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És a nossa Fé!

Se cheira e parece, é de certeza!

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Rui Manuel Farinha/LUSA

Vai a eleição para a direcção da Liga Portugal a bom ritmo e com as polémicas do costume, até com um reacender de uma guerra Norte/Sul que se pensava e desejava já ter acabado e eis que nos chega a notícia da não eleição do presidente da Federação Portuguesa de Futebol para o comité executivo da UEFA.

E a culpa é de quem, perguntarão vossas excelências e com toda a razão. Pois, do próprio candidato, que dos 28 votos necessários obteve apenas 7 e do anterior presidente, que teve a delicadeza de enviar uma carta à organização a que ainda pertencia descartando o apoio ao candidato que em Janeiro indicara, candidato esse que previamente, também por carta enviada por pombo correio, havia garantido com toda a certeza o apoio do seu antecessor (pois se ele o indicara...). Aqui p'ra "nozes" que ninguém nos ouve, se ele o indica é porque o apoia, caso contrário é maluquinho, né? Ou terá ficado agastado com o imbróglio em que está metido com a venda da antiga sede, que pelos vistos causou muita sede a uns quantos e mandou às malvas o querido e a coerência porque não gostou da auditoria que foi encomendada pelo sucessor num lado e candidato a, no outro?

Ora perante esta tão cândida, ternurenta e delicodoce relação afectiva entre dois enormes vultos do desporto em Portugal, os eleitores uefeiros não tiveram, como se viu pelo resultado, qualquer dificuldade em enviar-lhes, em directo, ao vivo e a cores, sete pares de couces, que atingiram o querido bem em cheio lá onde vocemecês bem sabem. De tal forma que, ainda que com voz de apito, de imediato decidiu comunicar que "hoje perdemos uma batalha mas não perdemos a guerra, daqui a dois anos já contamos com o apoio do presidente do COP se entretanto não for dentro à cause do Mais Valia e vamos suplantar os candidatos dos colossos futebolísticos Arménia e Estónia ou Croácia, que nos passaram a perna desta vez".

Diz que perderam todos no futebol, com este resultado. Eu direi, que não sou de intrigas, que quem perdeu foi o seu bolso, mas isso são outros quinhentinhos, que coisas palpáveis da presença de Fernando Gomes durante 15 anos naquele organismo, só mesmo as coins que mensalmente iam pingando na sua excelsa "algiveira".

Ora se com esta guerra na FPF foi o que se viu hoje, deixem lá esquentar a ponto caramelo a coisa na Liga Portugal e verão que não é só a Holanda (ou lá como se chama agora) que nos ultrapassa como aconteceu também hoje (não, não tenho mais belas notícias para dar, lamento), mas a Bélgica e quem sabe a Arménia, a Croácia e a Estónia.

Ora isto era para estes gajos terem um bocadinho de tento na carola, não era? Era! Mas qual quê, qual carapuça (deixem-me homenagear a minha querida mãe que diz isto como ninguém), há uns papuços que só vivem bem em clima de guerrilha, lançando suspeições, em constante atrito, em suma a mexer naquilo. E isso normalmente tem consequências se se trata o assunto com os pés: Espalha-se. E tresanda, por muita água de cheiro que eles usem.

Mãozinhas? Mais Valia...

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Caiu com estrondo a notícia de buscas, efectuadas pela Polícia Judiciária, à sede da Federação Portuguesa de Futebol.

Em causa estará uma alegada negociata na venda da antiga sede daquela federação, no valor de onze milhões e duzentos e cinquenta milhares de Euros.

Segundo um comunicado divulgado pela PJ, ao longo da investigação "foram identificadas um conjunto de situações passíveis de integrarem condutas ilícitas relacionadas" com a intermediação da venda da antiga sede. Estão apontados como implicados antigos e actuais funcionários titulares de cargos de topo na hierarquia profissional da FPF.

A PJ fez a recolha habitual nestas circunstâncias: Os computadores, os telemóveis e demais parafernália de suportes digitais que agora se usam. Na sequência, foram executados mandados de busca e apreensão em domicílios, instituição bancária, estabelecimentos e sociedades de advogados, nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém.

Entretanto nas TV's vimos o director nacional da PJ (que me parece uma pessoa séria e competente) ilibar o ex-presidente Fernando Gomes de todos os eventuais e alegados ilícitos.

