«Adorava ver o Futre quando jogava pelo Sporting. Era um fenómeno. (...) Foi com enorme tristeza que o vi sair para o Porto. Como também João Moutinho, para referir outra “traição” histórica de um jogador nosso às nossas próprias cores. Hoje e olhando para trás a culpa de os perdermos foi nossa, exclusivamente nossa, do Sporting. Mas Futre é um produto da formação do Sporting. Não é de nenhum outro clube. (...) Quando Portugal ganhou o Euro 2016 os jogadores da selecção com formação no Sporting eram a maioria e assinalaram-no, mesmo que a sua história de sucesso tenha sido feita noutros clubes. Eu gosto mais dessa ideia do que da ideia de conflito e de rivalidade sem aceitação. Futre é um jogador “made in” Sporting. Para os miúdos da formação que vivem em Alcochete e sonham singrar no futebol isso é que conta. Foi “dali” que saiu Futre, um dos melhores do mundo. Foi do Sporting.»
«O que Futre foi fazer ao Porto apoiar Pinto da Costa, um indivíduo que é conotado com o Sporting, mas que não é sportinguista, é de bradar aos céus. Existe um campo de treinos na Academia Sporting com o seu nome, na minha opinião indevidamente, e se for levada a Assembleia Geral votarei para o seu nome desaparecer do tal campo.»
Quando estava no Atlético de Madrid Futre vinha de propósito ao Montijo cortar o cabelo. Então porque não há-de poder Amorim dar um saltinho a Londres para comprar presunto?
Ontem, no Record, Paulo Futre fez um elogio desbragado da batota e dos batoteiros. Em prosa que escreveu ou alguém escreveu por ele.
Passo a citar:
«Luis Aragonés dizia que "o futebol é para inteligentes e não para tontos" dezenas de vezes durante a semana, outras dezenas antes dos jogos e mais umas quantas ao intervalo. Aprendi com ele muitos truques, até com os apanha-bolas ele inventava alguns. Mas há muito que não via um tão notável como este do Pepe. Adorava saber quem foi o génio que teve a ideia de o meter lesionado no banco para levar o quinto amarelo. Acho que o Luis Aragonés, se fosse treinador do Belenenses SAD, publicamente até era capaz de chamar "chico-espertice" ao Pepe na conferência de imprensa mas antes tinha entrado no balneário do FC Porto para dar os parabéns ao Pepe e à pessoa que teve aquela genial ideia, no caso de não ter sido o próprio Pepe.»
Leio que a direcção do Sporting irá homenagear Paulo Futre, atribuindo o nome deste antigo jogador ao campo nº 8 da Academia, juntando-se a Aurélio Pereira (campo principal), e a outros nomes a homenagear como Vítor Damas (campo n.º 2), Manuel Fernandes (campo n.º 3), Hilário da Conceição (campo n.º 4), Cinco Violinos (campo n.º 5), Luís Figo (campo n.º 6), Rui Jordão (campo n.º 7).
João Távora, no texto infra, recorda que ter uma “conduta irrepreensível” era uma das condições para alguém pertencer ao clube. Não pondo em causa o sportinguismo deste antigo jogador, e recordando essa “conduta irrepreensível”, lembro-me do passado deste jogador no clube, nomeadamente «a falta de condições psicológicas» para continuar no Sporting e o trocar pelo FCPorto, assim como mais tarde, por causa de outras condições – que afinal sempre foram as mesmas, voltar a preterir o Sporting a favor do Benfica.
Assim, se permitem, pergunto: concordam com esta decisão da direcção?
«A única maneira de controlar tudo é meter os jogadores fechados e estarem sempre em estágio, seja no Sporting ou em outro clube qualquer, mas isso não é fácil. No momento em que todo o plantel faz uma vida normal, que é casa-treino e treino-casa, qualquer um pode ser infectado e de seguida infectar o resto do grupo. Infelizmente, ninguém sabe onde é infectado e talvez possa ter sido só um jogador a passar o vírus aos outros. Na minha opinião, a Liga e todos os clubes devem voltar a reunir-se, urgentemente, para arranjarem uma solução rapidíssima para estes casos, porque isto pode acontecer todas as semanas com várias equipas e será impossível o campeonato acabar com tantos jogos a poderem ser suspensos em cada jornada.»
Vou elencar aqui uns quantos nomes que penso terem qualidade suficiente para serem Director Desportivo do Sporting Clube de Portugal, SAD! Mas também acrescento que não gostaria de ver no lugar o Luís Vilar. Tanto a ele como ao Luís Freitas Lobo: não os considero tão bons como eles próprios pensam que são! Desculpem, mas... são esquisitices minhas, que quero o melhor para o Sporting.
