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És a nossa Fé!

Futebol português: caminho para a perdição

«A falta de unanimidade das SAD dos clubes da I Liga portuguesa de futebol impede a entrada em vigor das cinco substituições já na 25.ª jornada, que começa na quarta-feira, anunciou hoje a Liga de clubes.» 

Passado o defeso do Covid, os jogos da próxima semana assemelhar-se-ão a jogos de pré-época.

Porém, ao contrário das recomendações sanitárias, bem como do que é normal nos primeiros jogos após longa ausência, os nossos iluminados dirigentes não conseguiram que a medida das 5 substituições vigorasse já na primeira jornada pós-regresso.

Ou seja, os responsáveis dos clubes não foram capazes de, atempadamente, proteger os seus principais activos, os jogadores. 

Enfim, nada que surpreenda. O nível do futebol português não se afere apenas nos paupérrimos resultados europeus, mas também nestas pequenas grandes incompetências.

Refundar o futebol português

Não sei qual será o sentimento do caro leitor, ou do prezado colega de escrita neste espaço, no que à redondinha diz respeito, mas, da parte que me toca, não tenho tido grandes saudades do nosso futebol doméstico. Muito poucas, para ser franco.

Não se trata apenas do facto do futebol pouco importar perante a grave crise que Portugal e o resto do mundo atravessam, de saúde pública, em primeiro lugar, e de economia, logo de seguida.

A falta de saudades deve-se, sobretudo, ao pouco interesse do jogo jogado, à permanente sobreposição da discussão e insultos face ao demais, e a um contexto em que o mérito foi trocado pelos interesses privados. Pensando bem, todas estas razões não são de agora, acumulam-se há vários anos. 

O futebol português é um futebol de bancadas vazias, de jogador no chão e não em corrida, de quantidade mas sem qualidade.

O futebol interno definha e não se vislumbra no horizonte uma inversão do rumo dos acontecimentos. A explicação só poderá dever-se ou à falta de vontade dos agentes desportivos, agarrados a interesses terceiros, ou, havendo quem queira arrepiar caminho, não tenha, porém, suficiente força para tal, o que também se lamenta.

O futebol, um dia que for retomado, terá perdido mais encanto e interesse.

Este contexto de pausada forçada e sem fim à vista, pondo termo no permanente ruído que pauta o quotidiano futebolístico, poderia constituir oportunidade para repensar o futebol português.

No fundo, lançar as bases de um novo futebol, com aposta no jogador de qualidade, no árbitro de qualidade, no futebol bem jogado, nos desafios bem arbitrados, e no propósito contínuo de encher as bancadas. Uma refundação sem medos ou hesitações de qualquer espécie.

Não será um exercício inédito, porque outras ligas já fizeram há muito esse processo e revolucionaram o interesse pelos seus campeonatos, com o sucesso que hoje se conhece. 

O futebol português que não desperdice a oportunidade. Nada será como dantes, assim que passar a tempestade do Covid-19. 

O futebol no parlamento

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Há um mês botei um texto no meu blog pessoal ("O governo está a dormir") sobre a inexistência de uma acção estatal face ao decadente estado do futebol nacional - não o coloquei aqui pois é um texto pouco simpático para com o governo/estado, e não me parece ser o tom para um blog clubístico, politicamente ecuménico. Ontem o parlamento realizou um encontro sobre a situação (noticiado aqui). Dir-se-á, a partir de agora, que o parlamento está estremunhado. E o governo?

Hoje giro eu - Selecção: a ponta do iceberg do futebol luso

Portugal é campeão da europa de futebol e tem os melhores jogadores do mundo em futebol, futsal e futebol de praia. Factos destes deixam felizes os portugueses e, em particular, a Federação Portuguesa de Futebol, mas reflectirão o verdadeiro nível global do nosso futebol, e o seu peso social e económico, à escala europeia e mundial? 

 

Em contrapeso, Portugal ocupa a sétima posição no Ranking UEFA de clubes - onde só está representada a elite do futebol luso -  e tem vindo a descer, perdendo recentemente posições, primeiro para a França, depois para a Rússia, facto que nos custou já um lugar na Champions. Adicionalmente, um estudo da Associação das Ligas Europeias Profissionais coloca a nossa 1ª Liga apenas em 12º lugar no que respeita a média de assistências nos estádios, com um número médio de 11838 espectadores, onde só Benfica, Sporting, Porto e Vitória de Guimarães têm assistências superiores a esse valor. Por outro lado, no referido estudo apresentado em Janeiro deste ano, a nossa 2ª Liga encontra-se na 46ª posição (em 47 alvo do estudo), com médias de assistências inferiores a 1000 espectadores por jogo. Paralelamente, ontem soubemos que os árbitros principais e os árbitros auxiliares portugueses não estarão representados no Mundial de Selecções, não constando de um elenco que inclui 99 árbitros provenientes de 46 países.

 

Estamos perante uma enorme divergência de dados, onde se nota uma gradual perda de competitividade interna que parece estar mascarada pelas competências e experiência que os nossos principais futebolistas têm vindo a adquirir externamente e que têm contribuido para o sucesso internacional das nossas selecções.

