Francisco Seixas da Costa numa tocante digressão a um tempo que já não volta: o de uma certa candura no futebol:
«Por esse tempo, lá por Vila Real, eu lia "A Bola", que saía três vezes por semana. Às vezes também o "Record", "O Mundo Desportivo" e, raramente, "O Norte Desportivo". Colecionava cromos com jogadores saídos nos rebuçados de uma lata cúbica que havia pelos cafés, mas nunca me saiu "o número da bola" (como se dizia em Vila Real) ou "o mais custoso" (como se dizia em outros locais), que dava direito a uma bola de couro.»
Queiram ou não queiram as araras tontas das pantalhas, teimem ou não teimem os derrotistas militantes, é impossível negar os factos quando eles se tornam óbvios.
Eis um facto: Portugal tem hoje uma das cinco melhores selecções de futebol do mundo (quatro da Europa, uma do continente americano). E acabamos de vencer duas delas, o que nos abre excelentes perspectivas para o próximo Mundial.
Preferiam o tempo das "vitórias morais" quando jogávamos como nunca e perdíamos como sempre? Azarinho: habituem-se. E tentem encontrar novos alvos para aliviar as frustrações.
Não é meu costume aqui perorar sobre o que se passa nas outras casas (leia-se clubes!), todavia o que se vai assistindo na cidade invicta leva-nos a pensar que mais tarde ou mais cedo a verdade mostra a sua face.
Muitos dirão que o actual problema nasceu com a saída recente de Jorge Nuno Pinto da Costa da presidência do clube. Eu ouso dizer que tudo começou… com a sua entrada!
Quarenta e dois anos à frente de um clube é obviamente tempo a mais. Criaram-se demasiados vícios, demasiadas relações duvidosas que se plasmam, entre muitas coisas, nas conclusões da mais recente auditoria que o actual Presidente achou por bem mandar fazer.
Os desmandos financeiros no FCPorto feitos na vigência da antiga direcção são quase pornográficos, e que se traduz em milhões de euros desviados e gastos em coisas menos desportivas.
Entretanto e durante muuuuuuuuuuuuuuuitos anos por aqui e por diversos lados os sportinguistas foram-se queixando dos métodos aparentemente pouco ou nada lícitos que o Porto usava para influenciar o poder futebolístico de forma a ganhar jogos e consequentes campeonatos. O próprio PdC ria-se das nossas queixas e dizia à boca cheia: desculpas de perdedores!
O pior nisto tudo foi a insensibilidade da Comunicação Social lusa perante os factos que se percebiam que cheiravam a esturro. Dava mesmo a sensação que se rebaixavam ao poder oriundo da Invicta. Algo que eu nunca percebi porquê...
Mais... A própria justiça assumia-se curiosa e criteriosamente impotente, sendo o processo Apito Dourado, quiçá, o último grande exemplo da forma como o FCPorto dominava o futebol em toda a linha e em todas as suas vertentes.
Hoje o clube da Invicta começa a pagar, com juros, os custos dessas estranhas influências e por aquilo que foi dado conhecimento não sei até onde o Porto poderá cair.
Cabe agora ao Ministério Público fazer o seu trabalho. Entretanto a justiça que seja célere e cega!
Uma nota final para André Vilas-Boas pela enormíssima coragem que tem tido em enfrentar todos estes problemas, sem ousar esconder seja o que for.
Todos sabemos o que se passava no futebol (cf. com declarações de Casagrande) no ciclismo (está em julgamento) e noutras modalidades.
A cultura do doping existia no Futebol Clube do Porto de Jorge Nuno Pinto da Costa.
Tem de existir uma investigação séria, doa a quem doer e têm de ser retirados os títulos que tiverem de ser retirados.
As selecções nacionais não podem estar sujeitas a estas "vergonhas" poucas horas antes de começar um jogo internacional. É do interesse de todos, dos actuais e dos antigos jogadores da agremiação portista, dos actuais e antigos dirigentes que sejam eles próprios a denunciarem os casos que conhecem e nos quais estão/estiveram envolvidos.
Não obriguem o país a ser envergonhado internacionalmente.
O futebol faz mover paixões e lega-nos memórias inesquecíveis devido à sua imparável força icónica. Pensei nisto ao ver ontem Cristiano Ronaldo marcar o golo oficial número 900 da sua longuíssima carreira como futebolista profissional. Foi no estádio da Luz, correspondendo da melhor maneira a um soberbo cruzamento de Nuno Mendes. Em posição frontal, sem deixar a bola tocar no chão.
Aconteceu aos 34 minutos do Portugal-Croácia, jogo inaugural da Liga das Nações que vencemos por 2-1. O primeiro havia sido marcado por Dalot logo aos 7', portanto aquele golo do melhor jogador do mundo revelou-se decisivo contra a excelente selecção croata, onde pontifica outro jogador fantástico: Luka Modric, que daqui a três dias festeja 39 anos - os mesmos que Ronaldo já tem.
