Guardo na minha memória duas fotos que em garoto tirei. Uma com o meu ídolo Manuel Fernandes, na altura o capitão da equipa e outra com Jorge Vieira, na altura o sócio n.º 1. Ambas foram tiradas num jantar, que o meu pai me levou, creio que do Núcleo Sportinguista de Coimbra. Infelizmente o meu divórcio fez com que as tivesse perdido.
«Um cavalheiro no desporto
“Toda a actividade física com carácter de jogo, que toma forma de uma luta consigo mesmo, ou duma competição com outros, é desporto. Se esta actividade se opõe a outrem, deve sempre praticar-se num espírito leal e cavalheiresco. Não pode haver desporto sem fair play. A lealdade da competição garante a autenticidade de valores estabelecidos sobre o estádio. Confere ao mundo desportivo uma qualidade humana. O desporto favorece os encontros entre os homens num clima de sinceridade e de alegria. Permite-lhes conhecerem-se melhor e estimarem-se, desperta neles o sentido da solidariedade, o gosto da acção generosa e desinteressada; dá uma nova dimensão à fraternidade.” (Manifesto sobre o Desporto – Unesco)
Todo este feixe de virtudes do atleta de eleição – sinónimo de equilíbrio entre o músculo e o pensamento, em que o homem se aproxima de um ideal de beleza e harmonia – tem o nosso país conhecido nalgumas figuras dessa estirpe, ao longo do seu historial. Mas uma dessa presenças exemplares, que ainda se recorda – e a sua lição não feneceu na hora da retirada – esse saudoso ‘capitão’, autêntico gentleman do nosso desporto – chama-se Jorge Vieira.
Dotado de um físico esbelto, a sua presença no estádio era a melhor garantia de lealdade e cavalheirismo ao terçar armas com o adversário. Feito no Sporting Clube de Portugal e oriundo de uma família leonina, Jorge Vieira começou a nos grupos infantis e ascendeu ao mais alto posto da sua carreira desportiva envergando sempre a camisola verde-branca, que só trocou nos jogos em que foi chamado a representar as turmas de Lisboa e da selecção de Portugal. Muito cedo lhe coube a distinção de capitanear o ‘onze’ nacional. Jogando em vários países – Espanha, França, Itália, Holanda e Brasil -, nestes tempos das morosas viagens de comboio ou barco, e de raras pugnas internacionais, Jorge Vieira, o grande defesa-esquerdo, foi o perfeito embaixador do desporto português.
Nascido oito anos antes do seu clube de sempre, (…) Jorge Vieira é um símbolo inestimável, que as novas gerações devem ter como modelo.(…)
Só conhecia João Lobo Antunes de entrevistas. Pessoas haverá muito mais habilitadas do que eu para recordarem o ilustre e notável neurocirurgião. Mas eu gostaria de recordar justamente uma entrevista – não sei onde, não sei a quem (teria sido ao DNa, suplemento do Diário de Notícias?) –, a primeira que dele li, já lá vão mais de 20 anos. Vivia-se o prolongado jejum de títulos do Sporting, e uma das perguntas da entrevista dizia respeito justamente ao sportinguismo de João Lobo Antunes, nascido e criado em Benfica e numa família de benfiquistas, alguns deles ferrenhos. A pergunta era algo como “O seu Sporting não lhe tem dado muitas alegrias...”, e a resposta, que eu nunca esqueci: “A mim o Sporting só me dá alegrias. Quando ganha é uma alegria. Quando perde é um hábito.” Pode parecer pateta recordar João Lobo Antunes por isto, mas só um homem muito sábio encara o futebol desta maneira.
Este senhor, nascido a 16 de Julho de 1935, faz hoje 80 anos. Todos os portugueses (re)conhecem a sua voz inconfundível. Voz magnífica, que tantos golos relatou ao longo de uma carreira longa e frutuosa. E que continua em boa forma, nomeadamente aos microfones da Sporting TV.
Daqui vai um abraço a Fernando Correia, um dos melhores profissionais da nossa rádio e da comunicação em geral. Um homem desde sempre ligado ao desporto português e em particular ao Sporting, seu - e nosso - clube do coração.
A intérprete do Hino do Sporting festeja hoje mais um aniversário. Associamo-mos com alegria a esta data, deixando aqui uma grata e respeitosa vénia à grande Maria José Valério.
Jaime Graça é dos poucos sobre quem se pode dizer que, mais do que um enorme futebolista, foi um herói, pois foi ele quem salvou a equipa do benfica de morrer electrocutada numa banheira, num acidente que só malogrou o infeliz Luciano.
