da equipa e das lições aprendidas com erros alheios e truculência "inimigas".
Quando a hora chegar contamos com ele.
Disse.
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