Se me causa alguma estranheza que o director da PJ se antecipe ao MP, garantindo uma conclusão que está condicionada pela visualização de toda a matéria a ser investigada constante dos equipamentos recolhidos, o que me causa comichões, o que me preocupa e incomoda é que a FPF, que é uma instituição de utilidade pública, logo com benefícios pagos por todos nós contribuintes, alegadamente seja ela própria, ou alguém por ela ou a beneficiar dela, implicado numa situação que mancha a obrigação de manter uma conduta, moral neste caso, acima de qualquer suspeita e a fazer fé nas palavras do director da PJ, o seu (ex)presidente não soubesse de nada. O que nos pode, legitimamente, dar o direito de extrapular e pensar "se isto é com a venda da sede, o que não será com o resto". E o resto são as competições, as comissões e os conselhos (de arbitragem e disciplina), a equidade e isenção que se colocará em causa, os jogos de interesses, as convocatórias para as várias selecções, etc. Para ajudar à análise do parágrafo anterior e para os mais distraídos, convém não esquecer quem integrava o elenco directivo visado por esta investigação e que cores ali predominavam.

Usando o código da operação e não desprezando a sua relevância, obviamente, "Mais Valia" ter sido só a venda da sede. Mas todos sabemos que não foi.

 

 

Nota: Entretanto ontem, a PJ procedeu a buscas na Federação Portuguesa de Judo. Em causa está "a gestão por parte do anterior presidente no período em que exerceu essa função". Em causa, segundo o mandato emitido pelo DIAP de Loures, estarão crimes de tráfico de influência, abuso de poder e peculato, durante o período em que Jorge Fernandes foi presidente. 

Tempos esquisitos, estes, para o desporto em Portugal.

Obrigado, Gomes!

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Num certo sábado, do ano de 1990, terminado o almoço, o meu pai pegou no carro e levou-me com ele em viagem, até uma terra relativamente distante de Esposende, mas não muito.

Chegados a Famalicão, dirigimo-nos ao estádio local. Na minha ignorância, perguntei ao meu pai o que é se estava a passar.

Vamos ver o Sporting, respondeu-me. O que é o Sporting?, retorqui.

Então, em cinco ou menos minutos, o meu pai fez o necessário briefing: a equipa que vamos apoiar são os verde e branco, os nossos bilhetes são para o setor da equipa da casa, por isso nada de manifestações, sobretudo se for golo nosso, o nosso craque é o Gomes.

Chegados ao estádio, entrei, literalmente, num mundo novo do qual nunca mais haveria de sair: o futebol e o gosto pelo desporto rei, mas, sobretudo, a paixão pelo Sporting.

Gomes? Quem é ele? Onde está ? perguntava, incessantemente, ao meu pai. 

É o nosso 9, respondeu-me.

E então, nunca mais tirei, nessa tarde, os olhos do nosso 9, o Gomes.

Foi um jogo muito disputado, como, de resto, continuam a ser hoje em dia as nossas partidas contra o Famalicão, mas lá conseguimos levar de vencida o adversário, graças a um golo do...Gomes!

Que alegria! Que emoção! O nosso craque marcara golo, dando a vitória ao, agora também meu, Sporting!

Regressados de Famalicão, perguntava ao meu pai, numa excitação incontida, como é que poderia seguir o Sporting, que queria beber mais deste cálice sagrado. 

Fala com o teu avô e ele que te ponha a ler A'Bola, que compra sempre, respondeu o meu pai.

E foi assim que começou a minha história com a A'Bola, jornal que li a fio e pavio, durante toda a minha infância e adolescência, e que, não obstante todos os defeitos, continua a ser o meu jornal.

Quanto ao Gomes, continuei, claro está, a segui-lo com toda a atenção, durante o resto do campeonato, onde haveria de acabar no pódio dos melhores marcadores, em terceiro lugar. E foi então que, terminada a época, ouvi, com estupefacção, Gomes anunciar, no Domingo Desportivo, que se retirava das competições oficiais. Como? Porquê agora? Nunca o Sporting irá arranjar um atacante deste calibre!, eram pensamentos que, nos dias seguintes, assaltavam com toda a força a minha cabeça.

