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És a nossa Fé!

Mãozinhas? Mais Valia...

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Caiu com estrondo a notícia de buscas, efectuadas pela Polícia Judiciária, à sede da Federação Portuguesa de Futebol.

Em causa estará uma alegada negociata na venda da antiga sede daquela federação, no valor de onze milhões e duzentos e cinquenta milhares de Euros.

Segundo um comunicado divulgado pela PJ, ao longo da investigação "foram identificadas um conjunto de situações passíveis de integrarem condutas ilícitas relacionadas" com a intermediação da venda da antiga sede. Estão apontados como implicados antigos e actuais funcionários titulares de cargos de topo na hierarquia profissional da FPF.

A PJ fez a recolha habitual nestas circunstâncias: Os computadores, os telemóveis e demais parafernália de suportes digitais que agora se usam. Na sequência, foram executados mandados de busca e apreensão em domicílios, instituição bancária, estabelecimentos e sociedades de advogados, nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém.

Entretanto nas TV's vimos o director nacional da PJ (que me parece uma pessoa séria e competente) ilibar o ex-presidente Fernando Gomes de todos os eventuais e alegados ilícitos.

Se me causa alguma estranheza que o director da PJ se antecipe ao MP, garantindo uma conclusão que está condicionada pela visualização de toda a matéria a ser investigada constante dos equipamentos recolhidos, o que me causa comichões, o que me preocupa e incomoda é que a FPF, que é uma instituição de utilidade pública, logo com benefícios pagos por todos nós contribuintes, alegadamente seja ela própria, ou alguém por ela ou a beneficiar dela, implicado numa situação que mancha a obrigação de manter uma conduta, moral neste caso, acima de qualquer suspeita e a fazer fé nas palavras do director da PJ, o seu (ex)presidente não soubesse de nada. O que nos pode, legitimamente, dar o direito de extrapular e pensar "se isto é com a venda da sede, o que não será com o resto". E o resto são as competições, as comissões e os conselhos (de arbitragem e disciplina), a equidade e isenção que se colocará em causa, os jogos de interesses, as convocatórias para as várias selecções, etc. Para ajudar à análise do parágrafo anterior e para os mais distraídos, convém não esquecer quem integrava o elenco directivo visado por esta investigação e que cores ali predominavam.

Usando o código da operação e não desprezando a sua relevância, obviamente, "Mais Valia" ter sido só a venda da sede. Mas todos sabemos que não foi.

 

 

Nota: Entretanto ontem, a PJ procedeu a buscas na Federação Portuguesa de Judo. Em causa está "a gestão por parte do anterior presidente no período em que exerceu essa função". Em causa, segundo o mandato emitido pelo DIAP de Loures, estarão crimes de tráfico de influência, abuso de poder e peculato, durante o período em que Jorge Fernandes foi presidente. 

Tempos esquisitos, estes, para o desporto em Portugal.

Dança das cadeiras

O grande Zeca escreveu um dia uma cantiga que rezava assim: "Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada".

Este relembrar do grande trovador vem a propósito das recentes eleições para a FPF e das próximas para o COP e para a Liga Portugal.

Se se quiserem dar ao trabalho de ver quem foi eleito na federação de futebol e quem está nas listas para o COP e a LP, facilmente verificarão que há um bailinho mandado, assim a modos que uma mal amanhada dança das cadeiras. O querido Proença da LP para a FPF, o Gomes da FPF para o COP e o Couceiro a afiambrar-se da FPF para a LP.

Percam um tempinho a ver quem compõe a direcção eleita da FPF e quem se avizinha para as outras duas organizações. Escolhidos a dedo.

Uma placa giratória, é o que é. Ou uma corrida ao tacho, diria eu, que não ando distraído.

Curiosamente, grande parte dessa rapaziada torce pelo encarnado. Quem diria?

Se não foi Martínez então quem foi?

Quenda proibido de calçar contra a Croácia

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«Se entrar em campo no Estádio Poljud, em Split, na segunda-feira, Quenda vai estrear-se com 17 anos e 202 dias, superando Futre, que estreou em 21 de Setembro de 1983, com 17 anos e 205 dias.»