Passemos então a enumerar os meus escolhidos. Como é óbvio, com a subjectividade adjacente de estarem disponíveis para aceitar o convite, o que não sabemos ao certo. Apenas podemos presumir. Por ordem de prioridade:
Heiko Laessig - Para quem não conhece, é o "homem forte" da prospecção do Red Bull Salzburg. Responsável pela descoberta de vários talentos do futebol actual (Sadio Mané, Naby Keita, Minamino - todos no Liverpool - Hee-Chan Hwang, Erling Haaland e mais uns quantos!). Tem 51 anos, está no clube desde 2005 e conhece o mundo.
Christopher Vivell - "Alma gémea" do senhor acima referido. Tem apenas 33 anos, está no Salzburg desde 2015 e, pasme-se, antes, trabalhou ainda no Hoffenheim, onde era o homem da confiança do treinador Julian Nagelsmann, actualmente treinador do... Red Bull Leipzig e com contrato até 2023.
(Só um à parte: assim é que se pensa o futebol e se constroem projectos sólidos e vencedores.)
Luís Campos - Dispensa apresentações. Se calhar, tendo em conta o currículo, até merecia ser o primeiro da lista (mas eu também "sofro" de algumas crenças). Na última década trabalhou no Real Madrid, Mónaco (campeão com Leonardo Jardim) e agora Lille, com fantástico proveito financeiro para o clube, que se conhece e que é público. Conhecedor do futebol francês como poucos, domina os escalões inferiores e a formação, onde recruta regularmente muitos e bons talentos.
Por fim e, se não for possível nenhum dos acima indicados...
Paulo Futre - Provavelmente todos dirão que sou completamente doido, que não percebo nada de futebol, etc., etc., etc.! Mas eu explico porque é que considero Paulo Futre uma excelente escolha. Conhece o mundo do futebol, é conhecido em todo o mundo e abre muitas portas, que muitos desejariam abrir mas dificilmente conseguirão. E como isso é importante no mundo das transferências de jogadores! Por vezes, conseguem-se contratações que julgávamos serem inatingíveis. Vejam os exemplos que já aconteceram com Rui Costa no Benfica: Saviola, Aimar e agora Weigl. Os próprios jogadores disseram publicamente que a conversa com Rui Costa tinha sido importante para decidirem vir.
Futre tem isto. É um líder motivacional, transmite confiança, faz os jogadores acreditarem que conseguem vencer e é um exemplo e um ídolo para todos os jovens que vejam o que conseguiu fazer dentro de campo. Além de tudo isto, sabe muito bem avaliar a qualidade de um jogador.
Texto do nosso leitor Jorge Santos, publicado originalmente aqui.
À deriva sem propósito pelos canais da tv tropecei no canal da manha onde esbracejava um sujeito de cabelo oleoso ensacado num blaser que identifiquei como sendo o Futre. Com o sentido de conveniência e a prudência que a sua singeleza consente, o bom do Futre tagarelava acerca de uma converseta tida com o "Hugue" sobre os critérios e a política de aquisições de jogadores para a formação do actual plantel do Sporting.
Terei ouvido ou percebido mal? Porque se coisa foi assim como desboca Futre, ou é desmentido ou é o fim da macacada.
De tudo o que foi dito sobre a ridícula expulsão do Bruno Fernandes, capitão do Sporting Clube de Portugal, o Record resolve destacar... As contas que Futre fez! Tirou tudo a limpo... Aliás, se há coisa em que o Futre é bom, são as contas. O que disse Beto ou Pontes aparecem lá em baixo em pequenino no site. É a imprensa que temos, sempre pronta a incendiar Alvalade.