Mais tarde, vim a descobrir que o meu Gomes era, afinal, uma lenda do Futebol Clube do Porto, nosso arqui-inimigo. Mas, confesso, isso pouco me importou, nem tão pouco retirou qualquer brilho à imagem reluzente que guardava do meu Gomes sportinguista.

Gomes vestiu de uma forma muito nobre a nossa camisola. É a memória que guardo, confirmada e reiterada pelos inúmeros testemunhos leoninos que li nestes dias após o seu passamento e, em particular, por um vídeo disponível no YouTube, o rescaldo do Sporting vs. Porto, o primeiro em que Gomes defrontou a sua antiga equipa.

A notícia da morte de Fernando Gomes deixou-me, naturalmente, muito triste, pois é o nome incontornável na história da minha iniciação ao sportinguismo. Mais pena tenho por nunca me ter cruzado com o Gomes e de poder agradecer-lhe pessoalmente por essa tão grata lembrança.

Morreu o Gomes, mas não morreu o meu Gomes, que continua, impecavelmente equipado de verde e branco, a marcar ao Famalicão, na minha memória e no meu coração.

Obrigado, grande Gomes!

This shit is a joke

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Um profissional de futebol, guarda-redes, que treina todos os dias a atirar-se energicamente para o chão, é empurrado sem violência, cai suavemente de frente sobre o relvado ... O adversário é expulso por comportamento incorrecto. Nada a dizer. Para mim deveria ser castigado pelo seu próprio clube - não só porque se fez isentar do jogo seguinte, devido a castigo, mas porque fez gastar o pouco tempo que restava do jogo, no qual o Sporting tentava ainda ganhar.

O guarda-redes, profissional de futebol, que treina todos os dias a atirar-se energicamente para o chão, empurrado sem violência, cai suavemente no relvado. Faltam cerca de 30 segundos para o jogo acabar. Rebola-se, com aparentes dores lancinantes, é assistido pelo médico e pelo fisioterapeuta ou lá como se chama agora ao massagista, é-lhe longamente  aplicado aquele spray mágico que anestesia os efeitos das mais violentas porradas que vamos vendo nos jogos da bola. O "teatro" é óbvio. Os ânimos, em final de um jogo de futebol, aquecem um pouco, como é ... humano. Os espectadores dividem-se, entre os adeptos (de sempre ou de ocasião) da equipa do guarda-redes (profissional de futebol, que treina todos os dias a atirar-se energicamente para o chão, ali empurrado sem violência e caído sem vigor no chão), a quererem que aquilo acabe logo, os adeptos da equipa do expulso, a suspirarem por 30 segundos que permitam à sua manca equipa fazer o que não fez nos 95 minutos anteriores. E uns largos milhões de telespectadores estrangeiros (eu vejo isto num canal internacional com bons relatores portugueses anglófonos, muito melhores dos que os relatores das estações portuguesas), que assistirão ao futebol português não por adeptismo mas por interesse (ou desfastio) e que, obviamente, comparam estas constantes pantominas, que nada mais são do que preguiça, com o frenesim ou constância de tantos outros campeonatos. Uma comparação que só pode causar ao negócio futebolístico português menos telespectadores internacionais e menores receitas, directas e indirectas.

Enquanto o guarda-redes do Marítimo, o tal profissional de futebol que todos os dias treina atirando-se energicamente para o chão, é acudido na sua agonia, similar à que teria se tivesse sido sodomizado sem consentimento pelo Incrível Hulk (o super-herói, não aquele ex-jogador do Porto suspenso por 19 jogos por ter respondido a uma provocação de um jagunço contratado pelo SLB para que Jorge Jesus fosse campeão "lhimpinho"), o pacato treinador do clube do expulso, clama lá na sua linha "This shit is a joke", pois ainda desconhecedor da língua pátria que preenche os relvados com os seus "caralho, filhodaputa, paneleiro de um cabrão, vai mas é para a cona da tua mãe" ou mesmo o pior de tudo, "gatuno", simpáticas características culturais lusófonas que qualquer transmissão televisiva nos traz até casa.