Notícia do SAPO Desporto, 17 de Novembro

 

«Roberto Martínez deu minutos a todos os jogadores convocados para o duplo compromisso com Polónia e Croácia para a Liga das Nações, excepto para Geovany Quenda, o único jogador de campo a ficar em branco.»

Notícia do SAPO Desporto, 19 de Novembro

 

«Foi uma maldade. Martínez sabia que ele podia bater o recorde do Futre. Levou-o para o banco, podia tê-lo deixado na bancada, por isso o normal seria entrar. Por dois dias... Por que é que não entrou? Porque defende mal? Joga como ala no Sporting, num sistema de três centrais.»

Pedro Santana Lopes (ontem, n'O Jogo), indignado por ter visto Quenda chamado à selecção A para não jogar

 

«É desonestidade intelectual. Não escolhe os jogadores porque são do Sporting. Há manifestamente uma perseguição. Diz muito bem deles, são todos uns craques e são os jogadores da equipa que vai à frente e ganhou o campeonato, mas, depois, nada disto serve para o senhor Martínez.»

José Dias Ferreira (ontem no Notícias ao Minuto), sobre o mesmo tema

 

«Apetece-me dizer isto: ele [Quenda] foi convocado pelo Roberto Martínez mas não foi o Roberto Martínez quem decidiu que ele não devia jogar. Isto é extraordinário. Noutro país qualquer não tenho dúvidas de que seria utilizado e se calhar em alguns casos até como titular.»

Jorge Baptista (ontem, na SIC N), surpreendido ao ver Quenda permanecer no banco contra a Croácia

A gala dos amigalhaços da FPF

 

Screenshot 2024-11-12 at 10-01-00 MANUEL FERNANDES

Assisti ontem, confesso que com alguma curiosidade, porque o arranque prometia, a uma coisa que a RTP transmite todos os anos, a Gala das Quinas.

Afinal a montanha pariu uma ratazana à imagem daquela cangalhada toda que gere os destinos daquilo.

Foram distribuídas distinções a torto e a direito, umas com sentido, nomeadamente aos clubes campeões nas várias versões da modalidade, e outras que não lembrava ao diabo.

Para quem não viu, não perdeu nada, mas faz algum sentido atribuir distinções aos nomeados para a bola de ouro? Faz algum sentido atribuir um prémio de carreira a Cristiano Ronaldo, se ele ainda está no activo? Vá, se o premiassem por ter atingido 900 golos e ser o maior artilheiro de sempre, entendia-se, mas assim cheira a despedida, que o próprio não quis desmentir, apesar de Vasco Palmeirim o ter questionado sobre isso e ter insistido.

Foi homenageado Pepe. Aceito. À parte ter sido um caceteiro, deu muito do seu esforço à selecção nacional e, na perspectiva de quem não conhece a palavra escrúpulo, faz todo o sentido iniciar a função com esta homenagem.

Foi distinguido Jorge Jesus por ter conquistado um recorde de vitórias seguidas em jogos do campeonato saudita e Taça da Ásia e mais qualquer coisa, não sei precisar. Teve um discurso escorreito, o que é de salientar, mas pareceu-me que se estava a fazer ao lugar de seleccionador nacional. Por mim trocava-o já com o careca espanhol do bacalhau à Bráz/Brás, ainda que os jogadores do Sporting para serem seleccionados tivessem que nascer dez vezes, também.

Foram até entrevistadas duas lendas vivas do atletismo, Carlos Lopes e Rosa Mota, numa singela e merecida homenagem.

E a cerimónia terminou com a mostra de todos os troféus ganhos pelas várias selecções, um momento vá, bonito.

Para quem estava à espera de mais alguma coisa, terminou mesmo ali, ponto final. Kaputt.

E foi esquecido Manuel Fernandes. No ano do seu desaparecimento. Seria de esperar que quem em vida útil de jogador sempre o preteriu em favor de outros menos capacitados e fiáveis, dificilmente o iria lembrar depois da sua morte. Está indignado o seu filho Tiago Fernandes, estou eu indignado, estarão todos os sportinguistas, mas sobretudo estarão todos os amantes do futebol, que a federação respectiva tenha ignorado olimpicamente alguém que à modalidade tanto deu, inclusive à selecção, quando lhe permitiram que a representasse, o que aconteceu por 37 vezes. Passou pouco tempo desde o seu falecimento, a 27 de Junho, e não houve tempo para preparar a merecida homenagem, só pode ter sido isso.