Ao contrário do que se esperava, CR7 não celebrou o quase mítico n.º 900 - e o n.º 131 ao serviço da selecção nacional - com aquele seu salto que muitos tentam imitar nos relvados ou fora deles. Dirigiu-se a um dos cantos e ajoelhou. Como em prece de agradecimento por ter sido tão fadado com o dom do golo.
Permaneceu assim longos segundos, como se alheado da multidão que o ovacionava, até Bruno Fernandes ir ter com ele, fazendo sinal para que se levantasse. Então lá vimos o Ronaldo a que nos habituámos. Já quase quarentão mas exibindo ainda sorriso de criança cada vez que marca mais um golo. Como fazia em miúdo, quando jogava à bola na rua.
Querem um exemplo da magia do futebol? Pois é este mesmo.
Dizia algures uma das viúvas carpideiras que "... é visível o definhar do Clube a nível social, desportivo e agora também identitário…" Visível pode ser, com que olhos é que não sei.
Eu, com os dois olhos que Deus me deu, vejo uma coisa completamente diferente em Alvalade e no João Rocha. Um clube rejuvenescido e pujante, um estádio com as suas limitações estruturais e regulamentares que se tornou pequeno para albergar todos os interessados, qualquer camisola nova que saia é êxito imediato de vendas e esta do equipamento principal é mesmo uma delas, arranjar bilhetes para os jogos fora tornou-se missão quase impossível, os núcleos desesperam por bilhetes, a corrida ao site é impressionante.
No futebol a época arrancou como sabemos. No futebol feminino manteve-se a liderança, perdeu-se a principal figura mas reforçou-se o plantel. No futsal continuamos no topo nacional, tal como no andebol. No voleibol reforçámos uma equipa que ficou muito perto do título no ano passado. No hóquei mantemos a bitola. No basquetebol, de novo com o prof. Luis Magalhães, vamos voltar ao que já fomos com ele. No voleibol feminino vamos ver em que resulta a mudança de ciclo. E depois todas as outras modalidades, a academia de Alcochete e os seus satélites cada vez mais organizados e estruturados, muito Sporting em movimento.
No estádio de Alvalade é visível o trabalho em curso para melhorar dentro do possível uma infra-estrutura com imensas limitações e "taveiradas" inacreditáveis. Na minha zona os WCs masculinos até já têm uma rampinha de acesso para ninguém partir nada ao sair, infelizmente as senhoras foram deixadas à sua sorte e à melhor atenção com o degrau. Os painéis de TV foram retirados e espero que não voltem para aquele local. As "calhas técnicas", ou seja, os cabos das transmissões a passar pelas bancadas abaixo a céu aberto e as tampas metálicas desaparecidas lá continuam.
Entretanto a nova urbanização adjacente está cada vez mais imponente e ameaça engolir o estádio em termos de acessibilidades. Estou para saber como se fará o escoamento automóvel de todos aqueles estacionamentos, se calhar para uma passagem de peões como continua a ser o caso do estádio. A escadaria e as "casinhas" de duas das claques irão desaparecer com as obras, oxalá desaparecessem também do estádio os pirotécnicos da JuveLeo que causaram cenas de pancadaria na curva sul que obrigaram à intervenção do corpo de intervenção da PSP no último jogo.
O campeonato recomeçou, o grande super hiper-candidato Benfica com muita sorte à mistura passou ao lado duma cabazada em Famalicão, enquanto o Porto lá cavou mais dois penáltis, e o Sporting fez uma excelente primeira parte em Alvalade. O primeiro golo é mesmo uma obra-prima colectiva, do melhor que o Sporting conseguiu nos últimos anos.
O Sporting é mesmo um clube a definhar. Volta, Bruno, para nos salvares. Ou então manda o Inácio.
Uma nova época está a começar no futebol e nas principais modalidades de pavilhão e pode ser interessante dar uma visão de conjunto, porque só existe um Sporting Clube de Portugal.
No futebol:
Rúben Amorim segue na sua 5.ª pré-época (já conta com quatro épocas e meia ao serviço do Sporting) marcada pela necessária renovação do núcleo duro criado há quatro anos e que nos deu tantos títulos. Esperamos ainda os necessários reforços para uma temporada de defesa do título e de participação numa Champions de exigência reforçada.
No futebol feminino:
Saiu a talentosa jovem canadiana Olivia Smith para um grande inglês pela cláusula, entraram uma das melhores jogadoras nacionais, Telma Encarnação, e mais três ou quatro estrangeiras e nacionais. Continua a treinadora Mariana Cabral (3 épocas), com o seu discurso redondo e enfadonho, para uma época mais exigente pela participação na "Champions".