Dito isso, o tal violentíssimo "this shit is a joke", o árbitro, Tiago Martins de seu nome, vai-se ao holandês  nada voador e expulsa-o. O homem, diz-se, ganha 1 milhão de euros por ano, qualquer coisa como 90 000 euros por mês, um bocado mais do que o ordenado médio português, dado que há uma empresa que lhe paga isso. Pessoalmente até acho que não devia ocupar o lugar, e espero que o próprio Sporting lhe mostre o "cartão vermelho", e asap. Mas espanta-me que haja um rapazola, Tiago Martins, repito o seu nome, que expulse um tipo a quem uma empresa do ramo faz o esforço de pagar tanto só porque ele diz "this shit is a joke" quando vê o guarda-redes, o tal que é profissional, e que treina todos os dias a atirar-se para o chão energicamente, em arrepios de vítima de múltiplas metástases por via do empurrãozito do adversário, o epígono de Anderson Polga que me ocupa os pesadelos, nisso sucedendo ao horroroso e malvado Marvin Zeegelar que alguém, um dia, saberá o Diabo porquê, contratou para o Sporting .

Ocorre-me que o problema nem é do guarda-redes, o tal profissional de futebol que treina todos os dias a atirar-se energicamente para o chão, e que ali se rebola em ademanes de homossexual sado-masoquista, nem do trapaceiro médico do seu clube, alheio àquilo  que a deontologia o obriga, isso de não aceitar fingir doenças, nem do "fisioterapeuta" (o termo amaricado para massagista) que o anestesia demoradamente, nem mesmo do Anderson Polga II que se eterniza nas bandas de Alvalade para encanto dos masoquistas sportinguistas, nem mesmo do Tiago Martins, esse que evidentemente padece de doença atitudinal, nem mesmo do shaky dutchman, este mesmo inocente, e até certeiro, pois é óbvio que this shit is really a joke.

O problema está mesmo no Fernando Gomes (não o bibota, não o do capachinho, mas sim o da FPF). Ok, o Ederzito marcou o golo, e fomos campeões, e todos de repente o achamos o máximo. Mas, muito para além disso, não pode haver rapazolas com a atitude, vera cagança, deste Tiago Martins, não sei se já disse o nome dele. Uma atitude de merda, entenda-se. E a Federação de Futebol, seja lá qual for o organograma do plantel futebolístico, tem que tratar do assunto. Ensinar os ensináveis a comportarem-se. E pontapear. Os irredutíveis.

Da verdade (1)

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O presidente da Federação Portuguesa de Futebol anda agora muito preocupado com a ética nas competições desportivas, insurgindo-se contra os comportamentos que possam pôr em risco a segurança nos estádios enquanto desfralda as bandeiras da transparência e da equidade. Para o efeito serviu-se até da Assembleia da República como palco das suas preocupações, escassas semanas após ter feito publicar a mesma mensagem nos três jornais diários desportivos que por cá se publicam.

Acho tudo isto muito louvável. E mais acharia ainda se Fernando Gomes aproveitasse o balanço para se insurgir contra o monopólio concedido a um determinado clube, que transmite em exclusivo os jogos no seu estádio. Em situação de concorrência desleal e ameaçando a verdade desportiva, na medida em que pode manipular e desvirtuar por seu livre critério as imagens que difunde.

Voltou a suceder, uma vez mais, nesta jornada: há um lance de grande penalidade cometido por Luisão que passa impune. Os telespectadores tiveram acesso às imagens de uma única câmara - em plano recuado - deste lance, de que poderia resultar o empate do Feirense na Luz caso o penálti fosse assinalado e convertido. Obviamente, não interessava aos responsáveis encarnados, donos e senhores do canal televisivo, que se analisasse e discutisse a intempestiva entrada de Luisão à margem das leis do futebol.

Aguardo ansiosamente pela próxima comunicação do presidente da FPF. A ver se Fernando Gomes se pronuncia enfim contra este inaceitável monopólio da BTV que inclina o campo sempre a favor do Benfica.

O qué queu explico? Fale com o Fernando Santos

Para contextualizarmos o título do "post" recuemos ao Mundial 2010.

Nesse Mundial, Ronaldo (como agora) não marcou nenhum penalty e fomos eliminados (tal como agora).

A culpa foi do Carlos.

Agora terá sido do Fernando?

Factos:

1. A selecção portuguesa não venceu nenhum jogo nos 90 minutos contra selecções que se tenham apurado, dentro do campo, para disputar a Taça das Confederações.