As atitudes ficam com quem as pratica. Esta enorme falha espelha a "semvergonhice" de quem dirige aquilo lá em Oeiras.

Nota: A foto é do sítio da FPF

Renato Veiga: um desperdício

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É sempre mais fácil criticarmos os seleccionadores por não aproveitarem os jogadores do Sporting.

Mas peguemos no caso de Renato Veiga.

Afinal quem é que não o aproveitou?

 

Agora com 20 anos, este médio da nossa formação é internacional sub-21. Já com sete partidas disputadas com o emblema das quinas ao peito.

Aposta da Federação Portuguesa de Futebol. Infelizmente, não tendo sido aposta nossa. Saiu do Sporting ao fim de sete anos sem ter jogado um só minuto na equipa principal leonina. Alinhou nos sub-15, nos sub-17, nos sub-23. O mais alto que subiu foi à equipa B.

Esta marginalização ocorreu por ele não valer nada? Se acreditarmos nesta hipótese, então é manifesta a incompetência do Basileia, que há um ano adquiriu o seu passe por 4,6 milhões de euros. E que agora o vende ao Chelsea com enorme margem de lucro: 14 milhões de euros. Contrato por sete anos, até 2031.

Seguindo a mesma hipótese, na qual não acredito, mais incompetente ainda é o clube londrino.

 

Ainda acabaremos por embolsar 1,6 milhões nesta transacção. Mas contentamo-nos com pouco: são quase só trocos. Entretanto, nada aproveitámos do talento desportivo do jogador. Em boa verdade, nem lhe demos hipótese para isso.

Convém pensarmos um pouco neste exemplo antes de voltarmos a criticar com excessiva rapidez a FPF.

Rumo ao futuro

A época de 2023/2024 não terminou da melhor forma, mas nem por isso deixou de ser uma das nossas melhores deste século:

- Campeão Nacional com record do clube de pontos

- Finalista vencido da Taça de Portugal

- Eliminado na meia-final da Taça da Liga

- Passagem da fase de grupos da Liga Europa, eliminado nos oitavos de final pela equipa que venceria a competição.

Assim sendo :

Em 11 anos de Frederico Varandas/Bruno de Carvalho, conquistámos 2 títulos nacionais, 2 taças de Portugal, 4 taças da Liga e 2 supertaças. 

Em 6 anos de Frederico Varandas, conquistámos 2 títulos nacionais, 1 taça de Portugal, 3 taças da Liga e 1 supertaça. 

Em 4 anos de Frederico Varandas / Rúben Amorim conquistámos 2 títulos nacionais, 2 taças da Liga e 1 supertaça.

 

Este padrão de crescimento desportivo está intimamente ligado com o crescimento financeiro e a conclusão da reestruturação financeira permite outro conforto de gestão e nível de investimento. 

Desportiva e financeiramente foi uma época de ultrapassagem do FC Porto no pódio, e não vai ser fácil ao novo presidente dar conta de todos os buracos e minas que herdou, as protecções políticas irão caindo à medida que a justiça for intervindo e os nomes aparecendo na comunicação social. 

Também na FPF é hora de mudança com a saída de cena do ex-vice-presidente do FC Porto. 

 

No que respeita à arbitragem, existem também ventos de mudança, com uma nova geração de árbitros a assumir protagonismo e os comprometidos anos a fio com as máfias dos rivais mais condicionados. Mas falta ainda muito para termos uma arbitragem isenta e uma promoção pelo mérito. Os árbitros mais corrompidos de ontem hoje estão no VAR, são dirigentes da arbitragem ou comentadores nos jornais e nas Tvs.

O Sporting continua a não ter o peso institucional correspondente à sua dimensão de segundo maior clube nacional. Governo, Secretaria de Estado do Desporto, FPF, Liga, arbitragem - dificilmente se encontra por ali um sportinguista confesso, muito menos alguém que tenha passado pelos órgãos sociais do nosso clube. A excepção é Rui Caeiro que chegou à direcção da Liga para pagar o apoio de Bruno de Carvalho a Pedro Proença.

Quer queiramos quer não, isto tem um preço. Que sentimos esta época de diferentes formas. Na nomeação do João Pinheiro para VAR no Jamor. Até na convocatória do seleccionador Martínez para o Europeu.