Em 1987 Paulo Futre ficou no 2º lugar na votação para a Bola de Ouro, o prémio do France Football para melhor jogador. Gullit ganhou (106 votos), Futre teve 91. Depois? Butragueno [o "dono da quinta", hoje director no Real] (61), Michel (agora falado como hipótese para treinador do Real) (31), Lineker (o monstruoso goleador, ainda hoje sempre ouvido no futebol inglês) (13), John Barnes (10), Marco Van Basten (ex-seleccionador holandês) (10), Vialli (9), Bryan Robson (7), e por aí adiante ... Gullit estava no Milan e muito isso terá contribuído para vitória, a qual não apouco, o homem era um jogador extraordinário. Mas também o era Paulo Futre, que acabara de ganhar a Taça dos Campeões Europeus. Mas, naqueles tempos, de outra exposição mediática internacional dos portugueses, ainda por cima ele transferira-se para um então secundário Atlético de Madrid. Pouco importa agora se mereceu ganhar ou não. Era uma estrela internacional. E se a sua carreira não foi ainda mais brilhante deveu-se decerto aos rumos que teve: demasiados anos no seu Atlético de Madrid, em tempos cinzentos do clube; lesões quando já maduro partiu para o campeonato italiano, então o maior palco. Depois, já retirado, foi director desportivo do Atlético de Madrid.
Sim, saiu do Sporting em conflito, mas a história está tantas vezes contada que não vale a pena regressar a ela. Foi um erro histórico de gestão. Não me parece que isso menorize, tantas décadas passadas, a importância que Futre teve no futebol português, de longe o melhor e mais célebre jogador da sua geração. E a sua representatividade no Sporting. Penso que a sua foto como "bola de prata", ainda para mais nessas condições, deveria ser afixada em Alvalade, ao lado daquelas de Figo e Cristiano Ronaldo que servem como paisagem nas fotos oficiais, como símbolos do reconhecimento internacional que a formação sportinguista tem tido nas últimas 4 décadas.
Estou a defendê-lo como candidato a presidente do Sporting ou como director desportivo do clube? Não. Não me compete. Estou a lembrar Paulo Futre, como património do futebol e do próprio clube.
Há 30 anos Sousa Cintra ascendeu a presidente do Sporting, assim se concluindo a difícil transição após a partida de João Rocha, um grande presidente, porventura o maior que o clube teve. Tal como Rocha, Cintra é um self made man, coisa que ofende alguns que julgam que um "senhor" é o que lhes lembra o que leram (quando liam) nos livros da Condessa de Ségur, e que se pelam por brasões e consoantes excêntricas nos nomes (se forem consoantes duplas então é-lhes orgástico). Sem perceberem que isso são nomes e símbolos que nada mais representam do que ser descendente de contrabandistas de origem transpirenaica ou de negreiros luso-brasileiros, (re)instalados em Lisboa e no Porto durante XIX. Ou seja, que são símbolos e nomes que mostram que se descende de self made men. Enfim, Cintra foi um bom presidente, um pouco patusco na sua forma descomplexada de se exprimir, mas segurou o clube numa altura bem difícil. Como homem de negócios é muito resmungado (eu quase desmaiei quando soube que ia esburacar ao largo da costa em busca de petróleo, mas não sei se tinha justificação para tal). Mas, e deixemo-nos de coisas, nos 25 anos que se seguiram à sua presidência nunca ouvi que tivesse agido com dolo, em prejuízo do clube.
Estou a defendê-lo como futuro presidente? Como actual presidente da SAD? Não. Estou apenas a lembrar-me do que vi na TV no sábado passado. A doutora Elsa Judas, associada que havia sido cooptada para um órgão dirigente oficioso pelo ex-presidente Bruno de Carvalho, dizer nas cercanias do pavilhão onde decorria a assembleia-geral que depois da votação todos teriam que aceitar os resultados, e a partir do dia seguinte continuar o Sporting em unidade, esquecendo as diferentes opiniões.
Agora, resultados conhecidos, dia seguinte passado, a associada Elsa Judas escreve isto sobre estes dois vultos: "a fina flor do entulho". Este é o espírito truculento, insultuoso, infértil, e (visivelmente) errático, que vigorou sob Bruno de Carvalho. E seus apaniguados. A doutora Elsa Judas terá os seus méritos como jurista (ao que li como colega do doutor Fernando Seara, comentador futebolístico, autarca e jurista). E será uma aguerrida e apaixonada sportinguista. Mas compara-se, no historial do clube, a Futre ou Cintra, para se atrever a este tipo de "bocas"? E com que fundamento? Que críticas substantivas haverá a fazer a estes dois indivíduos? Que fizeram eles recentemente que prejudicasse o clube (quanto muito, alguns mais radicais acusá-los-ão de ... terem apoiado Bruno de Carvalho).
Judas demonstra bem, neste seu evidente atrevimento, o pouco que restou do carvalhismo. Este estertor, carregado de fel. Está na altura da imprensa, e de nós, nas redes sociais e nos blogs, deixarmos de ecoar esta gente, dar-lhes o silêncio devido. E assim deixarmos definhar esta fina flor do entulho.