2. A selecção portuguesa foi, escandalosamente, beneficiada pelas arbitragens+vídeo árbitro, tanto no jogo com o Chile, como neste jogo com o México (parecia o "cólinho" a que o Benfica está habituado).

3. Em seis tentativas para converter penalties acertámos dois.

4. Continuámos a entrar em campo para conseguir um empate (tal como fizemos em França).

Haverá futuro para esta selecção orientada por Fernando Santos?

Vamos assistir ao Mundial 2018 pela televisão a apoiar selecções como a da Suiça, a da França, a dos Estados Unidos ou a do Brasil, onde temos muitos emigrantes, pois Fernando Santos e os seus apaniguados, estão sentados no sofá ao nosso lado? 

Não entendo 2

Pedindo autorização ao Edmundo Gonçalves pelo uso do título, gostaria também de manifestar a minha perplexidade:

Quando Joseph Blatter fez no ano passado (por esta altura) aquela intervenção pública lastimável, em que comparou Messi e Ronaldo, de imediato Fernando Gomes, presidente da FPF, protestou, tendo escrito uma carta ao presidente da FIFA a pedir explicações.

Ora, depois de ontem à noite um clube português ter sido gravemente prejudicado no jogo que disputou, por erros lastimáveis da arbitragem, no que lesou, para além do próprio clube, as contas de Portugal no ranking da UEFA, mal se percebe que Fernando Gomes não tenha ainda protestado, de forma solidária, pelo que aconteceu em Gelsenkirchen.

Em abono de Fernando Gomes está o facto de ainda não se terem passado 24 horas desde a paragem cerebral da equipa de arbitragem liderada por Sergei Karasev. Mas fica a curiosidade sobre se o presidente da FPF falará e em que timing...

O medíocre dirigismo nacional

Fernando Gomes assume "preocupação em relação aos nossos clubes, que dependem dos fundos de investimento para manterem a sua capacidade competitiva".

Num momento em que a selecção nacional vive um dos piores momentos dos últimos 20 anos em termos de qualidade de jogadores, o dirigente máximo do futebol português faz uma declaração destas, não percebendo que esta decisão é a maior janela de oportunidade para o relançamento do jogador nacional e a porta para concretizar algumas das medidas estruturais necessárias e sobre as quais ele próprio tentou dissertar na altura do falhanço do mundial 2014.

Enquanto a mediocridade, e neste caso também a clubite, dirigirem o futebol nacional, dificilmente voltaremos a patamares de competição elevados.

Bruxo!

Vejo na imprensa de hoje que o Presidente da FPF está surpreendido com o castigo aplicado na Turquia a Raúl Meireles. Fernando Gomes, que o conhece há imenso tempo, revela-nos a sua surpresa por ver atribuído ao jogador determinado tipo de actos que ele não tem qualquer possibilidade de ter praticado e, conta-nos, igualmente, este responsável que a FPF irá colocar à disposição de Raúl Meireles os serviços da Federação.

Fiando-me na opinião de Fernando Gomes, que me parece, indiscutivelmente, ter um perfil mediúnico, adequado para  testemunhar, a partir de Lisboa, sobre actos alegadamente praticados na longínqua Constantinopla, também eu me associo ao estupor e à repulsa do Presidente da FPF perante esta perfídia dos iníquos responsáveis federativos otomanos, que, todos nós, cidadãos sensíveis e justos, devemos vivamente repudiar. Comovido  com a declaração de fé de Fernando Gomes nas qualidades morais de Raúl Meireles e com a imediata manifestação da sua disponibilidade para defender o futebolista, tenho a certeza de que, com esta atitude, a FPF já deitou sementes à terra e que, daqui para o futuro, podemos confiar na sua boa vontade para defender qualquer futebolista português que, no estrangeiro ou em Portugal, seja acusado de um acto de indisciplina. Num ambiente, em regra, marcado pela reciprocidade, também a aplicação de sanções a jogadores estrangeiros deverá ser, naturalmente, precedida da auscultação dos bruxos dos respectivos países. Mas que isso não nos faça vacilar. Como se vê, não é difícil, quando se reúne qualidades sobrenaturais, avaliar, mesmo a uma distância considerável, situações como a que deu origem ao castigo aplicado a Raúl Meireles. Podemos, para não fazer discriminações, confiar, em geral, na fiabilidade das práticas ritualísticas de todos os presidentes federativos e, portanto, acreditar no seu parecer quando, antes de em Portugal se castigar um futebolista, por exemplo, peruano, o responsável pelo futebol do seu país nos assegurar, de Lima, que não há a mínima possibilidade de o jogador ter praticado o acto de que tenha sido acusado. Principalmente, se o conhecer há imenso tempo.

