Tornei-me sportinguista também a vibrar com os relatos de Fernando Correia (entre outros grandes homens da rádio), pelo que aprendi a respeitá-lo, pese embora uma outra farpa que fui atirando neste processo, nunca fui contundente para com o porta-voz do Conselho Directivo. Mas irra, que isto também já é demais, que tristeza, que figura...
«Godinho Lopes tem medo da assembleia geral. Isto é indesmentível. É legítimo que queira cumprir o seu mandato, mas também é legítimo que as pessoas o contestem: a democracia diz isso mesmo, não tem outra leitura. Como tem medo de ser destituído, quer protelar a realização desta assembleia.»
Palavras de Fernando Correia, pronunciadas a 22 de Janeiro de 2013, na TVI 24. Palavras que se aplicam como uma luva à situação actual no Sporting: basta tirar nesta delcaração o nome de Godinho Lopes e pôr Bruno de Carvalho, o homem que ameaça impugnar a assembleia geral do próximo dia 23, na desesperada tentativa de calar a voz dos sócios. Exactamente como o seu antecessor procedeu há cinco anos.
Novo porta-voz do futuro ex-Conselho Directivo do Sporting, Fernando Correia subscreverá em Maio de 2018 aquilo que afirmou em Janeiro de 2013?
Lamento, mas tenho de escrever isto aqui. E é já hoje.
Fernando Correia, figura profundamente respeitada na sociedade portuguesa em geral, era uma das raras personalidades que mereciam consenso entre os sportinguistas.
Como Aurélio Pereira, como o falecido professor Mário Moniz Pereira, como a nossa Maria José Valério.
Aos 83 anos, prestes a cumprir, não necessitava de função alguma para justificar aplauso no Sporting.
Lamentavelmente, aceitou um presente envenenado que Bruno de Carvalho acaba de atribuir-lhe: ser porta-voz do clube. Ao fim de mais de cinco anos de exercício em funções do actual presidente e quando este se encontra naquele que é - de longe - o ponto mais baixo do seu mandato.
Apetece perguntar por que motivo o dirigente leonino não descobriu antes os méritos deste veterano profissional da rádio, da imprensa e da televisão.
Logo na sua primeira intervenção pública no exercício das novas funções, os sportinguistas ouviram Fernando Correia pronunciar-se não como representante da totalidade dos órgãos sociais do clube mas como arauto de uma facção (o que resta do Conselho Directivo) contra a Mesa da Assembleia Geral, apresentando a versão de uma acta que o presidente deste órgão recusou subscrever.
Não podia haver pior baptismo. Naquele preciso instante, para usar uma linguagem agora muito em voga, mais um "activo" leonino acabava de baixar drasticamente a sua cotação - desta vez no importante mercado da comunicação. Nunca imaginei ver Fernando Correia - que várias vezes elogiei aqui - como uma espécie de cheerleader de um poder fracturante e fracturado. Que divide sportinguistas em vez de nos congregar e mobilizar.
Este senhor, nascido a 16 de Julho de 1935, faz hoje 80 anos. Todos os portugueses (re)conhecem a sua voz inconfundível. Voz magnífica, que tantos golos relatou ao longo de uma carreira longa e frutuosa. E que continua em boa forma, nomeadamente aos microfones da Sporting TV.
Daqui vai um abraço a Fernando Correia, um dos melhores profissionais da nossa rádio e da comunicação em geral. Um homem desde sempre ligado ao desporto português e em particular ao Sporting, seu - e nosso - clube do coração.
«Godinho Lopes tem medo da Assembleia Geral. Isto é indesmentível. É legítimo que queira cumprir o seu mandato, mas também é legítimo que as pessoas o contestem: a democracia diz isso mesmo, não tem outra leitura. Como tem medo de ser destituído, quer protelar a realização desta Assembleia.»
Aproveitando a boleia de Manuel José, que saiu a terreiro com "duras críticas" (uma redundância de que alguns jornalistas abusam até à náusea, como se houvesse 'críticas moles') à preparação da selecção nacional, Carlos Queiroz quebrou a sábia reclusão mediática em que mergulhara para deitar também achas na fogueira. Revelando que quando era seleccionador chegou a receber uma proposta para que fossem os adeptos a escolher o 23º jogador destinado a integrar o lote de futebolistas portugueses no Mundial 2010.
Ignoro se Manuel José se sente lisonjeado por ver agora a seu lado o actual seleccionador do Irão, que deixou poucas ou nenhumas saudades no seu atribulado percurso de dois anos (2008-2010) à frente dos destinos da nossa selecção. Mas espanta-me (ou talvez não) que Queiroz, havendo permanecido em silêncio todo este tempo, só agora tenha decidido revelar a nefasta influência exercida pelos patrocinadores nos corpos dirigentes da Federação Portuguesa de Futebol. A três dias do decisivo jogo Alemanha-Portugal, partida de arranque da nossa campanha neste Europeu. Há coincidências que não lembram ao diabo...
Razão tem mestre Fernando Correia, que ainda há pouco escutei com a atenção de sempre na TVI 24: «O grande problema de Manuel José e Carlos Queiroz é não serem seleccionadores nacionais. Se o fossem, as críticas não seriam neste tom.»
Julgo que com isto fica tudo dito. Passemos adiante.