O futuro com sucesso passa muito por aqui. Juntar ao crescimento desportivo e financeiro o crescimento institucional, o que requer muito trabalho e saber fazer as coisas. Ser um clube honesto e de bem não quer dizer ignorar as máfias e não lutar para acabar com elas. Isto só se consegue tendo voz activa nas instituições.

SL

Circo

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Não deixa de ser curioso que dos três desportivos de hoje, apenas o "A Bola" se refere às declarações proferidas ontem pelo capitão da selecção nacional. Talvez porque os seus profissionais não estejam a gostar (quem gosta?) do despedimento colectivo em curso no periódico da Travessa da Queimada e finalmente estejam a quebrar as amarras que os prendem(ram) a uma linha editorial de subserviência a um clube e a um status quo que todos sabemos quais são. Assim como assim, direi eu, que se lixe a taça, pensarão.

Por ser quem é, por ter o estatuto que atingiu, por estar na idade em que um desportista já pode dizer o que lhe vai na realgana, Ronaldo, o nosso, do Portugal do desporto mas não apenas, maior representante, coloca o dedo na ferida e dá uma lição ao presidente da FPF e ao presidente da Liga Portugal, Fernando Gomes e Pedro Proença.

Estas declarações que deveriam fazer estes dois personagens pensar que caminho querem para o futebol português, cairão, tenho a certeza, em saco roto, porque como até um cego consegue ver, não é do interesse dos interesses (passe a redundância) instalados que as coisas mudem.

Nestas declarações de Ronaldo, com as quais quem gosta de futebol não pode deixar de estar de acordo, pode entender-se porque nunca equacionou voltar ao futebol português e ao Sporting. Como eu o compreendo.

Inaceitável

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Aconteceu no Estádio José Alvalade, há cinco dias, embora não por culpa da SAD do Sporting. Toda a responsabilidade deve ser imputada à Federação Portuguesa de Futebol, "inquilina" do nosso recinto para o jogo particular Portugal-Nigéria, de preparação para o Mundial (vitória portuguesa por 4-0).

Centenas de espectadores que pretendiam assistir ao jogo foram impedidos de entrar pelos assistentes de recinto desportivo só por usarem camisolas distribuídas pela Amnistia Internacional, semelhantes a coletes de trabalhadores da construção civil, com alusões críticas às violações dos direitos humanos no Catar e às mortes de centenas de operários imigrantes que sucumbiram em condições desumanas na construção dos estádios.

É totalmente inaceitável. Algo próprio de um Estado totalitário. E dói-me ainda mais por ter ocorrido no nosso estádio, embora à revelia da estrutura leonina. A FPF - instituição de utilidade pública, como lhe é reconhecido por diploma legal - não pode colocar-se à margem das normas constitucionais portuguesas.

Temos de dizer-lhes sem margem para dúvida: Portugal não é o Catar. E Alvalade não é coutada da FPF, mesmo em dias de jogos das selecções.

Tô xim, a contagem dos campeonatos

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É sempre perigoso reescrever a História.

Seja a história de João Vaz, actualmente, Maria João Vaz seja a história da contagem dos campeonatos de futebol.

A Telecel quando contratou aquela publicidade era um pastor, homem, que andava no campo com as suas ovelhas e atendia o telefone portátil (na altura era um tijolo, que pesava mais que as botas de travessas do Peyroteo, mas era o que havia).

Vamos reescrever a história e dizer que aquele João afinal era a Maria João?

O mesmo para os campeonatos nacionais de futebol.

O Campeonato de Portugal disputou-se de 1922 a 1938, a partir de 1935 disputou-se, também, a Liga Experimental.

Duas competições distintas, a primeira com todo o peso da tradição, a segunda como uma competição subalterna, os participantes desta Liga qualificavam-se  para o Campeonato de Portugal. A primeira Liga Experimental disputada, segundo os jornais da época, nem troféu teve.

Ora foi esta Liga Experimental que o Benfica, manhosamente, adicionou aos títulos de campeão nacional.

A minha proposta é simples e fácil de executar, até 1939, os títulos serão contabilizados com a designação da altura.