Esta fé nos atributos de Fernando Gomes é, muito levemente, toldada pela afirmação de Hugo Almeida de que as imagens do jogo são um bocadinho comprometedoras. Mas, não desanimemos. O que são quaisquer imagens, especialmente se só um bocadinho, uma coisinha de nada, comprometedoras, comparadas com os poderes de um sacerdote vudu? 

O anacronismo vigente

Já tive oportunidade de abordar esta temática num dos meus escritos no jornal do Sporting e até já a comentei, brevemente, neste espaço. Vale o que vale, mas muito embora não subscreva um qualquer preconceito sobre a idoneidade de Fernando Gomes, não estou persuadido de que não estamos perante mais um engenhoso conluio destinado ao preeminente reforço dos corredores do poder instítuído. Na origem da contenda, afigura-se um difícil de equacionar «fascínio» pelo gestor portista em diversos cantos da praça futebolística e algures, que o conduziu inicialmente à liderança da LIga em Junho de 2010 e, mais recente, ao trono da Federação Portuguesa de Futebol.

Recuando nos tempos, se alguma coisa a história do nosso futebol nos ensina é que é sempre prudente reservar uma boa dose de cepticismo, até prova em contrário, sobre qualquer «maquinação» que abrange a cúpula portista comandada por Pinto da Costa. Muito por esta consternação, sempre senti imensa dificuldade em aceitar a fidedignidade das alegadas incompatabilidades sobre contratações de jogadores, como a causa fulcral que levou Fernando Gomes à renúncia do cargo de dirigente do FC Porto, após cerca de dez anos de comunhão de esforços e associação íntima com o presidente.

Na realidade, seria mais ajuizado admitir que a ter havido inconciliabilidades incitadas pelo transpor da autoridade e da idoneidade institucional, passíveis de ruptura, esta deveria ter emergido, lógica e moralmente, pese arriscar o paradoxo, antes ou durante o degradante período do notório processo Apito Dourado. A preeminente incoerência só pode nutrir suspeitas consideráveis.

Não obstante o Barão de Montesquieu ter considerado a sisudez como a «armadura dos parvos», não a injuria admitir que o afastamento do então vice-presidente tenha sido idealizado precisamente para posicionar uma figura de «total confiança» no assento soberano do futebol profissional. Com os poderes estatutórios a serem devolvidos à FPF, faz sentido que o escopo veemente tenha sido a recolocação da pessoa para esse organismo. Após cerca de quinze meses na Liga e com o declarado mandato de «abrir caminho para consolidar a profissionalização da gestão do futebol português», os resultados evidenciaram-se pela sua não existência. Aliás, o que se verificou foi mais um muito conturbado período no que concerne os conselhos de arbitragem e disciplina e total improficuidade em quaisquer outras matérias de importância superior.

Abandonada a «obra» perceptivamente incompleta e assumida uma nova responsabilidade de vitalidade transbordante para o futebol português, continuamos à espera de melhoramentos palpáveis. Vivemos em tempos modernos antagonizados por hábitos e valores arcaicos e, muito por isso, os sinais estão à vista, para quem os entender, que Fernando Gomes, por mérito discutível ou anuência apadrinhada, lidera o poder futebolístico instituido e, com ele, perpetua o controlo de Jorge Nuno Pinto da Costa e do FC Porto, pese o reconhecimento tardio de Luís Filipe Vieira e do Benfica.

O Sporting, condicionado pela sua inaptidão de há uns anos a esta parte, faz o seu melhor para navegar as águas turbulentas e minimizar os inerentes danos. Salvo existir algo muito significativo que ilude o domínio público, esta generalizada asserção entoa noções esclarecidamente indiciadas pela estado das coisas. A ausência de relevante discussão nos locais próprios não a invalida.

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