Os pêsames para a família e para o Vitória de Setúbal, onde ele nasceu e se formou, a grande cantera do futebol dos anos 60 e 70, donde além de Jaime Graça e Vítor Batista para o benfica, saíram para o Sporting Casaca, Pedras, José Mendes, Tomé, Vagner e mais tarde Chiquinho Conde. Treinado, primeiro pelo "nosso" Fernando Vaz e depois por Pedroto, o Vitória teve uma equipa sensacional onde além dos referidos, brilharam os formidáveis Conceição, José Maria e Jacinto João.
Passei alguns anos sem ver um jogo ao vivo, nem sequer no estádio do meu clube. Quebrei o jejum -- em Alvalade, como não podia deixar de ser -- a 2 de Março de 2008, num Sporting-Benfica. O desafio até foi fraquito -- saldou-se num empate 1-1, com o árbitro a tornar-se a figura do jogo ao perdoar escandalosamente um penálti cometido pelo Benfica que todos no estádio viram menos ele.
Mas o que menos me interessou foi a exibição das duas equipas ou mesmo o resultado. Aquilo de que mais gostei foi do momento em que vi passar por mim, na bancada VIP do estádio, quatro grandes ídolos da minha infância: Alexandre Baptista, Carvalho, Hilário e Pedro Gomes. Coleccionei os cromos com imagens de todos na idade em que comecei a apaixonar-me pela bola, ouvi as melhores referências à participação de três deles na grande campanha do Mundial-66, em Inglaterra. E por momentos senti quase o impulso de estender uma folha de papel a pedir-lhes as assinaturas para a minha colecção de autógrafos. Revivendo a emoções que tive quando era um miúdo de seis ou sete anos.
Não há comida como aquela a que nos habituámos na infância. Nem ídolos do futebol como os primeiros que contribuiram para nos tornarmos adeptos de um determinado clube. Foi o que nesse dia senti na bancada de Alvalade durante aquele jogo que um senhor chamado Paulo Paraty fez tudo para estragar.
Imagem: Alexandre Baptista, Hilário e Carvalho (ao alto) na selecção nacional de 1966
A nossa sócia mais antiga, Maria de Lurdes Borges de Castro, festeja hoje os seus 89 anos de idade e de sócia do Sporting. Todos lhe desejamos um dia feliz e votos de festejarmos os seus 100 anos no Estádio de Alvalade. Bem haja por toda a sua dedicação e amor pelo Sporting. Viva o Sporting!!!
Fui íntimo amigo de Humberto Borges de Castro, um dos fundadores do Sporting e mais tarde sócio número 1. Um homem extraordinário, de um amor ao clube inimaginável. Quando a sua idade já era avançada tinha uma satisfação enorme ao ver-me chegar a sua casa, na Parede, para lhe dar as últimas notícias do nosso clube. Na mesma residência moravam a sua filha Maria de Lurdes e o neto Humberto, o qual era meu cunhado. Eram tardes de um sportinguismo profundo em que o velhote Borges de Castro me descrevia todas as dificuldades que se geraram para a fundação do Sporting e toda a paixão que um punhado de homens dispensou à criação do clube.
Esta introdução serve para vos falar de uma Senhora que adoro. Maria de Lurdes Borges de Castro, poetisa de 5 estrelas com vários livros publicados, é a sócia número 6 do nosso Sporting. Nunca faltou aos jogos, recentemente saltou de pára-quedas e diariamente navega na net. Está registada no Facebook como Maria de Castro e no próximo dia 21 completará 89 anos de idade e de sócia do Sporting, sendo a mulher com mais anos de associada.
Viva a Maria de Lurdes!
Quando nasceu, em 1923, o pai inscreveu-a imediatamente como sócia do Sporting. Ela mesma explica esse facto:
"A minha ligação ao Sporting é da exclusiva responsabilidade do meu pai, que faz parte da fundação do clube, porque quando nasci fez-me de imediato sócia do Sporting. Esta iniciativa foi uma revolução na família, porque para a época o meu pai era uma pessoa com ideias muito largas e avançadas e contra a vontade de toda a família inscreveu-me como sócia. A minha mãe chegou mesmo a zangar-se com ele, porque dizia que não era possível inscrever uma menina num clube de homens. Na altura, isto foi muito falado na família e para terem ideia do quão avançado era o meu pai, ele inscreveu-me numa escola oficial, enquanto as minhas primas andavam todas a estudar num colégio de freiras".
O nosso blogue quer aqui prestar uma grande homenagem a esta Senhora que tem dado ao longo da vida um grande exemplo de amor ao Sporting.