O Benfica acrescentaria ao palmarés três Ligas Experimentais e diminuiria três títulos de campeão nacional,  o Porto acrescentaria uma Liga Experimental e diminuiria um título de campeão nacional, os restantes clubes ficariam iguais.

Onde parou a polícia?

De onde estava não consegui ver nenhum policia dentro do campo, quer fossem de presença, spotters ou de intervenção.

Perguntei a um steward, não me soube responder.

Enquanto isso bombeiros, fotógrafos e adeptos nas primeiras filas da bancada levavam com tochas a arder.

Suponho que a organização do jogo fosse da FPF.

Se calhar estiveram a ver o jogo no Jamor com uns croquetes e umas minis a acompanhar...

SL

O Catar-22 e o Covid-19

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1. No último Europeu escrevi três postais sobre os jogos da selecção: Portugal-Hungria, Portugal-Alemanha, Portugal-França. Em todos coloquei, repetindo-me: "Como é óbvio contestei com vigor e sageza veterana o pendor conservador do nosso engenheiro seleccionador, antevendo uma deslustrada campanha sob tal "motorista". E elogiei a extrema capacidade do nosso engenheiro seleccionador - sempre avesso à fugaz embriaguês do espectáculo - montando uma equipa tacticamente irrepreensível, delineada para enfrentar os gigantes que se sucederão, e clarividente nas letais e oportunas alterações que decidiu, mostrando que iremos longe sob tal "motorista".".

Tal enfática repetição impôs-se, por um lado, para enfrentar o ferino diagnóstico do nosso lendário Otto Glória: "(Em Portugal) quando se perde o treinador é chamado de "Besta". Quando vence, de "Bestial".". Mas, por outro lado, e muito mais importante, porque gosto de Fernando Santos. Estou-lhe grato - como estará a esmagadora maioria dos portugueses, mesmo os que não são adeptos de futebol e até aqueles que estão fartos da orgia futebolística na imprensa e na sociedade - pelo enorme e esfuziante alegria de 2016, um momento lindo no país. E também pelo torneio que posteriormente ganhou, ainda que esse secundário mas que também nos alegrou. Alguns dirão que os triunfos se deveram à sorte do jogo, mas isso quer apoucar a boa condução da equipa nacional e fazer esquecer a competência do seleccionador - que foi eleito "treinador da década" na Grécia, coisa que não é de somenos - e tem uma longa e rica carreira. Mas gosto de Santos não só por gratidão, aprecio-lhe o perfil público, educado, simpático ainda que sempre tenso sob pressão, tão contrastante com o insuportável perfil abrasivo, e até gabarola, de alguns outros treinadores portugueses de sucesso, que todos conhecemos.

2. Dito tudo isto parece-me que a época de Santos na selecção está esgotada. Portugal tem um plantel seleccionável bastante bom, excelentes jogadores titulares em excelentes equipas de excelentes campeonatos, orientados por excelentes técnicos. E esse "ínclita geração" de jogadores preenche todos os sectores, ainda que talvez escasseie a verdadeira excelência em extremos puros e duros, "à antiga". E a selecção portuguesa joga mal, desde há muito, quantas vezes em repelões desordenados, numa quase demissão táctica, como se inacção racional face à esperança nos talentos que ali abundam. E muito do que vem ganhando se deve à fabulosa codícia de Cristiano Ronaldo.

Afirmar a fraca qualidade do futebol da selecção não é maledicência, nesta hora de derrota. Há tanto futebol na televisão, de clubes e de selecções, que a comparação torna evidente essa mediocridade. Vemos selecções jogar ordenamente, mesmo que tenham tão pouco tempo de treino como a portuguesa. Este deficiente futebol da selecção vem causando um enorme desperdício, um quase "deitar fora" desta(s) geração(ões) de futebolistas. Tal mostrou-se na medíocre campanha no Mundial-18, concluída nuns meros oitavos-de-final - numa equipa abúlica, pressionada, e tanto que incapaz de ganhar até ao modesto Irão e assim desperdiçar o acesso a uma sequência de sorteio mais fácil que a poderia ter conduzido tão longe, até porque galvanizando-a. Tal e qual se mostrou no Euro-20(1), também culminado nuns medíocres oitavos-de-final, num percurso desde logo prejudicado dado ter a equipa calhado num "grupo da morte" inicial (com Alemanha e França), exactamente devido à sequência de maus resultados que a fez tombar no "ranking" que ordena os sorteios.