 

Perante estas duas realidades paralelas, como podem as autoridades competentes ajudar a construir o novo edifício do futebol português? A ideia que me dá é que o nosso futebol necessita urgentemente de maior equidade entre as equipas (a negociação em bloco dos DireitosTV teria ajudado a isso), maior transparência (é só estar atento às televisões, jornais e blogues, faz falta um Código de ética que vincule todos os agentes desportivos), mais e melhor formação de árbitros, uma maior promoção do espectáculo desportivo e regras que garantam a defesa do jogador made-in Portugal e que assegurem a continuidade do trabalho feito na Formação. Em suma, uma muito melhor Organização, que dê resposta às alterações demográficas, sociais, culturais e económicas do meio envolvente, assegurada por verdadeiros decisores e estrategos que saibam pensar o futebol nas suas multiplas vertentes.

 

Eu noto muito pouco a ser feito ao nível das reformas que se impõem e, principalmente, não vejo acento tónico na assumpção de erros e na necessidade de mudança. Quem passa a vida a resistir à mudança, um dia acaba por ter de resistir à extinção. Têm a palavra a FPF/ Liga de Clubes/ APAF e outros agentes do fenómeno desportivo, sem esquecer o papel do governo e do poder judiciário, este último enquanto segunda derivada da garantia do cumprimento das regras, que deveria, em primeira mão, ser assegurado por Federação e Liga.

 

Ética - A Tonga da Mironga do Kabuletê

"Eu caio de bossa, eu sou quem eu sou.

Eu saio da fossa, xingando em nagô.

Você que ouve e não fala, você que olha e não vê.

Eu vou lhe dar uma pala, você vai ter que aprender.

A tonga da mironga do kabuletê.

Você que lê e não sabe, você que reza e não crê.

Você que entra e não cabe, você vai ter que viver,

na tonga da mironga do kabuletê."

 

Com esta canção, Vinícius de Moraes e Toquinho, em plena ditadura (lá no Brasil como cá), afrontavam os militares sem que eles tivessem consciência. Estávamos em 1970...

 

Agora em democracia, quebrando o politicamente correcto e reportando-me ao panorama futebolistico, pisco o olho aos nossos Leitores. Está aqui tudo, ou não? Em 2017...

É necessário dizer mais alguma coisa?

Saravá, Vinícius, poeta imortal!

 

 

Espelho meu, espelho meu haverá alguém mais sujo que eu?

A direcção do Benfica decidiu usar o jogo de Portugal contra a Hungria para condicionar ainda mais o árbitro, e a sua escolha, para o clássico a disputar no mesmo estádio e que, embora não decisivo, será importante para o desfecho da liga.

Começou pela recusa em se fazer representar na gala promovida pela federação, onde foram distinguidos alguns jogadores pelo seu desempenho na selecção e no sábado, dia do jogo contra a Hungria, energúmenos pertencentes a claques não legalizadas, mas muito bem organizadas, a insultar e a agredir ou a tentar, é a mesma coisa, adeptos e dirigentes de clubes adversários. O objectivo é óbvio: pressionar a federação de todas as maneiras possíveis, condicionar todos os envolvidos, para que o colinho continue até Maio e que possa celebrar, finalmente e ao fim de mais de 100 anos de história, o seu primeiro tetra. Só assim poderão, pensam, esconder o descalabro da actual gestão, das vendas e compras por valores inexplicáveis, comissões estrambólicas que esvaziam os cofres, estranhos acordos com clubes desconhecidos por onde circulam jogadores comprados, que por vezes nem à bola sabem jogar. Se até Janeiro/Fevereiro tudo estava sob controlo, arbitragens amigas, jogos calmos e descansados, adversários anestesiados, com dirigentes sem espinha e inteiramente dedicados à causa encarnada, jornalistas afectos ao clube, prontos a utilizar a sua posição para orientar a opinião generalizada, com direcções de jornais empenhados em tudo fazer para levar o Benfica tranquilamente ao tetra, inenarráveis programas diários sobre futebol com paineleiros que inventam, condicionam, mentem, traçam estratégias conjuntas, sempre com o mesmo guião. A comiseração capciosa é o prato diário destes supostos independentes paineleiros, prontos para todo o serviço. Os actuais dirigentes na sua finita sabedoria julgaram que chegava controlar a opinião publicada. Esqueceram-se, por talvez ser essa a sua escola e a ela não quererem ser equiparados, da forma como actua a velha guarda, que trouxe até hoje a podridão que é o futebol português. Num último estertor os antigos régulos tentam suster o poder que ainda julgam deter, confiando que um campeonato ganho lhes devolva o poder que há muito só eles ainda acreditam que possuem.

É isto o futebol português, temos uma selva onde tudo é permitido. Infelizmente temos na comunidade de jornalistas “desportivos” quem pertença a esta selva e que nela se enxurda com prazer. Os outros jornalistas olham para este mundo, e porventura bem, optam por desviar o olhar e ignorar o mais que evidente lodaçal. A horda de apoiantes exulta. Hoje no fórum da TSF lá estavam eles exaltados com todas as injustiças que lhes fazem. A eles o maior clube do mundo e arredores “não somos 6 milhões, se contarem bem somos no mínimo 7.5 milhões.” Depois desta desliguei e lá ficaram eles a chafurdar.  

{ Blogue fundado em 2012. }

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