No andebol:
Tranquilidade absoluta no reino do Leão. Ricardo Costa (3 épocas) mantém a estrutura base numa equipa que ganhou tudo a nivel nacional, quatro alterações apenas no plantel.
No futsal:
Mais ou menos a mesma coisa com Nuno Dias (12 épocas). Fala-se no interesse árabe pela modalidade e duma oferta por Pany Varela. Há dois dias, no ginásio, estava lá alguém a dar o litro com um "personal trainer" que logo reconheci, o "nosso" Erick Mendonça. Uma máquina.
No basquetebol:
Regresso ao futuro. Plantel desfeito depois duma temporada marcada por lesões e desentendimentos, treinador finalmente acordou a saída, regressa o prof. Luis Magalhães. Acho que jogadores para já temos quatro, mas se o professor tinha saido, não só mas também, pela falta de investimento do clube...
No hóquei em patins:
Sai por motivos pessoais Alejando Domingues, entra o treinador do Oliveirense, o catalão Edo Bosch. Sai também o jogador mais talentoso, Ferran Font, de regresso à sua Catalunha. Ou seja, andamos aos ziguezagues, vamos ter um catalão a comandar uma equipa onde a presença argentina aumentou com o Alejandro. Vamos ver.
No voleibol:
A equipa foi reconstruida no ano passado e continua quase toda com João Coelho (uma época e meia). Vamos ver se conseguimos este ano ultrapassar o Benfica.
No voleibol feminino:
Plantel desfeito também, ficaram a capitã Daniela Loureiro e mais duas. O novo treinador Rui Pedro Silva vem duma equipa nortenha secundária. Três ou quatro reforços de estrangeiras que actuavam no norte. Prevejo que seja uma época complicada.
Concluindo, o Sporting segue o seu caminho e se repararem a nota principal é que do futebol ao voleibol feminino falta investimento de acordo com os objectivos competitivos, e só com treinadores de excelência conseguimos ter sucesso.
Alguns dizem que Portugal não cumpriu os objectivos com esta participação no Europeu de Futebol.
Discordo em absoluto.
Portugal caiu nos quartos-de-final, juntamente com a Alemanha e a Suíça. Figurámos entre as oito melhores equipas do continente.
À frente de outras que foram eliminadas mais cedo. Como a Itália, campeã europeia em 2021. Ou a Polónia, a Bélgica, a Croácia, a Dinamarca.
Fizemos muito melhor do que a Suécia, a Grécia ou a Irlanda - que nem sequer se qualificaram para esta fase final disputada em território alemão.
Pergunto: tínhamos obrigação de voltar a ser campeões, como fomos em 2016?
Respondo: não.
É certo que com Cristiano Ronaldo no onze nacional o patamar de exigência subiu imenso. Basta lembrar isto: com ele na selecção, nunca mais voltámos a falhar uma participação numa fase final dum Mundial ou dum Europeu.
Antes dele, durante 74 anos, só participámos em três Mundiais (1966, 1986, 2002).
Depois dele, estivemos em cinco.
Antes dele, durante 44 anos, só participámos em três Europeus (1984, 1996, 2000).
Depois dele, estivemos em seis.
Pergunto: em que outro sector de actividade figuramos entre os oito melhores países do continente europeu?
Acabado de chegar do pavilhão João Rocha, onde o Sporting obteve uma vitória clara por 3-0 no dérbi de voleibol, venho actualizar a listagem dos últimos dérbis:
Futebol - Sporting 2 - Benfica 1 (29/02/2024)
Futebol Fem - Benfica 1 - Sporting 3 (26/11/2023)
Futebol B - N/E
Futebol Sub23 - Sporting 5 - Benfica 2 (30/01/2024)
Futebol Sub19 - Sporting 0 - Benfica 1 (08/12/2023)
Futebol Sub17 - Benfica 3 - Sporting 2 (03/03/2024)
Futebol Sub15 - Sporting 1 - Benfica 5 (17/02/2024)
É normal dizer-se que o futebol não se deve misturar com a política e vice-versa. No entanto todos sabemos como essa fronteira é, demasiadas vezes, transposta por ambas as partes.
Mas hoje, curiosamente, essa mistura tantas vezes explosiva, terá para nós sportinguistas um valor diferente, mas não menos importante.
Dito isto coloco a todos os sportinguistas uma questão que se prende com uma prioridade:
1 - vitória hoje do Sporting, derrota do partido em que se votou;
2 - vitória do partido preferido, mas derrota ou empate do Sporting.
Aguardo as vossas respostas.
Nota final:
Aviso que tudo o que seja diferente da resposta pedida vai directamente para o lixo. Portanto se alguém estiver interessado em “troca de galhardetes” hoje não será dia para isso.