Nesses dois grandes torneios torneios a abundância de bons jogadores, as extraordinárias exibições dos veteranos Cristiano Ronaldo e Pepe, o arreganho colectivo e alguma boa sorte, evitaram o péssimo. Mas conduziram - sempre - a resultados medíocres, ao tal desperdício de tombarmos apenas entre os melhores 16, manifestamente pouco para a qualidade do potencial do ror de seleccionáveis. Qualquer adepto, qualquer "treinador de sofá"  percebe isto, a sequência de resultados menores do que o possível. E mais ainda, Fernando Santos é seleccionador há já 7 anos. E todos podemos perceber que a equipa não flui, não joga sequer "à Santos". Pura e simplesmente, joga pouco. Dá a sensação, nada malévola, que Fernando Santos já não contribui. Já não tem soluções, é assim ele o problema.

3. Todos os ciclos se encerram. Quero crer que depois do triunfo do Euro-16 e da Liga das Nações, Santos teria completado o seu percurso de seleccionador após o Euro-20. Seria o normal em termos de selecção, após dois Europeus e um Mundial. Um outro seleccionador teria sido indicado - talvez Rui Jorge, se num rumo federativo, talvez um outro consagrado que estivesse disponível. Acontece que o Covid-19 atrasou o Europeu-20 e encavalitou-o no apuramento para o Mundial-22. Tornou-se assim difícil, até impraticável, mudar de seleccionador - até pelo prestígio e simpatia de Santos. Estamos então diante de uma situação serôdia, um verdadeiro anacronismo. A equipa pouco joga, segue em deriva táctica e sofre desajustadas opções de jogadores, como mostrou o atrapalhado percurso do meio-campo titular no último Europeu e, talvez ainda mais, no desastre de ontem. E assim já perde o que não seria de perder.

Fernando Santos, usualmente contido em declarações, tanto sente este rumo negativo, a sua incapacidade real, já impotência, em potenciar o material que tem, que já algo desatina em expressões públicas: imediatamente após a derrota no Europeu prometeu o título mundial no Catar, prosápia algo desajustada ao seu perfil. E agora, neste término da classificação para o Mundial, vem não só somar más decisões tácticas como fazer proclamações que demonstram "stress", desajuste: ser "igual empatar ou ganhar 5-0" à Irlanda é realidade pontual mas um tiro no pé sob o ponto de vista moral. E o descalabro, táctico mas também psicológico, neste jogo com a Sérvia é demonstrativo de um seleccionador exausto. Que acumula desperdícios.

4. Há três meses para preparar uma equipa para o apuramento ao Mundial. É tempo suficiente, ainda por cima com tão rico plantel. É também tempo para decisões corajosas. E respeitosas. Escolha-se um novo seleccionador - que dado o momento complicado não poderá vir dos quadros da federação, terá de ter não só competência mas também peso simbólico. E que esteja adequado, actualizado, com as tácticas dominantes no actual topo do futebol mundial, que de nada serviria apelar  a um consagrado em nome de um passado bem-sucedido, aportado para encerrar a carreira em lugar honorífico. Trata-se de chamar um Jardim (se sair das Arábias), um Fonseca, um Vilas-Boas, para exemplos, gente que esteja no topo da carreira. E então poderemos dizer, com respeito, com carinho, com desportivismo, com gratidão: "Fernando, Obrigado pelas memórias, mas é tempo para dizermos Adeus"!

5. Nesta noite em que a Sérvia veio ganhar a Lisboa, apurando-se para o Catar-22 e remetendo-nos para um insondável "play-off", e em que todos resmungamos com o seleccionador Santos e com (alguns) jogadores, será avisado lembrar um facto que causou esta situação. Portugal foi jogar à Sérvia para o apuramento do Mundial. A Federação Portuguesa de Futebol não requereu o funcionamento do VAR nesse jogo, como lhe competia. O jogo terminou empatado devido à invalidação de um golo limpo de Cristiano Ronaldo que lhe teria dado a vitória, e que a tecnologia teria validado. E muito provavelmente o apuramento directo. 

Ou seja, é totalmente incoerente pedir a demissão de Santos e não exigir a essa instituição de utilidade pública que assuma a sua inenarrável incúria. E que anuncie a demissão dos quadros directivos responsáveis por tamanha incompetência.

 

Melhor que Eusébio e que Cristiano Ronaldo

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Hoje tem estado tudo muito assanhado, a discutir o desempenho de Paulinho.

Percam (ou ganhem) um pouco de tempo,  passem pelo sítio da Federação Portuguesa de Futebol.

A média de golos de Paulinho, pela selecção A, é superior à de Eusébio e à de Cristiano Ronaldo, não sou eu nem o Luís Lisboa que o dizemos, são os factos, a frieza dos números.

A selecção só para alguns...

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Mais de 30 jogos e dois títulos conquistados, foram insuficientes para convencer o inginheiro Nandinho cinzentão a convocar João Mário. Bastaram porém meia-dúzia de jogos com diferente camisola, para regressar à selecção nacional.

Pedro Gonçalves que não sendo propriamente um ponta-de-lança, foi o melhor marcador da época passada, lá acabou convocado para o Euro 2020, mas não foi utilizado, apesar da incapacidade da selecção em marcar golos, à excepção de um jogador.

Tendo tomado conhecimento que o médio do Sporting C.P., Matheus Nunes, acabou de adquirir nacionalidade portuguesa, o seleccionador português ignorou a oportunidade e perdeu-a para o futuro, porque o seu congénere brasileiro, que muito provavelmente não ignora a nova condição de dupla-nacionalidade, apressou-se a convocar o jovem médio para a selecção brasileira, que nunca é uma equipa de segundo plano, bem pelo contrário.

Percebe-se a hesitação do inginheiro, o patrão de quem recebe ordens, um tal a quem chamam super-agente, tem andado ocupado com uma transferência mediática à escala planetária e sem ordens superiores, o burocrata amanuense não arrisca, limita-se à sua previsível mediocridade habitual.

Claro que haverá quem vá interpretar estas linhas como ressabiamento ou clubite exacerbada, mas os factos são o que são. A chamada de Gonçalo Inácio é quase uma obrigação, afinal substitui na convocatória José Fonte, em fim de carreira e não abundam centrais portugueses disponíveis.

Deixei de me interessar pelos jogos da selecção, que normalmente nem vejo, condição que manterei enquanto a FPF mantiver o inginheiro no cargo...

O meu aplauso a António Oliveira

«Quando o problema é a lei, mude-se a lei»

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«A formação de treinadores ficou aprisionada em legislação complexa, numa visão centralista e totalitária, à boleia de governos.»

 

«Rúben Amorim é um de centenas de casos semelhantes. Quando o problema está na lei, só há uma solução: substituí-la. O actual modelo de formação de treinadores não serve o futebol. Nunca conseguiu cumprir-se totalmente.»

 

«É urgente criar modelos de formação de treinadores que promova partilhas e entendimentos. Grandes talentos e muita experiência se perderam.»

 

«Na regulamentação residem as origens do problema. Gastar mais de 10 mil euros para conseguir atingir o nível IV e demorar o mínimo de seis anos (caso consiga clubes para treinar nos níveis anteriores) é paradoxal, dado não se tratar nem de Doutoramento Académico, nem de Curso Profissional de Investigação, mas de curso desportivo federativo.»

 

«A lei em vigor está fora de jogo e os seus defensores não podem continuar!»

 

António Oliveira, hoje, na sua página de opinião do jornal A Bola

Sim Ivone, assim não vamos lá

Há um ror de anos, numa rábula de revista, dizia o boneco interpretado pela grande Ivone Silva, confesso que já não me lembro p'ra quem, a determinada altura, referindo-se à confusão pós-25 de Abril ainda com cheiro a 24 e ao governo de Adelino da Palma Carlos, o primeiro provisório a seguir à Revolução e que foi de pouca dura (dois meses e dois dias): "Isto já lá não vai com palmas, Carlos!"

Pois no que toca ao CD da FPF, ou se faz uma revolução (com menos cravos e mais "pólvora") para correr com aquela brigada do reumático, ou nunca mais teremos direito a nada, que de palmas, já nem os actores vivem.

E quer esta tropa fandanga ser levada a sério e ser considerada íntegra e honesta...

Espero pela comunicação assertiva do clube já hoje pela manhã, sob pena de sermos ultrapassados pelo modesto, com todo o respeito, Torreense.

 

Não se pode telefonar ao Macaco?

Conselho de Disciplina da FPF volta a abrir guerra ao Sporting e sem apresentar motivo

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O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol instaurou um processo disciplinar ao Sporting, ao seu treinador principal, Rúben Amorim, e ao adjunto, Emanuel Ferro na sequência do jogo contra o BSAD.

Até aqui nada de novo, basta alguém do Sporting respirar sem autorização para que o CD da FPF mostre todo o seu autoritarismo e falta de isenção. Mas, desta vez, o CD foi mais além e nem sequer apresentou motivo para a abertura do processo aos três alvos (Sporting, Rúben Amorim e Emanuel Ferro).

É cada vez mais notória a tentativa de inclinação do campo por parte da instituição gerida por Tiago Craveiro com o auxílio de Luís Sobral, dois conhecidos anti-Sportinguistas. Não nos esqueçamos que Tiago Craveiro aparece várias vezes a trocar e-mails com Luís Filipe Vieira, inclusivamente a perguntar se pode facultar bilhetes, como publicou a seu tempo o blog Mister do Café neste post.

Até quando vamos ter que jogar num campo tão inclinado?

Eis-me a concordar com um benfiquista

INSENSATA, INJUSTA, ASSIMÉTRICA, POPULISTA

«Esta agora considerada e chamada retoma da época futebolística é insensata, injusta, assimétrica e populista. Insensata, porque vai decorrer com tais restrições que é tudo menos o futebol que sempre existiu: treinos multicondicionados, jogos à porta fechada, restrição de campos seleccionados, riscos de aglomeração fora dos estádios, etc. Clamorosamente injusta, porque a falsa rentrée favorece uns poucos em detrimento de todos os outros. (...) Assimétrica, não em função das questões desportivas, mas do todo poderoso dinheiro, com tomada de decisões diferentes para situações desportivas idênticas. Populista, porque é a cedência à excepção por medida, fortemente impulsionada pela simpatia política de dar "coisas boas" ao povo (...).»

 

CASOS SIMILARES, DECISÕES DIFERENTES

«É incompreensível que os desportos colectivos tenham sido dados como concluídos e o futebol não. Bem sei que parte deles - hóquei, andebol, basquetebol, futsal, voleibol - se realizam em recintos fechados, mas nestes casos também seriam à porta fechada. Alguns, por exemplo, como o voleibol até nem têm contacto físico. E há ainda o râguebi ao ar livre, também suspenso, não se compreendendo como é que para casos similares se decide tão diferentemente.»

 

PROFISSIONAIS DE PRIMEIRA E DE SEGUNDA

«Mas a assimetria não é só com outros desportos associativos. É, igualmente, dentro do omnipresente futebol. A FPF decidiu - e bem - dar por terminadas todas as provas, ou seja, o chamado Campeonato de Portugal (3.º escalão), todos os escalões não seniores e o futebol feminino. Agora a Liga resolve dar por concluído o campeonato da 2.ª divisão (desculpem-me, mas nunca sei dizer as novas designações). Mas porquê? Percebo que haja menos condições logísticas para prevenir contaminações, mas, pelos vistos, a decisão foi tomada de chofre, sem se dar uma cabal e completa justificação. Reconhece-se assim que há profissionais de primeira e de segunda, clubes grandes, pequenos e miseráveis.»

 

BATOTA ANTI-REGULAMENTAR

«Tenho lido que se estão a avaliar os campos elegíveis para este torneio, sendo que uma das hipóteses é apenas a de considerar os estádios do Europeu 2004 (dos oito, quatro - Coimbra, Aveiro, Leiria e Algarve - não têm clubes na 1.ª Divisão...) Ora se assim for, estamos perante uma distorção da prova e das regras regulamentares do campeonato. Uma batota apriorística e anti-regulamentar. Ou seja, o conceito de jogar em casa ou jogar fora estará posto em causa, pelo que não há ligação com as 24 jornadas já realizadas. Assim se desvirtuará a verdade desportiva regulamentar. (...) Que grande confusão e contorcionismo para se concluir um agora nado-morto.»

 

Excertos de um artigo de opinião de António Bagão Félix ontem publicado no jornal A Bola. Os subtítulos são da minha responsabilidade.

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